Itaú, BB, Santander e Bradesco: quais devem ser os destaques dos “bancões” no 2T24?

Publicado em: 18/07/2024

A temporada de balanços para os bancões da Bolsa brasileira começa na próxima quarta-feira (24), antes da abertura do mercado, com os números do Santander Brasil (SANB11).

De um modo geral, não houve grandes mudanças na visão de quais bancos devem se sair melhor, com destaque para o Itaú (ITUB4), enquanto o Bradesco (BBDC4) deve voltar a ser o desvio negativo entre os bancões. Por outro lado, Santander pode apresentar gradual melhora enquanto o BB, apesar de apresentar números ainda bastante sólidos, pode registrar alguns pontos de atenção na visão de alguns investidores.

O Goldman Sachs espera que as tendências de melhor rentabilidade continuem para o Itaú e Banco do Brasil (BBAS3), enquanto o Bradesco e o Santander ainda estão “atrasados”, sendo que o banco americano está mais cauteloso com o Santander Brasil do que o consenso.

Do ponto de vista macroeconômico, o JPMorgan vê o crescimento dos empréstimos acelerando gradualmente mês a mês no Brasil, levando a Febraban a revisar sua estimativa para o ano de 2024 para 10% na base anual, com crescimento mais forte do crédito pessoal em comparação com empresas.

Sobre a qualidade dos ativos, o banco pontua que, após alguns meses de melhorias, as taxas de inadimplências (NPLs) parecem ter se estabilizado, pois as famílias permanecem endividadas e as inadimplências das Pequenas e médias empresas (PMEs) ainda estão aumentando. Ainda assim, os investidores parecem mais focados no crescimento e na recomposição das margens, que devem ser monitorados de perto pelo mercado também nas teles.

Santander – 24 de julho – antes da abertura

O JPMorgan espera que o Santander registre lucros de R$ 3,3 bilhões com NII (margens financeiras) de mercado fraco e NII de cliente atrasado em relação ao crescimento dos empréstimos. O banco espera que o Santander se beneficie, por outro lado, da recuperação dos empréstimos para automóveis.

O Goldman tem projeção de expansão modesta dos lucros antes de impostos, que será compensada por uma taxa de imposto mais elevada. “Esperamos que o Santander Brasil registre R$ 3,1 bilhões em lucros recorrentes (+2% no trimestre, +34% no comparativo anual), com ROE [Retorno sobre o Patrimônio Líquido] aumentando 25 pontos-base no trimestre, para 14,2%. No entanto, antes dos impostos, os lucros devem crescer 13% no trimestre, uma vez que uma normalização gradual na taxa efetiva de imposto (20,0% de 13,7% no 1T24) deve impactar negativamente os resultados financeiros”, avalia.

A expectativa é de uma margem financeira sequencialmente melhor, enquanto as despesas operacionais permanecem relativamente sob controle, embora “outras” despesas possam continuar pressionadas por comissões e provisões operacionais.

O Bradesco BBI, por sua vez, prevê tendências negativas, principalmente na margem financeira. “Acreditamos que o Santander reportará margem estável no trimestre em relação ao 1T24, refletindo comparações difíceis no primeiro trimestre, enquanto os resultados de Tesouraria deverão ter um impacto negativo na margem com o mercado. Além disso, não esperamos ver grandes alterações nas despesas de provisão do banco, uma vez que o índice de empréstimos inadimplentes deverá permanecer estável em 3,2%”, avalia.

Enquanto isso, avalia o BBI, as receitas de tarifas e as despesas operacionais deverão continuar crescendo a um bom ritmo. É importante ressaltar que acredita que a melhora gradual nos resultados deve ocorrer apenas no 2S24 e ao longo de 2025, enquanto os resultados do 2T24 podem decepcionar os investidores. Por exemplo, a estimativa do BBI de lucro líquido de R$ 3,0 bilhões fica 8,2% abaixo da estimativa de consenso da Bloomberg.

Já a Genial Investimentos está um pouco mais otimista. Os analistas ressaltam que, após um desempenho superior às suas expectativas e ao consenso do mercado no 1T24, com um ROE de 14%, o 2T24 continuará a mostrar sinais de recuperação de rentabilidade. “No entanto, acreditamos que essa recuperação ocorrerá de forma mais gradual, sem grandes surpresas. Para o 2T24, projeta um lucro líquido recorrente de R$ 3,24 bilhões, representando um aumento de 7,5% na base trimestral e 40,6% ano a ano”, afirma.

A casa espera uma leve expansão trimestral no ROE de +0,85 ponto percentual (pp) trimestre a trimestre e +3,67 pp na base anual para 14,6% — embora em processo de melhora, o desempenho ainda está abaixo dos níveis históricos do banco. A projeção LSEG é de um lucro de R$ 3,1 bilhões no segundo trimestre.

Bradesco – 5 de agosto – antes da abertura

O Goldman Sachs espera uma melhoria muito gradual da rentabilidade para o Bradesco. A expectativa é de uma melhoria sequencial modesta no total do NII e nas taxas de serviços, o que pode exigir uma aceleração no 2S24 para cumprir o guidance. A projeção é de um crescimento da carteira de empréstimos de 2% no trimestre, levando a um aumento de 5% no trimestre no total do NII, mas ainda uma queda de 4% no comparativo anual, com margem financeira estável.

“Acreditamos também que a normalização da margem financeira do mercado poderia ser mais modesta com um cenário de taxas estáveis/mais altas. As provisões também podem aumentar sequencialmente devido à maior originação em linhas de maior risco, como as PME (pequenas e médias empresas)”, afirma a equipe de análises. As despesas operacionais deverão aumentar modestamente no trimestre, mas permanecerão sob controle. Positivamente, os seguros devem ter melhora de 24% no trimestre devido a melhores resultados financeiros, conduzindo os números do 1S24 dentro da faixa de orientação. A projeção é de um ROE melhorando apenas para 10,6%, de 10,5% no 1T24.

