Defesa dos caixas no BB é prioridade na agenda de luta de entidades

Publicado em: 13/11/2025

A manutenção dos caixas no Banco do Brasil ainda não está garantida. As entidades sindicais e a União Nacional de Caixas do BB (UNACaiexBB) seguem mobilizadas para enterrar de uma vez por toda as reestruturações do banco que extinguem os caixas em várias unidades do Brasil.

Para avançar nas mobilizações em defesa dos caixas, dirigentes do Sindibancários/ES e da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Fetraf-RJ/ES) se reuniram com os membros da UNACaiexBB na última segunda-feira (03). A principal reivindicação dos representantes dos caixas é que a realização de uma Mesa Temática para tratar das demandas específicas desse segmento e dos funcionários das Plataformas de Suporte Operacional (PSO’s).

Sobrecarga de trabalho e metas

Durante a reunião, foi destacada a situação nas PSO’s, em que caixas (tanto os efetivos quanto os substitutos) e escriturários estão cada vez mais sobrecarregados e pressionados por produtividade em novos serviços que não condiz com a qualidade e o tempo de treinamento oferecidos pelo banco.

De acordo com os funcionários, o banco mantém a cobrança de metas inatingíveis e que não condizem com as particularidades das PSO’s e SOP’s, o que gera riscos operacionais. Os funcionários também apontam a falta de isonomia, pois nas PSO’s há funcionários executando esses serviços sem a devida comissão ou sequer da gratificação de caixa.

“Defendemos uma distribuição racional das tarefas, com o devido treinamento e condições adequadas de trabalho. A função de assistente operacional pleno deveria ter o valor da comissão equiparado ao da gratificação de caixa, com todos os escriturários que atuam em PSO”s sendo nomeados nesta função, assim como foi feito nas PSVs, em que todos foram nomeados assistentes de tesouraria. Isto beneficiaria centenas de colegas que não possuem uma comissão efetiva e tiraria dos gestores o poder de usar o acionamento em guichês de caixa como moeda de troca para o cumprimento de metas”, defendeu o representante da UNACaiexBB , André Faria.

Outra proposta defendida pela UNACaiexBB é a nomeação para o cargo de assistente operacional pleno, com a equiparação de sua comissão à gratificação de caixa, para os caixas de agências não atendidas por PSOs e que foram desgratificados em janeiro de 2025. Com isso, seria haveria a preservação da renda desses funcionários sem que eles precisem mudar de cidade, já que os serviços do Cenop podem ser realizados de qualquer terminal do Banco ou em home office.

A dirigente do Sindibancários/ES Nathalia Gallini acrescentou a perspectiva de quem atuou tanto como caixa quanto como gerente de módulo, destacando que “as reestruturações que o Banco está promovendo afetam todo um conjunto de funcionários, levando a desvios e acúmulo de funções. Há gerente de módulo acumulando suas funções com as de caixa, caixas acumulando suas funções com as de gerente de módulo, enquanto o Banco deixa de contratar a quantidade adequada de funcionários em cada cargo”.

Ameaça

Desde 2021, as entidades sindicais atuam na defesa da função de caixa no BB. Seja por determinação judicial ou por pressão dos trabalhadores em diversas mobilizações realizadas, o BB chegou a recuar na extinção total dessa função. No entanto, em 2024 o BB iniciou a implementação do Inova Varejo com projeto piloto no Espírito Santo. Apesar do projeto ter sido encerrado, algumas ações continuam sendo implementadas no país.

Os caixas e gerentes de módulo estão entre os principais alvos desse projeto, com várias agências encerrando tesourarias e o atendimento em guichês, obrigando clientes a se deslocarem para outras agências. Esse é o primeiro passo para o banco iniciar o fechamento dessas unidades.

“Compreendemos que com o avanço tecnológico e novas modalidades de pagamento, há uma redução do número de clientes que vão até as agências. Mas não podemos simplesmente desconsiderar uma parcela considerável da população que ainda tem dificuldades de acesso às novas tecnologias. O BB é um banco público e deve garantir plenamente o acesso da população aos serviços financeiros”, enfatiza a dirigente do Sindibancários/ES Bethania Emerick.

O dirigente do Sindibancários/ES Igor Chagas destacou a importância da mobilização das entidades sindicais e da UNACaiexBB.

