A ação do Banco do Brasil (BVMF:BBAS3) está com uma queda acumulada de 27% desde que o balanço do primeiro trimestre de 2025 foi divulgado, em 15 de maio após o fechamento do mercado. Os investidores olham com preocupação a evolução da inadimplência no crédito rural, que subiu da mínima de 0,5% no quarto trimestre de 2022 para 3% nos três primeiros meses deste ano.
A expectativa é de continuidade da deterioração do NPL (non-performing loan), com aumento significativo das provisões nos próximos trimestres após ficarem abaixo dos NPLs registrados até aqui. Esta é a avaliação do Goldman Sachs (NYSE:GS) em relatório divulgado a clientes no dia 22 de junho.
O banco americano revisou as estimativas do retorno sobre patrimônio (ROE), receita e lucro líquidos do Banco do Brasil para os três próximos anos, seguindo a revisão do mercado sobre a lucratividade do banco estatal. “Esperamos que o ROE atinja o fundo no 2T25 em 11,9% e, em seguida, melhore gradualmente, uma vez que a deterioração nos NPLs rurais deve ser principalmente cíclica”, escreveram os analistas Tito Labarta, Tiago Binsfeld e Lindsey Shema.
A estimativa do Goldman é de que o ROE do Banco do Brasil atinja 13,5% em 2025, 16,4% em 2026 e 17,3% em 2027. Todas as projeções de ROE do Banco do Brasil pelo Goldman estão abaixo do consenso da Bloomberg, com exceção de 2027. “Nossas estimativas estão agora 15% abaixo do consenso da Bloomberg em 2025, 3% em 2026, mas 1% acima em 2027”, dizem os analistas do banco americano.
Já as projeções de receitas líquidas do Banco do Brasil foram reduzidas em 22% para 2025, 12% em 2026 e 4% em 2027, sob a expectativa de deterioração da qualidade do crédito rural. “Aumentamos o custo do risco em 70 pontos-base para 4,4% em 2025, 50 pontos-base para 3,9% em 2026 e 30 pontos-base para 3,5% em 2027”, estima o banco americano para o Banco do Brasil.
Já o lucro líquido estimado para 2025 foi reduzido para R$ 25,6 bilhões, 31% abaixo do piso inferior da orientação anterior do Banco do Brasil de R$ 37-41 bilhões. A orientação do banco estatal está sob revisão neste momento. “Esperamos que o banco adote uma postura relativamente mais cautelosa, o que deve desacelerar o crescimento dos empréstimos”, apontam os analistas.
A queda da projeção do lucro líquido do Banco do Brasil pelo Goldman significa uma previsão de pagamento menor de provento, com um payout projetado de 30% para 2025. A estimativa do Goldman está abaixo do guidance de 40-45% do Banco do Brasil. “A menor lucratividade do banco e um índice CET1 adequado, mas modesto, de 11% poderiam forçar a gestão e o conselho a se concentrar na preservação de capital para o crescimento futuro”, diz o banco americano.
O novo cenário levou os analistas do Goldman a reduzirem o preço-alvo das ações do Banco do Brasil para R$ 23, ainda com um potencial de valorização de 8%. A recomendação é “Neutra”.
Na avaliação do banco americano, os papéis do Banco do Brasil são negociados a 4,8x o preço-lucro (P/L) estimado para 2025 e 0,6x P/VPA. “É um desconto historicamente maior em relação a seus pares privados”, completam os analistas do Goldman.