O JPMorgan prevê lucros de R$ 4,3 bilhões (ROE de 10,7%) para o Bradesco e acredita que o foco estará na trajetória do NII e NIM (margem de lucro líquida) dos clientes (grande decepção do 1T24), bem como atualizações sobre seu plano estratégico, notadamente iniciativas de custo.

O Santander espera que o Bradesco reporte lucro líquido recorrente de R$ 4,286 bilhões no 2T24 (ROE de 10,7%), queda anual de 5%, mas melhorando 2% na base trimestral.

“O crescimento do crédito deverá acelerar, na nossa opinião, beneficiando a receita do banco. Por outro lado, a margem financeira do mercado poderá prejudicar a melhoria do crédito, dadas as expectativas de taxas de juro mais elevadas. Esperamos também melhoria na qualidade dos ativos no segmento pessoa física, mas com aumento das provisões devido ao crescimento da carteira de crédito”, avalia o Santander. A expectativa é de que uma recuperação dos lucros do Bradesco é um longo caminho e projeta que os resultados do 2T sejam piores do que as expectativas consensuais. Mesmo assim, ainda vê o ponto médio do guidance como alcançável em 2024.

Itaú – 6 de agosto – depois do fechamento

O JPMorgan aponta que o Itaú deve registrar mais um trimestre sólido com 22% de rentabilidade e continua sendo sua principal escolha no Brasil, dada sua consistência de resultados, forte posição de capital e atrativo Preço/Lucro de 7,0 vezes com rendimentos de 8% a 10%. Segundo as estimativas do banco, o lucro deve atingir R$ 9,9 bilhões, alta anual de 13% na base anual.

Na mesma linha, o Goldman espera que o impulso de lucros sólidos deve persistir. A projeção é de R$ 10,0 bilhões (+3% no trimestre, +15% no comparativo anual) em lucros recorrentes no 2T24, embora ainda espere um crescimento dos empréstimos um tanto moderado, dada a redução de risco da carteira.

“Ainda assim, acreditamos que o Itaú poderá convergir para o guidance da carteira de empréstimos até o final do ano (6,5-9,5%). O NII de clientes e de mercado pode seguir tendências semelhantes ao 1T24, levando a NIMs estáveis”, aponta o banco. Assim, o ROE deve chegar a 22,4% (ante 21,9% no 1T24 e 20,9% no 2T23).

A Genial espera que o Itaú se destaque novamente com o melhor desempenho entre os bancos incumbentes do setor. “Estimamos um lucro líquido recorrente de R$ 10,1 bilhões para o 2T24, um aumento de 3,3% na base trimestral e 15,4% anualmente. Projetamos uma rentabilidade robusta (ROE) de 22,5%, um crescimento de 0,6 pp trimestre a trimestre e 1,6 pp na base anual, superando significativamente outros bancos privados como Santander e Bradesco”, avalia a casa de análise.

Para o trimestre, acredita que o lucro deve ser impulsionado pela evolução contínua da receita líquida de juros (ou NII), além de uma melhora no custo de crédito decorrente da estabilização da inadimplência e da expansão mais controlada das despesas administrativas. A projeção LSEG para o lucro é de R$ 10 bilhões.

Banco do Brasil – 7 de agosto – depois do fechamento

Para o Banco do Brasil (BBAS3), o JPMorgan espera lucro de R$ 8,5 bilhões (ROE de 21%) e os principais tópicos devem girar em torno da contribuição da Patagonia para o NII (R$ 1 bilhão no 1T24). Inadimplência de empresas e agronegócio deve seguir em alta, o que pode impactar provisões.

O Santander estima que o Banco do Brasil tenha R$ 9,369 bilhões de lucro líquido ajustado no 2T24, +1% na base trimestral e +7% frente o 2T23, com um ROAE de 20%. “Prevemos sólida expansão de receitas, com forte contribuição da Patagônia. No que diz respeito às taxas de serviços, esperamos que as fracas receitas da conta corrente sejam compensadas por outras linhas de taxas. A inadimplência deverá apresentar uma ligeira deterioração em segmentos específicos, a nosso ver, mas nada alarmante. Dito isto, espera-se que as provisões permaneçam num nível elevado. Por fim, prevemos que as despesas se alinhem com o guidance, apesar de um repique esperado nas despesas administrativas”, aponta o banco.
A equipe de análise do Santander aponta estar mais preocupada com a visão dos investidores sobre o 2T do BB, visto que a combinação de: (i) novos resultados fortes da Patagônia; (ii) deterioração da inadimplência no segmento rural; (iii) provisões elevadas; e (iv) um salto nas despesas administrativas pode levar os investidores a acreditarem que o 2T foi um trimestre de baixa qualidade, fazendo com que as ações apresentem desempenho ruim, similar ao que aconteceu após a divulgação dos resultados do 4T23 e 1T24. “Mesmo assim, ainda acreditamos que o BB pode alcançar um crescimento saudável com um valuation (muito) interessante”, avalia. A projeção é de um crescimento da carteira de crédito de 11% na base anual, com importante contribuição vinda do segmento de varejo.

O Goldman projeta lucro recorrente de R$ 9,2 bilhões no 2T24 (-1% no trimestre e +5% no ano), o que implica um ROE de 20,9% e avalia que a NII deverá persistir num nível forte (+14% face ao período do 2T23 versus o guidance de 7-11%), em parte ainda beneficiado pelo Patagônia. Por outro lado, as provisões devem se normalizar parcialmente a partir de uma base de comparação elevada no 1T24, quando as provisões aumentaram 46% na comparação anual. O consenso LSEG projeta um lucro de R$ 9,25 bilhões para o período entre abril e junho.

Fonte: Infomoney

Cinco maiores bancões do Brasil lucram R$ 107,5 bilhões em 2023

Publicado em: 07/03/2024

O lucro dos cinco maiores bancos do Brasil cresceu 1,9% em 2023, somando R$ 107,5 bilhões, de acordo com dados compilados pelo Broadcast — e tudo pela “ajudinha” do Itaú Unibanco (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3) e Caixa Econômica Federal.

