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Como a crise dos Correios pode atrapalhar a recuperação do BB

Publicado em: 23/10/2025

Em meio a um preocupações com o aumento da inadimplência no agronegócio e a queda da rentabilidade nos últimos trimestres, um novo fator de incerteza paira sobre os investidores de Banco do Brasil (BBAS3). É que o anúncio de uma reestruturação financeira e operacional dos Correios está prevendo a captação de um empréstimo de R$ 20 bilhões junto a um sindicato de instituições financeiras. Caixa Econômica Federal, o BB e bancos privados devem participar da operação.

Os Correios registraram um prejuízo de R$ 4,3 bilhões no primeiro semestre de 2025, três vezes maior que o resultado negativo de 2024, ampliado pelo desempenho fraco do segundo trimestre deste ano.

O temor do mercado é que o governo, acionista controlador do Banco do Brasil, utilize a instituição para socorrer a estatal sem garantias adequadas e de forma pouco transparente com os acionistas minoritários.

“O pior impacto no curto prazo é na reputação do banco, pois a operação suscita receios de conflito de interesse do acionista controlador com os minoritários do BB”, disse um analista do buy side a EXAME.

Segundo ele, o risco efetivo para o resultado do banco ainda é incerto, pois dependerá do tamanho da participação da instituição no financiamento e, principalmente, de o empréstimo contar ou não com a garantia do Tesouro Nacional.

“Caso o Tesouro garanta, não há risco, com o empréstimo funcionando, indiretamente, como um aporte de capital do Tesouro nos Correios”, acrescentou.

Desempenho das ações do BB

Coincidência ou não, as ações do Banco do Brasil recuaram com a notícia da reestruturação dos Correios. O movimento refletiu a cautela do mercado quanto à exposição do banco a operações com estatais e à pressão sobre sua rentabilidade.

Analistas projetam que o BB será o único grande banco brasileiro a registrar queda no lucro líquido no terceiro trimestre de 2025. O Bradesco BBI estima um lucro de R$ 3,2 bilhões, representando uma queda de 14,9% em relação ao trimestre anterior e de 66,2% na comparação anual, pressionado pelas maiores provisões no período.

Fonte: Exame