Previ perde R$ 5,8 bilhões com Vale no primeiro trimestre

Publicado em: 06/06/2019

A queda das ações da Vale após o rompimento da barragem em Brumadinho (MG) teve impacto negativo de R$ 5,8 bilhões sobre o resultado da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil com R$ 195 bilhões em ativos, no primeiro trimestre. Isso representa quase todo o superávit acumulado no ano passado, de R$ 6,5 bilhões, no principal plano da fundação, que reúne mais de 90% do patrimônio total.

Com uma meta de rentabilidade de 2,93% para o trimestre no plano, a Previ acabou por ter retorno negativo de 0,06% no período devido ao impacto das perdas com a renda variável, em especial as provocadas pela Vale.

A alocação total do Plano 1 (maior e mais maduro da fundação) em renda variável é avaliada em mais de R$ 80 bilhões, sendo cerca de R$ 40 bilhões apenas em Vale. No primeiro trimestre, a renda variável foi o único segmento em que os investimentos tiveram perdas, de 3,63%. Com isso, o resultado final do plano no período foi negativo em R$ 5,7 bilhões. A Litel, holding por meio da qual a Previ investe em Vale, tinha dado resultado positivo de R$ 15 bilhões em 2018.

“Depois de ter ultrapassado os 100 mil pontos, a bolsa ainda está um pouco instável e temos de esperar qual será a tendência do ano. Temos um superávit acumulado no ano passado de R$ 6,5 bilhões”, disse ao Valor o presidente da Previ, José Maurício Coelho. Graças ao superávit, a entidade acumula resultado positivo de R$ 797 milhões.

A metodologia de avaliação da Litel foi alterada em setembro de 2018, e tornou o cálculo mais aderente ao valor atual da companhia. A precificação, que antes era anual, passou a ser realizada ao fim de cada mês, e considera uma média ponderada das cotações dos três meses anteriores ao último dia útil do mês corrente.

“Sabemos que [o resultado negativo] é temporário, porque a ação da Vale está acima de R$ 50 há bastante tempo, mas como a metodologia considera 90 dias para trás, ainda contempla períodos como fevereiro, em que o preço estava mais baixo. A metodologia suaviza tanto na subida quanto na queda, diminuindo um pouco a volatilidade”, afirmou Coelho.

Sobre a possível venda de uma fatia da Vale, o executivo afirmou que a Previ continua “estudando alternativas” para a Litel. O fundo de pensão detém 80,6% do veículo de investimentos. Outros acionistas são fundos de pensão como Petros (Petrobras), Funcef (Caixa) e Funcesp (empresas elétricas do Estado de São Paulo).

Em dezembro passado, a Litel aprovou a distribuição de juros sobre capital próprio (JCP). “Com o pagamento de JCP em ações, conseguimos passar [papéis] para a participação direta da Previ. Se pudéssemos, gostaríamos de fazer algo parecido, estamos estudando isso. Sem dúvida [a questão tributária] pesa. Se a Litel vende ações da Vale, a Litel paga imposto. Se a Previ vende, ela não paga”, afirmou Coelho, referindo-se a uma isenção tributária dos fundos de pensão.
Depois da Vale, o segundo maior ativo da carteira da Previ é a Neoenergia. A companhia protocolou pedido para realizar uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). A emissão é uma alternativa de saída para o fundo de pensão. A Previ é dona de 38%, fatia avaliada em R$ 8,8 bilhões. O executivo não comentou sobre Neoenergia devido ao período de silêncio por causa da oferta.

A Previ tem participação de mais de 0,25% ou assentos em conselhos em 29 empresas, incluindo Ambev, Banco do Brasil, Petrobras, BRF, Bradesco e Invepar. Esse número pode aumentar conforme o fundo de pensão der andamento aos planos de ter posições mais líquidas.

Isso é necessário para fazer frente ao pagamento de benefícios do Plano 1, de benefício definido, quando o valor a ser pago é acertado na contratação do plano. A maioria dos 82.724 aposentados e 22.073 pensionistas, que recebem R$ 12 bilhões ao ano, é beneficiário deste plano. A maior parte está na região Sudeste, onde a Previ paga R$ 414,8 milhões em benefícios ao mês. Em São Paulo, o valor médio mensal é de R$ 9.314,31.

Aberto em 1998, após o fechamento do Plano 1 a novas adesões, o Previ Futuro, de contribuição variável, tem 700 aposentados. Como o valor da aposentadoria depende das contribuições, a entidade reforça a educação previdenciária destes participantes. “Com a reforma da Previdência, as pessoas estão mais interessadas”, diz o diretor de seguridade, Marcel Barros.

Ao longo do ano, a Previ realiza encontros com participantes dos dois planos nas principais capitais para apresentar os resultados e tirar dúvidas. No momento, realiza um roadshow pelo Sul do país, a partir de Porto Alegre (RS).

Fonte: Valor Econômico

Banco do Brasil vai prorrogar dívidas de produtores rurais de Brumadinho

Publicado em: 13/02/2019

O Banco do Brasil informou, nesta segunda-feira (11/2) ter aprovado a prorrogação das operações de financiamento de agricultores de Brumadinho (MG) vencidas ou a vencer entre 25 de janeiro a 31 de dezembro de 2019. A medida atende produtores e cooperativas que sofrem os efeitos do rompimento da barragem da mineradora Vale no município.

