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BB e Caixa decidem deixar Febraban; Guedes e Campos Neto foram avisados

Publicado em: 29/08/2021

O Banco do Brasil e a Caixa resolveram deixar a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e já avisaram a decisão ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, conforme apurou o Estadão/Broadcast. O motivo da saída se deve a um manifesto que a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) deve publicar na terça-feira com um pedido de harmonia entre os três Poderes. A Febraban é signatária do documento.

O entendimento dos bancos públicos, de acordo com fontes, é que a instituição, que representa o setor no País, é privada e está se posicionando de forma política, o que ambos, controlados pelo governo, discordam.

A informação sobre o desembarque de BB e Caixa da Febraban foi antecipada pelo colunista Lauro Jardim, de O Globo.

Os dois bancos teriam encaminhado nota à Febraban, comunicando a saída da entidade caso o manifesto seja publicado. Segundo relatos colhidos pela reportagem, ambos se posicionaram contra a adesão à iniciativa, que foi votada na instituição e teve concordância da maioria. O assunto tem sido discutido há uma semana. O manifesto não cita o presidente Jair Bolsonaro, mas traz críticas implícitas à gestão de Paulo Guedes e foi encarado pelos bancos públicos como uma claro ataque à política econômica. Isso porque no texto, obtido pelo Estadão/Broadcast, as entidades que o assinam pedem “medidas urgentes e necessárias” para o Brasil superar a pandemia, voltar a crescer e gerar empregos para, assim, “reduzir as carências sociais” que “atingem amplos segmentos da população”.

No governo, quem liderou o movimento de ruptura dos bancos públicos com a Febraban foi o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, que mantém grande proximidade com Bolsonaro.

A relação dos bancos públicos com os privados já estava ruim na Febraban, ao ponto de uma associação nacional dos bancos públicos estar sendo cogitada. O manifesto da Fiesp, intitulado “A praça é dos três Poderes”, foi assinado por diversas entidades da sociedade civil. Juntas, destacam no documento, que veem com “grande preocupação” a “escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades públicas”.

“O momento exige de todos serenidade, diálogo, pacificação política estabilidade institucional e, sobretudo, foco em ações e medidas urgentes para que o Brasil supere a pandemia, volte a crescer, a gerar empregos e assim possa reduzir as carências sociais que atingem amplos segmentos da população”, afirmam as entidades, no manifesto.

O documento pede ainda a harmonia como “regra” entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Nenhum dos poderes, defende, é “superior em importância”, nenhum “invade o limite” dos outros e um “não pode prescindir” dos demais. “Em resumo, a harmonia tem de ser a regra entre eles”, afirmam as entidades no manifesto, que defende como “primordial” que todos os ocupantes de cargos relevantes da República “sigam” a Constituição.

Resposta

A cúpula dos dois bancos oficiais contesta uma parte específica do texto: “As entidades da sociedade civil que assinam este manifesto veem com grande preocupação a escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades públicas. O momento exige de todos serenidade, diálogo, pacificação política, estabilidade institucional e, sobretudo, foco em ações e medidas urgentes e necessárias para que o Brasil supere a pandemia, volte a crescer, a gerar empregos e assim possa reduzir as carências sociais que atingem amplos segmentos da população”.

Para eles, “o Brasil já está crescendo, a economia está em ‘retomada em V’ e já está gerando empregos” e, portanto, o manifesto não faz sentido.

Nas duas instituições, há uma ala que se preocupa se a saída pode ser questionada por órgãos de controle, como Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério Público Federal (MPF), ficando caracterizado como ingerência política. Além disso, o desligamento dos dois maiores bancos da associação que representa as instituições financeiras pode ter consequências em “objetivos comuns”, como a reforma tributária, em que todos estão do mesmo lado.

Procurados, BB e Caixa não comentaram o assunto. A Febraban afirmou que não comenta sobre posições atribuídas a seus associados. Sobre o manifesto da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, disse que o documento foi “dirigido a várias entidades e que o assunto foi submetido à governança da Febraban, como é usual”.

Fonte: Estadão

 

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