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Primeira mulher a comandar BB é competente, mas terá ano de desafios

Publicado em: 06/01/2023

A primeira mulher que presidirá o Banco do Brasil tem ampla experiência no conglomerado, mas enfrentará o desafio de sair de um cargo de gerência para o comando do BB, um salto considerável, dado de forma bem sucedida pelo atual presidente, Fausto Ribeiro. Fontes consultadas pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) afirmam que Tarciana Medeiros, indicada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o posto, é competente, mas que terá de ganhar a experiência necessária para um cargo estatutário.

Tarciana Medeiros é bacharel em Administração de Empresas e pós-graduada em Administração, Negócios e Marketing e em Liderança, Inovação e Gestão. Ela tem 44 anos, é paraibana e está há 22 anos no BB. Desde 2021, é executiva na Diretoria de Clientes PF e MPE, na Gerência Executiva de Ciclos de Relacionamento com Clientes, onde é responsável pelo B-Commerce do Banco do Brasil.

O nome da nova presidente foi bem aceito nos corredores da organização, diante da expectativa de que ela impulsione a agenda de diversidade na instituição. Ela é a primeira mulher a assumir a presidência do banco em seus 214 anos de história, uma lacuna que a Caixa, “irmã” do BB, já havia preenchido. Além disso, ela também é nordestina e tem ascendência negra, fatores que têm sido destacados internamente, ao comentar a escolha.

Em relação ao seu perfil técnico, fontes ressaltam seu conhecimento na área de varejo, coração do BB, mas ressaltam o grande trabalho que terá à frente na presidência, que tem de zelar pelo banco todo. Atualmente no cargo de gerente executiva, Medeiros tem passagens pela área de pessoa física, seguros e atendimento ao cliente. “Ela vai apanhar um pouco pela questão de falta de casca estatutária, mas o banco abraça quando o presidente é um dos nossos”, diz uma fonte, na condição de anonimato.

Outra fonte, também sob anonimato, afirma que Medeiros é uma profissional séria, mas que terá de percorrer um caminho importante ao ocupar o posto. “Vai precisar de um colegiado experiente para acelerar sua prontidão”, diz essa fonte, que considera que Medeiros tende a fazer grandes mudanças nas vice-presidências diante da mudança de governo, mas apenas mexidas pontuais nas diretorias.

Segundo um executivo, nos corredores do BB, especula-se que todas as vice-presidências serão trocadas, o que essa fonte considera “uma pena” diante da descontinuidade de gestão. Ele afirma que Medeiros atende a critérios técnicos, mas que terá de formar uma equipe competente para ajudá-la a tocar o banco.

“É igual ao que aconteceu no BNDES. O (Aloizio) Mercadante (futuro presidente do BNDES) não é desse mercado, então ele chamou pessoas que são”, comenta. Um dos diretores que Mercadante levará ao banco de fomento é Alexandre Abreu, ex-presidente do BB e do Banco Original. Será determinante a escolha de seus vice-presidentes, afirma uma fonte próxima ao banco. “Se ela se fechar com bons executivos, vai deslanchar”, afirma. Um dos nomes cotados para subir à alta cúpula do banco é o da diretora de empréstimos do BB, Daniela Avelar de Gonçalves, bastante próxima à Medeiros.

Fontes destacam ainda que nos últimos dias, Medeiros teve encontros com Carla Nesi, hoje assessora do presidente do banco, Fausto Ribeiro, Paula Sayão, diretora de marketing, e Rodrigo Vasconcelos, gerente geral de Analytics do banco. Para além da questão técnica, fontes ouvidas pelo Broadcast dizem que Medeiros se relaciona bem profissionalmente.

“Nas interações que tive com ela à época em que eu presidia o banco, pude constatar que se trata de uma profissional extremamente qualificada e competente, além de ser um excelente ser humano”, disse o ex-presidente do BB, Paulo Caffarelli, ao Broadcast.

As reações no mercado

Com a mudança de governo, o começo de ano foi mais movimentado do que o de costume para a Bolsa brasileira, com os investidores repercutindo de forma extremada (tanto para baixo quanto para cima) as primeiras sinalizações do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Apenas nesta semana, as falas iniciais do governo levaram a um grande temor do mercado e a uma queda de 5% do Ibovespa em apenas dois pregões, de segunda e terça, sendo que o discurso mais atenuado fizeram com que o índice tivesse fortes ganhos nas duas sessões seguintes.

