O Banco do Brasil SA, maior banco da América Latina em ativos, está decidindo se vai recomprar antecipadamente mais títulos de sua dívida externa neste ano, de acordo com o diretor financeiro, Bernardo Rothe. Com R$ 55,6 bilhões em caixa, 18 porcento a mais do que no final do ano passado, o banco tem liquidez e capital não-core em excesso, disse Rothe em entrevista no escritório da Bloomberg em São Paulo. Um resgate antecipado de títulos perpétuos poderia ajudar a reduzir esses números, disse ele.
Os principais candidatos para uma possível recompra são os bônus perpétuos do banco, com cupom de 9 porcento e 9,25 porcento, dependendo das condições do mercado, disse Rothe, acrescentando que o banco também pode fazer uma oferta pelos perpétuos com cupom de 8,5 porcento, mas somente se os preços caírem bem abaixo do par. O Banco do Brasil tem uma opção de resgate antecipado que vence a partir de outubro de 2020 para comprar ao par o perpétuo de cupom de 8,5 porcento e provavelmente irá exercê-la, então não faz sentido pagar mais do que isso agora, disse Rothe.
Uma oferta pública no início deste ano resultou em recompras totais de US$ 700 milhões em valor de face de duas notas perpétuas.
O Banco do Brasil quer resgatar todos os US$ 898,5 milhões restantes de seu bônus perpétuo de US$ 1,5 bilhão, com cupom de 8,5 porcento, porque ele “não vai mais ser capital, vai ser um título sênior muito caro”, disse Rothe.
Esse título perpétuo foi emitido em outubro de 2009. Ele paga agora 8,5 porcento ao ano, mas a partir de outubro de 2020 pagará o rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos mais 778,2 pontos base. Isso totalizaria cerca de 10,7 porcento com base no rendimento atual do título do Tesouro dos EUA.
“Temos excesso de capital –mais capital total do que qualquer outro banco no Brasil– e portanto podemos reduzir o capital nível 2 e o capital não-core nível 1 ao mesmo tempo que aumentamos o capital principal nível 1”, disse Rothe, acrescentando que “uma recompra está sempre na mesa” como uma maneira lucrativa de usar o excesso de caixa em condições difíceis de mercado.