Brasil tem novas regras para pagamentos e transferências internacionais

Publicado em: 10/09/2021

O Conselho Monetário Nacional (CMN) e o Banco Central (BC) alteraram a regulamentação cambial e de capitais internacionais para alinhá-las às inovações tecnológicas e aos novos modelos de negócios sobre pagamentos e transferências internacionais. “As novas regras buscam promover um ambiente mais competitivo, inclusivo e inovador para a prestação de serviços aos cidadãos e empresas que enviam ou recebem recursos do exterior”, informou o BC.

As novas medidas permitirão que as instituições de pagamento (IPs), as fintechs, autorizadas a funcionar pelo BC, também possam operar no mercado de câmbio, atuando exclusivamente em meio eletrônico. Atualmente, somente bancos e corretoras podem fazer as operações. Essa permissão entrará em vigor em 1º de setembro de 2022 e as demais medidas em 1º de outubro deste ano.

De acordo com o BC, as instituições não bancárias autorizadas a operar no mercado de câmbio, como corretoras e distribuidoras de títulos e valores mobiliários e corretoras de câmbio e instituições de pagamento, poderão utilizar diretamente suas contas em moeda estrangeira mantidas no exterior para liquidar operações realizadas no mercado de câmbio.

Os exportadores brasileiros também poderão receber suas receitas em conta de pagamento mantida em seu nome em instituição financeira no exterior ou em conta no exterior de instituição não bancária autorizada a operar no mercado de câmbio

As novas regulamentações também permitem que o recebimento ou entrega dos reais em operações de câmbio, sem limitação de valor, também possa ocorrer a partir de conta de pagamento do cliente mantida em instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo BC ou em IPs participantes do PIX.

Ainda será permitido que residentes, domiciliados ou com sede no exterior sejam titulares de contas de pagamento pré-paga em reais.

Serviços de transferência

Em nota, o BC explicou que também será consolidada e modernizada a regulamentação dos serviços de pagamento ou transferência internacional no mercado de câmbio, conferindo tratamento uniforme para as aquisições de bens e serviços realizadas com a participação de emissores de cartão de uso internacional, de empresas facilitadoras de pagamentos internacionais e de intermediários e representantes em aquisições de encomendas internacionais. Tais serviços passarão a ser referidos na regulamentação cambial pelo termo eFX.

Nesse sentido, será permitida, por meio da plataforma eFX, a realização de transferências unilaterais correntes e de transferências de recursos entre contas mantidas pelo cliente no país e no exterior de até US$ 10 mil.

As normas aprovadas foram objeto da Consulta Pública nº 79/2020, disponível entre 12 de novembro de 2020 e 29 de janeiro de 2021. A modernização do sistema de câmbio e a introdução de novas tecnologias também abrem caminho para a implementação do PIX internacional, ferramenta ainda em estudo no BC que permitirá a transferência em tempo real de recursos do Brasil para o exterior.

Fonte: Agência Brasil

 

Bancos tornam-se o setor mais processado na Justiça do Trabalho

Publicado em: 19/08/2021

A crise econômica decorrente da Covid-19 fez as instituições financeiras se esforçarem para ampliar suas margens, cortando custos e se digitalizando. No fim das contas, isso levou a uma chuva de demissões.

De todo modo, a temporada de balanços do segundo trimestre de 2021 mostra que o lucro dos bancos segue em crescimento exponencial. O Itaú Unibanco lucrou R$ 7,5 bilhões, o Bradesco, R$ 6,319 bilhões, o Banco do Brasil, por sua vez, teve lucro de R$ 5,5 bilhões.

Levantamento exclusivo para o Monitor do Mercado feito pela DataLawyer, parceira da ConJur, empresa de dados de processos judiciais, aponta que os bancos comerciais se tornaram os principais alvos de ações trabalhistas durante a pandemia do novo coronavírus.

Quando levamos em conta o período anterior à pandemia, de janeiro de 2019 a janeiro de 2020, o setor mais processado na Justiça do Trabalho é o da construção civil, com 60,7 mil ações. Após a crise da Covid-19, a lista passou a ser encabeçada pelas instituições financeiras, que somam 45,5 mil processos trabalhistas entre junho de 2020 e junho de 2021.

O levantamento descarta os processos trabalhistas contra a administração pública em geral, que sempre é a primeira da lista de alvo das ações na Justiça do Trabalho, uma vez que o Estado é o maior empregador do país.

Para Alexandre Zavaglia, diretor da Finted Tech School, a pandemia acelerou a transformação digital de vários setores, especialmente no mercado financeiro. Segundo Zavaglia, “as pessoas deixaram ainda mais de ir às agências e de utilizar certos serviços, o que mudou o perfil das atividades das instituições financeiras e certamente impactou nesse fenômeno”.

O número de processos trabalhistas contra as instituições financeiras neste ano reflete ainda o cenário vivido em 2020, já que os funcionários podem entrar com as ações até dois anos após a demissão. É comum que deem início ao processo ao não conseguirem uma recolocação no mercado.

Segundo dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), no ano de início da pandemia de coronavírus, os cinco maiores bancos do país extinguiram 12,7 mil postos de trabalho.

Itaú, Bradesco, Santander e Caixa, juntos, fecharam 1.376 agências físicas só em 2020. O único a aumentar o número de agências foi o Banco do Brasil, mas o plano apresentado pelo banco para 2021 prevê a desativação de 112 agências.

Fonte: Consultor Jurídico

Bancários não terão jornada de trabalho alterada pela MP 1045

Publicado em:

A ANABB segue firme em seu trabalho de articulação junto a parlamentares, acompanhando propostas em tramitação no Congresso Nacional que contenham temas sensíveis aos interesses dos funcionários do BB. Este é o caso do Projeto de Lei de Conversão (PLV) nº 17/2021, aprovado na terça (10) pelo Plenário da Câmara dos Deputados em substituição à Medida Provisória (MP) nº 1045/2021, que institui o Novo Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda.

A MP foi apresentada pelo Poder Executivo em abril para renovar as medidas complementares de enfrentamento à pandemia de Covid-19 na área da economia. Entretanto, o texto recebeu diversas alterações, entre elas a Emenda 40, de autoria do deputado Eli Correa Filho (DEM/SP), que estabelece a possibilidade de extensão da duração do trabalho para até 8 horas diárias nas categorias com jornada diferenciada.

A Emenda 40 cita especificamente o caput do artigo 58 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que está inserido na parte geral da lei – “Título II. Das Normas Gerais de Tutela do Trabalho”. Portanto, não altera a jornada de trabalho da categoria dos bancários, que é regulada pelo artigo 224 da CLT, inserido em trecho específico da lei – “Título III. Das Normas Especiais de Tutela do Trabalho”. É estabelecido no Direito que as normas especiais prevalecem sobre a regra geral.

Fonte: Agência ANABB

 

BB, Itaú, Santander e Bradesco lucram juntos 63% mais no 2º trimestre

Publicado em: 12/08/2021

Uma alta de 63% dos lucros no segundo trimestre de 2021, a R$ 22 bilhões, na comparação com o mesmo trimestre de 2020, mas uma quase estabilidade frente o primeiro trimestre de 2021.

E, se por um lado, há expectativa de normalização da atividade com a vacinação e revisões para cima de algumas projeções, por outro, sinais de maior concorrência e de aumento de inadimplência seguem no radar, ainda que a níveis controlados e bastante monitorados.

Tendo em vista todas essas indicações no radar, as grandes instituições financeiras diminuíram as suas provisões para calotes e retomaram o ritmo de crédito, conforme mostraram Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Santander Brasil (SANB11) e Banco do Brasil (BBAS3) durante a divulgação de resultados do segundo trimestre de 2021.

“A partir de agora já vivenciamos a perspectiva de um cenário mais próximo ao do pré-pandemia”, disse o presidente do Bradesco (BBDC3;BBDC4), Octavio de Lazari, na última semana.

Após apurar lucro de R$ 6,5 bilhões no segundo trimestre, o Itaú Unibanco (ITUB4) elevou a perspectiva para o crédito neste ano e passou a prever crescimento de até 11,5%. O destaque positivo entre os resultados, de acordo com a maior parte dos analistas, foi justamente para esse banco, que reportou um lucro líquido cerca de 56% maior na comparação anual, a R$ 6,54 bilhões.

 

“Em nossa visão, o Itaú apresentou um conjunto sólido de resultados no segundo trimestre e com melhor qualidade,
além de emitir uma revisão positiva do guidance. Continuamos a ver tendências positivas para o lucro líquido de juros nos próximos trimestres, à medida que o crescimento dos empréstimos continue a acelerar devido a uma melhor combinação, enquanto as receitas com tarifas também foram uma surpresa positiva”, aponta o BBI.

A XP destacou que houve uma surpresa positiva no balanço: o banco foi capaz de produzir um resultado sólido e, ao mesmo tempo, melhorou a qualidade dos ativos e o índice de cobertura – relação entre empréstimos inadimplentes e provisões.

Bradesco: seguro pesa sobre o resultado, mas a expectativa é de recuperação

Já na ponta negativa, esteve o Bradesco (BBDC3; BBDC4), cujas ações caíram mais de 4% após a divulgação do balanço. O banco teve lucro líquido recorrente de R$ 6,319 bilhões no segundo trimestre de 2021, aumento de 63,2% ante o mesmo período do ano passado e queda de 3% na comparação com o primeiro trimestre deste ano.

O aumento do lucro ocorreu por diversos fatores, como maiores receitas com prestação de serviços, crescimento da margem financeira com clientes, menores despesas operacionais e menores despesas com provisões para devedores duvidosos. Porém, o número foi abaixo do esperado. Segundo dados compilados pela Refinitiv, a expectativa média dos analistas para o lucro do Bradesco era de R$ 6,454 bilhões.

O desempenho mais fraco do que o esperado reflete principalmente um resultado bem inferior em seguros e mais tímido em crédito.

As operações de seguros, previdência e capitalização tiveram queda de 49,8% em relação ao primeiro trimestre de 2021 e de 58,3% ante o mesmo período no ano passado, representando R$ 1,57 bilhão. O segmento tinha perspectiva de 2% a 6%, mas após o resultado trimestral, a instituição financeira prevê uma variação entre queda de 15% a 20% para 2021.

O desempenho do segmento foi impactado pela elevação do índice de sinistralidade, que foi afetado pela frequência dos eventos relacionados à Covid-19, por conta do aumento da necessidade de assistência médico-hospitalar, diagnósticos, consultas, internações, eventuais consequências pós Covid-19, retomada dos procedimentos eletivos e indenizações nos produtos de “Vida”.

Contudo, em teleconferência, o banco destacou esperar melhora na área de seguros com redução de despesas a partir da segunda metade do ano, conforme os casos de Covid e internações recuam

A Levante Ideias de Investimentos também aponta que, apesar de seguir tendências semelhantes aos números vistos pelo Santander (SANB11) e Itaú, o crescimento inferior da carteira de crédito e a maior exposição a seguros que os competidores levaram ao resultado abaixo das expectativas.

A carteira de crédito mostrou expansão de 3% na comparação trimestral, puxada por crédito a pessoas físicas, com alta de 5,7%, e a pequenas e médias empresas, com alta de 4,6%.

O Itaú BBA ressalta ainda que a margem financeira com clientes cresceu em menor velocidade; um avanço de 1,9% na passagem trimestral, resultando em uma leve perda de spread bancário (diferença entre a taxa de juros cobrada aos tomadores de crédito e a taxa de juros paga aos depositantes pelos bancos).

O índice de inadimplência, por sua vez, se manteve em 2,5%. A despesa com previsões caiu 11% entre o primeiro e segundo trimestre, para R$ 3,5 bilhões, ficando 6% abaixo das expectativas da XP, o que compensou parcialmente os resultados fracos, mas prejudicou o índice de cobertura do banco (relação entre empréstimos inadimplentes e provisões), com queda de 500 pontos-base. “Vemos isso como negativo, pois os índices de inadimplência podem aumentar em relação aos atuais 2,5% observados no trimestre, aumentando a exposição do banco”, avaliam.

A Levante ainda apontou que o Bradesco se mostrou focado em melhorar sua eficiência com uma queda de 4,1% nas despesas operacionais no trimestre quando comparado com o segundo trimestre de 2020, um bom número, mas uma desaceleração em relação a redução anual de 4,7% vista no trimestre anterior.

Já as receitas de serviço do banco foram um destaque positivo do resultado, com uma melhora de 10,3% em relação ao mesmo trimestre do ano passado, atingindo R$ 8,4 bilhões.
Resultados “mistos”

Já na esteira daqueles que divulgaram resultados considerados “mistos”, estão o Santander Brasil e o Banco do Brasil (BBAS3).

No caso do Santander Brasil, o lucro, a princípio, animou os investidores, ficando acima do esperado ao atingir R$ 4,171 bilhões, no segundo trimestre deste ano, o maior nível da história da instituição, quase o dobro na comparação anual e ficando 5,7% acima do esperado pelo consenso Bloomberg.

O ROE ficou em 21,6%, acima dos 20,6% registrados no primeiro trimestre deste ano, e muito próximo à rentabilidade de 21,7% obtida um ano antes, quando excluídos os efeitos das provisões extraordinárias realizadas naquele período.

“O Santander Brasil apresentou um bom conjunto de resultados no segundo trimestre, mostrando tendências positivas no crescimento do crédito, com melhor mix e evolução positiva da receita líquida de juros com clientes, e nas receitas de tarifas, refletindo a melhor atividade econômica”, apontaram os analistas do Bradesco BBI.

Entretanto, os analistas do banco destacaram que as provisões aumentaram no trimestre, enquanto o índice de cobertura diminuiu para 263%, embora a taxa de inadimplência se mantenha relativamente sob controle.

A XP também ressaltou esse ponto. Nos últimos balanços, os analistas já haviam destacado que os resultados poderiam ser pressionados mais à frente, uma vez que a instituição possui um menor índice de cobertura em relação aos seus pares no setor; o banco decidiu não fazer tantas provisões quanto as outras instituições. “No geral, mantemos nossa visão de que o consumo do balanço abaixo do provisionado do Santander não será capaz de sustentar seus ganhos”, avalia a XP.

O Itaú BBA avaliou que os resultados foram positivos, mas ponderou que a margem financeira com clientes alcançou R$ 11,473 bilhões no segundo trimestre, uma alta modesta de 1,6% ante o primeiro trimestre na sequência de menores spreads.

Por fim, na última quarta-feira, foi a vez do Banco do Brasil divulgar seus números, que foram vistos de forma diversa pelos analistas. O BB registrou lucro líquido ajustado de R$ 5,039 bilhões no segundo trimestre deste ano, 52,5% superior aos R$ 3,311 bilhões reportados para igual período de 2020. O resultado ficou 2,6% acima do ganho reportado nos primeiros três meses deste ano, de R$ 4,913 bilhões.

A XP destacou que o lucro foi em linha com as estimativas da casa, de R$ 5 bilhões, mas bem acima dos R$ 4,4 bilhões do consenso de mercado (que contava com oito projeções). O resultado, na avaliação da equipe de análise, também apresentou uma boa qualidade de ganhos, considerando que: i) não houve consumo de cobertura; ii) apresentou melhoria de custos; e iii) taxas recuperadas. Além disso, o BB também decidiu revisar seu guidance para cima, com o lucro agora possivelmente atingindo o recorde de R$ 20 bilhões em 2021.

O lucro veio acima da expectativa também do Itaú BBA, “mas a razão desse desempenho não foi das mais nobres”, segundo os analistas do banco. Isso porque foi reflexo de menores provisões e de uma alíquota de imposto menor.