O melhor desempenho do trio no ano passado compensou a retração nos números de Bradesco (BBDC4) e Santander Brasil (SANB11) — que, diante da inadimplência ainda alta em operações de crédito mais antigas, cresceram menos a carteira de empréstimos.

A maior alta de resultado veio do Itaú, que equilibrou o crescimento das margens com crédito e também o resultado da tesouraria.

No BB, essa combinação também foi observada, mas com um desempenho melhor da tesouraria, graças aos números do banco argentino Patagonia.

Por sua vez, na Caixa, o crédito foi a alavanca tanto das margens quanto das receitas com serviços.

De olho nos números da Caixa e do Banco do Brasil (BBAS3)

A carteira da Caixa foi a que mais cresceu no ano passado, com alta de 10,6% em relação a 2022, para R$ 1,119 trilhão.

O banco originou ao todo R$ 544,3 bilhões em crédito, o maior volume da história, o que ajudou a expandir as margens em 19,5% no ano e as receitas com serviços decorrentes do crédito em 8,3% no mesmo período.

Quase 70% das operações da instituição estão em crédito imobiliário — portfólio que registrou alta de 14,6% ao longo do ano.

Enquanto os bancos privados reduziram as concessões diante dos juros altos, a Caixa manteve os negócios, o que levou os clientes das demais instituições a procurá-la.

Já em relação ao Banco do Brasil (BBAS3), o crescimento das operações foi de 10,3%. O resultado foi impulsionado pelo agronegócio, que cresceu 14,7% em 2023.

Para este ano, o banco projeta elevar a carteira em até 12% — e o agro continuará como o principal pilar desse crescimento, nas projeções do BB, apesar das perspectivas menos positivas para o setor. Vale lembrar que o segmento tem pedido ao governo para renegociar dívidas diante da queda dos preços das principais commodities.

“Na carteira agro, nós vemos uma alta marginal de inadimplência que é causada pelo menor crescimento da carteira, natural após os últimos anos”, disse o diretor financeiro (CFO) e de relações com investidores (DRI) do banco, Geovanne Tobias.

O banco ainda revelou as projeções para o lucro líquido, com expectativa de aumento de até 12% no indicador.

Vem retomada pela frente?

Entre os bancos privados, a perspectiva é de retomada do crescimento da carteira neste ano.

O Bradesco (BBDC4), que viu o portfólio encolher em 1,6% no ano passado, espera um crescimento entre 7% e 11% em 2024.

Em coletiva de imprensa no início de fevereiro, o presidente do banco, Marcelo Noronha, disse que a retomada neste ano se dará com modelos de crédito aprimorados, e um apetite de risco mais rigoroso que no ciclo anterior. “Não vamos fazer maluquice com crédito para entregar resultado”, disse.

O Bradesco tem ambições de ganhar espaço no mercado de crédito até 2028, período que mira o plano estratégico apresentado por Noronha para aumentar a rentabilidade do banco.

Hoje, o conglomerado estima contar com uma participação de mercado de cerca de 14%, e quer chegar a algo entre 15% e 19% no final do período. O segmento de varejo é um dos pilares deste avanço.

O Itaú, que tem reduzido a exposição ao varejo, espera crescer até 9,5% no crédito em 2024, após uma alta de 5,3% no ano passado. “Nós vamos crescer dois dígitos nas carteiras que nós selecionamos”, disse o presidente do banco, Milton Maluhy, em fevereiro.

O Santander não dá projeções ao mercado, mas também espera um crescimento seletivo. O foco é manter o custo do crédito controlado.

“Esperamos que o custo de crédito nos novos portfólios seja menor que a média”, disse o presidente do banco, Mario Leão. Um dos focos do conglomerado é justamente reduzir a concentração dos resultados no crédito e no segmento de varejo.

Fonte: Seu Dinheiro

Por que o Banco do Brasil é bicampeão entre os “bancões” em 2023

Publicado em: 11/08/2023


O Banco do Brasil (BB) obteve os melhores resultados no segundo trimestre, na comparação com as outras três maiores instituições financeiras do país – o Itaú Unibanco, o Bradesco e o Santander. No primeiro trimestre, o BB já havia garantido a melhor posição no ranking desse grupo. Com isso, tornou-se, até aqui, o bicampeão em desempenho entre os “bancões” em 2023.

O tamanho do lucro é o dado mais evidente dessa liderança. No segundo semestre, o BB amealhou ganhos de R$ 8,8 bilhões, num crescimento de 11,7% sobre no mesmo período do ano anterior. A seguir, veio o Itaú, com R$ 8,74 bilhões (+13,84%). Ambos deixaram o Bradesco, com R$ 4,51 bilhões (-35,8%), e Santander, com R$ 2,309 bilhões (-45%), bem para trás.

O lucro, porém, nem sempre diz tudo sobre o desempenho de uma empresa. Ainda assim, de acordo com um levantamento feito por Carlos André Vieira, analista de ações do TC, a plataforma de assessoria a investidores, entre cinco itens-chave do balanço dessas instituições, o BB lidera em três deles. Nos outros dois, fica em segundo lugar.

O BB ocupa o primeiro posto, por exemplo, no quesito retorno sobre patrimônio médio (ROAE, na sigla em inglês), um importante indicador da rentabilidade do negócio. Ele alcançou 21,3%, contra 20,9, do Itaú. Nesse item, os dois bancos ficaram quase o dobro da distância de Santander (11,2%) e Bradesco (11,1%).

Eficiência

A eficiência é outro tópico que garante destaque ao Banco do Brasil. Esse índice traça uma relação entre as despesas operacionais e as despesas totais de uma instituição financeira. Quanto menor o percentual, melhor o resultado. O BB cravou em 27,7%, bem abaixo do Itaú (39,6%), Santander (42,9%) e Bradesco (46,1%).

