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BB se junta a Bradesco e Itaú na oferta de gestor independente

Publicado em: 19/07/2018

O Banco do Brasil (BB), líder no segmento de gestão de recursos no país, com R$ 876 bilhões ao fim de junho, vai passar a oferecer a partir de hoje fundos de terceiros para a segmentação Estilo – com renda a partir de R$ 10 mil. A grade começa com três gestoras independentes conhecidas no universo dos multimercados: Bahia AM Maraú, Gávea e SPX Nimitz. É a primeira vez que o banco federal desce para o varejo um tipo de oferta que até aqui era restrita ao grupo dos mais afortunados do private banking.

O movimento vem na sequência de outros grandes conglomerados financeiros. O Itaú tem mais de três dezenas de fundos de terceiros na prateleira, incluindo multifundos, carteiras espelho e os portfólios da Kinea, gestora de classes alternativas do próprio banco. O Bradesco começou a testar em janeiro a distribuição para o topo da segmentação Prime, com aplicações entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões, com nomes como Pimco, Gávea, SPX, Kapitalo e Adam Capital, mas planeja logo estender a oferta para a alta renda como um todo, apurou o Valor. Paralelamente, a corretora Ágora vem sendo repaginada para ter uma plataforma completa de investimentos, acessando clientes fora do banco.

Chegar mais tarde do que os seus pares diretos na abertura da plataforma é uma resposta a uma mudança de comportamento identificada dentro da base do próprio banco, segundo a gerente geral de captação e investimentos do BB, Paula Mazanék, e se pauta menos pelo movimento dos competidores. Este é, contudo, um passo sem volta, reconhece, especialmente após a Selic cair de 14,25% para 6,5%, com o aplicador se tornando mais inclinado a experimentar ativos além da renda fixa tradicional com que já está familiarizado. “O investidor está mais informado e passou a ser mais assediado pela concorrência”, diz.

De um ano para cá, o BB manteve a primeira posição no ranking de gestão de recursos, mas perdeu alguma participação de mercado, saindo de uma fatia de 25,2% em junho de 2017 para 23,99% no fechamento do primeiro semestre de 2018. Os dados são da Morningstar e não excluem fundos de fundos e carteiras “feeder”, criadas para acolher recursos de uma estratégia principal como um fundo em cotas ou um fundo espelho.

De acordo com a executiva, o banco mapeou com ferramentas analíticas o tipo de cliente que teria maior propensão à tomada de risco e identificou um universo de 100 mil investidores potenciais para alocar de 5% a 10% dos seus recursos em fundos de terceiros. Ainda que seja uma gota no oceano num universo de 22 milhões de clientes, dois anos atrás essa quantia era irrisória, diz. Na segmentação Estilo, que reúne cerca de R$ 65 bilhões em fundos sob gestão do BB, se 5% da base com perfil moderado e arrojado optasse pela diversificação, as estratégias de terceiros poderiam atingir R$ 2,3 bilhões.

Não há, entretanto, nenhuma meta estabelecida para essa grade específica e a oferta não vai contemplar todo esse conjunto, diz Paula. Só no perfil moderado, o Estilo conta com 99 mil clientes, com R$ 38 bilhões investidos, enquanto no grupo dos arrojados estão 24 mil correntistas, que reúnem R$ 8 bilhões.

“São produtos com volatilidade acima dos [fundos] mais tradicionais, o que inspira um pouco mais de cuidado sob a perspectiva do investidor, acompanhando o cenário conjuntural. Mas ao mesmo tempo ele deve tomar a decisão olhando não 2018 nem 2019, mas um horizonte de 24 a 36 meses.” Na rede, os gerentes da segmentação e os assessores especialistas têm metas de incrementar ativos sob gestão, que não é voltada para produtos específicos. No private banking, que oferece fundos de terceiros há dez anos, o patrimônio chega a R$ 2 bilhões.

No topo da pirâmide são 15 gestoras aprovadas, o que significa que a oferta na alta renda ainda pode ser ampliada. Os fundos espelho Gávea Macro, SPX Nimitz e Bahia Maraú chegam com aplicação mínima de R$ 50 mil e taxa de administração de 1,975%, 2,20% e 1,90%, respectivamente.

O Itaú, o primeiro top 5 do setor bancário no país a avançar no chamado modelo de arquitetura aberta do fim de 2016 para cá, acrescentou recentemente novos nomes à lista de fundos de terceiros distribuídos na segmentação Personnalité – com investimentos entre R$ 100 mil e R$ 10 milhões. SPX Nimitz, Neo Multi Estratégia, Adam Macro e Canvas Enduro passaram a compor a oferta. No grupo de portfólios globais, a novidade trazida foi um espelho da gigante internacional BlackRock com o seu “macro opportunities”, que se soma a outro nome de referência em gestão global, a carteira Pimco Income, há um ano na grade e que reúne R$ 993 milhões.

No conjunto do varejo de alta renda, já são mais de R$ 10 bilhões em fundos de terceiros, segundo Bruno Stein, superintendente do Itaú Unibanco. No fim de maio, o varejo de alta renda do banco reunia R$ 114,5 bilhões, segundo dados da Anbima.

De acordo com o executivo, a oferta de produtos de terceiros, que se estende a títulos de renda fixa, teve um papel relevante no ganho de “market share” no segmento de varejo. “Não tenho dúvida nenhuma de que foi um fator decisivo. Eu estou dando poder de escolha para o investidor.”

Apesar de a captação de um fundo próprio trazer mais receita para o banco que um portfólio de terceiro, na rede os gerentes não têm incentivos diferenciados para vender uma carteira ou outra, afirma Stein, apenas metas de captação líquida.

Pelos dados da Morningtar, no conjunto o Itaú fechou o primeiro semestre com R$ 588 bilhões em gestão de recursos, saindo de uma participação de 16,93% em junho de 2017 para 16,09% na fotografia mais atual. Ocupava o segundo lugar, enquanto o Bradesco caiu para a terceira posição, com 15,75% do mercado, ante 17,5% de um ano atrás. A Caixa saiu de 7,66% para 7,94% e o Santander de 6,55% para 6,57%.

Fonte: Valor Econômico

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