O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Caixa Econômica Federal perderam R$ 3,4 bilhões com a queda das ações da JBS neste ano até terça-feira. Segundo levantamento da empresa de informação financeira Economática, as duas instituições detêm, juntas, 26,24% de participação na companhia, que tem como sócio Joesley Batista – delator de denúncias contra o presidente Michel Temer.
No período, a JBS perdeu 42% de seu valor de mercado – ou R$ 13 bilhões, passando de R$ 31 bilhões para R$ 17,8 bilhões, segundo a Economática. Só na segunda-feira, as ações ordinárias da companhia despencaram 31%. Nos últimos dois dias, porém, a empresa conseguiu recuperar pequena parte dos prejuízos. Apesar disso, os papéis estão sob forte volatilidade por causa do conteúdo das delações.
A JBS fazia parte das empresas escolhidas pelos governos Lula e Dilma Rousseff para participar da política das “campeãs nacionais” em alguns setores da economia. Isso significava ter acesso a empréstimos e financiamentos de bancos públicos a taxas menores, o que ajudou o grupo a ocupar a posição de maior processadora de proteína animal do mundo.
Para se ter ideia, segundo informações constantes na delação de Joesley, o grupo conseguiu nos últimos anos R$ 15 bilhões de empréstimos e aportes de capital do BNDES e da Caixa. O levantamento da Economática corrobora a informação. De acordo com o trabalho feito com base nos formulários de referência encaminhado pela empresa à Comissão de Valores Mobiliários, de 2007 até 2014, a participação das duas instituições públicas mais que dobrou, de 12,95% para 34,66%.
A Caixa só passou a ser acionista da companhia em janeiro de 2013, quando adquiriu 10,07% de participação na JBS. Nesse mesmo período, o BNDES reduziu sua fatia na empresa na mesma proporção, de 29,92% para 19,85%. De 2014 para cá, os dois bancos públicos reduziram suas posições no grupo, mas continuam sendo grandes acionistas na empresa. Hoje a Caixa detém 4,92% de participação e o BNDES, 21,32%.