Inadimplência

Além disso, a inadimplência no BB para créditos vencidos acima de 90 dias é a menor do quarteto, ficando em 2,7%, contra 3% do Itaú, 3,3% do Santander e 5,9% do Bradesco. Entre os cinco parâmetros de destaque mencionados acima, o Banco do Brasil só fica atrás da concorrência nos temas tamanho da carteira de crédito e “índice de cobertura” (provisionado para vencimentos acima de 90 dias). Nesses dois casos, o Itaú tem os resultados mais polpudos.

Crédito

Na avaliação do autor da análise, Carlos Vieira, do TC, boa parte dos bons números do Banco do Brasil está associada à solidez da carteira de crédito. Ela está forrada de empréstimos consignados, em geral, concedidos para aposentados, pensionistas e funcionários públicos, com baixíssimo risco de calote. “O consignado representa 12% do total de créditos do BB”, diz Viera. “Além disso, um terço dessa mesma carteira está ligada ao agronegócio, setor no qual a inadimplência também é pequena.”

O crédito, nota o analista, também é uma das forças do segundo colocado da corrida pelo lucro entre os bancões, o Itaú. “Ele atua numa faixa de renda mais alta e faz uma seleção mais criteriosa para os empréstimos”, afirma Viera. “Isso torna a carteira um pouco mais restrita, mas, ao mesmo tempo, mais assertiva.”

Luta pelo domínio

O Santander ocupa a terceira posição no ranking, mas se destacou ao menos em um assunto. O analista observa que, no grupo, a carteira de crédito do banco foi a que mais cresceu no segundo trimestre, registrando um avanço de 13,7%, em relação ao ano anterior. Ele foi seguido pelo BB, com 13,6%. “Quanto maior a carteira, maior o domínio sobre o mercado”, diz Veira. “E quanto mais ela cresce, mas o banco ocupa um espaço que era dos adversários.”

Para o analista, um dos grandes entraves enfrentados pelo Bradesco, na rabeira da lista, é a inadimplência. “Ela está acima do usual”, diz. “Começou a piorar com o caso da Americanas, no início deste ano (a instituição é a maior credora da varejista), mas também inclui pessoas físicas, além de pequenas e médias empresas. E o banco preferiu diminuir a carteira de crédito no segundo trimestre, na tentativa de resolver o problema.”

Fonte: Metrópoles

Como o Banco do Brasil venceu a corrida pelo lucro entre os “bancões”

Publicado em: 25/05/2023


No primeiro trimestre de 2023, o Banco do Brasil (BB) venceu a corrida pelo lucro entre os bancos do país. Nesse período, o BB amealhou R$ 8,5 bilhões, ante R$ 8,4 bilhões do Itaú Unibanco, R$ 4,2 bilhões do Bradesco e R$ 2,1 bilhões do Santander. Isso para citar apenas os quatro “bancões” nacionais.

O resultado do BB foi o segundo melhor da história da instituição financeira. Só perdeu para o período imediatamente anterior. Nos últimos três meses de 2022, o lucro alcançou R$ 31,8 bilhões.

Dados compilados por Carlos André Vieira, analista de ações do TC, a plataforma de assessoria a investidores, mostra que, se considerados os cinco principais indicadores de desempenho dos bancos, o BB venceu em três categorias. Para completar, ainda ficou no vácuo do Itaú e do Santander nas outras duas.

O BB tem, por exemplo, uma taxa de inadimplência para mais de 90 dias de 2,6%, a menor entre os concorrentes diretos. A do Itaú é de 2,9% e a do Santander, de 3,2%. A do Bradesco atinge 5,1%. O Banco do Brasil também vence os rivais por larga margem em relação ao índice de eficiência.

Ele ganha ainda no tópico rentabilidade. Por fim, está atrás do Itaú no quesito carteira de crédito e do Santander no índice de cobertura para eventuais calotes – o que não chega a ser ruim, uma vez que a inadimplência no BB é menor.

Carteira de crédito

Na avaliação de Viera, um dos pilares dos bons resultados do Banco do Brasil é a carteira de crédito. “Ela é resultado de um trabalho de longo prazo e tem um tipo de cliente com baixo nível de risco”, diz. “É fortemente constituída por empréstimos consignados, feitos para muitos funcionários públicos, cuja renda é estável, e pelo agronegócio, que oferece muitas garantiras nessas operações de crédito.”

A carteira para pessoas físicas, por exemplo, soma R$ 300 bilhões, sendo R$ 118 bilhões com consignados, que cresceu 10% nos primeiros três meses do ano. A carteira do agronegócio não é menos parruda. Alcançou o saldo de R$ 322,5 bilhões no primeiro trimestre, num crescimento anual de 26,7%.

Eficiência

Outro destaque é o já mencionado índice de eficiência. Ele atingiu o melhor nível histórico para 12 meses. Esse indicador mostra que todas as despesas do BB representaram 31,3% de todas as receitas. No caso do Itaú, esse número foi de 39,8%, para o Santander, de 40,8% e, para o Bradesco, de 47,1%.

O senão do balanço do BB, observa Vieira, ficou por conta de um calote fornido que o banco tomou de um cliente, cujo nome não foi citado no balanço, em recuperação judicial desde 2019. Não fosse esse problema, o índice de cobertura de inadimplência do banco teria ficado em 213,3%, acima dos 202,7% obtidos.

Na avaliação de diversos analistas, a safra de lucros do BB ainda não terminou. Mesmo porque o primeiro trimestre costuma ser o pior para as instituições financeiras. São os últimos três meses do ano que reservam os resultados mais vultosos. Isso, entre outros fatores, por causa do aumento da demanda por empréstimos. É esperar para conferir.

Fonte: Metrópoles

“Bancões” se preparam para período turbulento com aumento de provisões e crédito

Publicado em:


Os resultados dos grandes bancos da Bolsa no primeiro trimestre de 2023 (1T23) diminuíram alguns temores, mas também reforçaram certas preocupações. A surpresa positiva, de um modo geral, foi o comportamento dos índices de inadimplência, que não cresceram da forma dramática, num período em que o tomador do crédito pessoa física costuma estar mais apertado financeiramente. Por outro lado, as instituições financeiras parecem se preparar para um cenário turbulento, ao reforçar conservadorismo na cessão de crédito, ao mesmo tempo em que aumentam suas provisões.

