Ações de bancos digitais, empresas de cartões e fintechs caem até 10%

Publicado em: 15/10/2021

A bolsa brasileira bem que tentou se sustentar em alta, mas a queda generalizada das ações de bancos, fintechs e empresas de meios de pagamento e cartões acabou levando o Ibovespa para o campo negativo no pregão desta segunda-feira, 11 de outubro.

As ações do Inter (BIDI4 e BIDI11) lideraram as baixas do principal índice da B3, com uma queda da ordem de 10%.

Os papéis do banco digital já vinham de um período de forte volatilidade. Mas hoje o movimento de queda foi acompanhado por quase todas as ações do setor financeiro, como você confere a seguir:

  • Banco Pan (BPAN4): -8,07%
  • BTG Pactual (BPAC11): -5,67%
  • Cielo (CIEL3): -4,55%
  • B3 (B3SA3): -3,12%

O movimento no setor financeiro também se reflete nas ações de empresas brasileiras listadas em Nova York, como PagSeguro, Stone e XP — todas com queda expressiva. Mas, afinal, quais as razões para a derrocada?
Surpresa na sexta à noite

Uma mudança na regra colocada em consulta pública na sexta-feira à noite pelo Banco Central ajuda a explicar uma parte do mau humor com as ações do setor no dia 11.

O BC propôs o limite máximo de 0,5% para a tarifa de intercâmbio nas transações com cartões pré-pagos, na linha da restrição que já existe para os cartões de débito.

A proposta também proíbe que os emissores de cartões adotem prazos diferentes para que os lojistas recebam os recursos em compras realizadas pelos dois tipos de pagamento.

“A proposta em pauta tem o objetivo de harmonizar regras, custos e procedimentos associados a instrumentos de pagamento que apresentam grande similaridade sob o ponto de vista do funcionamento do serviço de pagamento prestado”, justificou o BC.

Embora seja potencialmente negativa para o setor (mas boa para o comércio), a limitação tem um efeito mais danoso apenas sobre a PagSeguro, segundo um gestor de fundos.

Não por acaso, a ação da empresa (PAGS) despenca mais de 10% na bolsa de Nova York. Já o BDR negociado aqui na B3 despenca 17,24%.

Juro em alta – fintechs em queda

Outra interpretação para o mau humor do mercado com as ações das novas empresas financeiras tem relação com o movimento de alta de juros já em curso no Brasil e da subida das taxas dos Treasuries, os títulos do tesouro norte-americano.

A avaliação é que juros em alta podem reduzir a velocidade do chamado “financial deepening”, ou seja, a migração dos investidores para produtos com foco em maior retorno e risco fora da prateleira dos grandes bancos. Nesse caso, perdem instituições como XP, BTG Pactual, Inter e Banco Pan.

A tendência de desaceleração, caso se confirme, também afeta a B3, dona da bolsa brasileira, que vem se beneficiando do aumento no número de investidores em ações.

A arena de competição entre bancos e fintechs também parece passar por um ponto de inflexão. Um levantamento feito pelo Bank of America aponta que o gás para que as fintechs sigam avançando na disputa pode estar diminuindo.

Em setembro, as empresas de tecnologia financeira registraram a primeira redução no número mensal de usuários ativos desde janeiro de 2015, com queda de 1,08% na comparação com agosto.

Outro profissional do mercado com quem eu conversei destacou que o BC se prepara para harmonizar as regras entre grandes bancos e fintechs, em especial aquelas que cresceram e se tornaram relevantes do ponto de vista sistêmico.

Todos esses argumentos podem ser verdadeiros, mas vale destacar que as ações dos grandes bancos, como Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e Santander Brasil (SANB11) também fecharam em queda nesta segunda-feira, ainda que com uma intensidade menor.

Para quem acredita que as fintechs seguem favoritas na briga para roubar um espaço dos bancões, a queda recente pode ter aberto uma boa oportunidade de compra.

