Mais resiliente e digital, BB está bem capitalizado para atravessar a crise

Publicado em: 16/04/2020

O Banco do Brasil (BBAS3) parece estar se saindo bem durante a crise do coronavírus. Em uma teleconferência com a XP Investimentos, executivos da instituição falaram sobre as medidas adotadas para limitar a disseminação da doença e o desempenho de suas operações diante dos efeitos da covid-19.

Uma das principais mudanças observadas pelo banco foi o aumento de usuários nos canais digitais – segmento altamente beneficiado com o surto.

Com as agências trabalhando em horário reduzido e atendendo só serviços essenciais, o número de acessos diários nas plataformas online do banco atingiu 5 milhões em março, enquanto a quantidade de novos usuários no período foi de 500 mil. O Banco do Brasil disse que já conta com mais da metade de sua base de clientes usando os meios digitais regularmente.

A companhia segue com uma carteira de crédito resiliente. O Banco do Brasil acredita que o primeiro trimestre não será de grande anormalidade, e espera que as grandes empresas e o setor agrícola voltem a crescer logo mais. “Destaque importante para a opinião dos gestores de que a carteira do banco seja mais defendida do que a média do mercado, opinião que compartilhamos pelo fato de a empresa possuir 42% da carteira entre agro e consignado”, disse o analista do Setor Financeiro da XP, Marcel Campos.

Crédito

Os executivos se mostraram mais cautelosos quanto à originação de crédito. A instituição decidiu não cortar as linhas de crédito para clientes cuja análise é favorável, uma vez que isso acaba gerando um aumento na inadimplência.

Sobre o nível de liquidez, nenhum movimento de baixa foi destacado. “O histórico demonstra que a liquidez do Banco do Brasil aumenta em momentos de stress pelo fato da empresa se destacar como um porto seguro e pela sua dimensão e base acionária”, ressaltou Campos. A companhia informou que está bem capitalizada para atravessar esse momento de vulnerabilidade.

A ação do Banco do Brasil é a preferida da XP, que reiterou sua recomendação de compra e o preço-alvo de R$ 43.

Fonte: Money Times

Após crise, bancos médios mudam estratégia para crescer

Publicado em: 26/02/2020

Os bancos médios ou de nicho mostraram nos resultados de 2019 que estão posicionados para crescer e enfrentar a concorrência, após passarem pelo menos três anos se recuperando da turbulência causada pela crise financeira de 2015 e da Lava Jato. Um grupo de oito instituições, três delas perto de ter ações listadas em Bolsa, encerrou o ano com lucro consolidado de R$ 5,32 bilhões, 33% acima do ano anterior. Se comparado a 2017, o aumento foi de 82%.

Os caminhos escolhidos para sobreviver aos efeitos da crise no mercado foram a diversificação dos negócios e serviços, a digitalização e o foco nas empresas menores. O grande evento para essas instituições está, no entanto, no forte crescimento das plataformas de investimento.

Por meio das plataformas de terceiros ou próprias, esses bancos têm captado recursos a custos mais competitivos, deixando de depender do apetite dos grandes bancos e outros investidores institucionais, majoritariamente os únicos compradores de certificados de depósito bancário (CDBs) e de letras financeiras (LFs) emitidas por eles até então.

Para boa parte dos bancos médios ou de nicho, agora é possível captar com custo inferior ao CDI, algo novo na história desse grupo. Por exemplo, o custo de captação do Banco Inter já se equipara ao do Banco do Brasil.

“Isso diminui a barreira de entrada para acesso a mais clientes”, afirma o analista da XP Investimentos Marcel Campos. Ele lembra que, somado a um gasto menor com agências e funcionários e capilaridade maior, por causa da digitalização, essas instituições no mínimo podem hoje competir com maior facilidade.

Campos diz ainda que a abertura do sistema bancário deve ser favorecida pela agenda do Banco Central relacionada ao open banking, pagamentos instantâneos e desconto de recebíveis.

Segundo o vice-presidente e analista sênior da agência de classificação de risco Moody’s, Alexandre Albuquerque, a rentabilidade dos bancos, de modo geral, é um dos principais focos de atenção da agência nesse momento, uma vez que a queda da Selic deverá testar a capacidade de oferecerem produtos e serviços competitivos para compensar a remuneração menor do patrimônio.

“A preocupação é colocar os recursos em empréstimos que tenham retorno adequado e rentabilizar essa alocação”, diz o analista.

Caminhos

Depois da crise de 2015, em que parte das instituições acabou varrida pela exposição excessiva a um único segmento ou empresa, a maioria focou sua carteira de empréstimos em empresas menores e no crédito consignado. Entre eles, está o banco ABC Brasil, que há um ano e meio reclassificou sua carteira, mirando clientes menores.