“A inadimplência ainda está sob controle, mas os bancos já estão fazendo provisões adicionais, antevendo que haverá uma piora na qualidade de crédito e de capacidade de pagamento”, afirma Luis Miguel Santacreu, analista de risco da Austin Rating.

Ainda que enfrentem o mesmo ambiente de desaquecimento econômico, com taxas de juros elevadas, Banco do Brasil (BBAS3), Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) não foram impactados da mesma forma pela macroeconomia. A divergência nos resultados dos “bancões” vem desde o ano passado e se manteve nos três primeiros meses de 2023, sem mudanças na avaliação sobre os melhores e piores da temporada.

“No todo, não houve uma piora relevante dos bancos que estavam bem, tampouco dos que já estavam mal. Fosse esse o caso, certamente haveriam discussões mais duras sobre o que poderia acontecer com o sistema bancário”, afirmou Pedro Gonzaga, sócio e analista da Mantaro Capital.

Com políticas mais restritivas que as de um ano atrás, essas instituições se mostram mais atentas a riscos de crédito, inclusive nas concessões para as empresas, em que os spreads são maiores, após casos emblemáticos de recuperação judicial, como Americanas (AMER3) – que impactou menos o balanço dos bancos este trimestre – Oi (OIBR3;OIBR4) e Light (LIGT3).

“Os bancos estão mais duros na concessão de crédito, mas também há problema de demanda. Pode haver um componente das empresas mais conservadoras em relação ao cenário macro, menos sedentas por crédito. Tem um pouco dos dois lados”, diz Gonzaga.

Santacreu acredita que os impactos da taxa de juros e o desaquecimento da economia vão ficar mais claros no segundo trimestre. “A boa prática bancária exige prudência numa hora dessas”, afirma, fazendo referência à postura mais conservadora dos bancos. O analista acredita em uma maior convergência no comportamento dos bancos daqui em diante.

“O Banco Central não vai reduzir os juros tão rápido, então vamos ver um segundo trimestre com crescimento mais modesto de crédito. O ‘macro’ vai responder mais pelo crescimento das carteiras e a gente deve ver um maior alinhamento entre os bancos em termos de seleção de crédito, um comportamento mais similar”, diz Santacreu.

Bradesco: inadimplência do banco disparou

Os números do Bradesco vieram acima do esperado, mas não deixaram de ser vistos como fracos pelos analistas. O lucro líquido recorrente de R$ 4,3 bilhões no primeiro trimestre de 2023 foi 37,3% menor na comparação anual. O consenso Refinitiv esperava uma cifra de R$ 3,596 bilhões.

Mas um dos pontos do balanço que mais chamou atenção foi a disparada da inadimplência nas dívidas vencidas há mais de 90 dias. O índice saltou de 4,3%, no quarto trimestre de 2022, para 5,1%. “O Bradesco fazia venda de carteira ativa para renegociar crédito e, por muitos trimestres, a carteira muito ruim do banco não ficou tão evidente”, observa Para Pedro Gonzaga, analista da Mantaro Capital. Segundo ele, tirando esse efeito, é possível dizer que a piora da inadimplência do banco, na verdade, desacelerou.

Para Octavio De Lazari Júnior, CEO do Bradesco, os índices de inadimplência ainda vão piorar no segundo trimestre deste ano com chances de se agravarem um pouco mais no terceiro. “Mas todos os sinais mostram recuperação. As novas safras de crédito têm níveis de inadimplência menor”, afirmou na teleconferência.

A carteira de crédito do Bradesco terminou o trimestre em R$ 879,28 bilhões, sofrendo uma redução de 1,4% em relação ao final do ano passado. “Foi o único banco com queda sequencial de carteira”, observa Gonzaga, da Mantaro. “Isso ocorreu até mesmo no atacado, diferente dos outros, que aproveitaram os spreads mais altos, após o evento da Americanas (AMER3)”.

Fonte: Infomoney

 

“Bancões” devem apresentar resultados mais fracos no primeiro trimestre

Publicado em: 26/04/2023


Os grandes bancos se preparam para divulgar seus resultados do primeiro trimestre de 2023 e, mais uma vez, a expectativa é de números divergentes dentro do setor. Assim como nos últimos trimestres, os analistas esperam solidez nos balanços de Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3), enquanto a performance de Bradesco (BBDC4) e Santander Brasil (SANB11) deve continuar deixando a desejar.

Se os resultados do quarto trimestre de 2022 foram marcados pelas provisões que os “bancões” fizeram para cobrir possíveis calotes nos empréstimos feitos à Americanas (AMER3), nos números de janeiro a março deste ano a tônica promete ser o efeito dos juros altos da economia na demanda por crédito.

Como está mais caro para o cliente se financiar e quitar suas dívidas, o temor de inadimplência faz com que as instituições financeiras fiquem mais criteriosas e conservadoras. À medida que a participação de empréstimos de baixo risco na carteira dos bancos aumenta, menor é o crescimento de suas receitas, por se tratarem de recursos concedidos a juros menores. A composição de portfólio e estratégia de gestão de ativos e passivos vai definir os melhores e piores da temporada, segundo analistas.

O Itaú BBA acredita que a carteira de crédito dos bancos, as receitas com juros e de serviços devem começar o ano de 2023 na faixa inferior do guidance – as projeções feitas para o ano. Isso deve implicar em algumas revisões para baixo.

O JP Morgan também prevê um trimestre mais fraco em receitas. “Estamos vendo uma originação de empréstimos mais fraca pelos dados do Banco Central e bancos migrando para linhas mais seguras”, escreveram os analistas. Além disso, há a sazonalidade do período, com menos dias úteis no primeiro trimestre do ano, o que deve conferir tendências mais fracas nos segmentos de cartões e mercado de capitais.

