Os usuários dos principais bancos, que concentram 84% dos ativos do setor bancário no país, ainda têm uma relação bastante tímida com o open finance, o ecossistema tecnológico que permite o compartilhamento dos dados pessoais e bancários entre as instituições financeiras. Ainda assim, os bancos estão otimistas quanto ao futuro desse novo relacionamento: 53% acredita que até o final do ano terá até 10% da sua base de clientes dizendo “sim” e fazendo a adesão ao chamado sistema financeiro aberto.
Outros 20% acreditam que em 2023 terão mais de 20% dos usuários aceitando compartilhar informações, uma meta bastante ousada, já que atualmente nenhum banco está nesse estágio, segundo a pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2023, realizada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e pela Deloitte. Atualmente, 80% dos bancos afirmam que até 10% de sua base de clientes estão no open finance.
Uma das promessas do open finance é de que, ao permitir que os dados de transações bancárias sejam conhecidos por diferentes bancos, mesmo não sendo cliente de todos eles, as pessoas tenham acesso a uma maior e mais barata oferta de crédito e de produtos financeiros, por exemplo. Esses objetivos estão no radar dos dezesseis bancos que participaram da coleta de dados realizada entre dezembro de 2022 e março de 2023. Para 75%, a oferta de mais produtos financeiros a partir do open finance está entre as principais formas de geração de valor para atrair os consumidores.
Por outro lado, a maior parcela de bancos entende que é mais estratégico atuar como uma plataforma na qual todos os tipos de serviços estejam conectados e sejam oferecidos em um conjunto coerente. Ou seja, não basta ter bons serviços bancários tradicionais, é preciso expandir e inovar para aumentar a satisfação dos clientes.
Mais de 90% das instituições pretendem expandir parcerias até o final do ano “para prover serviços mais completos e até entrar em segmentos novos, como forma estratégica de agregar valor, complementar jornadas e consolidar a busca constante pela inovação”, destaca o relatório. Outro dado é que ao menos 69% desejam conhecer melhor o contexto dos consumidores.
Em dois anos de operação do open finance no Brasil, completados em dezembro de 2022, 17,3 milhões de consentimentos de clientes foram dados para o compartilhamento de seus dados pessoais e bancários entre as instituições financeiras participantes.
Da “porta para dentro” das instituições, a pesquisa que explora os investimentos e tendências em tecnologia – e que chegou a 31º edição – mostra que o open finance é visto como estratégico para melhor definir o preço correto dos produtos (38%), reduzir riscos de crédito (31%) e expandir negócios não financeiros (19%).
Para 2023, a prioridade das instituições financeiras em tecnologia continua sendo, em primeiro lugar, a análise e exploração dos dados obtidos via open finance. Em segundo lugar aparece a transformação cultural do banco. Em seguida, são citados temas como moedas e ativos digitais; expansão de transações via chatbot; e incentivo do consumidor ao compartilhamento de dados.