Os bancos privados estão decididos a retomar, este ano, a liderança da carteira de crédito do país. Atualmente, eles têm 48,9%, contra 51,1% dos bancos públicos. Estes passaram à frente em 2013, quando Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal e BNDES aceleraram as concessões para estimular a economia. Mas agora, com a retomada da economia, os privados mostram apetite por concessão de empréstimos.
— Isso deve acontecer este ano porque o apetite do governo está menor. Há um pensamento liberal na equipe econômica, para o enxugamento do papel do Estado — diz João Augusto Sales, analista da Lopes Filho& Associados.
No ano passado, as grandes instituições privadas registraram, na concessão de empréstimos, um crescimento acima da média do mercado, que foi de 5,4%, segundo o Banco Central. Para 2019, a meta é tomar mais espaço dos bancos públicos e atingir os dois dígitos. O Bradesco espera que a carteira total avance entre 9% e 13%, e a estimativa do Itaú Unibanco vai de 8% a 11%. O Santander não divulga projeções, mas informou que pretende crescer em linha ou acima da média de mercado.
Enquanto isso, o BB projeta crescimento entre 3% e 6%, e a Caixa sinalizou que vai se concentrar nos financiamentos habitacionais. Desde meados dos anos 2000, os bancos privados vinham perdendo espaço para o crédito público, como resultado de políticas de governo que estimulavam a concessão de financiamentos nas instituições federais a juros menores, para estimular a economia.
Para os privados, o maior apetite por crédito, no momento em que a economia dá sinais de retomada, é necessário para manter a rentabilidade. Com juros em patamares baixos —a taxa básica do país, a Selic, está em 6,5% ao ano —, os ganhos no segmento de tesouraria (operações no mercado financeiro) são menores. O crescimento das tarifas nos últimos anos contribuiu para que o retorno sobre o patrimônio ficasse em níveis elevados, mas manter isso dependerá da ampliação dos negócios.
— Com a Selic baixa, os bancos precisarão correr mais risco para manter o retorno. O apetite precisa ser maior, porque as instituições estão com muita liquidez — diz Sales, da Lopes Filho.
No ano passado, o Bradesco registrou rentabilidade de 19,7%, e o Santander, de 19,9%. O melhor resultado foi o do Itaú Unibanco, com 21,9%. Já no BB, a rentabilidade ficou em 13,9%.