Paralelamente, entrou no segmento de pessoas físicas e aposta na diversificação de receitas, por meio de seu banco de investimentos. Banrisul e Pan também têm valorizado clientes menores. Enquanto o gaúcho está na disputa pelos microempreendedores, o Pan busca ser identificado como o banco digital das classes C, D e E. O consignado é o alvo do mineiro BMG e do Paraná Banco. O Daycoval se destaca no crédito para veículos usados.

No campo digital e de inovação, Inter e BV buscam voo mais longo. O Inter lançou no ano passado seu superapp, um marketplace com agressivo apelo de cash back para fidelizar clientes de grandes varejistas para consumirem todos os serviços da instituição mineira. Já o BV mira a estrutura do open banking e se prepara para isso há alguns anos, gestando fintechs e startups. O foco é se vender como uma plataforma de inovação para as novatas do mercado financeiro. Isso sem abandonar sua maior vocação, o crédito para o segmento de veículos.

Embora mirem mercados distintos, há consenso em uma estratégia: a volta para a Bolsa como forma de captação de recursos para expansão. Nesse sentido, Paraná e Daycoval, que saíram do mercado em 2016 e 2015, respectivamente, já anunciaram a reestreia no mercado acionário.

O BV também está na fila para emplacar uma oferta pública inicial de ações no Brasil – os sócios Banco do Brasil e a família Ermírio de Moraes preparam operação de R$ 5 bilhões.

Fonte: Infomoney

Bancos não estão preparados para nova crise, aponta Bloomberg

Publicado em: 24/07/2019


As reformas adotadas pelos Estados Unidos após a crise financeira de 2008 deveriam assegurar que os bancos estivessem mais bem preparados para suportar as perdas com os chamados créditos podres. Estão preparados? Em um importante aspecto, nem tanto.

Quando os bancos concedem empréstimos, sabem que alguns deles nunca serão pagos. Para estarem preparados e refletirem melhor o verdadeiro valor dos empréstimos em seus livros, os bancos fazem provisões contra perdas esperadas. Idealmente, essas reservas são a primeira linha de defesa em uma crise, fornecendo um amortecedor antes que as perdas comecem a corroer o capital de um banco.

No entanto, na crise mais recente, o mecanismo não funcionou como deveria. Quando a economia estava em expansão e os níveis de perdas eram baixos, os bancos faziam provisões insuficientes, supondo que as coisas continuariam do mesmo jeito. Por isso, quando os índices de inadimplência dispararam, as instituições financeiras tiveram de correr para elevar as reservas de uma só vez. Esse provisionamento levou a perdas líquidas e corroeu o capital dos bancos precisamente no momento em que mais precisavam dele.

Agora, a economia está longe de uma longa expansão, e sinais de excesso aparecem novamente, desta vez, principalmente em empréstimos corporativos. Diante disso, os bancos estão mais bem preparados?

Embora tenham mais capital, o volume ainda não é suficiente para que enfrentem uma crise grave. E os bancos não parecem estar protegendo esse capital fazendo mais provisões para perdas com empréstimos. Em março, as reservas dos maiores bancos dos EUA (os que contam com mais de US$ 500 bilhões em ativos) respondiam por 1,2% do total de empréstimos. É mais ou menos onde estavam antes de serem atingidos pela última crise.

Os bancos não são inteiramente culpados. No passado, os reguladores castigaram as instituições pelo provisionamento excessivo, alegando que estavam manipulando as reservas para melhorar a aparência dos lucros. As atuais regras contábeis permitem que os bancos aumentem as provisões somente quando as perdas são prováveis ??- o que normalmente significa que os empréstimos já devem estar vencidos há mais de 90 dias. Por isso, caso quisessem estar melhor preparados, poderiam ter problemas.

A boa notícia é que, após anos de análise, as autoridades contábeis estão mudando as regras. A partir do próximo ano, exigirão que os bancos analisem o ciclo, fazendo provisões com base em quanto esperam perder durante a vida útil de suas carteiras de empréstimos. Se os bancos responderem aumentando as provisões, os lucros terão um impacto temporário. Mas todo o sistema será mais resistente quando a próxima crise chegar.

Infelizmente, as organizações que fazem lobby em nome dos bancos estão tentando suspender ou pelo menos atrasar a reforma. Projetos de lei apresentados tanto na Câmara dos Deputados dos EUA quanto no Senado bloqueariam a mudança e exigiriam mais estudos – embora pesquisas mostrem que a alteração funcionaria conforme o planejado e grande parte do mundo já tenha adotado reformas semelhantes.

Esperemos que os parlamentares usem melhor seu tempo e que a nova regra resulte em mais prudência.

Fonte: Infomoney

Com crise, bancos têm sobra de R$ 100 bilhões para crédito imobiliário

Publicado em: 18/07/2018


A lenta retomada do setor imobiliário, aliada à resistência do consumidor em assumir dívidas longas, gera uma situação inédita no mercado de crédito para a compra da casa própria: vão sobrar mais de R$ 100 bilhões em recursos para financiamento, entre esse ano e o próximo ano, segundo estimativa da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

Essa montanha de recursos ociosos é reflexo do ritmo lento de recuperação da economia, que, por consequência, emperra a venda de imóveis. Ao mesmo tempo, a poupança, de onde sai parte dos recursos usados pelos bancos nos empréstimos imobiliários, voltou a registrar no primeiro semestre, após quatro anos, um volume maior de depósitos do que de saques.