Ao falar sobre a revisão dos lucros para cima, o BBA ressaltou que a estatal reduziu a indicação para margem com clientes, mas também as despesas com provisões – “movimento contrário àquele que normalmente agrada o mercado”. A expectativa para o crescimento da margem financeira bruta foi reduzida de alta entre 2,5% e 6,5% para alta entre 1,0% e 4,0% (provavelmente por maiores despesas de captação), enquanto a expectativa para as provisões foi reduzida de entre R$ 14 bilhões e R$ 17 bilhões para entre R$ 13 bilhões e R$ 15 bilhões.

Também do lado negativo, apontam os analistas, a margem financeira contraiu em 1%, com perda de spread bancário advinda de maiores custos de captação. Por outro lado, as despesas operacionais ficaram estáveis na comparação anual, em R$ 7,9 bilhões. O BB também indicou estabilidade dessa linha no novo guidance, o que é positivo no atual cenário de custos, avaliam os analistas. A carteira segue também com boa qualidade – o índice de inadimplência teve ligeira queda para 1,8%.

Em teleconferência, a administração do banco ainda destacou que o crescimento do lucro líquido recorrente deve ser um pouco menor no segundo semestre em relação ao primeiro, quando lucrou R$ 10 bilhões (alta de 48,4% frente à primeira metade de 2020). Isso porque os encargos de provisão foram anormalmente menores no primeiro semestre.

Além disso, a administração acredita que a receita líquida de juros continuará pressionada por maiores custos de captação em função da alta da Selic, reforçando a avaliação de que um cenário mais competitivo deve limitar o crescimento dos spreads, embora tenham indicado que o mix de crédito deve melhorar no segundo semestre.

Desafios: impacto da reforma tributária e concorrência

O Banco do Brasil também destacou em teleconferência que a definição da reforma tributária e seus potenciais impactos são essenciais para qualquer decisão de alocação de capital. A empresa destaca seus níveis de capital robustos, mas deve aguardar um cenário menos incerto para tomar uma decisão sobre como consumir a elevada base de capital.

O tema sobre reforma tributária, por sinal, foi destaque entre os bancos. Se a atual proposta do governo da reforma tributária for mantida, o Bradesco avalia que terá que reconhecer no seu balanço uma baixa expressiva de crédito tributário em função das mudanças de alíquotas de impostos previstas. Com relação ao fim do pagamento de juros sobre o capital próprio (JCP), a previsão é que isso intensifique a recompras de ações, que seria uma forma de dar retorno aos acionistas.

“Cada vez o governo tem uma proposta diferente, mas considerando a última, nós e outros bancos teremos que fazer uma baixa expressiva de crédito tributário no fim do ano. Mas levando em conta todas as mudanças, ainda vemos um efeito positivo para o acionista”, disse Carlos Firetti, diretor de relações com investidores do Bradesco.

Já Milton Maluhy Filho, presidente do Itaú, disse que a reforma tributária é essencial e vai na direção correta, mas disse que é preciso se pensar em modelos de transição para alguns pontos. Isso por conta dos efeitos relevantes no curto prazo, destacando também o possível fim do JCP e a possível redução na alíquota de Imposto de Renda de Pessoa Jurídica. Apesar de isso ser bom no longo prazo, ele explicou que, se essa mudança de fato ocorrer, as instituições terão de fazer uma reavaliação dos seus créditos tributários, gerando um impairment [ou baixa contábil] grande.

Com relação à concorrência, a Levante ressalta que o tema no setor vem sendo debatido há bastante tempo e incentivado pelos órgãos reguladores, principalmente com a entrada das fintechs e bancos digitais. Enquanto o Bradesco tenta criar um banco digital separadamente (o Next), o Itaú investe em se tornar mais ágil e operar de maneira mais parecida com as fintechs, avaliam os analistas da casa de research.

Eles ainda apontam que, com o avanço no cronograma do open banking, as instituições financeiras mais estabelecidas, em especial os adquirentes, têm seu lucro mais ameaçado, uma vez que o compartilhamento dos dados beneficia os novos entrantes, que antes tinham poucas informações.

No entanto, o novo ambiente também se mostra uma oportunidade para que os grandes bancos possam utilizar sua inteligência de dados para concessão de crédito para expandir sua oferta para além de seus clientes. “Dessa forma, podemos entender este novo cenário tanto como uma ameaça quanto uma oportunidade para o banco”, avaliam.

A XP destaca ainda a iniciativa iVarejo, do Itaú, uma estratégia de omnichannel do banco que permitirá aos clientes interagir com o banco por meio de suas operações físicas e digitais integradas, segue avançando no seu esforço de integrar as agências físicas do banco com o seu superapp. O banco atingiu a maior pontuação de net promoter score (o NPS, ferramenta que mede a satisfação dos clientes) em seu aplicativo, o que os analistas da XP veem com bons olhos, já que o mundo digital será o principal campo de batalha para absorver novos clientes no futuro.

Já durante teleconferência, Octavio Lazari Jr., CEO do Bradesco, falou sobre o Next, destacando principalmente as perspectivas para a abertura de capital e que é visto como um dos catalisadores para a ação do banco. O banco digital apresentou resultados positivos no período, com crescimento anual de 99% na base clientes, atingindo 5,4 milhões usuários, além de uma redução de 31% nas despesas por cliente. Segundo o CEO, não haverá abertura de capital do Next no ano que vem, mas isso pode ocorrer em 2023.

Enquanto isso, o Santander Brasil terá que lidar com outro desafio além dos já postos. Sérgio Rial, que realizou um turnaround na companhia, deixará o cargo de CEO e assumirá o cargo de Presidente do Conselho de Administração em 1º de janeiro de 2022. Mario Opice Leão, que ingressou na diretoria do banco em 2015, foi nomeado o novo CEO, e também será nomeado para um cargo no Conselho de Administração. O processo ainda está pendente das aprovações regulatórias relevantes.

“Essa notícia era de alguma forma esperada pelo mercado, embora o timing possa ser uma surpresa. Ressaltamos que Sérgio Rial liderou um importante processo de turnaround no banco, e sua presença no Conselho de Administração pode ser um sinal de que a estratégia deve continuar”, avalia o BBI. Já a XP ressalta que a notícia é negativa, dada a importância do atual CEO para a estratégia do banco.

Já para o Banco do Brasil, o BBI ressalta que, apesar do banco estatal mostrar evolução dos números, o mercado está focado na formação de receita, especialmente na receita líquida de juros com clientes. Assim, por não verem um catalisador de curto prazo e qualidade de lucro relativamente mais fraca em comparação com seus pares do setor privado, os analistas do banco possuem recomendação neutra para BBAS3. Por outro lado, a XP reiterou recomendação de compra com um preço-alvo de R$ 52, pois vê o banco negociando a um múltiplo barato de 4,5 vezes o preço sobre o lucro, embora os fundamentos pareçam sólidos.

Assim, a projeção é de continuidade da recuperação para os bancos com a expectativa de continuidade da retomada da economia com a vacinação. Enquanto isso, a inadimplência, a competição maior no setor (que já ganhava destaque no noticiário desde antes da pandemia) e os impactos da reforma tributária no curto prazo seguem sendo observados de perto pelos investidores.

Fonte: Infomoney

 

42% dos brasileiros possuem contas em bancos digitais, mostra estudo

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Em meio às transformações causadas ou aceleradas pela pandemia, o aumento do consumo online foi um dos destaques. O e-commerce brasileiro conquistou 13 milhões de novos consumidores no ano passado, 29% a mais do que o observado em 2019.

E na vida financeira as pessoas também buscam consumir praticidade e tecnologia: uma pesquisa do Instituto Locomotiva em parceria com a TecBan, dona do Banco24horas, mostra que a quantidade de pessoas que possuem contas em bancos digitais está próxima das que possuem contas apenas em bancos tradicionais, ou os grandes bancos: 42% versus 49%, respectivamente. Essa é a primeira vez que a pesquisa é feita e o instituto não possui dados comparativos a outros anos.

Das pessoas que possuem contas em bancos digitais, 31% possuem conta também em um banco tradicional — só 11% possuem apenas em bancos digitais. Entre a faixa etária mais jovem, de 18 a 29 anos, o número cresce ainda mais: 51% dos jovens possuem conta em bancos digitais, sendo 19% apenas nesse formato.

Diante da aceleração do consumo online e chegada do Open Banking (veja mais abaixo), o que se poderia imaginar é que os bancos tradicionais estão ganhando concorrentes cada vez mais fortes e que estão atraindo mais clientes.

Porém, segundo Luiz Stefani, diretor de autoatendimento da TecBan, não há elementos na pesquisa que permitam concluir que os bancos tradicionais estejam perdendo força, por enquanto. “O dado evidencia que a população está procurando mais serviços financeiros e que há espaço para todos os players de acordo com o perfil do cliente”, afirma.

A pesquisa foi feita com 1.600 entrevistados em todo o país, com 18 anos ou mais, entre 13 e 21 de maio, e foi divulgada nesta quarta (11).

Open Banking

De um lado os bancos digitais querendo mais espaço, do outro os bancos tradicionais querendo manter seu espaço — muito significativo no Brasil. A disputa já começou, mas ficará ainda mais acirrada a partir da segunda fase do Open Banking, que tem data de início marcada para esta sexta-feira (13).

Com o Open Banking, o cliente terá mais autonomia para decidir com quem, para quem e por quanto tempo vai querer compartilhar alguns dados a fim de ter acesso a serviços e produtos mais adequados ao seu perfil e até mais baratos.

“O Open Banking certamente trará ainda mais alternativas para os consumidores e permitirá que as instituições conheçam de forma mais profunda o perfil do cliente, para que os produtos e soluções sejam oferecidos de forma mais objetiva. Devem surgir propostas de serviços adequados aos diferentes perfis e realidades”, comenta Stefani.

Além disso, com o conceito em prática a estrutura transacional do sistema financeiro também deve mudar devido às novas possibilidades nas formas de iniciar transferências e modalidades de pagamentos.

Especialistas desenham estratégias que os dois perfis de instituições financeiras poderão usar para atingir o sucesso, mas o bom funcionamento do Open Banking vai depender, de fato, da adesão dos consumidores e hoje não é possível cravar como será esse processo.

O InfoMoney produziu um especial sobre Open Banking que conta tudo o que você precisa saber sobre a segunda fase e todo o ecossistema que passa a vigorar na vida financeira das pessoas.

Serviços mais e menos usados nos bancos

A pesquisa do Instituto Locomotiva mostrou também quais são os serviços de bancos mais usados entre os entrevistados: o recebimento e o saque de dinheiro são as operações mais comuns entre os brasileiros que possuem conta em banco, com 65% de predominância.

Segundo Marcos Mazzi, gerente executivo do Banco24Horas, a operação de saque é especialmente relevante entre os brasileiros das classes D e E. Ao todo, 27% das pessoas bancarizadas nessa faixa de renda têm no saque a operação mais utilizada.

“Existe uma parcela enorme da população que saca o dinheiro para ter mais controle e até mais descontos. O Banco24Horas oferece acesso a mais de 90 serviços financeiros e não apenas ao dinheiro”, avalia Mazzi.

Veja os serviços mais e menos usados pelos entrevistados nos bancos – aqui a pesquisa não separou bancos digitais dos tradicionais, portanto, a resposta inclui bancos em geral:

O levantamento ainda registra que 20% dos brasileiros, em torno de 32 milhões de pessoas, utilizaram algum aplicativo para trabalhar ou obter renda e 37% dos entrevistados sacam tudo o que ganham nos apps.

“O consumidor procura uma ponte entre o físico e o digital. No século XXI, a lógica que de fato entrega tudo o que o consumidor precisa é aquela que une as comodidades do digital com a experiência que só o físico consegue oferecer”, diz Renato Meirelles, CEO do Instituto Locomotiva.

Fonte: Infomoney

 

Como o open banking vai mudar o modo de lidar com os bancos

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A proposta do novo sistema financeiro aberto – o open banking – é proporcionar uma igualdade de condições para as instituições financeiras em termos de ofertas, o que deve aumentar a concorrência entre elas e garantir melhores oportunidades para o consumidor. “O cliente vai poder, a partir do momento em que passa a ser dono dos seus dados, transitar essas informações entre diferentes lugares, buscando uma melhor oferta, um produto que seja mais adequado”, diz a gerente executiva de Open Banking do Banco do Brasil, Karen Machado.

“Clientes que não eram aprovados para receber um certo cartão num determinado banco poderão ser aprovados em outro. Você poderá ter um aumento de limite, uma mudança tarifária, ter um outro tipo de crédito ou empréstimo que não tinha, ou em quantidade, parcelas e taxas diferentes”, diz o diretor de Digital Cash Management e Open Finance do Itaú, Marcos Cavagnoli, sobre as possibilidades que devem surgir com essa disputa por clientes.

Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), “os clientes vão ter maior conveniência e facilidades e poderão optar por melhores ofertas e oportunidades de crédito e serviços existentes no mercado, como já ocorreu com outras ferramentas, como mobile banking e internet banking. “A competição é fundamental para o setor bancário. Nós a estimulamos em todos os níveis, e, sem dúvida, o open banking será uma ferramenta importante no aumento da concorrência bancária no País”, informou, por meio de nota ao Estadão.

Conforme as fases do open banking forem sendo implementadas, o consumidor poderá buscar novos produtos em diferentes bancos. O open banking está sendo implementado de forma escalonada para que as instituições adaptem seus sistemas e acompanhem como os clientes estão recebendo a novidade.

Nesta fase, por exemplo, já é possível tentar um empréstimo em melhores condições do que as disponíveis no banco principal. A partir do momento em que o cliente autorizar o compartilhamento de seus dados com a instituição, ela poderá comparar o que o consumidor tem atualmente e oferecer algo melhor. Todo esse processo vai ocorrer em um mesmo ambiente eletrônico, no celular ou computador, a partir da iniciativa do cliente.

“Ninguém vai mandar link para o consumidor dar o consentimento, ou ligar para a casa do cliente, não vai ser preciso assinar nenhum papel. É pelo celular ou no internet banking que o cliente vai dar o consentimento, de forma eletrônica, dentro de um ambiente em que ele está logado. Tudo vai ser feito da mesma forma que hoje o cliente acessa o extrato da conta, faz transferência, tudo no aplicativo”, diz o diretor de Inovação, Produtos e Serviços da Febraban, Leandro Vilain.

No caso de uma operação mais complexa, como um financiamento imobiliário, o processo será o mesmo. Para ter mais opções, além do seu banco principal, o cliente poderá acessar o aplicativo de um ‘banco B’, onde nunca teve conta e, depois de registrar nome e CPF, autorizar que essa instituição peça seus dados.

Na mesma tela, uma janela vai se abrir, onde será feita a autenticação no sistema do ‘banco A’, seja por senha ou por digital. Com a autenticação feita, o cliente autoriza o ‘banco A’ a ceder as informações ao ‘banco B’. A partir desse momento, o consumidor vai iniciar um relacionamento com o novo banco.

Aplicativos intermediários

Especialistas dizem que, na esteira do aumento da concorrência entre as instituições bancárias, produtos personalizados devem surgir, como uma gestão de carteira integrada. Será possível, em determinado momento, utilizar apenas um aplicativo para gerir todas as contas de banco.

“Em vez de ter que abrir aplicativos de dois bancos, em dois, três, quatro lugares diferentes, toda sua informação estará concentrada. Isso já vai trazer um benefício. Além disso, com a agregação de contas, você consegue ter mais ferramentas de gestão. Então, você começa a entender melhor onde está faltando dinheiro aqui, sobrando dinheiro ali”, diz Cavagnoli, do Itaú.