Fonte: Seu Dinheiro

Analistas veem oportunidades para ações de bancos, mesmo com turbulência

Publicado em: 16/09/2021

Em meio ao cenário de maior volatilidade, principalmente com o noticiário político passando cada vez mais a influenciar o mercado, as ações das companhias negociadas na Bolsa são impactadas, com o aumento do custo de captação delas em um ambiente de maior risco para a economia nacional. Nesse cenário, as ações dos bancos, até a última quinta-feira (9), tiveram forte queda no mês, de 7,4% ante baixa de 4,8% do Ibovespa em igual período, com a piora da crise fiscal e a turbulência política (ainda que tenha diminuído nos últimos dias).

Contudo, os analistas do Bradesco BBI destacaram, em relatório publicado na última sexta-feira (10), ainda estimarem potencial de valorização para Itaú (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3), Banrisul (BRSR6) e Banco Pan (BPAN4) em particular, mesmo depois de aplicar um aumento de 150 pontos-base no risco-país ao custo de capital (COE) das instituições financeiras.

“Como referência, ao aumentar o COE em 150 pontos-base, ainda veríamos 15% de potencial de valorização em nosso preço-alvo para final de 2022 para o Itaú, 27% para o Banco do Brasil, 22% para o Banrisul e 27% para o Banco Pan”, apontam Gustavo Schroden, Otavio Tanganelli e Eric Ito, analistas do banco que assinam o relatório.

Atualmente, as recomendações do BBI para os bancos são as seguintes:

  • ABC Brasil (ABCB4): com recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 20, ou potencial de alta de 25% frente o fechamento de segunda-feira;
  • Banco do Brasil (BBAS3): recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 39 ou potencial de alta de 32%;
  • Banco Pan (BPAN4): recomendação outperform, com preço-alvo de R$ 26, ou upside de 51%;
  • Banrisul (BRSR6): recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 16, ou alta de 32%;
  • BTG Pactual (BPAC11): recomendação outperform, com preço-alvo de R$ 37, ou potencial de alta de 34%;
  • Itaú (ITUB4): recomendação outperform, com preço-alvo de R$ 39, ou potencial de alta de 37%;
  • Santander Brasil (SANB11): recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 48, ou upside de 29%.

Além disso, eles apontam que os bancos brasileiros costumam superar o Ibovespa durante períodos de incerteza, ressaltando que, durante o turbulento período eleitoral de 2018, o setor superou o Ibovespa em 12 pontos percentuais.

“Continuamos construtivos nos bancos, embora reconheçamos que o ambiente político e situação fiscal teve uma deterioração. No entanto, ainda vemos a dinâmica de crédito como saudável porque o PIB brasileiro deve continuar em expansão, apesar das revisões para baixo, enquanto os bancos também devem se beneficiar de taxas de juro mais
elevadas. Além disso, os bancos brasileiros costumam ser nomes defensivos durante períodos turbulentos,
especialmente os do setor privado”, apontam.

Em meio à turbulência política (ainda que diminuindo nos últimos pregões), os analistas fizeram um teste de estresse, decidindo testar os níveis de custo de capital para descobrir quais níveis de risco os preços das ações estão refletindo.

“Na verdade, descobrimos que com um aumento de até 200 pontos-base (pbs) em relação ao nosso custo de capital, os bancos brasileiros ainda apresentariam potencial de valorização em relação aos preços atuais de suas ações (alta de 10% em média). No entanto, achamos que seria justo supor que um aumento de 150 pontos-base seria um bom nível de teste de estresse para nossas avaliações, pois isso permitiria ao CDS 10 anos brasileiro atingir cerca de 425 pontos-base, o que se compara a 404 pbs durante o nível mais alto da eleição de 2018 (setembro) e também acima do 385 bps durante a greve dos caminhoneiros no mesmo ano (maio-junho)”, avaliam.

