Brasil perde 5,8 mil agências bancárias em 7 anos; cooperativas dobram

Publicado em: 26/09/2022

O número de agências bancárias no Brasil atingiu um pico em março de 2015, com 23.154 unidades. Desde então, vem caindo de maneira praticamente ininterrupta até os dias de hoje. O dado mais recente do Banco Central, de julho, mostra que atualmente existem 17.348 agências no país, uma queda de 5.806 desde o pico, ou 25,1%. Enquanto isso, as unidades das cooperativas de crédito dobraram nesse período.

Há sete anos, as maiores redes de agências eram de: Banco do Brasil (BBAS3) (5.544), Bradesco (BBDC4) (4.654), Itaú (ITUB3; ITUB4) (3.847), Caixa (3.401) e Santander (SANB3;SANB4;SANB11) (2.641). Hoje os líderes são BB (3.984), Caixa (3.372), Bradesco (2.910), Itaú (2.617) e Santander (2.575).

Além das agências, existem atualmente no país 11.858 postos de atendimento (PA) físicos. Em março de 2015, eram 10.474, ou seja, houve uma alta de 1.384 (ou 13,2%).

Os PAs são estruturas mais simples, subordinados a uma agência, e que não contam, por exemplo, com serviços como câmbio, operações de tesouraria, fundos de investimentos para clientes qualificados, entre outros. Além disso, muitos não são abertos ao público geral, são pontos de atendimento dentro de determinadas empresas, repartições públicas, universidades, etc, destinados única e exclusivamente aos membros daquela instituição.

Com o avanço da tecnologia e a digitalização dos serviços financeiros – impulsionada pela pandemia – os grandes bancos vêm fechando agências, aproveitando a queda na demanda por atendimento físico para reduzir gastos. Muitas são transformadas em PAs, que por ter uma estrutura menor – como não lidam com numerário, não precisam de cofre, porta giratória, entre outras coisas – exigem gastos bem inferiores.

Enquanto isso, as cooperativas vêm ampliando o atendimento presencial. Por não serem bancos, elas não têm agências. As unidades são chamadas de postos de atendimento cooperativo (PAC). Hoje, são 8.593 PACs, de 4.312 em março de 2015, uma diferença de 4.281 (alta de 99,3%).

A maior rede de PACs é do Sicoob, com 4.018 unidades. Desde 2020, o Sicoob já abriu 690 postos e deve entregar mais 100 ainda este ano. “O cooperativismo financeiro é um movimento essencialmente de lugar e proximidade, que preza pelo atendimento humanizado, até porque nas cooperativas as pessoas, por definição, são mais importantes que o capital, e o lucro não faz parte dos objetivos. Como o usuário dos serviços é também o dono da organização, suas expectativas e preferências sobre acolhimento e tratamento devem ser atendidas sem restrições”, diz Ênio Meinen, diretor de Coordenação Sistêmica e Relações Institucionais do Sicoob.

Fonte: Valor Investe

 

Enquanto os bancos fecham agências, as cooperativas de crédito abrem

Publicado em: 16/06/2022

Marcelo Vieira Martins*

Neste momento, duas forças atuando em sentidos opostos movimentam as placas tectônicas no sistema financeiro do país. Enquanto grandes bancos fecham agências, as cooperativas de crédito abrem novos pontos de atendimento.

Com a acelerada digitalização dos serviços, os maiores bancos têm enxugado a estrutura. Em 12 meses, Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e Santander encerraram 1.007 agências físicas.

É que ocorreu entre março do ano passado e o mesmo mês deste ano, segundo os balanços dos próprios bancos divulgados no primeiro trimestre. A repercussão deste movimento, é claro, cai nos clientes.

Em São Paulo, o Procon registrou 69 reclamações de filas nas agências nos primeiros cinco meses do ano, contra 24 reclamações ao longo de todo o ano de 2020.

Segundo relatos, uma fila pode demorar até 3 horas. Não existe no país um tempo limite padrão, mas a maioria das cidades dispõe de leis que determinam um máximo de 15 a 30 minutos. Outras vezes clientes que estão na fila são orientados pelos funcionários dos bancos a resolver os problemas através do aplicativo.

Em movimento contrário, as cooperativas de crédito pretendem abrir 1,3 mil agências este ano, conforme levantamento divulgado no final do ano passado pelo Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito.

Municípios das regiões Norte e Nordeste são o principal foco geográfico desse movimento de expansão. A estimativa é que sejam gerados 13 mil postos de trabalho em todo o país.

Fechar agências pode aumentar a rentabilidade momentânea de uma instituição financeira, mas nem sempre é a solução definitiva para o atendimento.

A proximidade física com o cliente é um fator estratégico para a construção de relacionamentos de longa duração. Ainda mais nas cooperativas, onde o cooperado é também o dono do negócio.