O diretor de Regulação do Banco Central, Otavio Ribeiro Damaso, diz, no entanto, que as mudanças não devem ser imediatas. “As instituições vão começar a desenvolver os produtos a partir das funcionalidades que estarão prontas.” É como se no dia 13 de agosto a internet estivesse pronta, mas as empresas ainda estejam desenvolvendo produtos para utilizar na plataforma, explica.

Também é esperado que surjam “aplicativos intermediários”, que reúnam em uma só plataforma produtos e serviços de diferentes instituições bancárias para que o consumidor escolha a melhor opção. Esse modelo de app é bastante comum no setor de turismo, com sites que comparam preços de passagens e hospedagem.

“Acho que os principais aplicativos intermediários que vão surgir são aqueles que vão auxiliar no processo da escolha, no sentido de ter uma centralização das suas contas. Centralização de dados e aconselhamentos sobre onde investir, por exemplo, devem ser os novos principais serviços”, afirma o coordenador da área de Direito e Tecnologia do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS), Christian Perrone.

Open banking x open finance

O open banking brasileiro se baseou no modelo da Inglaterra, de acordo com Vilain, da Febraban. Lá, o sistema foi regulamentado pelo governo, diferentemente do que aconteceu nos Estados Unidos, onde o modelo implementado foi uma iniciativa da economia privada.

“Depois de uma longa experiência, inclusive da própria Febraban, analisamos cada uma dessas geografias, trabalhamos com empresas de consultorias, fomos a Londres para entender vantagens e desvantagens de cada um desses modelos e percebeu-se que o modelo britânico era o que melhor se adaptava à realidade brasileira”, explica.

No modelo britânico, ressalta Vilain, os dados são muito focados em informações bancárias, como extratos, operações de cartão de crédito e empréstimos. No Brasil, esse escopo será maior, incluindo fintechs, cooperativas de crédito e, com a quarta fase, a partir de 15 de dezembro, compartilhamentos de situações de investimentos, previdência, operações de câmbio e seguros. Com esse cenário, que não fica restrito apenas a bancos, haverá uma tendência de mercado para o nome open finance, no lugar de open banking.

“Eu diria que, nesse momento, ainda se fala muito em open banking, até por causa do modelo britânico, mas a gente vai observar que, cada vez mais, daqui para o final do ano, a gente vai começar a se referir ao projeto como sendo open finance”, diz.

Fonte: Estadão

 

O que esperar dos resultados dos grandes bancos no 2º trimestre?

Publicado em: 30/07/2021

Estabilidade nos lucros dos bancos no segundo trimestre de 2021 na comparação com os primeiros três meses do ano, mas um forte aumento quando comparado ao segundo trimestre de 2020, quando as provisões para devedores duvidosos tiveram expressiva alta em meio à pandemia de coronavírus. Assim, a retomada da economia deve proporcionar um aumento expressivo dos ganhos na comparação anual e também deve levar as instituições financeiras a registrarem um aumento da carteira de crédito.

Por outro lado, a expectativa é de um aumento da inadimplência, ainda que a níveis controlados e sem grandes preocupações por parte dos analistas, enquanto as margens financeiras devem seguir pressionadas.

Com essa perspectiva geral, os grandes bancos começam a divulgar resultados, com o Santander Brasil (SANB11) inaugurando a temporada ao revelar seus números na próxima quarta-feira (28), antes da abertura do mercado.

A divulgação dos números entre abril e junho para os maiores bancos de capital aberto – além de Santander, Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3) – irão se estender até a próxima semana, podendo dar mais indicações sobre o que esperar para o setor.

No último fim de semana, a XP adotou uma postura mais cautelosa com os bancos diante dos preços mais elevados das ações em um cenário de disrupção causado tanto por intervenções regulatórias quanto por concorrência. Já o Bradesco BBI divulgou na véspera relatório retomando a cobertura dessas empresas com uma visão diferente, mostrando-se mais otimista com o setor: “reconhecemos os desafios estruturais devido à concorrência de novos operadores, bancos digitais e fintechs, mas nos próximos seis a doze meses acreditamos que a melhoria na qualidade dos resultados será o driver mais importante dos preços das ações, daí a nossa visão mais construtiva”, apontam os analistas do BBI.

Olhando para o segundo trimestre, contudo, a XP destaca que haverá uma boa recuperação baseada das menores provisões, receita de serviços impulsionada por maiores volumes devido a retomada da economia e redução de custos, dado que o setor financeiro continua focado em ganho de eficiência.

Também vendo os custos sob controle, o BBI projeta uma melhor qualidade dos resultados, que deve ser ainda pronunciada no segundo semestre de 2021, com a carteira de crédito voltando para o varejo, enquanto as tarifas de serviços não devem se expandir significativamente.

Em relatório, o Itaú BBA destaca que os investidores podem ir atrás de sinais de recuperação na margem financeira, o que não deve acontecer substancialmente nessa temporada, uma vez que foi marcada por restrições de mobilidade. Uma recuperação mais forte das margens deve ocorrer no segundo semestre.

“A maior confiança e a normalização da poupança das famílias devem puxar a demanda por produtos de crédito de maior retorno. Este também será um ambiente melhor para os bancos ajustarem os preços para cima e compensarem o aumento gradual nos custos de financiamento em função da Selic [taxa básica de juros]”, apontam os analistas do BBA.

Por outro lado, números que decepcionassem, sem conseguir mostrar melhora da margem financeira, poderiam prejudicar as projeções dos lucros. Para o BBA, com isso, ganharia mais projeção o argumento de que a margem mais comprimida está relacionada à concorrência e mudanças de regulação, não sendo mais tanto associada à queda recente da Selic, que volta a passar por um ciclo de alta.

“O Brasil entrará na fase dois do open banking, possivelmente elevando a concorrência no crédito e lançando dúvidas de longo prazo se a recuperação dos spreads bancários [diferença entre a taxa de juros cobrada aos tomadores de crédito e a taxa de juros paga aos depositantes pelos bancos] não se materializar. Ou seja, se os spreads não tiverem melhora com o crescimento de quase 6% do PIB e um ciclo de aumento da taxa de 4 pontos percentuais, será mais difícil argumentar por um futuro mais brilhante”, apontam no relatório.

Olhando para os bancos especificamente, o BBI aponta que Santander e Itaú devem mostrar tendências semelhantes, com maior qualidade dos lucros (ainda que estáveis frente o primeiro trimestre), à medida que as carteiras crescem mais rápido para pessoas físicas. Já os bancos públicos, no caso do BB, apontam os analistas, devem registrar uma menor qualidade dos lucros com contribuições menores provenientes da receita líquida de juros versus pares privados.

O BofA e a XP, por sua vez, avaliam que o Bradesco deve registrar um bom resultado no trimestre, mas avaliando que a instituição financeira pode ser pressionada por perdas com a área de seguro saúde.

Confira o que esperar para os resultados dos maiores bancos listados na B3:

Santander Brasil
Divulgação do resultado: 28 de julho – antes da abertura

O primeiro dos “bancões” a divulgar o resultado, o Santander Brasil deve reportar números em linha com o primeiro trimestre de 2021, a R$ 4 bilhões, de acordo com análise do Bank of America. A projeção é também de uma manutenção da receita líquida de juros (NII, na sigla em inglês) mas com uma melhor qualidade, uma vez que a contribuição dos ganhos com trading deve ser menor, na visão dos analistas do banco americano.

Espera-se que a NII de clientes apresente um crescimento menor do que a expansão da carteira na forma de empréstimos garantidos (menor rendimento). O índice de inadimplência deve aumentar a partir do níveis baixos atuais, levando os encargos de provisão a retornar aos níveis pré-crise e crescendo 8% na base trimestral. Após um bom desempenho nas tarifas no primeiro trimestre, os analistas projetam uma ligeira queda (de 2% na comparação trimestral) enquanto as despesas operacionais devem continuar sob controle, já que o Santander se mantém totalmente comprometido com a automatização de seus processos dentro do banco, apontam os analistas. O BofA mantém recomendação neutra para os ativos.

Já a XP espera bons resultados para o Santander, com lucro de R$ 4,1 bilhões e com Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE, na sigla em inglês) de 21%, mas nenhuma melhora significativa na qualidade dos resultados. “Acreditamos que os investidores se concentrarão na qualidade dos ativos do banco e na capacidade de continuar entregando um lucro forte”, apontam os analistas.

O BBI aponta ainda que, apesar de não haver um crescimento forte dos empréstimos no trimestre, a receita do banco crescerá graças a uma mudança no mix, conforme o crescimento do crédito individual acelera e o crédito corporativo segue uma tendência oposta.

Por sua vez, os analistas esperam que as despesas com provisões devam crescer 13,5% na comparação trimestral (mas queda de 45% na base anual), já que o primeiro trimestre de 2021 teve um dos menores níveis de custo de risco em história. Os analistas estimam que as tarifas ficarão um pouco abaixo frente o trimestre anterior, mas ainda uma melhora modesta em relação aos níveis de 2020.

Itaú
Divulgação do resultado: 2 de agosto – depois do fechamento

Após um forte desempenho no primeiro trimestre, o BofA projeta lucro líquido (ex-itens extraordinários) praticamente estável na comparação trimestral e crescendo 51% na base anual dado o baixo valor de comparação, indo a R$ 6,3 bilhões e levando um ROE de 18,4%.

A Margem Líquida de Juros (ou NIM, na sigla em inglês) deve seguir sob pressão com o crescimento dos empréstimos
continuando a ser impulsionado por carteiras de spread mais baixo, enquanto os resultados comerciais devem
voltar a um nível mais normalizado após um primeiro trimestre forte.

“No entanto, esperamos que a NII com os clientes devam permanecer em ritmo de crescimento no ponto médio do intervalo do guidance (projeção) para o ano, especialmente porque o crescimento dos empréstimos está acelerando com a reabertura econômica”, apontam.

Já a inadimplência deve subir, especialmente na carteira de pequenas e médias empresas, mas sem grande espaço para surpresas. Despesas com provisão devem permanecer bem abaixo dos níveis do ano anterior, embora possa haver espaço para que haja aumento em relação ao primeiro trimestre. As taxas de serviço devem ser apoiadas por volumes melhores, especialmente com cartões (atividades de aquisição e emissão), banco de investimento e gestão de ativos. Enquanto isso, mais uma vez, os custos devem permanecer em um rígido controle, ficando estável no trimestre e crescendo 3% no comparativo anual.

Por fim, o Itaú deve registrar ganhos não recorrentes relacionados à reavaliação de créditos fiscais diferidos à luz do aumento da CSLL, não refletido nas estimativas do BofA, que mantém recomendação de compra para os papéis.

A XP, por sua vez, espera que o lucro do Itaú seja estável na comparação trimestre-trimestre (R$ 6,5 bilhões, com ROE de 18%), mas com melhor qualidade. As margens de crédito financiado por clientes devem ser mais relevantes (versus tesouraria) e os custos devem melhorar. “As taxas de juros também devem melhorar à medida que a economia se recupera. No entanto, os investidores devem dar uma atenção especial ao aumento construtivo dos lucros (de 56% na comparação anual)”, avaliam.

O BBI também acredita que a qualidade dos ganhos deve melhorar, já que a receita líquida de juros com os clientes deve ganhar participação, resultando em um mix melhor (crescimento mais rápido para pessoas físicas do que para empresas).

Bradesco
Divulgação do resultado: 3 de agosto – depois do fechamento

Na linha do esperado para os outros bancos, o BofA também espera um lucro antes de itens extraordinários praticamente estável comparado aos R$ 5,6 bilhões do primeiro trimestre e levando a um ROE de 17,9% (ante 18,1% nos primeiros três meses de 2021).

A originação de empréstimos deve continuar com um bom desempenho principalmente nas operações de menor rendimento para pessoas físicas (hipoteca e empréstimo consignado) e no segmento de PMEs, e deve acelerar no segundo semestre para atingir o ponto médio do guidance (entre alta de 9% e 13%) até o final do ano.

Com isso, a projeção é uma NII também estável na base de comparação trimestre, também influenciada por ganhos de trading mais baixos após resultados anormalmente elevados no primeiro trimestre de 2021. Já a inadimplência deverá continuar sua trajetória de alta e deve retornar a níveis mais normalizados no segundo semestre. Contudo, dado o alto índice de cobertura (relação entre empréstimos inadimplentes e provisões), a projeção é de que os encargos de provisões fiquem estáveis na comparação trimestral.

As receitas de taxas devem seguir estáveis, enquanto os resultados da linha de seguros podem ser pressionados por conta do maior acionamento em meio à pandemia da Covid-19. O opex (despesas operacionais) sob controle deve ser bem-vindo, mas todos os olhos permanecem no segundo semestre, com o cenário de alta inflação pressionando pessoal e despesas administrativas. O BofA mantém recomendação de compra para o papel.

A XP também espera que o Bradesco registre um bom resultado no trimestre (com lucro de R$ 6,5 bilhões e com ROE de 18%), também avaliando que a instituição financeira possa ser pressionada por perdas com a área de seguro saúde. “No geral, o banco deve melhorar [seus números] significativamente em relação ao ano anterior, mas sem nenhuma melhoria significativa em relação ao trimestre anterior”, avaliam os analistas.

Banco do Brasil
Divulgação do resultado: 5 de agosto – depois do fechamento

O BofA espera um lucro líquido recorrente praticamente estável na comparação com os três primeiros meses de 2021, quando totalizou R$ 4,9 bilhões, gerando assim um ROE de 14% (ante 14,8% no trimestre imediatamente anterior).

Enquanto a carteira de crédito deve apresentar bom desempenho no varejo e agronegócio, os analistas do banco americano esperam uma dinâmica mista na carteira corporativa, com contração entre grandes empresas ofuscando a melhoria das PME.

A NII deve ser pressionada, enquanto os índices de inadimplência devem ficar sob controle, mesmo considerando uma deterioração marginal, e os encargos de provisão devem ficar quase estáveis no trimestre, uma vez que o índice de cobertura deve continuar sua tendência de queda. As despesas devem se estabilizar no comparativo anual e trimestral (enquanto a alta da inflação deve pressionar a linha do balanço na segunda metade do ano). Os analistas mantêm recomendação de compra para os papéis.

A XP não espera grande destaques, mas projeta que o banco mantenha um crescimento construtivo dos lucros (alta de 51% na base anual, para R$ 5,0 bilhões, com um ROE de 14%) sem deterioração significativa da qualidade dos ativos. “Esperamos que nossa tese de investimento de pagamento de dividendos se consolide conforme os fundamentos do banco melhoram e sua capitalização se torna uma realidade”, apontam.

O BBI, por sua vez, estima um lucro líquido de R$ 4,8 bilhões, uma ligeira queda de 2,2% no trimestre, mas ainda em alta de 45,1% no período. “Acreditamos que o Banco do Brasil deva apresentar crescimento de crédito relativamente estável no trimestre (alta de 1,7%), com aceleração razoável em empréstimos corporativos e individuais”, apontam.

Semelhante aos pares do setor privado, os analistas do banco um crescimento modesto nas despesas de provisão, de 20%
na base trimestral, mas com queda de 48,4% na comparação anual, sendo mais do que suficiente para compensar o crescimento da receita líquida de juros.

As receitas com taxas deverão subir 1,5% no trimestre (estável na base anual), mas devendo ser compensadas por despesas operacionais também maiores, com aumento de 1,2% frente os primeiros três meses de 2021 (e alta de 2% na base anual).

