A política de investimentos do ciclo 2025-2031 da Previ, caixa de previdência dos funcionários do Banco do Brasil, tem como principais destaques a atualização das métricas de risco, retorno e macroalocação. Para os próximos sete anos, o fundo também manterá o foco em critérios ambientais, sociais, de governança e de integridade (ASGI) nas estratégias corporativas e de investimentos.
Em um cenário de juros altos, a fundação seguirá com a tática de imunização dos ativos do Plano 1, isto é, migrando de renda variável para renda fixa, em especial NTN-B, como já vinha sendo feito, e CDI pós-fixado, este com mais ímpeto a partir deste ano. Enquanto isso, o Plano Previ Futuro passará por uma reestruturação.
A diretora de planejamento da Previ, Paula Goto, diz que a política de investimentos passa por diferentes diretorias e colegiados para trazer mais segurança. “Temos um modelo de segregação de funções que norteia esse processo de gestão de investimentos, que é pensado de acordo com o cumprimento dos objetivos de longo prazo de cada plano de benefícios”, afirma.
Em fase de pagamento de benefícios (R$ 16 bilhões ao ano), o Plano 1 busca previsibilidade. A maior parte dos participantes é de aposentados e pensionistas (mais de 104 mil), com só 3 mil funcionários na ativa. Como reflexo, o plano vem reduzindo exposição à renda variável. Dos R$ 228,47 bilhões sob gestão no Plano 1, R$ 142,79 bilhões (62,5%) estão em renda fixa. O objetivo é que todo esse portfólio seja imunizado.
“É impossível ignorar uma Selic a 13,25%, que está apontando para 15% nos próximos meses, e não falar em renda fixa pós”, afirma o diretor de investimentos da Previ, Claudio Gonçalves. Os investimentos prioritários têm sido NTN-B longa e CDI pós-fixado.
Já o Plano Previ Futuro, que tem R$ 34,46 bilhões geridos e ainda está em fase de acumulação e aceita mais risco, passará por uma reestruturação nos oito perfis de investimento. “Com a mudança estrutural dos perfis, cada perfil terá a sua carteira”, explica Goto. Hoje, o Plano Futuro é estruturado como um bloco único. Com a mudança, o gestor vai ter mais flexibilidade para entregar o nível de volatilidade e de retorno adequado ao risco que o participante escolhe.
Para 2025, Gonçalves diz ainda que a Previ está de olho em oportunidades no exterior como forma de diversificação. Além disso, mira no setor imobiliário, via fundos (FII), com destaque para o potencial dos “data centers”.
“Os data centers são cada vez mais necessários na expansão de inteligência artificial, criptomoedas, armazenamento em nuvem e desenvolvimento de novas tecnologias. Olhar essa possibilidade pode gerar valor”, afirma. No caso dos FII, a percepção é que há vários fundos com “oportunidade de prêmio”, segundo Gonçalves.
A resolução 4994 do Conselho Monetário Nacional (CMN) proíbe a compra de imóveis físicos por fundos de previdência e prevê a venda do portfólio físico que detêm até 2030. Com isso, esses fundos só podem investir em imóveis via FIIs. No caso da Previ, Gonçalves diz que há uma lista dos imóveis prioritários para a venda, mas a expectativa é que a resolução seja revertida antes do prazo final.
Quanto ao balanço da Previ em 2024, Gonçalves diz que foi um ano difícil, com surpresas nas expectativas de juros nos EUA e no Brasil afetando os resultados. Segundo ele, a carteira de renda variável sofreu com quedas em empresas como Vale, Neoenergia e Tupy, mas os dividendos permaneceram robustos. Apesar disso, a Previ manteve as estratégias com foco no longo prazo. “Estamos convictos das nossas teses de investimento, seguindo à risca o que a política nos direciona. Sabemos que são questões circunstanciais.”
O presidente da Previ, João Fukunaga, acrescenta que a política de investimentos seguirá norteada pelo Pacto ASGI, que baliza as decisões em critérios ambientais, sociais e de governança.