Imagine que você é um pequeno empresário e recorre a um empréstimo para expandir a sua operação. Comprar um equipamento para aumentar a produção, por exemplo. Você tem a opção de realizar toda a transação de modo virtual com agilidade e autonomia. Em poucos minutos o valor está na conta.

Sempre defendi essa vantagem da tecnologia, inclusive é o tema do meu primeiro livro chamado Feito à Mão – As pessoas no centro das transformações, onde narro a experiência da primeira agência virtual do cooperativismo de crédito brasileiro.

Mas nem sempre a vida nos apresenta questões assim tão objetivas. É possível que você, como o hipotético empreendedor do nosso case, tenha outras dúvidas para compartilhar.

Queira, por exemplo, conhecer um pouco melhor as alternativas que a sua instituição financeira oferece. Ou necessite de uma consultoria financeira mais aprofundada, mergulhando em questões do dia a dia como o seu fluxo de caixa.

É aí que entra um conceito valioso e complementar à tecnologia, jamais concorrente: a agência física é o território da experiência. É onde se aprofundam os relacionamentos dentro de um espaço de diálogo e parceria. E conhecer bem o cliente é ouro em qualquer atividade.

Além disso, em um país tão carente de estrutura bancária como o Brasil, a agência física é uma importante referência para gerar negócios e oportunidades. Não raro a cooperativa de crédito é a única instituição financeira de um município.

Se você percorrer as pequenas cidades do Brasil vai constatar isso. As cooperativas exercem assim o interesse pela comunidade, um princípio que norteia o cooperativismo desde a sua criação há quase 200 anos.

Como observador dos atuais movimentos no mercado financeiro do país, acredito que o cooperativismo de crédito fará parte da vida de todos nós cada vez mais. Porque consegue entender o sentimento das pessoas e traduzi-los em gestos concretos, como estar próximo.

*É CEO da Unicred União e autor dos livros “Coopbook – Cooperativismo de A a Z” e “Feito à Mão – As pessoas no centro das transformações”.

Fonte: Economia SC

Consórcios e cooperativas de crédito crescem no Brasil

Publicado em: 09/08/2018

O Banco Central informou, nesta segunda-feira, que os consórcios e as cooperativas de crédito estão entre as modalidades que mais cresceram, em 2017, no Sistema Financeiro Nacional. Segundo o BC, a participação das cooperativas aumentou 15%, superando a taxa de 10% verificada em 2016. Já os consórcios tiveram uma expansão de 7,7%.

“Esse crescimento é consistente com a Agenda BC+ de apoio a concorrência no sistema financeiro através da sua segmentação e proporcionalidade, que levam ao alivio no custo para instituições menores, através de menor complexidade regulatória”, destacou o Banco Central.

De acordo com a autarquia, o número de cooperados cresceu 8%, alcançando a marca de 9,6 milhões, com destaque para o forte crescimento, de 19%, em pessoas jurídicas. No fim do ano passado, havia quatro confederações, 35 centrais cooperativas, 967 cooperativas singulares e dois bancos cooperativos em atividade no país.

Ainda nas cooperativas, a inadimplência diminuiu de 4 % em dezembro de 2016 para 3,5% em dezembro de 2017. As captações cresceram aproximadamente 16%, compostas majoritariamente pelos depósitos dos cooperados, e o capital das cooperativas se mostrou suficiente para cumprir com folga as exigências mínimas estabelecidas pelas normas em vigor.

Em relação aos consórcios, a carteira de consorciados alcançou R$ 48,6 bilhões no ano passado. Em dezembro de 2017, havia 155 administradoras de consórcios, 18,1 mil grupos e 6,9 milhões de cotas de consorciados ativas.

Mais da metade dos consorciados ativos (53%) se concentra em cinco Estados (SP, MG, PR, BA e RS). A inadimplência em dezembro de 2017 recuou em relação ao ano anterior. O índice foi de 2,99%, com queda de 0,63 ponto percentual.

No segmento de imoveis, após uma redução observa em 2016, houve recuperação, com aumento de cotas vendidas, consorciados ativos, e contemplações. Foram comercializadas 276,9 mil cotas (alta de 20,2%), com o número de cotas ativas alcançando 851,1 mil (+6,6%), tendo sido contemplados 73,1 mil créditos (+4,3%).

Também se manteve crescente o consórcio de automóveis, que respondeu por praticamente metade do sistema, tanto em relação ao número de consorciados ativos, quanto de cotas vendidas. A quantidade de contemplações alcançou 566,9 mil créditos, com alta de 6,7%.

Os números foram divulgados pelo Banco Central em dois relatórios: o Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo e o Panorama do Sistema de Consórcio.

Fonte: O Globo