Dívida da Rossi Residencial com Caixa e BB tem poucas garantias de pagamento

Publicado em: 03/10/2022

A situação da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil no processo de recuperação judicial da Rossi Residencial não é das mais confortáveis. Apenas uma pequena fatia da dívida da incorporadora junto aos bancos públicos tem garantias reais, ou seja, com a previsão de entrega de imóveis ou outros ativos, em caso de descumprimento do pagamento.

A Caixa é o maior credor individual da Rossi, com dívida total de R$ 456 milhões. Desse montante, só R$ 88,7 milhões (19,5%) contam com garantias reais. Outros R$ 182,9 milhões são do tipo quirografário (40%), quer dizer, sem garantia. Por fim, há mais R$ 184,8 milhões (40,5%) classificadas como extraconcursais, o que significa que não serão sujeitas ao processo de recuperação. No caso do Banco do Brasil, a dívida total é de R$ 29,4 milhões, sendo a totalidade do tipo quirografária.
Empresa renegociou dívidas bancárias entre 2016 e 2017

A dívida só não é maior porque, nos idos de 2016 e 2017, a Rossi implementou com relativo sucesso um plano de renegociação de dívidas bancárias no total de R$ 1,66 bilhão com Bradesco, Banco do Brasil e Caixa, o que reduziu significativamente seu passivo financeiro.

A Rossi aguarda o deferimento de seu pedido de recuperação pelo juízo da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Tribunal de Justiça de São Paulo. Dentro do processo, a companhia buscará uma solução para pagar dívida de R$ 1,2 bilhão, o que possivelmente envolverá descontos, parcelamentos de longo prazo e dação de ativos – como é comum em processos do gênero. As partes terão 60 dias para apresentar uma minuta do plano de recuperação após o pedido ser deferido pelo juízo.
Recessão, distratos e pandemia prejudicaram a incorporadora

A incorporadora foi vítima da recessão da economia brasileira nos anos de 2014 a 2016, que derrubou as vendas de imóveis e, pior: levou ao cancelamento das vendas já realizadas na planta, obrigando as empresas do setor a devolver aos consumidores o dinheiro que seria empregado na obra. Após a renegociação da dívida bancária em 2017, havia expectativa de recuperação dos negócios, mas a chegada da pandemia foi como uma pá de cal para a empresa. Desde 2013, a Rossi não lança um projeto sequer, trabalhando apenas com a desova dos estoques de imóveis remanescentes.

Nos últimos anos vieram milhares de processos de consumidores por atrasos na entrega de obras e distratos – isso é o que compõe o grosso da dívida. Dentro da recuperação, as dívidas trabalhistas somam R$ 83,8 milhões, e os passivos junto a pequenas empresas são de R$ 16 milhões, de acordo com o documento que traz a lista de credores.

Fonte: Estadão

Rossi conclui acordo e reestrutura dívida com Bradesco e BB

Publicado em: 22/03/2018

SÃO PAULO – A Rossi Residencial informou em comunicado que seu conselho de administração aprovou os termos de acordo de renegociação de dívidas com Bradesco e Banco do Brasil, que, em conjunto, representam um montante de R$ 1,27 bilhão.

A dívida do Bradesco, avaliada em R$ 1,02 bilhão, terá sua maior parte quitada com a entrega de ativos que já eram utilizados como garantia do débito. Do montante, R$ 315 milhões em ativos terão efeito imediato de amortização, mas a empresa estima que o saldo total quitado com ativos possa chegar a R$ 755 milhões. O abatimento remanescente “poderá ser consumado ao longo de 2018, à medida que as transferências de todos esses ativos sejam formalizadas”, afirma o comunicado.

Os cerca de R$ 265 milhões remanescentes terão prazo alongado de pagamento. Serão dois anos de carência para o valor principal e juros. Nos cinco anos seguintes, ou seja, a partir de 2020, o pagamento será escalonado, sendo 5% no primeiro ano e cerca de 55% no sétimo e último ano do contrato.

Com relação ao Banco do Brasil, o saldo de R$ 250 milhões terá aproximadamente 35% abatido com os recebíveis provenientes da venda de imóveis que são atualmente garantia das referidas dívidas. Os 65% de saldo também terão prazo de pagamento estendido. A companhia não detalhou os prazos nesse caso.

Segundo fontes do mercado financeiro que acompanham a companhia, a negociação soluciona cerca de 90% da dívida corporativa da companhia e os termos do Banco do Brasil para quitação do saldo são semelhantes ao do Bradesco.

De acordo com a mesma fonte, a entrega dos ativos utilizados como garantia não deve afetar de maneira significativa o banco de terrenos da companhia.

A avaliação é de que, após a entrega dos ativos, o valor geral de vendas (VGV) do banco de terrenos seja da ordem R$ 4,5 bilhões. No terceiro trimestre de 2017, a parte da Rossi no banco de terrenos era avaliada em R$ 6 bilhões de VGV.

O movimento faz parte do processo de reestruturação da Rossi, anunciado em dezembro do ano passado. Na ocasião, a empresa ainda negociava com os bancos os termos dos acordos.

Após essa virada de página, a empresa pretende retomar de vez os lançamentos, após ficar dois anos e meio sem novos empreendimentos.

A expectativa do mercado é de que a alavancagem, de cerca de oito vezes no terceiro trimestre do ano passado recue para três vezes após a conclusão do acordo.

Fonte: Valor Econômico