Fonte: Infomoney

 

Bancos negam 44% de concessões a quem recebe menos que 5 salários

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Levantamento divulgado pelo Serasa aponta desigualdade social na contratação de crédito no país. A pesquisa mostra que os bancos costumam negar 44% das solicitações de acesso a empréstimos, financiamentos e outras concessões financeiras para quem recebe menos de cinco salários mínimos por mês (R$ 5.500). Esse número cai para 18% entre os que ganham acima desse valor.

De acordo com Felipe Schepers, especialista à frente da pesquisa, apesar de receberem mais negativas, cidadãos de baixa renda são os que mais procuram por socorro financeiro. “Eles buscam mais informações sobre crédito, porém, mais da metade tem o crédito negado. A democratização das concessões de crédito está acontecendo, mas ainda não é algo uniforme”, disse.

Dos 2.068 entrevistados na pesquisa, 79% afirmam que utilizaram algum tipo de crédito na pandemia. O cartão de crédito foi a fonte mais utilizada por 62% dos brasileiros para comprar, principalmente, itens essenciais como produtos de higiene pessoal e alimentos. Apesar da demanda por crédito ter aumentado, os consumidores percebem taxas mais altas.

A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) explicou que, um dos fatores que eleva as taxas de juros dos bancos, é o risco de inadimplência. “Quanto maior esse risco, maior tende a ser a taxa de juros praticada. Os juros abusivos podem ocorrer pela diferença entre os juros recebidos e pagos pelo banco nos empréstimos e investimentos. É natural que os juros praticados nos empréstimos sejam superiores aos pagos nos investimentos que possuem a Taxa Selic como parâmetro”, diz o órgão, que integra o Ministério da Justiça. Segundo a pasta, a ampliação dos bancos digitais é um dos caminhos que poderá levar à redução das taxas. “Essa concorrência tende a ser benéfica ao consumidor para obtenção de juros menores.”

A expansão nacional dos bancos digitais é uma realidade, porém ocorre a passos lentos, segundo a gerente da Serasa, Amanda Rapouzo. Ela explica que o mercado de crédito no país ainda é muito concentrado em cinco grandes bancos, que detêm 79% das concessões de diferentes modalidades. “De cinco anos para cá, essa concentração caiu 2%, e a gente espera que iniciativas do Banco Central, como o open banking, gerem competição para reduzir o custo para o consumidor”, destacou.

Fonte: Correio Braziliense

Pandemia acelera digitalização e bancos acirram briga por clientes

Publicado em: 15/07/2021

A pandemia de coronavírus acelerou a digitalização do setor bancário. Hoje, esse segmento da economia, extremamente concentrado no passado, vê o fortalecimento de novas empresas digitais e o acirramento na disputa de novos clientes.

Os bancos digitais surgiram com duas propostas básicas: não ter agências físicas e oferecer isenção de tarifas. Com sucessivos aportes de investidores ao longo dos últimos anos, passaram a valer bilhões de reais e angariaram milhões de clientes.

Nas últimas semanas, a disputa por esse mercado digital ficou mais evidente, com o movimento das principais companhias do setor. Elas receberam novos aportes, venderam fatias relevantes para bancos internacionais e captaram recursos no mercado financeiro com o objetivo de fortalecer seu caixa e ampliar a gama de serviços em busca de mais clientes. Relembre:

A empresa de investimentos do bilionário Warren Buffett, Berkshire Hathaway, comprou uma participação no Nubank;
O JP Morgan adquiriu uma fatia de 40% do C6 Bank; e
O Banco Inter fez uma captação de R$ 5,5 bilhões no mercado financeiro.

“A gente já vinha numa tendência de digitalização, mas ela foi muito acelerada nesse período de pandemia”, afirma Maxnaun Gutierrez, head de pessoa física e produtos do C6 Bank. Criado em 2019, o banco já tem 7 milhões de clientes e está presente em todos os municípios do país.

Um levantamento realizado pelo banco em parceria com o Ipec (instituto criado por ex-executivos do Ibope Inteligência) mostrou que, de fato, durante a pandemia houve uma aceleração nesse movimento de digitalização: 36% dos brasileiros disseram ter aberto algum tipo de conta em banco digital.

A pesquisa também revelou que 57% dos brasileiros com internet já têm conta digital.

“O digital deixou de ser uma necessidade e passou a ser vital nesse momento de pandemia”, afirma Gutierrez. “E há um outro elemento que fez essa aceleração da digitalização: o Auxílio Emergencial foi pago por meio de uma conta digital da Caixa. E, ao abrir essa conta, o cliente se abriu para o novo mundo.”

No ano passado, quase 68 milhões de pessoas receberam o Auxílio Emergencial.

Barreira de idade e a busca pelo lucro

Mas, se os números e as recentes movimentações do setor trazem um otimismo, os bancos digitais ainda têm dois desafios importantes:

Alcançar uma população mais idosa; e
Apresentar resultados financeiros robustos.

O levantamento do Ipec mostra, por exemplo, que, entre os jovens, as novas empresas do setor bancários já têm uma vantagem. Na população de 16 a 24 anos, 51% dizem utilizar o banco digital como o principal meio para transações e depósitos.

Mas, conforme a idade da população avança, menor é a entrada dos bancos digitais. Entre a população com 55 anos ou mais, a participação dos bancos digitais cai para 10%.

Os investidores também esperam pelos resultados positivos. Parte dos novos bancos digitais já gera caixa, mas ainda não lucra.

“Essas empresas têm um custo de aquisição de clientes muito alto. Elas precisam que os investidores acreditem no modelo de negócio porque, durante um tempo, não serão lucrativas. Seus recursos estão sendo canalizados para aumentar a base de clientes”, afirma Ricardo Rocha, professor do Insper.

“A partir do momento que essa base de clientes cresce, aí, sim, os bancos vão fazer todos os esforços para rentabilizar”, diz.

No Brasil, por exemplo, o Nubank gera caixa desde 2017, já tem uma base de 40 milhões de clientes, mas ainda não apresentou lucro. Mesmo assim, o banco segue com seu plano de expansão para México e Colômbia.

“Em nossas conversas (com os investidores), há um compartilhamento mútuo e alinhamento de que o projeto do Nubank é de longo prazo, com enormes oportunidades e espaços para ocuparmos no mercado latino-americano”, afirma Cristina Junqueira, cofundadora do Nubank.

Em 2020, o C6 Bank registrou um prejuízo de R$ 606,9 milhões. Já o Inter reportou ganhos de R$ 20,8 milhões no primeiro trimestre e conseguiu reverter o prejuízo apurado no mesmo período de 2020.

Ampliação de serviços

Na tentativa de aumentar a base de clientes e, consequentemente, chegar num público mais velho, com mais recursos financeiros, as empresas digitais têm buscado ampliar a gama de serviços oferecidos para fazer frente aos bancos tradicionais.

O Nubank, por exemplo, comprou a Easynvest e reforçou a sua atuação no setor de investimentos – antes, o banco já havia feito o lançamento de três fundos multimercados.

“Especificamente em investimentos, conseguimos incrementar nossa prateleira e acelerar nossa entrada nesse mercado”, afirma Cristina. “Na Easynvest by Nubank, o investidor mais experiente já tem acesso a uma plataforma robusta de investimentos, com mais de 400 produtos.”

Com a venda de 40%, o C6 deve reforçar a sua estratégia de varejo. Nos Estados Unidos, o JP Morgan, com a marca Chase, oferece produtos bancários e tem mais de 55 milhões de clientes ativos.

“O que a gente deve ver ao longo do período é um avanço muito forte dessa agenda de investimento. O banco já tem uma conta global, que é internacional, em que o cliente tem uma série de benefícios de de uso da conta no exterior”, afirma Gutierrez, do C6 Bank. “Com a chegada do JP Morgan, a gente vai conseguir evoluir nessa plataforma global.”

O Inter já vê um aumento na venda de produtos de crédito, como consignado e imobiliário. O banco tem 12 milhões de clientes e 60% do crédito já é feito com correntistas dessa base.

“Na venda de diferentes produtos, a gente observava um crescimento muito forte nos serviços dentro da nossa base de clientes, mas menos em produtos de crédito imobiliário e consignado, por exemplo”, afirma Helena Lopes Caldeira, CFO do banco Inter. “E isso se dava em função dessa base mais jovem”.

“Hoje, conforme o banco vai crescendo, a gente consegue fazer um cross selling (venda cruzada) desses produtos que não são para clientes tão jovens”, diz Helena. “A gente foi capaz de escalar a base de clientes como muitos produtos oferecidos ao mesmo tempo. Hoje, o Inter tem uma plataforma completa que tem o dia a dia bancária, oferta de crédito, seguros e shopping.”

Embora os bancos digitais tenham colhido crescimento nos últimos anos, eles ainda estão distantes dos bancos tradicionais. Segundo dados do Banco Central, no primeiro trimestre, a base de clientes da Caixa era de 145,3 milhões, seguido por Bradesco (98,6 milhões), Itaú (82,9 milhões), Banco do Brasil (68,8 milhões) e Santander (51,3 milhões).

Fonte: Globo

 

Brasileiros depositam R$ 7,1 bilhões a mais do que retiram na poupança em junho

Publicado em: 07/07/2021

Em meio à segunda onda da pandemia do novo coronavírus, os brasileiros depositaram R$ 7,1 bilhões na poupança em junho a mais do que o que foi retirado, informou o Banco Central na terça-feira, 6.

Foi o terceiro mês de captação positiva para a poupança após três meses de saques superiores a depósitos. O resultado ocorre na esteira da volta do pagamento do auxílio emergencial para uma parcela da população.

Em junho, os aportes na poupança somaram R$ 296,4 bilhões, enquanto os saques foram de R$ 289,3 bilhões. Esse movimento gerou o depósito líquido total de R$ 7,1 bilhões no mês. Considerando o rendimento de R$ 2,2 bilhões da caderneta em junho, o saldo total das contas chegou a R$ 1,030 trilhão.

Junho foi o terceiro mês de 2021 em que houve mais depósitos do que saques na poupança. Nos meses de janeiro, fevereiro e março, os brasileiros haviam retirado recursos da caderneta.

No acumulado de janeiro a junho, a população retirou R$ 16,540 bilhões líquidos da caderneta. Em 2020, em meio à pandemia do novo coronavírus, a poupança havia registrado dez meses consecutivos de depósitos líquidos (de março a dezembro).

No ano passado, a caderneta havia sido favorecida pelo pagamento de auxílios à população. Além disso, ela foi impulsionada em 2020 pela maior cautela das famílias brasileiras. Preocupadas com a renda futura e com medo do desemprego, muitas delas reduziram gastos e passaram a aplicar recursos na caderneta, o que elevou o saldo. Esse movimento foi o que o próprio BC chamou de “poupança precaucional”.

Em contrapartida, as famílias passaram a enfrentar, no início de 2021, as tradicionais despesas de início de ano (IPTU, IPVA, matrículas de filhos em escolas particulares e gastos com material escolar), além de um ambiente ainda negativo para a economia. Nos primeiros meses do ano, o governo não pagou o auxílio, o que também afetou os saldos.

Tudo isso favoreceu os saques na poupança em janeiro, fevereiro e março, com muitos brasileiros precisando de recursos para fechar as contas.

Em abril, maio e junho, porém, o resultado positivo foi influenciado pela volta do pagamento do benefício para uma parcela da população. Os depósitos começaram a ser feitos em 6 de abril.

A poupança é remunerada atualmente pela taxa referencial (TR), que está em zero, mais 70% da Selic (a taxa básica de juros), hoje em 4,25% ao ano. Na prática, a remuneração atual da poupança é de 2,975% ao ano. O porcentual não cobre necessariamente a inflação.

Essa regra de remuneração da poupança vale sempre que a Selic estiver abaixo dos 8,50% ao ano. Quando estiver acima disso, a poupança é atualizada pela TR mais uma taxa fixa de 0,5% ao mês (6,17% ao ano).

Fonte: Estadão

Bancos criticam ‘tratamento desigual’ para as fintechs e pedem mais concorrência

Publicado em: 24/06/2021

O primeiro dia do Ciab, tradicional evento do setor bancário, foi marcado pelo clamor das instituições financeiras tradicionais por um tratamento mais igualitário em relação às novas empresas participantes do sistema financeiro. Como são considerados como instituições de pagamentos (IP), os “novos entrantes” desfrutam de uma carga tributária mais leve e não precisam cumprir obrigações operacionais exigidas dos bancos, como o recolhimento compulsório de depósitos.

“Existe uma assimetria regulatória a ser cuidada. Há bancos disfarçados de IP ou de startup”, disse o presidente do Banco do Brasil (BB), Fausto Ribeiro. O executivo adotou um tom mais enfático sobre o tema no painel de abertura do evento que reuniu os seis presidentes dos maiores bancos tradicionais. Neste ano, o encontro foi realizado em formato semipresencial por causa da pandemia.

O presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Isaac Sidney, como anfitrião do evento, reforçou o pleito. “Não somos como alguns que estão crescendo bastante, que já alcançaram o tamanho de bancos, parecem bancos, agem como bancos, mas preferem se dizer apenas empresas de tecnologia.”

Segundo Sidney, os bancos investem em torno de R$ 25 bilhões por ano em tecnologia. “A infraestrutura bancária no Brasil é uma das maiores do mundo, capaz de suportar mais 90 bilhões de transações a cada ano.”

Os presidentes dos outros cinco maiores bancos do País, que também participavam do painel de abertura, fizeram coro, sem deixar de valorizar a agenda de aumento da competitividade no setor promovida pelo Banco Central.

“Somos absolutamente a favor da competição. O Itaú é o Itaú por causa de Bradesco, Santander, Caixa, que também são o que são por causa da concorrência”, afirmou o presidente do Itaú, Milton Maluhy. “Mas também somos a favor de isonomia, de condições de igualdade.”

Sergio Rial, presidente do Santander Brasil ressaltou que o Brasil precisa de um marco regulatório que promova a concorrência. “É fundamental para que a economia brasileira tenha bases muito mais homogêneas”, disse. “Essas instituições fizeram investimentos vultosos para chegar nesse patamar e isso tem que ser respeitado”, disse o executivo, em referência aos bancos tradicionais.

Os banqueiros também cobraram o compartilhamento de informações não só por parte dos bancos, mas também de outros setores como, por exemplo, o varejo. “Temos de abrir a base de dados das varejistas. Não só dos bancos”, reforçou Rial, chamando atenção para a importância de um modelo aberto de finanças (chamado de open finance). O conceito vai além do open banking, sistema que vai permitir o compartilhamento dos dados bancários dos clientes.

Já o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, lembrou que, apesar do esforço de digitalização, existem clientes que não têm acesso a smartphones, computadores ou a uma boa rede de internet. Por isso, a Caixa vem abrindo agências, para dar vazão às necessidades de clientes em regiões onde a digitalização não os atende bem, principalmente no Norte e no Nordeste.

ESG

Octavio de Lazari, presidente do Bradesco, disse que a pandemia funcionou também como um catalisador da agenda socioambiental conhecida pela sigla em inglês ESG (que se refere aos critérios ambientais, sociais e de governança). “A pandemia acabou sendo um acelerador, jogou luz de maneira mais contundente. “A sociedade em geral não pode mais virar as costas para isso”, disse.

Contudo, o presidente da Caixa chamou atenção para a necessidade de aprofundar a operação de microcrédito no Brasil. “Pode botar o que for para preservar floresta, sem microcrédito vai adiantar zero”, afirmou Guimarães. “Tem que ter o outro lado social. Se as pessoas não tiverem utilização desse dinheiro e não puderem se sustentar de maneira real, vão para a devastação, não tem jeito.”

Para o presidente do BB, a agenda ESG representa o futuro das empresas. “Não é só o lucro momentâneo”, disse. “Temos de encontrar melhores caminhos e abordagens e precisamos rapidamente formar nossos líderes [sob a ótica ESG]”.

