Ao longo deste ano 15 agências bancárias foram fechadas em Mato Grosso, todas de grandes instituições financeiras públicas e privadas, aponta o Sindicato dos Bancários (Seeb/MT). Enquanto isso, cooperativas de crédito ampliam a capilaridade ao ocupar as lacunas deixadas pela ausência física dos bancos. Comum a todas elas – empresas do sistema financeiro e cooperativista – é a adaptação ao avanço tecnológico, que induz à automação, ao atendimento online e à diminuição da prestação de serviço presencial, num processo irreversível de redução da estrutura administrativa para contenção de gastos.
Para os próximos meses, bancos tradicionais anunciam a intenção de fechar em torno de 300 agências no país, apurou o Seeb/MT. Os 5 maiores bancos do país extinguiram 611 unidades nos últimos 12 meses, com demissão de 5,542 mil funcionários. Os números constam nos balanços do 3º trimestre do Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander. Nesse contexto, a adesão ao Plano de Demissão Voluntária (PDVs) ganha cada vez mais adeptos, diz o presidente do sindicato, Clodoaldo Barbosa.
Sem nomeações e concursos públicos, a população bancarizada fica gradativamente desassistida. “Com menos agências e funcionários sobrecarregados, os clientes são pessimamente atendidos. Mas, os banqueiros continuam lucrando alto, cobrando juros e tarifas abusivas”, critica Barbosa. “Não percebemos preocupação (dos banqueiros) em oferecer um atendimento de qualidade”. Quando questionados sobre a diminuição do quadro de pessoal com o fechamento de agências, os banqueiros justificam que os colaboradores são remanejados para outras unidades, acrescenta Barbosa. “Estamos com dificuldade para acompanhar esse processo porque a Reforma Trabalhista anulou a obrigatoriedade de homologação da rescisão dos contratos de trabalho nos sindicatos”.
Sem querer ser identificado, um funcionário de um grande banco privado em Cuiabá afirmou à reportagem que nos últimos 12 meses tem viajado constantemente a serviço da instituição financeira para dar suporte ao atendimento em outras agências fora de Mato Grosso. Chega a ficar mais de 30 dias longe da família e trabalhando até 14 horas por dia, de segunda a sábado. “É difícil”, desabafa.
Essa situação e a previsão de novos fechamentos de agências motivou reunião do Comando Nacional dos Bancários no dia 26 de novembro com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), em São Paulo. “Vamos continuar cobrando responsabilidade social dos banqueiros para oferecer um atendimento melhor à população”, diz o presidente do Seeb/MT.
Presencial versus digital
Cliente de um banco privado há 11 anos, o conferente de carga Rodrigo de Almeida, 36, nunca utilizou aplicativos para operações bancárias. Prefere o atendimento presencial, caixas eletrônicos ou terminais de autoatendimento. “Utilizo minha conta para saques, transferências e pagamentos. Uso com muita frequência e sempre utilizo esses canais”, afirma ao contar que prefere ir ao banco, inclusive, porque lá resolve todas as pendências de uma vez só. A resistência ao serviço online é motivada pela desconfiança. “Não gosto de colocar informações pessoais no celular. Sei que a tecnologia ajuda muito. Mas, também sei do risco de ter o aplicativo invadido no celular”.
Diferentemente de Almeida, a servidora pública Lúcia Barbosa, 39, aprova o serviço digital. “Busco o atendimento presencial só quando não tem outro jeito. Geralmente, para saque. Aí vou no caixa eletrônico”, expõe. “Pelo aplicativo no celular faço todas as movimentações, inclusive empréstimo consignado. Acho mais seguro que no terminal de autoatendimento e nunca tive contratempos”. Ela é correntista de um banco público. “Meu marido é cliente de uma cooperativa de crédito e às vezes reclama do serviço online”.