Os analistas do banco americano também acreditam que a qualidade de crédito deve continuar piorando para a maioria dos players, tanto no varejo quanto no corporativo. O Itaú BBA espera crescimento sequencial, e dentro do esperado, de provisionamentos para pequenas e médias empresas, mas não tanto no segmento de large corporate (das grandes companhias).

Se os resultados do quarto trimestre de 2022 foram marcados pelas provisões que os “bancões” fizeram para cobrir possíveis calotes nos empréstimos feitos à Americanas (AMER3), nos números de janeiro a março deste ano a tônica promete ser o efeito dos juros altos da economia na demanda por crédito.

Como está mais caro para o cliente se financiar e quitar suas dívidas, o temor de inadimplência faz com que as instituições financeiras fiquem mais criteriosas e conservadoras. À medida que a participação de empréstimos de baixo risco na carteira dos bancos aumenta, menor é o crescimento de suas receitas, por se tratarem de recursos concedidos a juros menores. A composição de portfólio e estratégia de gestão de ativos e passivos vai definir os melhores e piores da temporada, segundo analistas.

O Itaú BBA acredita que a carteira de crédito dos bancos, as receitas com juros e de serviços devem começar o ano de 2023 na faixa inferior do guidance – as projeções feitas para o ano. Isso deve implicar em algumas revisões para baixo.

O JP Morgan também prevê um trimestre mais fraco em receitas. “Estamos vendo uma originação de empréstimos mais fraca pelos dados do Banco Central e bancos migrando para linhas mais seguras”, escreveram os analistas. Além disso, há a sazonalidade do período, com menos dias úteis no primeiro trimestre do ano, o que deve conferir tendências mais fracas nos segmentos de cartões e mercado de capitais.

Os analistas do banco americano também acreditam que a qualidade de crédito deve continuar piorando para a maioria dos players, tanto no varejo quanto no corporativo. O Itaú BBA espera crescimento sequencial, e dentro do esperado, de provisionamentos para pequenas e médias empresas, mas não tanto no segmento de large corporate (das grandes companhias).

Santander: margens devem seguir pressionadas

O Santander, como sempre, vai abrir a temporada de resultados dos grandes bancos listados na Bolsa. O balanço será divulgado nesta terça-feira (25) antes da abertura dos mercados. O consenso Refinitiv prevê lucro líquido de R$ 1,831 bilhão no primeiro trimestre de 2023 e receita de R$ 17,729 bilhões.

A XP espera um aumento de 11,6% na carteira de crédito do banco no primeiro trimestre de 2023, na comparação com um ano antes, e de 1,7% em relação ao quarto trimestre de 2022. Contudo, a casa projeta uma queda na margem financeira, de 10% em bases anuais.

“Esse desempenho se deve principalmente à menor receita de atividades de mercado”, afirmam os analistas. A taxa de inadimplência esperada pela XP para Santander é de 4,5%, 20 pontos-base acima da do quarto trimestre de 2022, “mas ainda em níveis controlados e com um índice de cobertura saudável”, de 202%. A casa prevê lucro líquido de R$ 2,1 bilhões (46% a menos que um ano antes, 27% a mais que no quarto trimestre) e ROE (Retorno sobre o Patrimônio) de 13,6%.

O Itaú BBA tem projeções mais pessimistas: lucro de R$ 1,916 bilhões, o que representaria uma queda anual de 52%, e ROE de 9,4%. De acordo com os analistas da casa, Santander está entre os bancos “a serem evitados”, junto com Bradesco e Banco Pan. Segundo eles, mesmo sendo negociados a valuations baixos, os resultados desses bancos podem servir como gatilho para projeções mais fracas nas estimativas de 2023.

O UBS BB prevê um resultado nebuloso para o banco. “Acreditamos que o banco poderá reforçar suas provisões para empréstimos corporativos, enquanto deve reverter algumas provisões legais e tributárias”, escreveram os analistas. Segundo eles, a carteira de crédito e a margem financeira com juros devem seguir pressionadas.

“A mudança de mix para produtos mais seguros pode pressionar sua margem com clientes, enquanto os resultados de trading e gestão de ativos poderão se manter negativos”, diz o relatório do UBS BB. Assim como o Itaú BBA, a casa prevê ROAE abaixo de dois dígitos, em 9,5%.

O Bradesco BBI acredita que as provisões para empréstimos inadimplentes do banco devam se manter estáveis em relação ao trimestre anterior, porém em níveis elevados, o que deve impactar os custos do Santander. A casa prevê lucro de R$ 1,2 bilhão para o banco no trimestre, descontando provisões para o caso Americanas.

Bradesco: custos com provisões seguem elevados

Depois do Santander, o próximo “bancão” a divulgar resultados será o Bradesco. O balanço do primeiro trimestre de 2023 será apresentado em 4 de maio, quinta-feira da semana que vem, após o fechamento da Bolsa. O consenso Refinitiv prevê lucro líquido de R$ 3,596 bilhões no período e receitas de R$ 29,764 bilhões.

A XP calcula que o lucro líquido recorrente do Bradesco no período seja de R$ 3,695 bilhões, praticamente em linha com a média de projeções do mercado. Caso se confirme, a cifra será 132% maior que a do trimestre passado, quando o banco resolveu provisionar toda sua exposição à Americanas, impactando fortemente o lucro. Contudo, o valor continua sendo 46% inferior ao registrado um ano antes.

Apesar de um aumento mais lento nas concessões corporativas, a XP acredita que a carteira de empréstimos do Bradesco vai crescer 9% em bases anuais e 1,9%, na comparação com o quarto trimestre. A expectativa é que o banco apresente margem financeira estável, sendo mais forte a parte de clientes do varejo. A taxa de inadimplência deve subir para 4,5%, segundo os analistas, mas desacelerando em comparação ao trimestre anterior. “Isso deve levar o banco a reportar um índice de cobertura próximo a 188%”, escreveram os analistas.