Assim, Schroden, Tanganelli e Ito apontam seguirem construtivos sobre os bancos brasileiros, apesar da maior incerteza. Isso porque ainda esperam a recuperação do crédito no país, embora os bancos também possam se beneficiar de taxas de juros mais altas.

“Além disso, em um cenário de turbulência política mais severa, acreditamos que os bancos de varejo tradicionais estão bem posicionados porque têm balanços sólidos e equipes de gestão experientes que podem ajudar a navegar em tempos adversos. Por fim, notamos que os preços das ações dos bancos geralmente têm sido mais resilientes durante os períodos turbulentos, e até identificamos potencial de valorização de 17% em média com um aumento de 150 bps nos custos de capital”, concluem.

Já após reuniões com os principais nomes de empresas em sua conferência anual para a América Latina, o Credit Suisse comentou as tendências para o setor, também reiterando visão positiva. Os analistas do banco suíço ressaltam que a demanda de crédito continua forte, com o crescimento de créditos para pessoas físicas e para pequenas e médias empresas apresentando boa tendência.

Além disso, a performance de receita líquida de juros dos clientes permanece robusta, impulsionado pelo forte crescimento do credito e melhor portfólio, apesar de alguma compressão do spread (ou diferença entre as taxas que os bancos pagam para captar recursos e a que eles emprestam aos tomadores) em produtos específicos, como folha de pagamento, hipotecas e cheque especial.

Os analistas avaliam que o custo de risco ainda está em níveis baixos e, embora a normalização seja esperada, não há sinais de que isso esteja prestes a acontecer, pelo menos para os bancos do setor privado.

Desse modo, no geral, a equipe mantém a visão mais favorável em relação aos bancos frente às instituições financeiras não bancárias devido ao ciclo de lucros mais forte, com preferência por bancos do setor privado. O Itaú Unibanco permanece como a top pick dos analistas devido as tendências de NII mais fortes em comparação com seus pares, seguido pelo Santander Brasil.

Confira as recomendações do Credit Suisse para os bancos:

  • Banco do Brasil, com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 38, ou potencial de alta 29%;
  • Itaú, com recomendação outperform e preço-alvo de R$ 39, ou upside de 34%;
  • Santander, com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 53, ou potencial de alta de 43%;
  • Bradesco, com recomendação outperform e preço-alvo de R$ 30,91, ou upside de 45%.

O Itaú BBA, por sua vez, revisou o setor de bancos na última segunda-feira (13), reduzindo a recomendação para a ação PN do Bradesco (BBDC4) de outperform (desempenho acima da média do mercado) para market perform (desempenho em linha com o desempenho do mercado). O preço-alvo foi de R$ 31 esperado para 2021 para R$ 25 projetado para o fim de 2022, ou upside de 17% em relação ao fechamento de segunda-feira.

A equipe de análise do BBA aponta que a performance do Bradesco na primeira metade do ano ficou abaixo das expectativas. Enquanto isso, a visão positiva para o nome se baseava na recuperação do cenário macro na segunda metade do ano e em 2022, o que agora está significativamente deteriorado.

“As despesas de baixas provisões (NPLs, na sigla em inglês), que impulsionaram o lucro por ação, não devem se estender por muito tempo. Acreditamos que o impacto adverso dos NPLs do próximo ano no PIB, com inflação substancialmente mais alta, está sendo subestimado”, apontam os analistas.

Assim, eles reduziram as estimativas para 2022 da “primeira à última linha”, para 15% abaixo do consenso, prevendo lucro líquido em R$ 24,5 bilhões.

O Banco do Brasil é o top pick do setor do BBA entre os grandes bancos, destacando que há assimetria para ganhos, expectativas baixas do consenso, enquanto os resultados superaram as projeções nos últimos dois trimestres.

