Os cinco principais bancos brasileiros tiveram queda média de 25,2% em 2020, o ano da pandemia, em relação ao anterior, mas ainda assim conseguiram lucro de R$ 79,3 bilhões. Ao mesmo tempo, fecharam agências (quase 1.400, com destaque para o Bradesco) e eliminaram perto de 13 mil postos de trabalho. Isso “em um ano de crise sanitária, econômica e social”, observa o Dieese, que divulgou levantamento sobre o setor.
“Os bancos já estavam em um processo intenso de reestruturação com grande volume de investimentos em tecnologias da informação, tendo como objetivo a melhoria de seus índices de eficiência e a expansão dos negócios com menores custos”, observa o Dieese, e com a pandemia esse processo se aprofundou. “Os balanços divulgados mostraram o crescimento significativo das transações financeiras pelos canais digitais – transferências, operações de crédito e investimentos –, bem como a abertura de grande número de contas de clientes 100% digitais.”
O instituto lembra ainda que milhares de profissionais do setor foram direcionados ao teletrabalho, ou home office, o que ajudou os bancos a reduzir custos de operação e levou ao fechamento de agências e escritórios. “Esse processo foi acompanhado da extinção de quase 13 mil postos de trabalho, somente em 2020, em plena crise sanitária e econômica, à revelia do compromisso dos bancos de não realização de dispensas, formalizado em acordo de abril de 2020, entre os bancos e o Comando Nacional dos Bancários”, aponta o Dieese.
Com isso, o número de empregados no setor foi de 404.585, em 2019, para 391.711 no ano passado. Menos 12.874 postos de trabalho, queda de 3,2%. Entre os cinco, a exceção foi o Itaú Unibanco, com crescimento de 2,7% (2.228 vagas), para um total de 83.919 funcionários. Segundo o Dieese parte desse saldo refere-se a contratações para a área de TI (tecnologia da informação), além de pessoal da Zup, adquirida pelo Itaú.
Empregos e agências
O Bradesco cortou 7.754 vagas, retração de 8%, e fechou 2020 com 89.575 trabalhadores. Já o Santander eliminou 3.220 (-6,7%) e ficou com 44.599. Entre os públicos, foram menos 2.611 na Caixa (-3,1%) e 1.517 (-1,6%) no Banco do Brasil. Com isso, a Caixa ficou com 81.945 e o BB, com 91.673. O Dieese usa como fontes as demonstrações financeiras dos bancos.
Os cortes podem continuar: o BB já anunciou “ajustes” neste ano, enquanto o governo insiste na privatização da Caixa. O Dieese destaca a importância da área pública para a economia, ainda mais em tempos de pandemia. A Caixa, por exemplo, pagou auxílio emergencial a 60 milhões de pessoas pelo país. “Esses bancos públicos possuem maior capilaridade e não se concentram, somente, nos grandes centros urbanos, como a maioria dos bancos privados.”
Ativos somam quase R$ 8 trilhões
De 1.364 agências fechadas em 2020, apenas o Bradesco respondeu por 1.083, quase um quarto do total em relação ao ano anterior. BB e Caixa ficaram estáveis, enquanto o Santander fechou 175 e o Itaú, 117. O total foi para 16.329 agências no país.
Se for considerado o período de 2012 a 2020, esse cinco bancos fecharam 63.077 postos de trabalho, o que corresponde a um corte de 13,9%. O BB cortou 22.489 (-19,7%) e a Caixa, 10.981 (-11,8%). Assim, os dois bancos públicos responderam por mais da metade (53,1%) dos empregos eliminados. No setor privado, o Bradesco cortou 13.810 (-13,4%), o Santander fechou 9.393 (-17,4%) e o Itaú Unibanco, 6.384 (-7,1%).
O total de ativos das cinco instituições somou R$ 7,9 trilhões em 31 de dezembro, aumento médio de 17,1% ante 2019. Valor superior ao do PIB nacional – de R$ 7,4 trilhões em 2020. “Boa parte dos ativos dos bancos corresponde às suas operações/carteiras de crédito, cujo montante totalizou R$ 3,6 trilhões, em 2020, com crescimento de 14,1% em relação ao ano anterior”, diz o Dieese. Já o patrimônio líquido subiu 10,1%, para R$ 592,1 bilhões.