O UBS BB, por sua vez, acredita que o resultado deve continuar afetado pelo alto custo de provisões e resultados negativos na parte de trading. A casa prevê lucro de R$ 3,8 bilhões para o banco e um crescimento mínimo nos empréstimos, de apenas 1,3% na comparação com o trimestre anterior.

“Dado o problema de qualidade dos ativos do banco, a administração está tomando uma abordagem mais conservadora na originação de crédito; o crescimento de empréstimos podia ser ainda menor”, escreveram os analistas.

O Itaú BBA está bem abaixo do consenso nas previsões para o Bradesco no primeiro trimestre, projetando lucro de R$ 2,9 bilhões e ROE de 7%. A casa avalia que o resultado será impactado por receitas mais fracas e custos mais altos.

Itaú: crescimento menor de empréstimos e níveis saudáveis de inadimplência

O maior banco privado do país vai divulgar seus resultados no dia 8, início da segunda semana de maio. O consenso Refinitiv prevê um aumento no lucro líquido da instituição financeira, de R$ 7,67 bilhões, no quarto trimestre de 2022, para R$ 8,420 bilhões nos três primeiros meses deste ano. A receita esperada para o período é de R$ 37,616 bilhões.

“Esperamos que o Itaú Unibanco apresente outro trimestre de forte crescimento em sua carteira de crédito, impulsionado mais uma vez pelas linhas de crédito relacionadas ao consumo”, escreveram os analistas da XP. Ao final do ano passado, a carteira de crédito do banco estava em R$ 1,141 trilhão.

A XP acredita que o Itaú vai continuar mantendo nível saudável de inadimplência, com um aumento marginal para 3,6%. O índice de cobertura deve se manter estável em 219%. A margem financeira do banco deve avançar 19,5%, na comparação anual, impulsionada pelo aumento da carteira de crédito.

Por fim, a casa projeta lucro líquido recorrente de R$ 8,3 bilhões para o Itaú no período, cifra 13% maior que a de um ano antes e 9% superior a do quarto trimestre de 2022. O ROE, por sua vez, deve vir em 20%, com aumento de 60 pontos-base em termos anuais e de 10 pontos na comparação trimestral.

O Bradesco BBI espera um trimestre decente para o Itaú, mas sem surpresa. “Esperamos que a receita líquida de juros com clientes permaneça sólida, dada a remuneração de taxas de juros elevadas, enquanto os ganhos com trading devem continuar ligeiramente abaixo aos do trimestre anterior”, escreveram os analistas.

A casa também acredita que as provisões para empréstimos inadimplentes vão continuar se deteriorando, mas em ritmo menor que os concorrentes. Uma piora na qualidade do crédito corporativo tende a elevar os custos com provisões. O BBI prevê lucro líquido recorrente de R$ 8,5 bilhões para o Itaú e ROE de 20,7%.

O UBS BB vê chances do Itaú apresentar resultados melhores do que os de seus pares nesta temporada. A casa também acredita que o ROE do banco vai retornar ao patamar de 20%, após ter ficado em 19,3% no quarto trimestre de 2022, por conta do efeito das provisões com Americanas. O UBS BB vê ainda um um crescimento mínimo nos recursos provisionados para cobrir empréstimos com risco de inadimplência.

Contudo, a casa também acredita em um crescimento menor dos empréstimos, no ritmo de 1,4% na comparação trimestral e de 12,7% em bases anuais. Para o UBS BB, os empréstimos do Itaú poderiam continuar a desacelerar ao longo do ano. O guidance do banco para 2023 é de crescimento entre 6% e 9%. “O banco deve continuar reduzindo seu apetite de crédito em indivíduos de renda mais baixa, enquanto foca em clientes afluentes”, observam os analistas.

O UBS BB prevê ainda crescimento de 1,3% na margem financeira, comparada com o quarto trimestre de 2022, e menor receita com taxas, dado que os três primeiros meses do ano são normalmente mais fracos para os bancos, além da fraqueza no segmento de banco de investimento.

Como o Itaú provisionou R$ 1,3 bilhão para Americanas no quarto trimestre do ano passado, o UBS BB calcula que haverá uma contração de 6% nas despesas com provisões no primeiro tri de 2023. O ROAE previsto pela casa é de 19,9%.

Banco do Brasil: expectativa de crescimento saudável

O Banco do Brasil encerra a temporada de resultados dos “bancões”. O balanço do primeiro trimestre da instituição vai ser divulgado no dia 15 de maio. O consenso Refinitiv prevê lucro líquido de R$ 8,688 bilhões no período, abaixo dos R$ 9,04 bilhões do quarto trimestre de 2022, mas bem acima dos R$ 6,613 bilhões registrados um ano antes. Para as receitas, a média das projeções do mercado aponta para uma cifra de R$ 32,152 bilhões.

Os analistas do Santander esperam por mais um conjunto de resultados sólidos, beneficiado por um crescimento saudável dos empréstimos (de 12,7% em termos anuais) e melhora das margens.

“Esperamos que a agronegócio seja o principal destaque do trimestre, enquanto o banco reduz sua exposição a linhas de crédito mais arriscadas e aumenta spreads no segmento large corporate”, afirmam.

A queda no lucro em bases trimestrais deve ser explicada por eventos não-recorrentes que beneficiaram os números do quarto trimestre. Os analistas projetam lucro de R$ 8,494 bilhões para o período e ROE de 21,1%, abaixo dos 21,8% do trimestre anterior. As provisões são esperadas em R$ 5,186 bilhões, abaixo dos R$ 6,534 bilhões do quarto trimestre de 2022, mas 88% acima da cifra registrada um ano antes.

“Atualmente estimamos lucro líquido de R$ 35,6 bilhões em 2023, mas se as nossas expectativas para o primeiro trimestre se confirmarem, poderíamos revisar nossas projeções para cima”, escreveu a equipe de análise do Santander.

O Bradesco BBI acredita que as provisões para empréstimos inadimplentes continuarão se deteriorando, mas em nível menor do que em seus pares privados. A casa projeta despesas com provisões da ordem de R$ 5,5 bilhões. O lucro líquido previsto pelo BBI é de R$ 8,9 bilhões, “mas vemos um potencial baixista sobre nossa estimativa”, escreveram os analistas. O ROE esperado é de 23%.

