O Banco do Brasil está expandindo o atendimento a megaprodutores rurais, com renda bruta anual superior a R$ 10 milhões – alguns superam R$ 300 milhões. Transformou seis escritórios “private” em espaços exclusivos para o setor e criou mais dois, em Barreiras (BA) e Ribeirão Preto (SP).
No Brasil, são 26 no total, que contam com gerentes (bankers) exclusivos para tratar de crédito, investimentos, fixação de preços de commodities e outros serviços. Renato Proença, gerente-geral de Private Bank do BB, diz que mais 20 bankers serão contratados, para chegar próximo de cem no fim do ano. Com eles, espera conquistar mil a 1,3 mil grupos familiares em um ano, além dos atuais 2 mil. “O setor vem se sofisticando e as necessidades, mudando”, afirma.
Fermento. Nos primeiros seis meses de 2021, a carteira de agronegócio de Private Bank do BB aumentou 16% em relação ao fim do ano passado, chegando a R$ 27 bilhões. Até dezembro, o plano é alcançar de R$ 30 bilhões a R$ 31 bilhões, cerca de 30% a mais do que em 2020. Proença conta que o BB atende, em média, 60% da demanda de crédito dos mega-agricultores e quer chegar a 62% até o fim da safra 2021/2022, em junho do ano que vem.
Diferencial. Além dos serviços financeiros, os produtores “private” têm acesso a consultoria para jovens sucessores, orientações sobre governança e a uma “confraria” de agricultores com negócios afins, por meio de reuniões virtuais. Do lado do crédito, conseguem recursos para o custeio da safra e investimentos na fazenda, em parte obtidos por linhas do Plano Safra, mas também por linhas comerciais, títulos e produtos do mercado de capitais.
Posições. Os espaços exclusivos do agro do BB Private estão nos municípios de Goiânia (GO), Rondonópolis e Sorriso (MT), Campo Grande (MS), Uberlândia (MG), São José do Rio Preto (SP), além de Barreiras e Ribeirão Preto. Proença diz que os 20 novos bankers atenderão o Sul, São Paulo, Centro-Oeste e novas fronteiras do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
Agora vai. A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão
(Abrapa) está otimista com a adoção do “Blue Card”, uma espécie de visto que vai atestar a qualidade da pluma nacional exportada. A expectativa é que os trâmites para o selo avancem após a aprovação pelo Ministério da Agricultura, na última semana, da certificação voluntária de produtos de origem vegetal. “A ideia é adotar o selo para a próxima safra, 2021/22”, diz Júlio Cézar Busato, presidente da Abrapa.
Disputa. A iniciativa da Abrapa é inspirada no “Green Card”: selo de qualidade para o algodão norte-americano, principal concorrente da fibra brasileira no exterior. Com o Blue Card, a Abrapa espera aumentar a valorização da pluma local. “Em 2020, comprador asiático pagou em média 11% mais pelo algodão dos EUA com green card que pelo brasileiro”, comenta Busato.
Faça chuva… Eduardo Kerbauy, diretor de Mercado Brasil da New Holland Agriculture, acredita que o provável esgotamento dos recursos do programa Moderfrota antes do fim do ano não desestimulará produtores a comprar máquinas agrícolas. “Este será o melhor dos últimos cinco anos”, afirma. Segundo ele, a necessidade de modernizar a frota e os preços remuneradores das commodities estimularão os investimentos. O dinheiro do programa deve acabar no último trimestre, estima o executivo, mas a partir daí os agricultores deverão buscarão alternativas como CDC, crédito de fundos constitucionais regionais ou mesmo recursos próprios.
… ou faça sol. As vendas de tratores da marca cresceram 30% no primeiro semestre e as de colheitadeiras, 40%, garantindo, no segundo caso, um ganho de participação, diz Kerbauy, sem abrir o porcentual. Não só a atividade agrícola está contribuindo para o resultado deste ano, com destaque para grãos e algodão, como também a pecuária, que demanda tratores e outros equipamentos, como forrageiras, para transportar forragem para os animais.
Menos terra. Estudo da Neo Agro mostra que o uso de tecnologia que eleva a produtividade evitou a abertura de 11 milhões de hectares de terras no Brasil nos últimos dez anos. O efeito “poupa terra” é calculado considerando-se a área que seria necessária para a produção crescer os 57% reportados em uma década, segundo Luciano Vacari, diretor da consultoria. “Técnicas utilizadas para elevar o rendimento em uma mesma área evitaram a expansão”, diz.
Mais alimento. Em dez anos, a produtividade agrícola brasileira passou de 3,27 toneladas de grãos por hectare para 3,79 t/ha, avanço de 16%. O período considera as safras 2011/12, quando o Código Florestal começou a valer, e a temporada mais recente, de 2020/21.