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JPMorgan rebaixa BB Seguridade para venda com queda da Selic e risco contratual

Publicado em: 13/11/2025

O JPMorgan rebaixou a recomendação para BB Seguridade (BBSE3) de equal-weight (exposição igual a média do mercado, equivalente à neutro) para underweight (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda), reduzindo o preço-alvo de R$ 40 para R$ 34 por ação. Às 10h15, as ações da seguradora registrava queda de 2,30%, a R$ 33,55.

O banco vê tendências desafiadoras à frente, com crescimento de prêmios ganhos em dígitos baixos em 2026 e 2027 e pressão sobre a receita financeira devido à queda da taxa Selic. A projeção é de queda de 3% no lucro em 2026, seguida por recuperação de 3% em 2027, cerca de 2% abaixo do consenso para 2026.

Além disso, o JPMorgan lembra que o contrato da seguradora com o Banco do Brasil (BBAS3) vence em 2033. Diante do risco de renovação, o banco aumentou o desconto de perpetuidade de 33% para 50%.

Embora os comentários recentes da gestão do BB sobre a renovação e a manutenção da parceria com a BB Seguridade sejam positivos, as negociações não devem ocorrer no curto prazo, e o ano de 2026 será apertado por causa das eleições presidenciais. O cenário-base do JPMorgan agora considera que as conversas só devem começar a partir de 2027, o que adiciona incerteza e impacta negativamente a avaliação de perpetuidade, apesar do tom favorável atual.

Por fim, o banco destaca que, embora o dividend yield (rendimento de dividendos) projetado de 11% seja atraente, não é suficiente para compensar o risco e gerar bom retorno, já que se o contrato não for renovado após 2033, o yield ajustado seria equivalente a 8%, se comparado a uma empresa perpétua.
Pressão adicional com queda da Selic

Além dos desafios operacionais, a redução da taxa Selic deve pressionar ainda mais os resultados, na avaliação do JPMorgan.

A comparação com 2025 será difícil, pois o desempenho financeiro foi impulsionado por ganhos de previdência de benefício definido e marcação a mercado (MTM) de títulos.

A previsão é de queda média de 100 pontos-base na Selic em 2026 e mais 150 pontos-base em 2027, reduzindo o rendimento sobre as reservas técnicas.

Segundo JPMorgan, cada 100 bps a menos na Selic gera um impacto negativo de cerca de R$ 100 milhões no lucro. Isso deve representar uma redução de 1% no lucro em 2026 e 2 e 3% em 2027.

Agronegócio

Analistas destacam que o agronegócio é o produto mais relevante para a BB Seguridade, representando mais de um terço da subscrição total. Embora o JPMorgan veja a recente fraqueza como principalmente cíclica, há sinais de mudança estrutural, uma vez que a participação do BB no financiamento rural teria caído de 55% em 2020 para cerca de 30% atualmente.

A BB Seguridade está desenvolvendo novos produtos vinculados a instrumentos alternativos de financiamento (como CPRs) e novas parcerias além do BB, mas o JPMorgan acredita que a penetração não atingirá os níveis históricos.

Em síntese, as vendas de seguros da companhia estão fortemente ligadas à originação de crédito do Banco do Brasil, e o cenário segue desafiador.

O JPMorgan prevê recuperação moderada nos prêmios emitidos em 2026, tendo em vista que o produto é sensível aos juros. Além disso, o lançamento recente de produtos de consignado privado e Pronampe/FGI deve gerar um impulso adicional de cerca de 2,5% no crescimento contratado para o próximo ano.

No lado negativo, o JPMorgan nota maior competição no segmento de servidores públicos (SIAPE), o que pode limitar a expansão do seguro prestamista da seguradora.

Fonte: Infomoney