“Teremos nos próximos dois anos, uma liberação de recursos da ordem de R$ 239 bilhões. O financiamento imobiliário, na melhor das hipóteses, vai chegar a R$ 125 bilhões. Ou seja: vão sobrar R$ 114 bilhões no sistema inteiro”, calcula o presidente da Abecip, Gilberto Duarte.

O dinheiro que os bancos emprestam para financiar a casa própria vem, sobretudo, da poupança. As instituições usam cerca de 65% do que é aplicado na caderneta com o crédito imobiliário. A segunda fonte é o Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS), recolhido de quem tem carteira assinada.

Durante os anos de pujança, antes da recessão, os empresários do mercado imobiliário chegaram a defender a necessidade de se buscar fontes alternativas de recursos para suprir a demanda por crédito.

Consumidor

A disponibilidade recorde de recursos, no entanto, não beneficia diretamente o comprador de imóvel neste momento. Segundo Duarte, se as perspectivas para a economia fossem positivas, a consequência seria uma redução da taxa de juros por parte dos bancos. Com o cenário de incerteza, o movimento tende a ser o oposto. “Como os financiamentos podem durar mais de 30 anos e a previsão é de que os juros subam lá na frente, ninguém quer baixar mais”, diz.

Nos últimos dois anos, os bancos já vinham reduzindo os juros do crédito imobiliário, acompanhando o movimento de queda da Selic, a taxa básica de juros da economia, que passou de 13,75% no fim de 2016 para 6,5% ao ano. A disputa por clientes nesse segmento também aumentou, principalmente entre os bancos privados que aproveitaram o recuo da Caixa Econômica Federal.

Para Feliciano Giachetta, da FGI Negócios Imobiliários, houve uma leve melhora para o consumidor. “Quem comprova que está apto para financiar consegue o dinheiro. Há três anos, o banco levava 90 dias para liberar o financiamento. Hoje, um crédito sai em 45 dias. O que segura o consumidor hoje é mesmo a incerteza.”

Pesa o fato de as perspectivas para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) terem piorado. O mercado tem relação direta com o andar da economia: quando ela vai bem, as pessoas têm mais renda, ficam otimistas e compram mais casas.

A despeito de as expectativas para expansão do PIB neste ano terem caído praticamente pela metade, os bancos mantêm as projeções para o crédito imobiliário. O volume de financiamento deve subir 15%, totalizando R$ 116 bilhões, considerados os empréstimos com recursos da caderneta de poupança (SBPE) e do FGTS, de acordo com projeções da Abecip. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Correio Braziliense

Decon notifica BB por fechamento de agências no Ceará

Publicado em: 04/10/2017


O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), por meio do Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (DECON), notificou o Banco do Brasil pelas medidas decorrentes do plano de reestruturação da instituição bancária. O Banco do Brasil anunciou, em 21 de novembro de 2016, o fechamento de 402 agências, 31 superintendências e a transformação de 379 agências em postos de atendimento em todo país. Dentre elas, sete agências do quantitativo a ser fechado situam-se em Fortaleza e, dentre as que serão transformadas, uma se localiza em Novo Oriente e duas na capital do Ceará.

Segundo a secretária-executiva do DECON, promotora de Justiça Ann Celly Sampaio, a conduta configura prática abusiva, pois, com o encerramento de agências, o Banco estará recusando atendimento às demandas dos consumidores, os quais enfrentarão a prestação de um serviço inadequado, com longas filas e péssimo atendimento. Além disso, a promotora ressalta o caráter de abusividade da alteração contratual de serviços essenciais unilateralmente por parte da instituição, obrigando os consumidores a suportarem mais o ônus de deslocamento para outra unidade de atendimento para que se utilizem dos serviços bancários.

Para a promotora, a medida evidencia descumprimento do contrato inicialmente firmado, pois os consumidores contrataram o oferecimento de serviços bancários em agências específicas, e a instituição comunica o fechamento das mesmas sem qualquer preocupação com o atendimento dos consumidores. Além disso, a própria modificação unilateral do contrato configura prática vedada pelo Código de Defesa do Consumidor, que, no art. 51, inciso XIII, estabelece ser cláusula abusiva aquela que autoriza o fornecedor a modificar o conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua celebração.

Assim, o DECON aplicou multa no valor de 20.000 UFIRCES (Unidade Fiscal de Referência do Ceará), que corresponde a R$ 78.884,80. O Banco do Brasil recorreu à Junta Recursal do Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Jurdecon) e o recurso está em análise.

Fonte: Ceará Agora