Meiry Kamia*
Desde o surgimento da internet já estávamos habituados a ouvir que as mudanças trazidas pela tecnologia seriam constantes em nossas vidas, porém ninguém estava preparado para uma reviravolta tão abrupta como essa trazida pela pandemia. E por que é tão difícil lidar com a incerteza?
Nós, seres humanos, somos naturalmente inseguros. Tememos o desconhecido, o diferente, o que não temos controle e o que não conseguimos explicar. Como mecanismo de defesa, criamos as rotinas. A repetição diária dos padrões gera a sensação de conforto e estabilidade emocional, permitindo que nosso cérebro fique livre para solucionar problemas e criar novas ideias.
Isso também explica por que seja tão difícil mudar hábitos e sair da zona de conforto, pois existe esse apego biológico e psicológico por detrás dessa sensação de segurança.
Mudanças bruscas geram desconforto porque acionam nossos mecanismos de sobrevivência, nos colocam em estado de alerta/estresse permanente até que a ameaça desapareça. O problema ocorre quando a ameaça, ou percepção de ameaça, não desaparece. Estados de estresse estendidos por mais de um mês podem levar a disfunções de ordem física e mental.
Aparentemente, o “novo normal” inclui aprender a conviver com a ameaça do vírus e a ameaça econômica por tempo indeterminado. Sendo assim, a pergunta é: Como conviver com as ameaças e as incertezas sem adoecer?
Separei cinco dicas práticas para você aplicar no seu dia a dia para diminuir o estresse, trazer qualidade de vida e aumentar os estados de felicidade em meio às incertezas. Vamos a elas:
1) Controle o que é possível e abra mão do impossível: Evite discutir assuntos dos quais você não tem controle. Ficar nervoso(a) com a política, governantes, com a intolerância das pessoas, etc, não resolverá o seu problema, ao contrário, apenas aumentará seu nível de estresse. Foque a atenção em coisas que você controla, mesmo que seja apenas arrumar o seu armário.
2) Planeje o dia: Você não pode controlar a economia mundial, mas pode planejar o seu dia. Trabalhe com uma agenda e distribua atividades úteis e positivas que envolvam: exercícios físicos, trabalho profissional, cuidados com a família, leitura de livros, etc.
3) Contabilize ganhos invisíveis: Toda situação difícil tem o seu aprendizado. A pandemia nos ensinou o consumo consciente, possibilitou ações de colaboração social aproximou as famílias, nos fez repensar a vida, etc. Escreva em sua agenda: Que lições estou tirando disso tudo?
4) Aceite sua vulnerabilidade: Humildade é a virtude a ser trabalhada no momento. A humildade nos lembra que somos todos iguais, independente dos recursos materiais. A lição do momento é rebaixar o nosso orgulho e prepotência, aceitar nossa humanidade, fragilidade, limitações, para podermos desenvolver a cooperação, a colaboração, a humanidade, a fraternidade. Peça e ofereça ajuda, saiba que não está só e diga isso aos seus semelhantes: ninguém está sozinho.
5) Exercite a gratidão: Faça uma lista de pessoas e coisas que você tem em sua casa e na sua vida, e agradeça de coração a cada uma delas. A gratidão acalma o coração, diminui o medo da escassez, dá conforto emocional, e nos ajuda a viver de modo pleno um dia de cada vez.
Enfim, o novo normal nos convida a olharmos para o que é realmente importante. Quando a vida nos tira ou limita os recursos materiais, não é por castigo, mas apenas uma forma de nos lembrar o que é verdadeiramente importante.
Os verdadeiros tesouros da vida não podem ser comprados em lojas porque são imateriais, imperecíveis, não têm preço e devem ser lapidados por cada ser humano, são eles: Humildade, coragem, paciência, tolerância, justiça, força de vontade, perseverança, fé, esperança, etc. Quem tem como propósito o desenvolvimento das virtudes humanas, está apto para viver em qualquer “novo normal”.
*É palestrante motivacional, psicóloga, teóloga, mestre em Administração de Empresas, além de autora dos livros “Motivação sem Truques” e “Pílulas Mágicas para o Sucesso”