MP do Trabalho investiga assédio em plano de saúde de servidores do BB

Publicado em: 19/01/2024

A Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi), empresa responsável pelo plano de saúde de servidores e aposentados do Banco do Brasil, está sendo investigada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) por supostamente não apurar casos de assédio moral denunciados por funcionários. O Banco do Brasil indica parte da cúpula da Cassi e repassa verbas à firma.

O inquérito civil corre no MPT do Distrito Federal e foi aberto no final de 2022, após uma apuração preliminar. Segundo a denúncia recebida pelo órgão, a Cassi “tem compactuado com inúmeros casos de assédio moral”, demite funcionários assediados e não apura as denúncias enviadas à Ouvidoria da empresa. Os procuradores cobraram explicações da Cassi e, mais recentemente, ouviram vítimas citadas no caso, incluindo um funcionário afastado do trabalho por motivos de saúde.

Uma dessas vítimas afirmou, em depoimento ao MPT no ano passado, que sofria humilhações constantes no ambiente de trabalho da Cassi, por parte de colegas e chefes, presencial e virtualmente. “Tudo o que eu fazia era motivo de chacota. Eram brincadeiras para humilhar”, afirmou a vítima no depoimento.

Além de citar detalhes do alegado assédio moral, essa pessoa enviou ao MPT prints de mensagens privadas e em grupo, do sistema corporativo da Cassi e documentos como supostas provas da irregularidade. Também mencionou testemunhas que presenciaram esses eventos.

Entre as ofensas apontadas ao MPT, a vítima foi chamada por um superior hierárquico de “preguiçosa” e foi ameaçada de levar uma “porrada”. O diálogo virtual, obtido pela coluna, aconteceu no sistema interno da Cassi.

Essa vítima relatou aos procuradores que comunicou a firma dos episódios de assédio moral, mas não teve qualquer retorno. A Ouvidoria recebeu o caso há mais de um ano e não colheu o depoimento de nenhuma testemunha, de acordo com o relato.

Procurada, a Cassi não comentou a investigação do MPT. A companhia afirmou que não tem nenhum processo pendente que envolva denúncia de assédio moral, e que todas as denúncias que recebe passam por “apuração rigorosa”. “A Cassi está comprometida em garantir um ambiente de trabalho ético e transparente. Prova disso é a premiação Lugares Incríveis para Trabalhar, concedida por quatro anos consecutivos à Cassi”, afirmou o comunicado. Procurado, o Banco do Brasil não comentou.

Fundada por funcionários do Banco do Brasil, a Cassi faz parte do conglomerado do banco como empresa patrocinada. Além de fazer aportes financeiros na mesma proporção que os beneficiários, o BB indica o presidente e parte dos diretores da firma sem fins lucrativos. A Cassi é a maior operadora de autogestão de plano de saúde do país, com mais de 700 mil participantes, incluindo funcionários e aposentados do BB, além de seus familiares.

Fonte: Metrópoles

Funcionários que defendem o BB sofrem assédio e são repreendidos pela gestão

Publicado em: 09/07/2020


Há gerentes no Banco do Brasil que estão partindo para cima de funcionários que se manifestem em defesa do banco. Um simples questionamento a questões obscuras em determinado negócio pode resultar em ameaça como resposta, ao invés de esclarecimento.

Exemplo dessa postura é a reação de um gerente (cuja identidade o Sindicato prefere resguardar) que achou por bem “enquadrar” o funcionário que ousou levantar a possibilidade de o banco estar sendo usado em favor de interesses do ministro da Economia, Paulo Guedes, em negócio com o BTG Pactual. O bancário lembrou que o Pactual teve Paulo Guedes entre seus sócios fundadores e apontou a hipótese de negócio escuso.

A resposta do gerente veio em rompante autoritário. Depois da defesa da operação, segundo ele “conduzida pelos mais rigorosos critérios de governança, com apoio de consultoria independente, com estipulação de salvaguardas jurídicas robustas em favor do banco”, o executivo complementou em mensagem escrita ao funcionário: “Sua colocação não está compatível com o nosso código de conduta, pois traz ilações inaceitáveis”.

Fonte: Sindicato dos Bancários de Brasília

Assédio moral no BB é caracterizado como acidente de trabalho, aponta Justiça

Publicado em: 24/10/2018


A 6ª Vara de Acidentes de Trabalho do Tribunal de Justiça de São Paulo corrigiu uma sentença convertendo benefício previdenciário em acidentário. A medida reconhece o assédio moral no Banco do Brasil como acidente de trabalho. As informações são do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait).

A ação foi movida em 2014 pela Superintendência Regional do Trabalho de São Paulo (SRT-SP) contra o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) após um funcionário do Banco do Brasil denunciar assédio moral por superiores para incluir seguros de empréstimos, o chamado BB Crédito Protegido – prestamistas, em operações de crédito sem informar ao cliente. Segundo o Sinait, o bancário denunciou assédio sofrido por não compactuar com as ordens dos superiores, “bem como por cancelar seguros de empréstimos feitos sem a anuência dos clientes quando estes compareciam ao PAB [Posto de Atendimento Bancário] para reclamar e solicitar o cancelamento”, como diz a nota da entidade. Também foi constatado que o bancário sofreu pressão e foi mudado de locais de trabalho várias vezes.

Após uma discussão com os superiores, que inclusive fizeram ameaças ao emprego do bancário, ele teve surto nervoso e foi afastado para tratamento da saúde mental causado pela prática constante de assédio. “É um problema relacionado à própria gestão do banco. A prática de assédio moral, de tão corriqueira, expõe os trabalhadores a uma endemia de transtornos psicológicos, e uma multidão de bancários, quando não está afastada, faz uso de remédios controlados para tratamento de pânico, crises de ansiedade e outras enfermidades mentais. O Sindicato vem sempre cobrando o fim da cobrança por metas abusivas e uma gestão mais humanitária por parte do BB”, afirmou o dirigente do Sindicato Ernesto Izumi.

Histórico

A nota publicada no site do Sinait ressalta que a pressão por metas abusivas é comum nos bancos, e afirma que “a questão dos adoecimentos relacionados ao assédio organizacional no Banco do Brasil está fazendo história”. A entidade lembra que a prática já levou o banco a outras condenações judiciais: na Bahia, a R$ 2 milhões; no Piaui, no valor de R$ 5 milhões; e no Distrito Federal. Em todas estas decisões, há obrigatoriedade de adoção de condutas para cessar a prática de assédio.

Fonte: Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região