“As empresas podem abraçar essa agenda de maneira burocrática”, disse o presidente do BTG Pactual, Roberto Sallouti. “Mas o que a gente tem percebido é que, quando a incorpora em sua matriz, gera valor financeiro para investidores e para seus clientes.”

Para o executivo, a agenda ESG contribui para a geração de novos produtos rentáveis, uma vez que entra no núcleo da operação. Ele citou como exemplo um produto que está sendo lançado pelo BTG. “Somos um dos maiores gestores de florestas comerciais do mundo. Agora vamos comprar áreas degradadas. Metade será floresta comercial, metade nativa.”

Fonte: Estadão

 

Cinco maiores bancos detinham 81,8% do mercado de crédito no fim de 2020

Publicado em: 11/06/2021

Os cinco maiores conglomerados bancários do país (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Santander) encerraram 2020 com 81,8% do mercado de crédito e com 79,1% dos depósitos totais. As informações foram divulgadas pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira (7).

Os cálculos englobam bancos comerciais, bancos múltiplos com carteira comercial e as caixas econômicas. Os dados estão no Relatório de Estabilidade Financeira de 2020.

Segundo o Banco Central, houve queda em relação à concentração bancária registrada no fechamento de 2019, quando essas instituições financeiras detinham 83,7% de todas as operações de crédito e 83,4% dos depósitos bancários.

 

O Banco Central destacou a redução das participações dos principais bancos públicos federais, Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal (CEF) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), entre 2018 e 2020.

“Tal fato denota que a redução da participação dos principais bancos públicos se deu, em parte, vis-à-vis o aumento da participação de instituições que não se encontram entre as cinco maiores instituições, o que contribui para o incremento das condições concorrenciais quando se considera exclusivamente os índices de concentração”, acrescentou.

Crédito e juros em 2020

Em 2020, o volume total do crédito ofertado pelos bancos cresceu 15,5%, atingindo a marca inédita de R$ 4,017 trilhões, segundo números do BC. O crescimento registrado foi de R$ 539,369 bilhões no período. O aumento no crédito bancário no ano passado está relacionado às medidas adotadas pelo Banco Central para liberar às instituições financeiras mais recursos destinados a empréstimos em meio à pandemia do novo coronavírus (leia mais abaixo).

Segundo a instituição, os juros bancários médios cobrados pelos bancos de seus clientes com recursos livres, que não consideram operações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do crédito rural e imobiliário, registraram queda em 2020.

Veja as variações das taxas de juros no ano passado:

  • a taxa média total (pessoa física e jurídica) passou de 33,4% ao ano em dezembro de 2019 para 25,5% ao ano o mesmo mês de 2020;
  • os juros nas operações com pessoas físicas passaram de 46% ao ano em dezembro de 2019 para 37% ao ano em dezembro do ano passado;
  • a taxa média cobrada das empresas passou de 16,3% ao ano em dezembro de 2019 para 11,7% ao ano dezembro de 2020;
  • a taxa média do cartão de crédito rotativo de pessoa física passou de 318,8% ao ano em dezembro de 2019 para 328,1% ao ano em dezembro do ano passado;
  • a taxa média do cheque especial de pessoa física passou de 247,6% ao ano em dezembro de 2019 para 115,6% ao ano em dezembro de 2020. Nesse caso, o BC adotou um teto para os juros.

Fonte: Globo.com

Brasileiro mantém quatro contas em bancos ao mesmo tempo, em média

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O brasileiro com acesso à internet mantém 3,6 contas em bancos e outras instituições financeiras ao mesmo tempo, em média, conforme apontou um estudo feito pelo banco digital C6 Bank. O dado é um alerta, já que, quanto mais contas alguém tem, mais difícil é organizar o orçamento. Quanto maior a classe social, mais contas a pessoa tem. Na classe A, a quantidade média chega a 5,5, enquanto na classe C, vai a 3,3.

O levantamento foi realizado apenas com as classes A, B e C. Além das populares contas corrente e poupança, a pesquisa envolve contas salário, onde o empregador faz depósitos mensais, e contas de pagamento, oferecidas por fintechs. O estudo inclui, ainda, contas de investimento.

Os homens possuem mais contas que as mulheres. Entre eles, a quantidade média chega a 4,1 e, entre elas, vai a 3,2. O acúmulo de contas chama atenção em um momento em que o sistema bancário brasileiro passa por uma mudança que deve transformar o relacionamento dos consumidores com as instituições financeiras, avalia o C6 Bank.

O chamado open banking, que está em fase de implementação no país, permitirá que os clientes compartilhem seus dados bancários entre diversas empresas, em troca de serviços e produtos melhores e a taxas mais competitivas. Com a tecnologia, as instituições financeiras poderão saber se o consumidor é um bom pagador ou quanto de crédito teve aprovado em outra empresa, por exemplo.

Com a virada de chave para o sistema financeiro aberto, que o mercado espera que ocorra até o fim do ano, o cliente poderá, por exemplo, acessar as contas mantidas em diversas instituições financeiras a partir de um único aplicativo.

“Essa é mais uma etapa importante do processo de democratização do acesso aos serviços bancários no país, que já vem se consolidando com o avanço das instituições digitais”, afirma Maxnaun Guitierrez, chefe de produtos e pessoa física do C6 Bank.

Open o quê?

A maioria dos brasileiros ainda não sabe o que significa open banking, segundo estudo do C6 Bank. O levantamento mostrou que 56% dos brasileiros com acesso à internet não conhecem ou nunca ouviram falar sobre a tecnologia.

Quando apresentados a supostas definições para o novo sistema, 37% dos entrevistados disseram que o open banking é um novo banco digital, 12% acreditam se tratar de agências bancárias abertas 24 horas por dia e 1% disse que é um evento com comida e bebida liberadas. Apenas 23% mencionaram ser um sistema que permitirá o compartilhamento de informações bancárias.

Conforme a pesquisa, só 23% dos brasileiros estão interessados em compartilhar dados pessoais com instituições financeiras em troca de economia com tarifas e taxa de juros. Outros 33% não têm interesse em compartilhar seus dados e 44% não sabem dizer se querem ou não abrir essas informações.

Fonte: Valor Investe

 

Quase 60% de quem tem acesso à internet já têm conta em banco digital

Publicado em: 27/05/2021

Pesquisa realizada pelo C6 Bank/Ipec revela que 57% dos entrevistados têm contas em bancos digitais. Dentro desse grupo, 47% mantêm suas contas em bancos tradicionais e digitais ao mesmo tempo e 10% abandonaram de vez as instituições convencionais.

O levantamento perguntou também em que tipo de instituição os brasileiros mais realizam transações como depósitos, saques e pagamentos. A maioria ainda usa os bancos tradicionais (65%), em comparação com os digitais (31%). Mas quando se faz um recorte por idade, é possível ver uma tendência se desenhar: entre os brasileiros que têm entre 16 e 24 anos, os bancos digitais já superam os tradicionais (51% contra 41%).

Segundo o estudo, 36% dos entrevistados abriram conta em um banco digital depois do início da crise sanitária. Na classe A, esse percentual é um pouco menor, de 30%. A pesquisa também aponta que, entre as pessoas que possuem contas digitais, 78% passaram a usá-las mais durante a pandemia. A necessidade de isolamento social e de cortar gastos no orçamento familiar acabou acelerando a migração dos brasileiros para o ambiente digital. A pesquisa mostra que 17% dos entrevistados estão há mais de um ano sem visitar uma agência física e outros 11% há mais de sete meses. Outro impulso veio do auxílio emergencial, que podia ser transferido para os bancos digitais antes do prazo previsto.

Enquanto 41% dos consumidores com conta em bancos digitais dizem estar totalmente satisfeitos, entre os entrevistados com conta em instituições convencionais esse percentual é de 25%. Os bancos digitais chegaram ao mercado oferecendo produtos bancários isentos de taxas, em aplicativos simples e acessíveis. Uma análise do Proteste comparando 70 contas-correntes no país mostra que a economia para quem adere a opções com menos taxas chega a R$ 994 por ano.

As entrevistas foram feitas entre os dias 22 e 28 de abril deste ano, com 2000 brasileiros das classes A, B e C com acesso à internet. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Fonte: Monitor Mercantil

Artigo – Afinal, os bancos brasileiros são inovadores?

Publicado em: 20/05/2021

Fernando Cosenza *

Em 2008, dei aulas de gestão da inovação para funcionários de alguns dos grandes bancos brasileiros. Como sempre, comecei estimulando a classe a pensar sobre alguns conceitos.

Perguntei se os bancos eram inovadores. Todos foram unânimes, convictos e até demonstraram certa surpresa com a minha pergunta. “Claro que são, professor”!

Era como se a minha pergunta fosse uma afronta!

O termo “fintech” não existia, ou pelo menos não era popular. Os bancos não estavam pressionados como estão hoje. Mesmo assim, se parássemos para pensar, poderíamos questionar a fama de inovadores que os bancos tinham naquela época.

Quando mencionei esse questionamento, uma aluna se revoltou. Em um tom até agressivo, ela disse que a inovação nos bancos era inquestionável. “Só não vê quem não quer”, ela afirmou. Eu insisti na possibilidade de discutirmos o assunto, já que estávamos em um ambiente de reflexão e aprendizado.

Acho que a aluna esperava que eu pedisse desculpas pelo que ela achava ser uma “insinuação grosseira” da minha parte. Tanto que se levantou e deixou a sala.

Não foi a primeira vez que um aluno fez isso. Mas eu tirei de letra. Bons professores sabem que lecionar não tem nada a ver com convencer alguém de alguma coisa. Como me lembrou recentemente o Professor José Carlos Teixeria Moreira, as pessoas gostam de aprendem, mas não de serem ensinadas.

Enfim, o fato é que, mais de uma década depois, a realidade parece ter me dado razão. Hoje, os grandes bancos se veem em um cenário competitivo sensivelmente diferente. E isso ocorre, em boa medida, pela falta de inovação.

De certa forma, a aluna estava certa: em 2008, pouca gente diria que empresas nascentes seriam capazes de incomodar bancos bilionários e consolidados. Mas a inovação tem mesmo essa capacidade de mudar o jogo!

O que essa história pode nos ensinar? É verdade que os bancos inovaram, mas eu acho que eles tiveram uma visão restrita da inovação. Com isso, deixaram espaços desocupados para que novos concorrentes surgissem.

Agora, preste atenção para um conceito muito importante: a inovação é um fenômeno de geração de valor novo que pode ocorrer em diversas dimensões. Vou te ajudar a entender melhor isso.

Para facilitar, vamos usar um modelo proposto pelos professores Mohanbir Sawhney, Robert C. Wolcott e Inigo Arroniz, chamado de Radar da Inovação.

O modelo apresenta 12 dimensões para a inovação, organizadas em 4 eixos principais. Vou comentar os 4 eixos e aproveitar para dar alguns exemplos de onde e como os bancos tradicionais deixaram espaços para as fintechs.

OFERTA: a inovação na dimensão oferta tem a ver com O QUE a empresa oferece como produtos e serviços. A XP aproveitou esse espaço para criar o seu modelo de plataforma aberta de investimentos, enquanto cada banco ofertava apenas os seus próprios produtos.

CLIENTES: a inovação na dimensão cliente pode ser observada quando a empresa se esforça para colocar o cliente no centro da sua estratégia, incorporando novos ou melhorando a experiência deles. O Nubank simplificou a experiência de abertura de conta, se tornando preferido pelos jovens.

PROCESSOS: inovar na dimensão processo, na minha opinião, foi o foco dos bancos por muito anos. Esse tipo de inovação é super importante e tem a ver com como a empresa se organiza, executa atividades e controla a gestão. O motivador aqui é interno e o principal indicador de sucesso é a eficiência de custos. É inegável que os bancos brasileiros sempre foram craques nessa dimensão. A pergunta construtiva que devemos fazer é se a inovação concentrada em processos é suficiente para garantir a competitividade no longo prazo.

PRESENÇA: a inovação em presença se refere ao espaço que a empresa ocupa, tanto no ambiente físico quanto na percepção do mercado. De fato, os bancos sempre foram muito presentes na vida dos brasileiros, com suas milhares de agências e caixas eletrônicos. Mas essa presença sempre foi marcada por limites muito claros, o que, por exemplo, dificultou o surgimento de parcerias. Hoje, muitas fintechs crescem aproveitando redes de parceiros, sem receio da colaboração.

Reflexões finais

Os bancos brasileiros inovaram muito, no entanto o fizeram majoritariamente na dimensão de processos. O principal objetivo das inovações de processos é o controle de custo. Não foi por coincidência que os bancos conseguiram crescer as suas rentabilidades por décadas.

Embora algumas inovações de processos tragam efeitos benéficos para os clientes (por exemplo, criar potencial de desburocratização), no caso dos bancos brasileiros, a maior parte do valor gerado serviu a eles próprios, e não aos clientes.

Em geral, os clientes continuaram os mesmos, com a mesma oferta de serviços, pagando o mesmo preço e, em boa medida, lidando com as mesmas burocracias.

Será que os bancos não perceberam isso acontecendo ou simplesmente escolheram esse caminho? Seja o que for, o resultado foi espaços abertos para que novas empresas surgissem com inovações simples em outras dimensões. Na minha opinião, nada que não pudesse ter sido feito pelos próprios bancos tradicionais.

O foco que uma empresa escolhe para inovar sempre trará consequências no futuro.

A minha aluna não estava errada ao defender a reputação dos bancos. Eles foram, sim, inovadores. Mas tinham enorme potencial para serem ainda mais. Poderiam ter inovado em todas as dimensões!

Inovar é fundamental, mas o sucesso depende muito do foco que a empresa escolhe para a inovação. Ser inovador não garante. Obviamente, é preciso gerenciar a inovação como parte da estratégia do negócio.

* Fernando Cosenza é Mestre e Doutor em Administração pela FGV-SP, professor, especialista em estratégia e inovação e colunista da Época Negócios.

Fonte: Época Negócios

ROE de grandes bancos cai pela metade em 15 anos e pode piorar

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Mesmo diante da reversão nas provisões para inadimplência e dos lucros bilionários no primeiro trimestre, o desempenho das ações dos grandes bancos segue sofrível em 2021. Analistas avaliam que as razões por trás da queda dos papéis são estruturais e não passageiras, com os mais pessimistas dizendo que os altos retornos dos “bancões” ficaram para trás e uma nova era se inicia no setor financeiro: a era da competição.

À exceção das ações do Bradesco (BBDC4) – que subiram 1,35% em 2021, mas abaixo dos 2,4% do Ibovespa (IBOV) – os papéis dos outros três grandes bancos listados na Bolsa acumulam queda de janeiro até agora: Banco do Brasil (BBAS3) tem baixa de 18,05% no ano, Itaú (ITUB4) registra queda de 7,01% e Santander (SANB11) acumula perda de 9,84%.

O oligopólio dos cinco maiores bancos do país – os quatro citados e a Caixa, que não é listada – está sofrendo abalos com a disrupção no mercado financeiro provocada pelo crescimento das fintechs.

Os dados de market share (participação de mercado) no segmento de crédito mostram que, em 2017, os cinco bancões dominavam 83,4% do mercado no país (excluindo instituições não bancárias). A participação caiu para 82,2% em 2018 e 80,7% em 2019. No ano passado, a queda se acentuou e o share dos cinco maiores bancos ficou em 75%, a menor participação da série histórica do Banco Central, iniciada em 2015.

Para João Luiz Braga, sócio-fundador da gestora Encore, a razão por trás do aumento da competição é a regulação do setor.

