O novo consignado privado já acumula R$ 15,850 bilhões concedidos, mas a fatia dos cinco grandes bancos (Itaú, Santander, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa) ainda é relativamente pequena na nova linha, de 45%. Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), esse porcentual deve subir nos próximos meses e chegar a 65% em outubro. Além disso, o presidente da entidade, Isaac Sidney, diz que as taxas de juros cobradas no produto vão cair.
Segundo dados divulgados pela Febraban, a taxa média no novo consignado é de 3,58%, mas no cinco grandes bancos é bem menor, de 2,58%. Excluindo os cinco grandes da conta, a média das demais instituições é de 4,43%. “A taxa média dos cinco maiores bancos é quase a metade da taxa média das demais instituições ofertantes. Claramente, dá para concluir que os ofensores do novo crédito consignado não são os maiores bancos, que estão puxando a média geral para baixo.”
O executivo aponta que a taxa cobrada pelos cinco grandes passou de 2,51% em abril para 2,55% em maio e 2,58% agora, em uma curva quase estável. Isso ocorre a despeito do público que tem buscado a nova linha nesses primeiros meses, formado por trabalhadores de empresas menores, com maior rotatividade e renda mais baixa. “Enquanto a participação dos cinco maiores bancos saltou de R$ 2,83 bilhões para R$ 7,31 bilhões em dois meses, a taxa média de juros praticamente se manteve estável, mesmo com um público tomador mais diversificado e que oferece maior risco de crédito.”
A Febraban estima que o novo consignado privado chegará a R$ 31,8 bilhões em outubro, quando a fatia dos cinco grandes deve atingir 65%. De qualquer forma, a entidade afirma que ainda não está nada satisfeita com o atual patamar dos juros praticados no novo consignado e que há um bom potencial de queda das taxas com o amadurecimento do produto.
Segundo a federação, ainda que possa ter havido, em alguns casos, a cobrança de taxas bem elevadas e até mesmo abusivas – prática que a Febraban condena – a nova linha de consignado tem potencial para proporcionar ofertas mais atrativas para que os trabalhadores possam tomar crédito mais barato do que tinham acesso ou para que possam migrar dívidas mais caras, como empréstimos sem garantia, em condições de juros e prazo melhores.
A queda nos juros deve vir de diversos fatores, como a migração do consignado antigo para a nova modalidade; evolução natural dos modelos de risco de créditos das instituições; implementação do processo de portabilidade do novo crédito (que começou no último dia 6); funcionamento de toda a dinâmica operacional do eSocial, que viabilize efetivamente o controle e a averbação da margem consignável; migração automática do contrato de consignação para a nova empresa, no caso de mudança de emprego; e a implementação, a partir de julho, do processo para que possa ser usado 10% do saldo do FGTS como garantia.
“O uso do FGTS como garantia com certeza vai sair em julho, é um processo que estou acompanhando bem de perto. A regulamentação está para sair”, diz Sidney.
A manifestação da Febraban ocorre após a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) apresentar ao Ministério do Trabalho (MTE) um levantamento mostrando que 20.734 funcionários de supermercados tomaram o novo consignado a juros médios de 6,98%.
“Ao contrário do alarmismo da Abras, a Febraban se mantém bastante otimista em relação à evolução da nova linha de consignado, que deverá alcançar um público de enorme amplitude e proporcionará aos trabalhadores taxas significativamente menores do que as que tinham acesso antes de sua implementação”, diz a representante dos bancos.
Ontem, o Ministério da Fazenda divulgou um levantamento apontando que a migração de empréstimos mais caros para o novo consignado é um dos fatores responsáveis pelas taxas mais altas observadas nesses primeiros meses da linha. O estudo analisou dados das 49 instituições financeiras que atuam no programa. Entre as 41 que não faziam consignado privado antes, a taxa média ficou em 4,39%, ante 2,76% nos oito bancos que já trabalhavam com esse produto.
“Em geral, são instituições representadas por financeiras e bancos de menor porte, com perfil histórico de atuação em modalidade de empréstimo pessoal sem garantia, para clientes com maior perfil de risco de crédito, a taxas de juros mais elevadas. A taxa média dessas instituições novatas na modalidade de consignação [4,39%] é substancialmente inferior às taxas das demais operações de empréstimo pessoal sem garantia, com valores superiores a 6% e podendo chegar à faixa dos 15%”, diz a Fazenda.