A XP espera outro trimestre de forte crescimento na carteira de empréstimos do banco, em linha com o ponto médio do guidance do BB, impulsionado principalmente pelo crédito rural. Nos cálculos da casa, a margem financeira deve crescer 28% em bases anuais, mas sofrer uma retração de 9% na comparação trimestral. Com menos dias úteis no período, as operações de empréstimos tendem a ser mais modestas.

Ainda de acordo com a XP, o BB deve registrar um aumento ligeiro aumento, de 10 pontos-base, na inadimplência, que segue mais baixa do que a de seus pares e reflete o perfil defensivo da carteira do banco. Como resultado, o índice de cobertura deve permanecer alto, em 235%.

“Isso reforça a solidez de seu balanço e reduz o risco de um aumento abrupto de provisionamento que possa pressionar seus resultados no curto prazo”, diz o relatório da XP. Por fim, a casa prevê lucro líquido de R$ 8,1 bilhões e retorno sobre patrimônio líquido de 21%.

Fonte: Infomoney

BB e Itaú serão principais destaques entre bancões no 3º trimestre, prevê Safra

Publicado em: 28/10/2021


Os bancos devem entregar resultados fortes no terceiro trimestre, aponta o Safra em relatório enviado a clientes.

Segundo os analistas Luis F. Azevedo e Silvio Dória, as companhias serão impulsionados pelo forte crescimento do volume da carteira de crédito (a uma taxa de dois dígitos ano a ano) e qualidade saudável da carteira, com baixa provisão para créditos de liquidação duvidosa.

“No geral, espera-se que todos os bancos em nossa cobertura relatem expansão de dois dígitos em ganhos (ajudado pela baixa base de comparação de 2020)”, dizem.

O Santander (SANB11) vai inaugurar a safra de resultados dos bancos, previsto para ser divulgado já nesta quarta-feira (27). Segundo os analistas, o MPF do banco deverá crescer 9,7% no ano, próximo ao volume total de empréstimos, que se mantém na casa dos dois dígitos e em linha com o mercado.

Já a receita de tarifas deve ser um dos destaques positivos, mostrando bastante resiliência. “O banco registrará um aumento nas despesas de provisionamento para perdas com empréstimos por conta de maiores volumes de crédito (e também baixa base comparativa no terceiro trimestre de 2020), embora a qualidade da carteira deve manter-se em níveis muito decentes”, apontam.

Do lado dos custos, o Santander, assim como os demais bancos, deve ser impactado pelo aumento nos salários dos bancários e devido à elevação da inflação no período.

Itaú, destaque do trimestre

Os analistas do Safra esperam alta de 32% no lucro líquido do Itaú (ITUB4) ante o mesmo período do ano passado, para R$ 6 bilhões, refletindo o sólido aumento da receita (dois dígitos) e as ainda decrescentes Provisões para Créditos de Liquidação Duvidosa.

“Destacamos a aceleração da margem financeira (NII, na sigla em inglês), com clientes, em uma combinação de fortes volumes de crédito com melhoria de mix”, argumentam.

Já a carteira de crédito do Itaú deve manter a mesma tendência de crescimento observada no último trimestre, com alta de 10%, principalmente devido a imóveis, veículos e crédito consignado.

“Por outro lado, o crédito a empresas vai desacelerar no trimestre. Apesar disso, o total do volume de crédito continua forte no terceiro trimestre”, completam.

A Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosos seguirá seu ritmo de queda acentuada. Azevedo e Doria preveem redução de 14,9% no indicador.

Bradesco

O Bradesco (BBDC4) também deverá ter uma menor Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa. Outra linha que foi mal no último trimestre, os seguros mostrarão uma recuperação na base trimestral, mas não na anual, dizem.

“O crédito total do Bradesco deve seguir forte (continua crescendo + 14,1% A / A, no mesmo ritmo do último trimestre). Pequenas e Médias Empresas e indivíduos devem ser os principais motivadores, embora possamos ver alguma recuperação marginal no segmento de corporate”, colocam.

Do lado negativo, seguros e despesas não financeiras provavelmente ofuscarão parte do resultado final do banco.

Outros elementos de pressão sobre o resultado devem ser inflação e o acordo coletivo (com salários acima de 11% a partir de setembro), que vão pressionar a linha de despesas de pessoal.

O Safra prevê um lucro líquido de R$ 6,4 bilhões, alta de 28% ante o ano passado.

Banco do Brasil

A equipe do Safra espera um forte resultado do Banco do Brasil (BBAS3), com combinação de margem (NII) elevada, baixa provisão para devedores duvidosos e bom desempenho do Plano I da Previativos.

Com isso, os analistas preveem que a estatal alcance lucro líquido ajustado de R$ 4,9 bilhões, com Retorno sobre Patrimônio Médio de 13,3%.

Apesar disso, as despesas não decorrentes de juros serão pressionadas por três fatores: aumento de despesas com pessoal; despesas administrativas e maior risco legal na comparação anual.

“Os resultados dos ativos (fundo de pensão dos funcionários do BB) devem compensar esse aumento de despesas, puxando o lucro operacional em 41%”, afirmam.

BTG Pactual: resultados estelares

O BTG (BPAC11) seguirá apresentando números fortes em quase todas as suas linhas de negócios, sugerindo outro resultado de ganhos estelar para o banco.

“Embora o mercado de capitais tenha esfriado no final do terceiro trimestre, ainda devemos ver bons números para o investimento”, observa.

Empréstimos corporativos também deverão apresentar forte aumento no período.

As despesas operacionais, por outro lado, devem crescer refletindo o seu crescimento orgânico (principalmente na plataforma digital).

O Safra calcula uma elevação de 57% no lucro líquido do BTG ante o mesmo período, com retorno médio do patrimônio líquido de 17,8%.

Fonte: Money Times