SÃO PAULO – O Banco do Brasil (BB) irá buscar no decorrer do ano uma melhora de sua rentabilidade e, para isso, pretende manter o controle das despesas e buscar operações que garantam maior margem à instituição financeira. Essa estratégia já foi responsável por parte do crescimento de 95,6% no lucro recorrente (sem efeitos extraordinários) do banco no primeiro trimestre, que chegou a R$ 2,515 bilhões. O lucro líquido contábil foi de R$ 2,443 bilhões, resultado 3,6% superior a igual período de 2016.
— Não estamos priorizando a participação de mercado. Estamos preocupados com a rentabilidade. O nosso objetivo é buscar uma rentabilidade próxima aos nossos pares — disse Paulo Caffarelli, presidente do BB.
No primeiro trimestre do ano, o retorno sobre o patrimônio líquido do banco chegou a 10,4%. É uma melhora em relação a igual período de 2016, quando ficou em 5,6%. No entanto, é bem inferior ao patamar de Itaú Unibanco e Bradesco, que ficam em torno de 20%.
— É possível melhorar a margem sem elevar os juros. Estamos repassando a queda da Selic, mas não vamos deixar de fazer a nossa lição de casa — afirmou.
Essa melhora de margem foi possível com o aumento das concessões de crédito para pessoa física, como consignado e crédito imobiliário, que possuem melhores margens de ganho para os bancos que as linhas destinadas à grandes empresas.
Em relação ao crédito, o BB vê uma melhora das concessões no segundo trimestre, mas que a retomada dessas operações deve ficar mais evidente no segundo semestre, à medida que a economia dê sinais mais claros de crescimento. Para o ano, o BB espera que a carteira de crédito cresça entre 1% e 4%.
A redução das provisões com devedores duvidosos, no entanto, foi o principal fator para a alta do lucro. A queda foi de 26,6%, para R$ 6,7 bilhões. Essa redução da despesa é justificado pelo fato do banco esperar uma estabilização na inadimplência, que chegou em março a 3,89%, ante 3,29% em dezembro e 2,59% em março de 2016. A alta, segundo o BB, foi acusada por a grande empresa em recuperação judicial. Sem esse fator, os atrasos acima de 90 dias teriam ficado em 3,47%.
Já para a redução dos custos, o BB espera a ampliação das operações pelos canais digitais. O objetivo é que seu cliente concentre suas operações, em detrimento das operações que faziam em outras instituições (no caso dos clientes que operam com mais de um banco).
Segundo a instituição, as rendas de tarifas de administração de fundos e de contas correntes, foram respectivamente maiores em 29,3% e 11,3% frente ao primeiro trimestre de 2016.
A despesa de pessoal, por sua vez, caiu 10,2% e as outras despesas administrativas reduziram em 9,1%, na comparação ao trimestre imediatamente anterior.
O Itaú, maior banco do país, viu seu lucro chegar a R$ 6,052 bilhões no trimestre passado, uma alta de 16,7% ante igual período de 2016. O Bradesco teve um lucro de R$ 4,071 bilhões, com leve queda de 1,2%, por conta das despesas com a compra do HSBC, mas sem esse efeito o resultado chegou a R$ 4,648 bilhões (alta de 13%). No Santander, o lucro saltou 50,4%, para R$ 1,824 bilhão.