“As entidades sindicais devem buscar exercer pressão e influência não apenas sobre a gestão do BB, mas também sobre o Governo Federal, buscando levar aos ministros de Estado e ao Presidente Lula reclamações sobre a série de ataques ao funcionalismo que o Banco do Brasil promove, e sobre o não cumprimento de seu papel público no atendimento aos clientes”.

Estiveram presentes: Bethania Emerick, representante em exercício da Fetraf RJ/ES na Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB); Danilo Funke, Diretor de Bancos Federais da Fetraf RJ/ES; além de Igor Chagas e Nathalia Galini, dirigentes do Sindicato dos Bancários do Espírito Santo, e representando o grupo UNACaiexBB, André Faria.

Fonte: Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região

Ação Civil Pública em favor dos caixas do BB avança na Justiça do Trabalho

Publicado em: 27/05/2021


A administração do Banco do Brasil não ofereceu nenhuma proposta de acordo durante a audiência de conciliação que aconteceu na quarta-feira (19) sobre a Ação Civil Pública ajuizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) pedindo que o BB se abstivesse de suprimir as funções e respectivas gratificações de seus caixas executivos.

A advogada da Contraf-CUT, Renata Cabral, do escritório Crivelli Advogados, afirmou que a entidade que representa os funcionários “como sempre” estava disposta a negociar com a direção do banco, contanto que os direitos dos trabalhadores fossem abarcados.

“Mas o banco não apresentou nenhuma proposta e não teve possibilidade de acordo na audiência”, explicou. Com isso, o juiz Antônio Umberto de Souza Junior, da 6ª Vara do Trabalho de Brasília, acabou encerrando a audiência de conciliação e marcou para o dia 23 de agosto a próxima etapa que será a audiência de instrução.

Em fevereiro, a Contraf-CUT entrou com uma Ação Civil Pública pedindo à Justiça do Trabalho que o Banco do Brasil fosse impedido de extinguir a função e a gratificação dos caixas executivos, previsto no Plano de Reestruturação divulgado em janeiro.

O juiz da 6ª Vara do Trabalho de Brasília deferiu a tutela de urgência requerida pela Contraf-CUT, decisão em plena vigência.

No Plano de Reestruturação, a administração do BB determinava que todos os caixas executivos migrassem de suas funções, voltando à função de escriturários. Quando necessário, poderiam atuar como caixas, recebendo a gratificação apenas pelos dias trabalhados nessa função.

“O banco, mais uma vez, usa a tática de individualizar uma discussão que é coletiva, que é nacional e técnica, ao querer propor trazer testemunhas para dizer o quanto o banco é generoso ao ofertar vaga, que há um processo seletivo que permite ascensão e que as pessoas sejam realocadas, mesmo sabendo nós que, no fundo, o banco cortou a gratificação de caixa”, observa o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga.

“Se olharmos, mais ainda, é terrível essa proposta do banco de reestruturação, uma vez que atinge boa parte dos caixas que estavam em home office. Então, a partir do momento em que a reestruturação foi imposta, os funcionários estão sem a gratificação de caixa, porque eles não abrem o caixa e não tem perspectiva de promoção.

Essa crueldade do banco, querem transformar, dizendo que o banco é supergeneroso, mas nós sabemos que a reestruturação não teve nada disso”, completa o coordenador da CEBB.

Na decisão em favor da Contraf-CUT, o magistrado Antônio Umberto de Souza Junior destacou que o Banco do Brasil tem o direito de definir o número de empregados em cada função, mas não de “promover tamanha insegurança jurídica e financeira, deixando de ter o caixa interino qualquer noção do que efetivamente receberá pelo mês trabalhado, dependendo do fluxo de clientes e dos humores ou bom senso de seu superior hierárquico”, explicou.

Ainda segundo o juiz, a tutela para suspender a alteração nos contratos de trabalho dos caixas, parte da Reestruturação, foi conferida porque existe Instrução Normativa do banco e norma coletiva, se referindo ao Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2020/2022, conquistado com a mobilização sindical e que garante uma série de proteção aos funcionários do BB. O magistrado ponderou ainda que as soluções para ganhos de eficiência, argumento principal da direção do BB no Plano de Reestruturação, não podem simplesmente menosprezar os aspectos humanos e humanitários, menos ainda os direitos fundamentais sociais como são os direitos trabalhistas.

Fonte: Rondônia Dinâmica