Conectar-se a startups para acelerar o ritmo da inovação tem sido uma palavra de ordem para os bancos. Entre as maiores instituições nacionais, Itaú e Bradesco já vêm trabalhando há pelo menos um ano com o Cubo e o InovaBra, respectivamente. Ambos são programas de apoio a companhias novatas. Agora, o Banco do Brasil (BB) entrou no jogo.
O banco estatal montou um escritório no Vale do Silício, na Califórnia. No escritório, instalado em uma incubadora na cidade de Sunnyvale – lar de empresas como Yahoo, AMD e NetApp -, equipes de até cinco funcionários poderão desenvolver, ao longo de três meses, projetos de novos produtos e serviços que poderão ser usados internamente pelo banco, ou oferecidos aos seus clientes.
Segundo Marco Mastroeni, diretor de negócios digitais do BB, a ideia é levar quatro turmas para o Vale por ano. “Não é vida de turista, é uma imersão no ambiente. Eles participam de eventos de outras startups, têm que ir ao supermercado, administrar o orçamento do projeto”, conta o executivo. O primeiro grupo de funcionários foi para o BB Labs, como é chamada a iniciativa, no meio do ano e já voltou. Outra turma está lá neste momento.
Por que o banco resolveu investir nos EUA? A resposta tem relação com a natureza da instituição. Por se tratar de uma empresa pública, o BB tem restrições para investir ou se associar a startups. O relacionamento só pode ser estabelecido por meio de licitação ou se o banco comprar o controle de uma companhia – o que colocaria a empresa iniciante sob os processos de um grupo com mais de 100 mil funcionários. O risco é que isso poderia matar a inovação. O banco também está impedido de contratar profissionais sem concurso, por isso, é preciso capacitar o próprio quadro de funcionários.
Nos EUA, as equipes têm maior liberdade para experimentar novas tecnologias e modelos. Depois de validadas, as ideias têm sua viabilidade avaliada em termos de compatibilidade com os sistemas do banco e o ambiente regulatório local.
O BB Labs faz parte de uma iniciativa mais ampla do banco para estimular o empreendedorismo entre seus funcionários – o chamado intraempreendedorismo. Tudo começa por um programa batizado de Pensa, que visa estimular a geração de novos processos, produtos e serviços. No ano passado, foram mais de três mil propostas. Em 2016, até o momento, o número passa de cinco mil.
As ideias passam por uma série de avaliações internas e as mais promissoras seguem adiante. “É um modelo inspirado no ciclo de vida das startups, onde acontecem as validações dos investidores. As várias etapas ajudam a consolidar as ideias”, diz Mastroeni. “Leva tempo para acontecer, mas o fator multiplicador é muito forte; acende novas coisas na cabeça das pessoas”, diz.
Fonte: Valor Econômico