“A medida concede, ao final do contrato, prazo adicional de um ano a operações de investimento e custeio prorrogado, enquanto as operações de custeio contam com um ano de carência mais três parcelas anuais”, informa a instituições, em resposta e questionamentos feitos por Globo Rural via internet.

No comunicado, divulgado pela assessoria da instituição, o banco informa ainda que dispensa o laudo técnico e a necessidade de apresentar novas garantias para a prorrogação das operações. E, de acordo com a necessidade, as operações poderão ser reavaliadas. Para ter acesso, o cliente deve procurar o Banco do Brasil e fazer o pedido.

A instituição não informa o número de contratos nem o valor total dos financiamentos passíveis de prorrogação. Apenas destaca que a maior parte das operações é vinculada ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

Na semana passada, o Ministério da Agricultura informou ter solicitado ao Banco do Brasil a suspensão dos financiamentos de agricultores de Brumadinho. Pediu também a liberação das indenizações relativas aos seguros dos contratos.

De acordo com a Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo (SAF), foram identificadas 182 emissões de Declarações de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP) em 2018 no município, duas de cooperativas ou associações. Desse total, foram firmados 52 contratos de financiamento do Pronaf, que totalizam R$ 1,75 milhão.

O Ministério informou também que ainda aguarda os resultados de levantamento baseado no Cadastro Ambiental Rural (CAR) para conhecer o número total de propriedades rurais atingidas. Dados preliminares apontam que a maior parte dos agricultores afetados é de pequenos produtores de hortifrúti que abastecem a região metropolitana de Belo Horizonte.

Fonte: Globo Rural

BB pode ser o mais prejudicado do setor com “efeito-Vale” após tragédia em Brumadinho

Publicado em: 31/01/2019

O desastre com o rompimento da barragem de rejeitos da Mina do Feijão, em Brumadinho (MG), deve ter impacto pouco significante na maior parte dos bancos brasileiros, segundo nota a clientes assinada pelo analista do Itaú BBA, Thiago Bovolenta Batista. No entanto, a exposição indireta do Banco do Brasil (BBAS3) às ações da mineradora deve impactar negativamente a estatal.

Isto porque a Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil) é atualmente um dos maiores acionistas da Vale por meio da Litel Participações, veículo de investimento que possui cerca de 18% do capital da mineradora. A Previ detém 80,6% de participação na Litel.

“O Banco do Brasil é responsável por 50% do superávit e déficits do Plano I da Previ e, portanto, a mudança no valor de mercado da Vale deve afetar indiretamente o Banco do Brasil. Observe que o Banco do Brasil marca o valor dos ativos e passivos da Previ duas vezes ao ano (segundo e quarto trimestres) e, portanto, deve afetar os resultados do banco no segundo trimestre, caso o preço das ações da Vale permaneça no nível atual”, escreve o analistas em relatório enviado a clientes.

Nesta segunda-feira (28), os ativos da Vale (VALE3 -24,52%) ficaram em leilão por cerca de meia hora, para abrirem em forte baixa de 19,98%, a R$ 44,93. Com essa queda, a companhia perde cerca de R$ 59,29 bilhões de valor de mercado. Durante o pregão, os papéis da Vale amenizam as perdas. Já as ações do BB registram queda de cerca de 1% nesta sessão, enquanto Bradesco (BBDC3 +2,35%;BBDC4 +0,81%) e Itaú Unibanco (ITUB4 +1,79%) têm baixas menos expressivas.

Outros bancos

O Bradesco também tem ligação indireta com a Vale desde julho de 2015, quando um fundo de investimentos do Bradesco BBI comprou 36,4% da MBR (Minerações Brasileiras Reunidas), uma das subsidiárias da Vale. Contudo, o Itaú BBA não acredita que o fluxo de pagamentos dessa estrutura seja afetado pela tragédia em Brumadinho.

Para outros bancos, o risco de crédito permanece baixo, segundo o Itaú BBA, uma vez que a alavancagem da Vale é “bastante baixa”, de 0,7 vezes a dívida líquida/Ebitda do terceiro trimestre de 2018. “Esse acidente não parece aumentar substancialmente o risco de inadimplência da empresa”, afirma o analista. Assim, o cenário-base do Itaú BBA não inclui impacto relevante no balanço de bancos devido ao risco de crédito da Vale.

Fonte: Infomoney

Queda de ações da Vale não compromete pagamento de benefícios, diz Previ

Publicado em:

A Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil e uma das principais sócias da Vale, informou que, apesar da forte queda das ações da Vale no mercado acionário, não terá problema de pagar os benefícios de seus associados, e que também não há necessidade de vender as ações da mineradora. Os papéis da Vale fecharam em queda de 24,52%, impactados pela tragédia do rompimento de uma barragem da Vale em Brumadinho, Minas Gerais.

“Sobre o impacto negativo da desvalorização das ações da companhia no Balanço da Previ, a Entidade informa que possui uma carteira de ativos diversificada, capaz de absorver os efeitos de curto prazo desse evento”, disse a Previ em nota.

O fundo de pensão afirmou que segue acompanhando os desdobramentos do acidente de Brumadinho, “que afetou fortemente o preço das ações da Vale, na qual é sócia relevante”, explicou. “A Previ reafirma sua solidariedade com o sofrimento das vítimas e seus familiares”, concluiu a entidade em nota.

Fonte: Infomoney