“O setor financeiro sempre foi muito regulado, tanto que vários bancos estrangeiros que estavam aqui, como Citi, Bank Boston e HSBC, ou foram comprados ou saíram e a regulação pode ter sido o motivo. Mas hoje o BC está promovendo uma arbitragem regulatória e regulando menos as startups que os bancões. Assim, mesmo um player pequeno consegue, bem ou mal, competir com um gigante e virar um ‘Maverick’ que transforma o mercado”, disse em live da FEA-USP, mediada pelo InfoMoney.

Braga acrescenta que essa competição só tende a se intensificar com a implementação do Open Banking, conjunto de regras que, na prática, prevê que as instituições financeiras devem compartilhar sua vasta base de dados, se assim desejar o correntista. Agora dono dos seus dados, o cliente poderá apresentar seu histórico a outras instituições para escolher a que melhor lhe atende.

Além da regulação mais favorável, a abundância de recursos também favorece o surgimento e fortalecimento das startups, conforme destacou Florian Bartunek, sócio-fundador da Constellation, que também participou da live mediada pelo InfoMoney. “Tem muito dinheiro barato disponível. Antigamente, essas startups não sobreviviam muito tempo porque não tinham muito dinheiro. Hoje elas conseguem sempre ser financiadas e com isso crescer.”

Na esteira da mudança regulatória e dos recursos fartos, vem a mudança do cliente. “Antes se pagava taxa em tudo, mas agora é conta sem taxa, cartão sem taxa…Então mudou a cabeça do cliente. Ele não quer só não pagar taxa, ele ainda quer cashback, quer receber o dinheiro de volta, é cruel a situação [dos grandes bancos]”, diz Bartunek.

O sócio da Constellation cita ainda outro fator que explica o avanço das fintechs: a queda da taxa básica de juros. Quando a Selic estava acima de dois dígitos, os bancos cobravam taxas de 2% ou 3% em fundos e o investidor não percebia. Com os juros na casa dos 3% ao ano, as altas taxas ficam mais aparentes e os bancos faturam menos. “Hoje o cliente consegue comparar tudo. E uma das grandes prioridades do BC hoje é a transparência para o cliente – e isso está promovendo a competição.”

Elevar a competição é uma das prioridades da atual gestão do Banco Central, sob comando de Roberto Campos Neto. Para isso, o BC criou a chamada Agenda BC#, que é baseada em cinco pilares: competitividade, inclusão, transparência, educação e sustentabilidade. Foi no âmbito dessa agenda que foram criados o Pix e o Open Banking, que completará sua implementação em dezembro.

Mais competição, retornos menores

O título usado por um relatório recentemente divulgado pela XP resume bem o cenário atual: “Setor financeiro, um grande mercado em disrupção”. No texto, analistas afirmam que a competição está chegando e um dos principais motivos para isso são as menores barreiras de entrada para novos entrantes por causa da tecnologia.

Segundo a XP, antes dos aplicativos de celular, os bancos tinham diversas vantagens, como: menor custo de captação e mais retorno com o acesso a milhões de clientes de varejo, dispostos a pagar taxas altas; menor inadimplência devido a décadas de armazenamento de dados de clientes; receita diversificada por meio de milhares de agências e funcionários que distribuíam diversos produtos a milhões de clientes; e alavancagem operacional após várias fusões e aquisições. “Esses fatores contribuíram para entrantes estrangeiros não conseguirem ganhar escala e competir com bancos locais.”

No entanto, diz a XP, agora as instituições conseguem ganhar escala com menos gastos com o uso da tecnologia. “Via celular, o Nubank alcançou clientes em todas as 5.570 cidades brasileiras, ganhou acesso a captação mais barata e capacidade de distribuição de seus produtos para mais de 30 milhões de clientes […]. Da mesma forma, o Inter atingiu um custo de captação de 49% do CDI em 2020 com apenas 2 mil funcionários e sem agências (ante 100% do CDI do Banco do Brasil com 92 mil funcionários e 4,4 mil agências)”, diz.

Em live no Instagram do InfoMoney, Paulo Weickert, analista da Apex Capital, diz que “tudo leva a crer que a competição vai ficar cada vez maior e a fatia de mercado que os grandes bancos ainda têm vai ser cada vez mais disputada”. “Os bancões vão continuar a existir, vão ser empresas muito saudáveis e rentáveis, com nível de retorno ainda bom, mas abaixo do que é hoje“, afirma.

O analista da Apex acredita que o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) dos bancos, hoje em 18,5% no caso do Itaú e 18,7% no caso do Bradesco, deve cair para cerca de 12% nos próximos anos. “Há opções melhores do que bancos para investir neste momento. Quem não investe hoje nos grandes bancos, vai encontrar em outras empresas e setores melhores oportunidades de investimentos”, opina.

O gráfico abaixo mostra que os altos retornos dos bancões estão ficando para trás. O ROE, indicador preferido dos analistas para medir a saúde financeira dos bancos, apresenta um declínio forte de 2006 até agora. Do pico de 26,98% em 2007, a mediana do ROE dos quatro maiores bancos de capital aberto caiu praticamente pela metade, para 13,73%, conforme mostra o levantamento abaixo da Economatica.

Menos rentáveis, mas ainda fortes

Os temores sobre a competição das startups apareceram em diversos comentários de analistas sobre os resultados de bancos no primeiro trimestre (veja qual banco se saiu melhor).

Ao comentar os balanços dos quatro maiores bancos de capital aberto, o Morgan Stanley citou riscos em comum às ações de todos eles: o desemprego e a recessão econômica e seus efeitos na inadimplência; o aumento das taxas cobradas de clientes; a alta exposição à volatilidade causada pelo déficit fiscal e pela inflação; e, por fim, a disrupção das fintechs.

Um dos pontos elogiados pela XP no balanço do Bradesco foram os cortes de custos, justamente por reduzir a distância do banco para as fintechs em termos de eficiência. “O Bradesco apresentou redução de custos de 5% na comparação anual […]. As despesas parecem estar caindo em todos os lugares, de pessoal a despesas administrativas específicas, e vemos isso como um movimento necessário com tanta concorrência vindo dos bancos digitais mais leves e empresas de varejo.”

Mas, mesmo com o cenário mais desafiador, é claro que ainda há espaço para os grandes bancos no mercado brasileiro.

Marcel Campos, analista de setor bancário da XP, que também participou da live no Instagram do InfoMoney, lembrou que as empresas ainda estão muito ligadas aos grandes bancos. principalmente por causa do crédito e pela necessidade de um atendimento mais focado, que cubra necessidades mais complexas, enquanto as fintechs focam mais em pessoas físicas.

“A rentabilidade pode cair no longo prazo, mas a influência dos grandes bancos vai continuar grande entre empresas. As fintechs padronizam o atendimento com o uso de algoritmos para ganhar escala, o que funciona mais fácil com pessoas físicas do que jurídicas. As empresas precisam de atendimento mais personalizado e de um volume maior de crédito, o que só encontram nos grandes bancos”, diz Campos.

Braga, da Encore, afirma que as receitas dos bancões se dividem, de forma geral, em: um terço crédito, um terço prestação de serviços, como cartão de crédito, e um terço seguros. “A parte que tem bastante disrupção é a prestação de serviços, em seguros vejo acontecendo menos, já que ainda é vantajoso ter seguro dentro de banco, mas a parte de crédito, essa vamos ver como vai ficar com o Open Banking”, diz.

Ele diz que operar no mercado de crédito no Brasil é complexo, até mesmo para os players tradicionais. “O Itaú, um banco brilhante na execução, já errou – e bastante – no início dos anos 2010, tanto em pequenas empresas quanto em crédito para veículos. Então, o pessoal vai ‘camelar’ um pouco mais, mas com a arbitragem regulatória e o Open Banking eu não vejo cenário bom para bancões, não“, afirma o sócio da Encore.

Florian Bartunek diz ainda que outro desafio dos novos entrantes é o receio que os brasileiros ainda têm de migrar seus recursos de bancos tradicionais para instituições mais novas. “Os bancos são bons, grandes, têm fortaleza no crédito, então concordo com o Braga que não vai ser fácil [para as fintechs]. Mas que o jogo mudou, claramente mudou.”

É hora de sair de bancos?

Apesar dos desafios estruturais e da queda nos ROEs, analistas afirmam que não é o caso de descartar o investimento em bancos.

Conforme explica Marcel Campos, o fato de as operações dos bancos serem menos rentáveis hoje não significa que eles vão gerar menos retorno aos acionistas. “É preciso sempre ver fundamento e preço. Se a rentabilidade cair 10% de maneira perpétua, por exemplo, mas o preço cair de maneira mais drástica, a ação pode se tornar ainda melhor. Uma coisa é a operação do banco e outra o investimento na ação. Mesmo uma empresa ruim pode trazer bons retornos aos acionistas”, diz.

Campos também ressalta que apesar de os quatro grandes bancos estarem imersos no mesmo contexto, há nuances entre eles, já que suas operações se diferenciam e o comportamento das ações também. Dentre os bancões, a XP tem recomendação de compra para Banco do Brasil, com preço-alvo de R$ 43, e Bradesco, com preço-alvo de R$ 27.

No caso do BB, o analista diz que a ação está muito descontada, negociando a um múltiplo de 0,6 vez o preço sobre o patrimônio. “A queda do ROE pode até piorar mais à frente, mas hoje a ação negocia com 40% de desconto sobre o seu patrimônio líquido, está muito descontada”, afirma o analista da XP.

Já em relação ao Bradesco, Campos justifica a recomendação de compra citando que as receitas de varejo de pessoa física e de crédito do banco têm se mostrado resilientes, e que um terço do lucro líquido banco é proveniente do braço de seguros, segmento que, segundo o analista, vem crescendo e tem potencial de avançar ainda mais.

A recomendação da XP, porém, é neutra para Santander (preço-alvo de R$ 32) já que os analistas enxergam que o banco vem provisionando pouco e isso pode ser um risco à frente com aumento da inadimplência. E também é neutra para o Itaú (preço-alvo de R$ 29) que, segundo a XP, tem apresentado queda na receita de itens importantes, como renda de tarifas e margem com clientes, o que torna o banco menos atraente frente aos pares, sobretudo considerando o ambiente mais competitivo.

Braga, da Encore, diz que a gestora não investe em nenhum dos quatro bancos hoje, mas tampouco riscou os bancos da lista de “ações compráveis”. “Em determinado nível de preço pode ser um bom investimento, mas é preciso notar que existe uma dinâmica diferente para as ações de grandes bancos com o cenário mais desafiador daqui para a frente.”

Ele acrescenta que a gestora está inclusive discutindo neste momento se deve incluir algum banco na carteira. “Estamos incorporando o cenário mais desafiador para ver se faz sentido. Não deixamos de olhar para bancão, longe disso. É preciso olhar o preço, afinal esses bancos não vão acabar agora, de forma alguma”, diz o sócio da Encore.

Em relatório publicado em janeiro, ao reduzir as recomendações de Itaú e Santander de compra para neutra – que se juntaram à recomendação já neutra para o BB -, o Bradesco BBI disse que apesar da expectativa de melhora dos lucros, incertezas de longo prazo podem afastar os investidores dos papéis.

“Incertezas provavelmente crescentes devem fazer com que os investidores fiquem cada vez mais céticos sobre as próximas mensagens a serem transmitidas pela indústria, e levantam preocupações sobre a sustentabilidade dos resultados daqui para frente, uma vez que desafios de longo prazo permanecem no radar (por exemplo, novos concorrentes, evolução do Pix, open banking)”, disse o BBI.

Hoje, o BBI tem os seguintes preços-alvos para os bancos: R$ 44 para o Banco do Brasil, R$ 33 para o Itaú e R$ 44 para o Santander.

Mais otimista, o Credit Suisse só não tem recomendação de compra para o BB entre os quatro maiores bancos, por causa dos riscos de interferência política. No início do ano, o banco suíço afirmou que o ano deve ser de ganhos para os bancos com o aumento da Selic, com o crescimento de 7% a 8% no crédito e o forte controle de custos, fatores que devem conduzir os bancos a um “ciclo de crescimento de ganhos de vários anos”.

O Credit tem preço-alvo de R$ 30,91 para o Bradesco, R$ 39 para o Itaú e R$ 53 para o Santander. Para o Banco do Brasil, cuja recomendação é neutra, o preço-alvo é de R$ 38.

Outra instituição a reforçar um cenário geral mais otimista para os bancos brasileiros foi o Bank of America, que elevou o preço-alvo para as ações do setor após os resultados do primeiro trimestre e prevê alta dos lucros dos grandes bancos, em média, de 33% em 2021, de 12% em 2022 e de 13% em 2023.

“Após o lucro líquido dos bancos superar as estimativas no primeiro trimestre do ano, revisamos as estimativas de lucro para 2021 em 5% para cima e em 4% para 2022 e atualizamos nossos preços-alvos, que agora sugerem 23% de alta em relação aos preços atuais, em média. Nossas novas estimativas refletem previsões de margem financeira mais altas e menores provisões para devedores duvidosos”, apontam.

O BofA destaca que o setor apresentou um desempenho abaixo do Ibovespa no acumulado do ano (de queda de 9% ante alta de 2% do benchmark do índice), colocando os múltiplos do setor de preço sobre o lucro (P/L) para abaixo da média histórica. Para os analistas, o ambiente de alta de taxa de juros e reabertura da economia sustentará lucros mais altos na segunda metade do ano, o que deve sustentar o desempenho das ações.

Eles também preveem que o retorno sobre o patrimônio liquido (ROE) do setor melhorará de 14,7% em 2020 para 17,4% em 2021, embora ainda abaixo dos 20,1% de 2019.

Os analistas do banco possuem recomendação de compra para Banco do Brasil, com preço-alvo sendo elevado de R$ 41 para R$ 43 (potencial de valorização de 36% frente o fechamento da véspera), para Bradesco, com preço-alvo mantido em R$ 31 (com upside de 24% para os ativos PN) e para o Itaú, com preço-alvo indo de R$ 32 para R$ 34 (upside de 17%). Já para o Santander Brasil, a recomendação é neutra, com preço-alvo sendo elevado de R$ 45 de R$ 46 (ou potencial de valorização de 16%), por conta de um valuation mais esticado e um balanço patrimonial mais fraco na comparação com os seus pares.

As recomendações de corretoras e bancos, compiladas pela Refinitiv, mostram que as ações do Bradesco são as preferidas dos analistas de longe. Santander é a ação menos indicada e aparece com mais recomendações neutras e de venda do que compra, refletindo o pessimismo com os papéis e os riscos do baixo provisionamento.

Banco do Brasil tem um número considerável de recomendações neutras e de venda, mas é também a ação com maior potencial de alta, já que suas cotações têm sofrido com os riscos de interferência política. E o Itaú aparece praticamente com o mesmo número de recomendações de compra e neutra do BB, mas com menor potencial de alta.

E as fintechs?

O ambiente mais competitivo também se reflete no mercado de capitais. O investidor tem mais opções para diversificar sua carteira de ações do setor financeiro com a chegada das fintechs na Bolsa.

“As fintechs têm aprendido cada vez mais o comportamento dos seus clientes para, no longo prazo, expandir sua carteira de crédito, seus produtos de investimentos e o cashback. As que acertarem vão ganhar dinheiro no longo prazo”, diz Weickert, que afirma que a posição da Apex no setor financeiro hoje está concentrada em ações de fintechs.

Em relatório divulgado sobre fintechs no último dia 10, o Bank of America traduz em números o ritmo de expansão dessas empresas. No texto, o banco destaca que os apps de fintechs somaram 20 milhões de downloads só em abril e dobraram a base de usuários ativos em relação a abril de 2020.

