O Banco do Brasil superou os concorrentes privados na oferta de crédito nos primeiros seis meses da nova gestão da instituição no governo Lula. Segundo balanço divulgado, a carteira de crédito do BB subiu 13,6% até junho, na comparação anual, enquanto a do Itaú cresceu 6,2% e a do Bradesco teve expansão de 1,6% no mesmo período. O saldo da carteira de crédito do BB chegou a R$ 1,044 trilhão em junho.
Só o crédito consignado teve expansão de 11,9% no período, enquanto a oferta para micro e pequenas empresas chegou a 21,8%. No início de seu governo, Lula disse que queria o BB como o “campeão na oferta de crédito consignado”.
O banco revisou para cima sua expectativa de crescimento da oferta de crédito este ano, segundo informou Geovanne Tobias, vice-presidente de gestão financeira do banco. A estimativa anterior era de um crescimento entre 8% a 12% e agora o banco espera expansão de 9% a 13%. Segundo o vice-presidente do banco, o setor de agronegócios e empréstimos a empresas mostraram crescimento mais forte.
— Ajudamos o país a retomar o rumo do crescimento, ampliamos a carteira de crédito com crescimento de 13% anualmente. Para pessoa física, a oferta de crédito subiu 10% na comparação anual — disse, lembrando que houve crescimento da margem financeira bruta de 36%, decorrente dos bons resultados da carteira de crédito.
Lucro de até R$ 37 bilhões no ano
O BB manteve a expectativa de um lucro líquido entre R$ 33 bilhões e R$ 37 bilhões para este ano. A instituição anunciou lucro líquido ajustado de R$ 8,8 bilhões no segundo trimestre, 11,7% superior ao mesmo período do ano passado e 2,8% frente ao trimestre anterior.
Os analistas do Itaú BBA consideraram positivo o resultado do BB no período, que ficou ligeiramente acima da expectativa de R$ 8,7 bilhões. Segundo os analistas do Itaú BBA, o crescimento da receita de 6% no trimestre foi o maior entre os grandes bancos nesta temporada. Eles avaliam que a estimativa de lucro do banco, este ano, esteja tendendo para o limite superior (R$ 37 bilhões), o que implica lucros maiores no segundo semestre do ano.
Sinais mais positivos na economia
De acordo com a presidente do BB, Tarciana Medeiros, o segundo semestre começa com condições melhores para a economia, como inflação sob controle, curva de juros declinante, encaminhamento da situação fiscal, o que permite ao banco um nível menor no custo de captação, sem perder de vista a sustentabilidade do negócio.
— O BB vai se adaptando aos cenários da economia, se mantendo sustentável — disse Tarciana Medeiros.
O banco, entretanto, revisou para baixo sua estimativa de receita com serviços, passando de um crescimento de 7% a 11%, previsto anteriormente, para uma estimativa entre 4% e 8% este ano.
A inadimplência acima de 90 dias subiu de 2,62% para 2,73%, no segundo trimestre, mas o vice-presidente do banco informou que o crescimento foi devido a um cliente específico que entrou com pedido de recuperação judicial. Sem esse caso, a inadimplência teria ficado em 2,65%, mesmo patamar do trimestre anterior.
Desenrola do BB amplia público
Nas primeiras semanas do Desenrola Brasil, programa do governo federal para destravar o crédito, o Banco do Brasil ampliou o alcance do público inadimplente, incluindo micro e pequenas empresas, e renegociou R$ 4,4 bilhões, Na Ativos, securitizadora de créditos do grupo, foram renegociados mais R$ 308 milhões.
Segundo o banco, desde o dia 17 de julho, mais de 264 mil clientes do BB e 241 mil clientes da Ativos renegociaram suas dívidas, não só por meio do programa, mas também por condições especiais oferecidas pelo banco.
— Estamos confiantes no Desenrola desde o primeiro dia e criamos o Desenrola BB para incluir clientes que não estariam beneficiados agora. Com o programa, as pessoas recuperam a dignidade, voltam a consumir, as empresas voltam a investir, e o país volta a ter um clima de confiança — disse Tarciana Medeiros, em relação ao programa.
Juros do cartão de crédito na pauta
A presidente do BB disse que as discussões sobre a redução dos juros do cartão de crédito estão sendo feitas no âmbito da Federação Brasileira dos bancos (Febraban), mas ela disse que o banco não estimula o uso dessa linha de crédito, que tem os juros mais altos do mercado.
— Não estimulamos o uso dessa linha no BB. Trata-se de um crédito emergencial que deve ser usado por dias. No BB, a média é de 18 dias. E, se percebemos que há uso mais prolongado, oferecemos uma outra linha de crédito com juros mais adequados ao perfil do cliente — garantiu ela.