O Banco do Brasil, que em 2018 completa 210 anos, fechou uma parceria para se aproximar de empresas nascentes e, assim, apostar em inovação. Com o acordo, a instituição ficará próxima das novatas que passarem pelos programas da aceleradora de negócios Startup Farm e também terá apoio para iniciativas inovadoras surgidas internamente.
O BB vai se juntar ao grupo de mantenedores da aceleradora paulista, que já conta com o Google for Entrepreneurs, o escritório Baptista Luz Advogados e a consultoria Falconi.
De acordo com o CEO da Startup Farm, Alan Leite, as conversas começaram há dois anos, quando um executivo do BB visitou o Vale do Silício e voltou ao Brasil com a ideia de se aproximar mais do ecossistema de startups. Esse é o papel da aceleradora na parceria. “Vamos ajudar o banco em sua transformação digital”, diz Leite.
Além de promover a aproximação com startups, a Farm será responsável por levar uma cultura empreendedora aos cerca de cem mil funcionários da instituição. Isso será feito por meio de vídeo-aulas em plataformas internas para colaboradores.
Segundo o diretor de negócios digitais do BB, Marco Mastroeni, esses cursos corporativos são importantes essencialmente pelo fato de o banco ser uma empresa pública. “Todos os nossos funcionários são concursados, então não podemos contratar profissionais de acordo com nossas necessidades específicas”, explica.
Apesar de não pensar em ter uma spin-off, ou seja, uma nova empresa originada de projetos internos, o BB já conta com um programa de intraempreendedorismo e incentiva seus funcionários a tocarem iniciativas em forma de startup, com equipes pequenas e focadas em uma única solução.
Para incentivar ainda mais esse movimento, a Startup Farm vai acelerar essas equipes considerando cada uma como uma startup.
Laboratório
De acordo com o diretor de negócios digitais do BB, algumas iniciativas que surgiram nos laboratórios de inovação do banco já estão em uso por clientes. Um exemplo é o aplicativo Agrobot, que auxilia os clientes de agronegócios como um consultor financeiro, ajudando no custeio de safra e na negociação de crédito, por exemplo.
Outro projeto surgido nos laboratórios já está em execução na área de governo, num fundo para educação. Anteriormente, explica Mastroeni, o governo federal repassava verbas para prefeituras comprarem itens como materiais escolares e cadeiras para salas de aula. Cabia às prefeituras guardar as notas fiscais num local físico para um auditor fiscalizar. Agora esse processo é feito de forma digital, diz. A prefeitura sobe as informações num site e os dados são enviados diretamente para as entidades fiscalizatórias.
Aceleração
Ao anunciar a parceria, em evento em São Paulo na noite de terça-feira, a Startup Farm abriu inscrições para o programa Ahead Banco do Brasil. Podem se inscrever empreendedores que tenham soluções em três áreas.
A primeira é analise de comportamento do consumidor, ou seja, soluções que ajudem a entender melhor os clientes e a direcionar soluções mais customizadas para eles.
A iniciativa busca também startups com soluções voltadas à administração do patrimônio dos mais de 50 milhões de clientes do BB, como robôs investidores e plataformas que oferecem crédito.
Também serão aceleradas empresas nascentes com foco em saúde e bem estar, que ajudem os clientes do banco a administrar bem suas finanças no consumo consciente de medicamentos ou no uso de planos de saúde, por exemplo.
Mastroeni diz que, inicialmente, as startups serão somente clientes do banco, ou seja, a instituição não fará aportes nas novatas. Mas já existe uma movimentação embrionária para a formatação de um fundo de investimentos para investir em companhias inovadoras, acrescenta.
Pensando em se aproximar dos empreendedores de todas as regiões do País, o executivo conta que também devem ser realizadas parcerias com outras entidades ligadas a empreendedorismo ou coworking para o BB estar presente não só em São Paulo, como no caso da Startup Farm.