“Downloads permaneceram fortes em abril, ajudados por esforços de marketing, maior oferta de produtos e políticas de permanência em casa e restrições. […] Os downloads de todos os bancos tradicionais desaceleraram, principalmente o Caixa Tem, que continuou perdendo engajamento, sugerindo que grande parte de sua base baixada de 70 milhões (construída em um único ano) dependia fortemente da ajuda emergencial do governo”, diz o BofA.

Fonte: Infomoney

 

Cinco maiores bancos do país lucraram R$ 26 bilhões em três meses

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Banco do Brasil, Caixa, Itaú, Bradesco e Santander, os cinco maiores bancos do país somaram R$ 26,4 bilhões de lucro líquido no primeiro trimestre de 2021. Os três do setor privado acumularam R$ 16,9 bilhões, crescimento médio de 46,9% ante os primeiros três meses de 2020. O lucro da Caixa cresceu 50,3%, e o do Banco do Brasil, 44,7%. Os cálculos são da RBA.

Apesar do lucro, lembra o Dieese, o setor continua demitindo. Bradesco, Itaú e Santander fecharam 8.625 vagas. “E a redução de postos poderia ser ainda maior, não fosse o Itaú apresentar seus números considerando os funcionários de uma empresa que comprou (Zup, da área de tecnologia, adquirida em 2019). Na verdade, não são novos empregos”, afirma à RBA o secretário de Assuntos Socioeconômicos da Contraf-CUT, Mario Raia.

A economista Vivian Machado, do Dieese, observa que, em 2020, os bancos, receando calote, fizeram provisões para dívidas duvidosas (PDD). “Os índices de inadimplência estavam e continuaram muito baixos. As provisões acabaram maquiando o grande lucro que eles tiveram no ano passado, assim como tiveram este ano, mostrando, mais uma vez, que os bancos, com crise, ou sem ela, lucram muito.”

Na semana passada, a Caixa divulgou o balanço do primeiro trimestre, reportando lucro líquido de R$ 4,6 bilhões, crescimento de 50,3% sobre igual período do ano passado. Segundo levantamento feito pelo Dieese, a Caixa teve lucro nos últimos 18 anos.

Fonte: Monitor Mercantil

Dirigentes cobram inclusão de bancos na categoria de prioridade da vacina

Publicado em: 14/05/2021

O sistema financeiro mantém relação próxima ao presidente Bolsonaro, mas se esquece de defender que a categoria bancária seja incluída na lista de prioridades para a vacinação contra a Covid-19. A crítica é feita pela presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, coordenadora do Comando Nacional dos Bancários.

“Os representantes dos bancos vão jantar, fazem lives com o Bolsonaro, na quais discutem a venda de empresas públicas, inclusive dos bancos públicos, tratam de assuntos do interesse deles como essa reforma tributária e a administrativa, para acabar com a estabilidade dos servidores e funcionários das empresas públicas, mas não tratam de priorizar a categoria bancária para tomar a vacina”, criticou a presidenta da Contraf-CUT, coordenadora do Comando Nacional dos Bancários.

Atividade essencial

A atividade bancária é considerada essencial nos termos do Decreto n° 10.282 de 20 de março de 2020, alterado pelo Decreto n° 10.329 de 28 de abril de 2020, que regulamenta a Lei n° 13.979 de 6 de fevereiro de 2020 e tem por finalidade atender às demandas de todos os clientes, usuários dos serviços e de toda a sociedade, inclusive dos beneficiários das políticas públicas vigentes, como o auxílio emergencial.

“Bancárias e bancários estão na linha de frente no atendimento à população. Prestamos um serviço essencial que não é reconhecido nem pelos bancos e nem pelo governo. Temos várias categorias na lista de prioridade e a nossa categoria ainda não está incluída. A gente vê bancárias e bancários morrendo. É muito triste”, lamentou Juvandia Moreira.

Ofício

A Contraf-CUT enviou ofício ao Ministério da Saúde solicitando a inclusão da categoria no Plano Nacional de Imunização contra o coronavírus. No ofício enviado ao Ministério, a Contraf-CUT destaca que a atividade bancária “se mantém ativa e em funcionamento em todo o território brasileiro e a categoria bancária vem prestando o serviço com a máxima eficiência”, inclusive na “execução de políticas públicas de caráter social”. Vários sindicatos e federações já disponibilizaram para suas bases um abaixo-assinado virtual que cobra a inclusão da categoria bancária no grupo prioritário para a imunização.

Vacina para todos já

A defesa da inclusão da categoria não exclui a defesa de vacina para todos já, reivindicação atual, diante do atraso na aplicação da vacina. “Defendemos vacina para todos e que os serviços essenciais, como o dos bancários, que tem possibilidade de transmissão do vírus pela característica da atividade econômica, sejam incluídos como prioridade no Plano Nacional de Imunização”, explicou o secretário da Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT, Mauro Salles.

A Contraf-CUT também tem cobrado dos bancos dados sobre número de infectados, óbitos na categoria e sobre sequelas decorrentes da doença. A entidade também tem reivindicado informações sobre programas de testagens nas instituições bancárias, bem como o cumprimento dos protocolos de proteção à doença. “Vamos cobrar os dados para exigirmos do governo justiça no plano de vacinação, com a inclusão das categorias essenciais na lista,” completou Juvandia.

Fonte: Contraf-CUT

Bancos extinguem mais de 13 mil empregos durante a pandemia

Publicado em: 07/05/2021

Os bancos extinguiram mais de 13 mil empregos entre março de 2020 e fevereiro de 2021, portanto, durante a pandemia do novo coronavírus. Os dados, do Novo Caged – o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, que mudou sua metodologia a partir de janeiro de 2020 – mostram ainda que de janeiro de 2020 a fevereiro de 2021, o saldo de empregos nos bancos foi de menos 12.662 postos de trabalho. O saldo foi positivo apenas nos meses de janeiro, fevereiro, março e maio de 2020; nos demais meses, manteve-se negativo.

Assim, o setor bancário foi na contramão do setor financeiro de modo geral. O setor financeiro, excetuando-se os bancos, gerou 14.431 empregos nos últimos 12 meses (entre março de 2020 e fevereiro de 2021), com destaque para o crédito cooperativo (gerou 3.749 postos), administração de cartão de crédito (3.112 postos), Holdings de Instituições não Financeiras (2.490 vagas) e Planos de Saúde (2.198). Os bancos foram também na contramão dos demais setores da economia: o saldo de empregos no Brasil foi positivo com a geração de 411.956 vagas nos últimos 12 meses.

“Isso mostra que os bancos, apesar de terem se comprometido com o movimento sindical logo no início da pandemia, em 2020, a não demitir, descumpriram o acordo e desligaram milhares de trabalhadores e trabalhadores, em plena crise sanitária e econômica. O Sindicato vem cobrando, nas mesas de negociação com a Fenaban (federação dos bancos), que o setor bancário pare de demitir nesse momento tão grave pelo qual estamos passando, mas ainda não tivemos uma resposta positiva. Vamos continuar cobrando e nos mobilizando contra as demissões, até porque, apesar da crise financeira pela qual passa o país, os bancos continuam lucrando”, destaca a secretária de Comunicação do Sindicato, Marta Soares.

O saldo dos últimos 12 meses no setor bancário é resultado de 17.952 admissões contra 31.023 desligamentos. Dentre as admissões, 85,9% trata-se de reemprego, ou seja, um novo emprego para um trabalhador já integrante do mercado de trabalho formal. No que tange às demissões, 53,3% foram desligamentos sem justa causa.

Os “bancos múltiplos com carteira comercial”, categoria que engloba bancos como Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil, foram responsáveis pelo fechamento de 11.400 postos de trabalho nos últimos 12 meses. A Caixa Econômica registrou fechamento de 1.819 postos no mesmo período.

O saldo para o início do ano de 2021, segue negativo em 738 empregos, e no mês de fevereiro, última informação disponível, negativo em 544 vagas.

Saldo de empregos bancários por estados

Os piores saldos do setor bancário, entre janeiro de 2020 e fevereiro de 2021, foram registrados nos estados de São Paulo (-3.285), no Rio Grande do Sul (-1.807) e no Rio de Janeiro (-1.594). Apenas os estados do Acre e Pará apresentaram resultados positivos.

Desligamentos por morte

Os desligamentos por morte aumentaram durante a pandemia. Para a categoria bancária, em janeiro e fevereiro de 2020, antes portanto da pandemia, o número de desligamentos por morte foi de 28 trabalhadores, Já nos dois primeiros meses deste ano, os desligamentos por morte chegaram a 70, ou seja, 42 vidas a mais perdidas.

Para o conjunto do mercado de trabalho brasileiro, os desligamentos por morte também aumentaram quando comparados com período anterior ao da pandemia. Comparando primeiro bimestre de 2021 com o de 2020, cresceu 33%. Embora não exista o registro da causa da morte, pondera-se o considerável aumento em relação à média de janeiro a março de 2020, que era de 17 desligamentos por morte/mês.

Faixa Etária e Sexo

O saldo negativo de empregos no setor bancário foi maior entre as mulheres. No acumulado dos últimos 12 meses, o saldo negativo entre os homens foi de 5.464 postos, enquanto que entre as mulheres foi de 7.607 postos de emprego.

A abertura dos postos bancários concentrou-se nas faixas entre 17 e 24 anos, com criação de 2.765 vagas. Acima de 25 anos, todas as faixas apresentaram saldo negativo, com destaque para a faixa de 50 a 64 anos, com fechamento de 6.234 postos.

Salário médio

Em fevereiro de 2021, o salário mensal médio de um bancário admitido foi de R$ 4.880,38, enquanto que o do desligado foi de R$ 5.617,97, ou seja, o correspondente a 86,9% do salário médio do desligado.

Fonte: Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região

 

Bancos lucram no 1º trimestre mais do que em 2019 e 2020

Publicado em: 06/05/2021

Um ano após o solavanco inicial da pandemia, os três maiores bancos privados do País mostraram sólidos lucros. Juntos, Santander Brasil, Itaú Unibanco e Bradesco ganharam R$ 16,9 bilhões entre janeiro e março deste ano. A cifra representa uma volta à normalidade, após um 2020 em que as reservas para eventuais perdas com crédito combinadas superaram os resultados obtidos.

Em relação ao primeiro trimestre de 2020, quando dois desses três gigantes já reforçaram as provisões para enfrentar a crise que então se insinuava, o resultado combinado dos “bancões” saltou 46,7%. E também ficou R$ 300 milhões acima da soma dos lucros registrados no primeiro trimestre de 2019, quando o mercado ainda operava em ritmo normal.

Mas a saúde financeira exibida não foi suficiente para tranquilizar totalmente o mercado, que vem reagindo de forma volátil em relação às três instituições financeiras. O Santander, por exemplo, conseguiu agradar com um resultado recorde para o período e com desempenho bem distribuído entre as diferentes linhas de negócio. As ações do banco chegaram a subir mais de 10% no dia do balanço (a instituição divulga os resultados pela manhã).

Apesar do crescimento dos resultados, o mercado viu ainda feridas abertas no balanço do Itaú Unibanco e, na terça-feira, derrubou as ações do maior banco da América Latina em mais de 4%. As ações do Santander e do Bradesco foram arrastadas e recuaram 2,08% e 2,53%, respectivamente.

Anunciado após o fim do pregão na terça-feira, o lucro do Bradesco foi o único dos três a não superar as estimativas de analistas apontadas pelo Prévias Broadcast. As ações do banco chegaram a cair 2% no pregão de ontem, mas se recuperaram ao longo do dia, fechando em baixa de 0,25%.

Retomada. Na visão do presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, os balanços dos bancos mostram um horizonte de negócios começando a se desanuviar, após a tormenta provocada pela pandemia de covid-19.

“Estamos trocando as dúvidas sombrias por uma narrativa virtuosa”, afirmou o executivo no comunicado de divulgação do balanço do Bradesco. “Em termos objetivos, os bancos estão preparados para enfrentar o cenário desafiador da pandemia.”

A rentabilidade dos três voltou a um patamar considerado saudável por analistas. O Itaú ficou na ponta mais baixa do indicador, com um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) de 18,5%, enquanto Bradesco e Santander marcaram 18,7% e 20,9%, respectivamente.

A XP apontou, em relatório, que a situação ainda não está totalmente equacionada. “O Itaú divulgou diversos itens não sustentáveis, que ajudaram no resultado, enquanto áreas relevantes como rendas de tarifas, margem financeira com clientes e custos apresentaram desempenho abaixo do esperado”, apontou o documento.

Um contraste fica visível na comparação entre Santander e Itaú, principalmente: o comportamento da margem financeira das operações com clientes, que reflete o resultado das operações de crédito no varejo bancário. Enquanto o primeiro teve avanço de mais de 6% nessa rubrica, o segundo verificou um recuo superior a 5% nessa parte do balanço, entre janeiro e março deste ano.

Nas conferências com jornalistas e com analistas financeiros, o presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy, ponderou que, face à crise, o mix da carteira de clientes se alterou, com mais operações de atacado, de spread mais baixo, e menos com clientes de varejo.

Nessa última categoria houve ainda migração para empréstimos com carência, prazos mais longos e taxas contidas. Mas ele disse também que já notava em abril a retomada de linhas que garantem mais ganhos para o banco, o que poderia levar a melhores resultados mais adiante.

Em seu balanço, o Bradesco passou a mensagem de que as operações podem ficar mais rentáveis. A margem financeira da instituição ficou praticamente estável em relação à verificada nos últimos três meses.

Cautela

Para Lazari, há clima para o Bradesco “sair da defensiva” e buscar novos negócios que ampliem seu volume operacional. Essa noção, no entanto, continua baseada em uma cobertura de provisão para créditos de liquidação duvidosa, conhecidas pela sigla PDD, equivalente a 350% do saldo de empréstimos em atraso superior a 90 dias do banco.

Existe também a expectativa de que essa inadimplência ainda volte a ter repiques. No Itaú Unibanco, que há um ano deu o tom do conservadorismo que seria adotado na pandemia, as provisões excedentes não serão revertidas, segundo Maluhy. As reservas não precisaram ser usadas nesse primeiro trimestre, com taxas de inadimplência ainda comportadas, mas seguirão à disposição em caso de uma piora de cenário.

Fonte: Portal R7

 

Bancos vão devolver R$ 107 bilhões ao Tesouro em 2021 e R$ 92 bilhões até 2031

Publicado em: 29/04/2021

Os cinco bancos federais que receberam recursos da União se comprometeram a devolver R$ 198,8 bilhões ao Tesouro Nacional até o fim de 2031. O cronograma foi alinhado depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu em janeiro que as operações estavam em desconformidade com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

A maior parte da devolução dos recursos vai ocorrer nos próximos dois anos, sendo R$ 107 bilhões em 2021 e R$ 60,5 bilhões em 2022. As informações são do Valor Econômico.

O BNDES vai devolver R$ 100 bilhões em 2021, sendo que R$ 38 bilhões já foram pagos, enquanto para 2022 serão R$ 54,2 bilhões. Já a Caixa Econômica se comprometeu a devolver R$ 35 bilhões, sendo R$ 7 bilhões neste ano e depois em parcelas até 2031. O Banco do Brasil, por sua vez, vai devolver R$ 8,1 bilhões em oito parcelas entre 2022 e 2029.

O Banco da Amazônia (Basa), com devolução de R$ 1 bilhão, quer cinco parcelas de R$ 200 milhões entre 2022 e 2026. Já o Banco do Nordeste (BNB), com R$ 500 milhões, sugeriu três prestações de R$ 167 milhões entre 2022 e 2024.