Os temores com as estatais neste cenário conturbado ganham ainda mais força, com papéis como de Petrobras (PETR3;PETR4) e do Banco do Brasil (BBAS3) caindo 9% (papéis PETR4) e 6%, respectivamente, para depois recuperarem nas duas sessões seguintes, ainda que acumulando baixas na semana (de 2,6% e 1,3% até o final da tarde de quinta). No caso dessas duas empresas, os investidores também acompanham de perto a mudança na gestão das companhias. A estatal de petróleo tem ganhado mais destaque no mercado, mas o BB também é monitorado de perto com os analistas.

Tarciana Medeiros: nome bem recebido

“Vemos como positivo para o Banco do Brasil o anúncio de Tarciana Medeiros como nova CEO. A longa e renomada experiência no banco (incluindo diversas áreas do segmento de banco de varejo e seguros) combinada com suas qualificações em tecnologia e análise de dados devem levar o banco a manter seus investimentos em inovação e tecnologia, bem como sustentar sua eficiência operacional”, avaliou a XP.

O Bradesco BBI apontou que a decisão é relativamente positiva, pois a executiva tem muita experiência no banco, passando por diferentes divisões ao longo de seus 22 anos como funcionária. O Goldman Sachs também aponta que ela será a primeira CEO mulher do Banco do Brasil e com mais de 20 anos de trabalho no banco, o que deve garantir a continuidade após últimos trimestres de forte desempenho da instituição financeira estatal.

Assim, Goldman, XP e Bradesco BBI seguem com recomendação equivalente à compra para os ativos.

Apesar da recomendação de compra, a XP destacou em dezembro preferência pelo Itaú (ITUB4) no setor, apontando que questões políticas relacionadas a empresas estatais podem continuar a prejudicar o Banco do Brasil e impedir um desempenho mais forte das ações no curto prazo.

Já numa leitura positiva, avalia que, embora ainda estejam pendentes novos anúncios relacionados às operações do banco, os resultados da instituição financeira estatal devem continuar fortes no próximo ano e vê seu valuation como atraente (3,5 vezes o preço em relação ao lucro esperado para 2023), o que justifica a visão positiva.

O Bradesco BBI, por sua vez, acredita que Tarciana enfrentará o desafio de manter o ROE (Retorno sobre o patrimônio líquido) do banco em cerca de 20%, em linha com seus pares privados com uma política de crédito disciplinada e controle de custos.

Os temores são de expansão da carteira de crédito em cenário de juros altos e inadimplência em alta, apesar de analistas verem o cenário mais arriscado para outras financeiras estatais, como a Caixa Econômica Federal. Por sinal, um eventual perdão das dívidas de famílias de baixa renda que contrataram o empréstimo consignado do Auxílio Brasil deve ser discutido em conjunto com a Caixa Econômica Federal, um dos principais operadores da política, segundo disse à Folha o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron. Ele não descarta que o próprio banco tenha de arcar com os prejuízos, caso a inadimplência dispare em meio a dificuldades de beneficiários em pagar as prestações.

O BBI vê que a Caixa deva ser mesmo o principal banco a enfrentar qualquer impacto dessa medida, visto que poucos bancos se dispuseram a oferecer essa linha de crédito consignado, mas também nota que ainda não está claro como o programa será implementado e financiado. “Portanto, precisamos aguardar mais informações sobre o modelo a ser adotado”, afirma.

Para os analistas do Goldman, o banco está mais bem protegido contra grandes mudanças em sua estratégia do que no passado devido às melhorias em sua governança corporativa.

O Goldman reforça que as ações estão listadas no Novo Mercado da B3, o mais alto padrão de governança corporativa. Isso inclui apenas ações ordinárias, com direito a voto, independentemente do acionista. Além disso, quatro em cada oito conselheiros são independentes, sendo dois representantes de acionistas minoritários. O estatuto também prevê que o CEO deva ter pelo menos 10 anos de experiência ocupando um cargo de alto escalão no setor público ou privado ou quatro anos como membro do conselho ou função similar.

Enquanto isso, outras medidas no radar, como o projeto de lei institui teto no rotativo e programa de renegociação de dívidas podem ter impacto geral no mercado (incluindo o BB), assuntos estes que são monitorados de perto pelos investidores. (Com informações de Reuters e Estadão Conteúdo)

Fonte: Investing

 

 

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