Os analistas do BBA, cabe ressaltar, elevaram a recomendação para BBAS3 no final de agosto, destacando que a ação BBAS3 está negociada a um desconto historicamente alto em relação aos outros bancos brasileiros, o que sugere um alto grau de risco político já embutido, o que significa upside levando em conta qualquer moderação. O preço-alvo é de R$ 37 para 2022, ou upside de 26% em relação ao fechamento da véspera.

Fonte: Infomoney

 

Em ano “ruim”, ações de bancos podem subir 32%, diz Credit Suisse

Publicado em: 29/01/2020

Os bancos brasileiros não terão muito o que comemorar neste ano, mesmo diante da expectativa de que a economia cresça 2,5%, o consumo se fortaleça e, com ele, a concessão de crédito. A avaliação é do Credit Suisse, que cortou os preços-alvos de Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e Santander Brasil (SANB11).

“Cortamos nossas projeções para o LPA (Lucro por Ação) em média 8% para 2020 e 10% para 2021 para os ‘quatro grandes’”, afirmam os analistas Marcelo Telles, Otavio Tangarelli e Alonso Garcia, que assinam o relatório.

Assim, o preço-alvo do Itaú Unibanco baixou de R$ 45 para R$ 44; o do Bradesco, de R$ 46,67 para R$ 46; e o do Santander, de R$ 56 para R$ 54. O Banco do Brasil (BBAS3) foi o único, cujo preço-alvo subiu – de R$ 68 para R$ 72.

As recomendações, contudo, seguem de outperform (desempenho esperado acima da média de mercado) para Banco do Brasil, Bradesco e Itaú Unibanco. Já o Santander foi promovido de neutro para outperform.

Transição

De qualquer modo, o corte nas projeções reflete a avaliação do Credit Suisse de que o desempenho das instituições não corresponderá totalmente à retomada da economia.

“2020 deve ser um ano de transição para os bancos brasileiros, com o crescimento das primeiras linhas [do balanço] e os ganhos não impulsionados plenamente pelo ciclo positivo de expansão do crédito”, afirma o relatório.

Isso significará, segundo os cálculos dos analistas, que os lucros apresentarão uma “modesta expansão de 2,6%”, em relação a 2019. Outro número destacado é o ROE (Retorno sobre Patrimônio Líquido, na sigla em inglês) dos quatro, que baixou 300 pontos-base para 2020 e 160 pontos para o retorno de longo prazo. O ROE médio esperado para este ano é de 18,75%.

“Acreditamos fortemente que 2020 será o ponto baixo da lucratividade dos bancos, numa transição para um 2021 melhor”, diz o Credit Suisse. O banco suíço enxerga seus pares brasileiros debatendo-se entre duas forças nos próximos meses.

Prós e contras

Do lado positivo, estarão o lucro líquido gerado por juros, que se beneficiará com um longo crescimento de dois dígitos, um mix mais rico de empréstimos, melhores resultados da gestão de ativos e passivos, decorrentes da menor taxa Selic. A alta das tarifas também deve favorecer os bancos.

Do lado negativo, o Credit Suisse lista a reprecificação da carteira de crédito baseada em juros fixos, aumento da CSLL (Contribuição Social sobre Lucro Líquido) de 15% para 20%, e a exposição às turbulências da América Latina.

Os vencedores serão aqueles que souberem, mais do que nunca, gerenciar custos. Para o Credit Suisse, cortar gastos compensará temporariamente o crescimento “mais modesto” das receitas neste ano; e manter a competitividade diante do avanço das fintechs e dos bancos médios – desde que parte desses cortes seja repassada para os clientes.

Feitas as contas, apesar de todos os problemas pela frente, os bancos ainda são uma opção atraente para quem quer lucrar com as suas ações, de acordo com os analistas. “O setor oferece um potencial de alta de 32% sobre os níveis atuais”, afirmam. Como comparação, na média, o mercado espera uma alta de 15% no Ibovespa, o principal indicador da B3 (B3SA3) neste ano. Imagine, se este fosse um ano com tudo a favor dos bancos brasileiros.

Fonte: Money Times