O Banco do Brasil acaba de colocar um processo na rua para atrair um parceiro para sua corretora de investimento direcionada a pessoas físicas, apurou o Valor. O banco americano Citi foi contratado para estruturar a operação e buscar interessados, disseram fontes a par do tema, que falaram na condição de anonimato.
O objetivo, ainda segundo interlocutores, é fechar uma parceria comercial exclusiva, na qual o banco entra com seu canal de distribuição e recursos. Do outro lado, o parceiro será o responsável em prover tecnologia e serviços, além da oferta de produtos.
Ainda de acordo com a proposta que está na mesa, o banco público quer, em contrapartida, uma fatia minoritária no veículo de corretagem do parceiro — com direito a voto.
O processo ainda está no início, de acordo com uma das fontes consultadas pelo Valor. Assim, o banco ainda estaria estudando possíveis desenhos que melhor atendam a instituição financeira. Segundo a fonte, não estaria descartada uma operação tradicional de fusão e aquisição (M&A, na sigla em inglês). No entanto, uma segunda fonte aponta que, no atual momento de mercado, haveria uma barreira em termos de preço do ativo (“valuation”).
“Estão sendo avaliadas todas as alternativas que preferencialmente não tenham sobreposição ou concorrência com o ‘core business’ [negócios chave] do Banco do Brasil”, diz a fonte.
Um interlocutor que acompanha o tema disse que a parceria poderia atrair o interesse, por exemplo, de agentes fiduciários.
Com um parceiro que possa agregar mais tecnologia e produtos em plataforma, o banco poderia buscar mais eficiência em seu canal, evitando que clientes fossem a outras plataformas na hora de investir.
Com a necessidade de mais tecnologia no setor de corretoras no Brasil, um processo de consolidação vem ocorrendo ao longo dos últimos anos. Hoje, há cerca de 50 corretoras no país, sendo que há uma década eram uma centena, segundo dados da Ancord, associação do setor.
O BB tem apostado em parcerias para algumas áreas que acabam ficando de fora de seu negócio principal. No fim de 2019, por exemplo, fechou um acordo estratégico para seu banco de investimento, criando com isso o UBS BB, uma joint venture que acabou ganhando relevância ao longo dos últimos dois anos. Nela, o banco suíço possui 50,01%. Dentro dessa parceria está a corretora de clientes institucionais, que não está envolvendo na atual transação.
Outro movimento esperado gira em torno da gestora do banco estatal, a BB DTVM, a maior do país em termos de ativos sob gestão. No passado, quando o BB retomou seus planos de vender uma fatia minoritária, o ativo atraiu grandes fundos globais.
Procurado, o BB não comenta.