Fonte: Gazeta do Povo

Lucro dos bancos deve voltar a patamar de R$ 120 bilhões em 2021

Publicado em:

Depois de cair 26% em 2020 sobre o ano anterior, o lucro líquido dos bancos deve retomar os níveis pré-pandemia, acumulando resultado nominal em torno de 120 bilhões de reais, disse nesta terça-feira o diretor de Fiscalização do Banco Central, Paulo Souza.

“No cenário-base é plenamente possível que os bancos voltem a ter um lucro nominal na faixa de 120 bilhões (de reais) e, tendo em vista o aumento de capital que foi realizado ao longo dos últimos anos, é possível você voltar a ter uma rentabilidade na faixa entre 15% e 16%”, disse Souza durante entrevista coletiva para comentar o mais recente relatório semestral de Estabilidade Financeira do BC.

O diretor destacou que a provisão feita pelos bancos em 2020 é suficiente para fazer frente aos riscos deste ano, mesmo com um cenário de crise.

Souza também disse esperar que a introdução do Pix gere reduções de despesas administrativas para os bancos que superem o impacto que o serviço terá sobre as receitas das instituições.

Fonte: Money Times

Banco do Brasil descumpre liminar e não paga gratificação de caixa

Publicado em: 23/04/2021

Depois da restruturação e mesmo com liminar para o pagamento, bancários do Rio de Janeiro e São José dos Campos não tiveram suas gratificações de caixa pagas pelo Banco do Brasil, em abril, segundo denúncias dos sindicatos. A liminar para o pagamento é nacional. Movimento Sindical já questionou e solicitou imediato ressarcimento.

Algumas reclamações aconteceram nas regiões do Rio de Janeiro e São José dos Campos de que o Banco do Brasil não pagou (em abril) a gratificação de caixa a todos que a recebiam até o dia 11 de janeiro, data em que o cargo foi extinto pela reestruturação, ainda na gestão André Brandão. A ordem para que a verba continuasse a ser paga e o cargo não fosse extinto foi dada pelo juiz Antônio Humberto de Souza Júnior, da 6ª Vara do Trabalho de Brasília, no dia 18 de fevereiro de 2021, em caráter liminar, sendo válida para todo o país. A decisão atendeu à ação movida pelo movimento sindical nacional.

O magistrado entendeu que a eliminação da gratificação mensal de caixa executivo para todos que exerciam tal função causaria uma “redução impactante sobre suas rendas”. E que “tanto a norma interna, quanto a norma coletiva, desautorizam a súbita e nociva alteração contratual maciça promovida pelo reclamado” (o Banco do Brasil).

Segundo a denúncia do sindicato do Rio de Janeiro, o BB cumpriu a ordem em março, mas, em abril, a verba não constava no contracheque de inúmeros funcionários. Embora o pagamento seja feito neste dia 20, o contracheque já pôde ser visto antes. A liminar continua em vigor e afirma que o banco fica obrigado a manter o pagamento da gratificação para todos os que estavam na função em 11 de janeiro de 2021.

“Até o momento o Sindicato dos Bancários de Santos e Região não soube de nenhum caso ou denúncia. Caso algum funcionário não receba a gratificação, denuncie e envie o contracheque comprovando o descumprimento da liminar para o e-mail santobancarios@uol.com.br”, afirma André Elias, dirigente do Sindicato e bancário do BB.

O movimento sindical nacional já entrou com questionamento e o imediato pagamento aos funcionários afetados pela ilegalidade.

Fonte: Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região

Bancos na pandemia: lucro de R$ 79 bilhões e menos 13 mil empregos

Publicado em: 22/04/2021

Os cinco principais bancos brasileiros tiveram queda média de 25,2% em 2020, o ano da pandemia, em relação ao anterior, mas ainda assim conseguiram lucro de R$ 79,3 bilhões. Ao mesmo tempo, fecharam agências (quase 1.400, com destaque para o Bradesco) e eliminaram perto de 13 mil postos de trabalho. Isso “em um ano de crise sanitária, econômica e social”, observa o Dieese, que divulgou levantamento sobre o setor.

“Os bancos já estavam em um processo intenso de reestruturação com grande volume de investimentos em tecnologias da informação, tendo como objetivo a melhoria de seus índices de eficiência e a expansão dos negócios com menores custos”, observa o Dieese, e com a pandemia esse processo se aprofundou. “Os balanços divulgados mostraram o crescimento significativo das transações financeiras pelos canais digitais – transferências, operações de crédito e investimentos –, bem como a abertura de grande número de contas de clientes 100% digitais.”

O instituto lembra ainda que milhares de profissionais do setor foram direcionados ao teletrabalho, ou home office, o que ajudou os bancos a reduzir custos de operação e levou ao fechamento de agências e escritórios. “Esse processo foi acompanhado da extinção de quase 13 mil postos de trabalho, somente em 2020, em plena crise sanitária e econômica, à revelia do compromisso dos bancos de não realização de dispensas, formalizado em acordo de abril de 2020, entre os bancos e o Comando Nacional dos Bancários”, aponta o Dieese.

Com isso, o número de empregados no setor foi de 404.585, em 2019, para 391.711 no ano passado. Menos 12.874 postos de trabalho, queda de 3,2%. Entre os cinco, a exceção foi o Itaú Unibanco, com crescimento de 2,7% (2.228 vagas), para um total de 83.919 funcionários. Segundo o Dieese parte desse saldo refere-se a contratações para a área de TI (tecnologia da informação), além de pessoal da Zup, adquirida pelo Itaú.

Empregos e agências

O Bradesco cortou 7.754 vagas, retração de 8%, e fechou 2020 com 89.575 trabalhadores. Já o Santander eliminou 3.220 (-6,7%) e ficou com 44.599. Entre os públicos, foram menos 2.611 na Caixa (-3,1%) e 1.517 (-1,6%) no Banco do Brasil. Com isso, a Caixa ficou com 81.945 e o BB, com 91.673. O Dieese usa como fontes as demonstrações financeiras dos bancos.

Os cortes podem continuar: o BB já anunciou “ajustes” neste ano, enquanto o governo insiste na privatização da Caixa. O Dieese destaca a importância da área pública para a economia, ainda mais em tempos de pandemia. A Caixa, por exemplo, pagou auxílio emergencial a 60 milhões de pessoas pelo país. “Esses bancos públicos possuem maior capilaridade e não se concentram, somente, nos grandes centros urbanos, como a maioria dos bancos privados.”

Ativos somam quase R$ 8 trilhões

De 1.364 agências fechadas em 2020, apenas o Bradesco respondeu por 1.083, quase um quarto do total em relação ao ano anterior. BB e Caixa ficaram estáveis, enquanto o Santander fechou 175 e o Itaú, 117. O total foi para 16.329 agências no país.

Se for considerado o período de 2012 a 2020, esse cinco bancos fecharam 63.077 postos de trabalho, o que corresponde a um corte de 13,9%. O BB cortou 22.489 (-19,7%) e a Caixa, 10.981 (-11,8%). Assim, os dois bancos públicos responderam por mais da metade (53,1%) dos empregos eliminados. No setor privado, o Bradesco cortou 13.810 (-13,4%), o Santander fechou 9.393 (-17,4%) e o Itaú Unibanco, 6.384 (-7,1%).

O total de ativos das cinco instituições somou R$ 7,9 trilhões em 31 de dezembro, aumento médio de 17,1% ante 2019. Valor superior ao do PIB nacional – de R$ 7,4 trilhões em 2020. “Boa parte dos ativos dos bancos corresponde às suas operações/carteiras de crédito, cujo montante totalizou R$ 3,6 trilhões, em 2020, com crescimento de 14,1% em relação ao ano anterior”, diz o Dieese. Já o patrimônio líquido subiu 10,1%, para R$ 592,1 bilhões.

Fonte: Rede Brasil Atual

 

BC aprova obrigatoriedade de bancos ofertarem Pix por agendamento

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A partir de 1º de setembro, as instituições financeiras serão obrigadas a oferecer o serviço do Pix Agendado, que é a possibilidade de o usuário pagador marcar o procedimento para uma data futura com o uso da chave Pix ou dados bancários de quem vai receber o dinheiro. A Diretoria Colegiada do Banco Central (BC) aprovou a nova alteração no Regulamento do Pix, anexo à Resolução nº 1, de 2020.

Desde o lançamento do Pix, o serviço de transferência instantânea do BC, em 16 de novembro de 2020, essa é uma funcionalidade facultativa. De acordo com o BC, o prazo de 1º de setembro é razoável para que todas as instituições façam os ajustes necessários no sistema e interfaces (aplicativos e internet banking). Tal medida visa ampliar ainda mais a comodidade dos pagadores, garantindo que todos os usuários, independentemente da instituição em que tenham conta, possam agendar um Pix, explicou o BC, em comunicado.

As instituições bancárias também ganharam mais prazo para se adequar ao Pix Cobrança, que será lançado em 14 de maio. A ferramenta permitirá cobranças com vencimento em datas futuras por meio da geração de um QR Code (versão avançada do código de barras).

A regra estabelece que as instituições participantes do Pix que não conseguirem proporcionar a experiência completa de pagamento (leitura do QR Code e pagamento em data futura) no período de 14 de maio a 30 de junho, terão que, no mínimo, possibilitar a leitura e o pagamento na data da leitura do código, com todos os encargos e abatimentos calculados corretamente. De acordo com o BC, será um período transitório, que dará às instituições tempo adicional para finalizar as alterações nos sistemas.

A partir de 1º de julho, então, todos os participantes precisarão ser capazes de fazer a leitura do QR Code e também possibilitar o pagamento deste para data futura.

O BC destacou que, desde o lançamento do Pix é possível fazer a leitura de QR Code para pagamentos imediatos. “Já a oferta do Pix Cobrança (geração das cobranças com Pix e demais funcionalidades associadas a gestão das cobranças) é facultativa aos participantes, sendo obrigatória apenas a oferta de serviço de geração de QR Code estático aos usuários recebedores pessoa natural”, explicou o BC.

A implementação do Pix Cobrança já foi adiada em outras ocasiões.

Auxílio emergencial

O BC também definiu que, a partir de 30 de abril, recursos recebidos do auxílio emergencial 2021 poderão ser movimentados por Pix. A única exceção será para os casos de transferência para conta de mesma titularidade. Segundo a instituição, tal excepcionalidade é necessária para a proteção dos usuários, uma vez que esses recursos não podem ser objeto de descontos ou de compensações que impliquem a redução do valor do auxílio.

Sistema de pagamentos instantâneos do BC, o Pix permite a transferência de recursos entre contas bancárias 24 horas por dia. As transações são executadas em até 10 segundos, sem custo para pessoas físicas. Para usar o Pix, o correntista deve ir ao aplicativo da instituição financeira e cadastrar as chaves eletrônicas, que podem seguir o número do celular, o e-mail, o Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), para pessoas físicas ou o Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), para empresas.

O usuário também pode gerar uma chave aleatória, com um código de até 32 dígitos ou mesmo usar os dados da conta. Cada chave eletrônica está associada a uma conta bancária. Pessoas físicas podem ter até cinco chaves por conta. Para pessoas jurídicas, o limite sobe para 20.

Fonte: Agência Brasil

 

Forbes lista melhores bancos do Brasil; veja o ranking sem o BB

Publicado em: 15/04/2021

A revista estadunidense Forbes elencou os dez melhores bancos do Brasil . A classificação divulgada nesta terça-feira (13) faz parte do relatório “World’s Best Banks 2021”, que avalia a satisfação dos clientes de 28 países. O Nubank ficou em primeiro lugar.

O levantamento é da empresa alemã de estatística, Statista. Mais de 500 bancos foram analisados. É a 3ª vez consecutiva que o Nubank é o mais bem avaliado no Brasil.

De acordo com a Forbes, ao invés de avaliar os balanços e declarações de lucros e perdas – como é feito com os 100 maiores bancos de capital aberto dos Estados Unidos – o relatório pesquisou a opinião de mais de 43.000 clientes no mundo inteiro sobre seus relacionamentos com os bancos.

Foram levadas em conta a satisfação geral em confiança, taxas, serviços digitais e consultoria financeira das instituições.

Veja a lista:

  1. Nubank
  2. Banco Inter
  3. C6 Bank
  4. PagSeguro
  5. Neon
  6. Next
  7. Sicredi
  8. Itaú
  9. Banco BMG
  10. Caixa
  11. Santander
  12. Bradesco
  13. Banco Original
  14. Sicoob
  15. Banrisul

O Banco Inter e o C6 Bank completam o pódio brasileiro, que não conta com o Banco do Brasil. As três instituições financeiras oferecem abertura de contas por aplicativos e sites.

Em comunicado à imprensa, o Nubank afirmou que registrou, em 2020, 36.000 novos clientes por dia, em média. Hoje, a FinTech tem 35 milhões de usuários.

Fonte: Portal IG

Com pandemia, bancos brasileiros devem voltar a ampliar prazo de dívidas

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Após renegociarem quase R$ 1 trilhão em contratos de empréstimos no ano passado, suspendendo mais de R$ 146 bilhões em parcelas de financiamentos, os maiores bancos do país já começam a perceber novas dificuldades dos clientes neste momento mais grave da pandemia. Embora o consenso do setor financeiro seja de que a crise atual será menos profunda do que em 2020, algumas instituições financeiras se planejam para uma nova etapa de medidas de apoio ao crédito de empresas e famílias.

Segundo o economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Rubens Sardenberg, a perspectiva agora é de que, embora a pandemia esteja mais forte em 2021, o efeito para a economia deve ser mais concentrado. “Há perspectiva de vacinação, que ainda que lamentavelmente esse processo esteja atrasado. Mas há a perspectiva de que a situação vai melhorar a partir do segundo semestre.”

Ele admite, porém, que há alguns sinais de alerta no horizonte. “Alguns bancos já estão em processo de renegociação – não amplo, mas focado. Não adianta cobrar um dono de restaurante que não pode abrir”, diz o economista da Febraban.

O diretor executivo do Bradesco, José Ramos Rocha Neto, conta que o banco sequer chegou a fechar as portas da renegociação de crédito desde o início da pandemia. “Por mais que o sistema permaneça aberto desde o ano passado, muitas vezes o cliente não se lembra dessa opção. Quando vejo que há uma redução no fluxo de caixa de uma empresa, posso já oferecer a prorrogação”, diz.

Ainda assim, Rocha acredita que as dificuldades dos correntistas do Bradesco serão menores neste ano. “Boa parte das empresas criou alternativas para continuarem abertas e hoje já estão preparadas para atuar por meio digital. Vimos isso no setor de alimentação em 2020. Já houve esse aprendizado.”

O Estadão/Broadcast procurou os cinco maiores bancos do Brasil para saber quais medidas já vêm sendo tomadas por eles no crédito. O Itaú Unibanco respondeu que ainda não adotou novas ações. “No momento, não vemos necessidade de estender o programa de flexibilização de créditos (o Programa Travessia). Isso não impede que continuemos a discutir situações pontuais de nossos cliente”, afirmou, em nota.

Já o Santander informou já ter tomado duas medidas neste ano para facilitar os pagamentos dos contratos de crédito. Uma delas foi a prorrogação por mais três meses da carência nas operações de giro para empresas. De acordo com o banco, 35% das firmas que usam a linha aderiram à opção. Para pessoas físicas, o Santander lançou condições especiais para clientes e não clientes no empréstimo pessoal, no consignado e no financiamento de veículos.

O Banco do Brasil informou que oferece linhas de renegociação que contemplam até seis meses de carência, todas customizadas de acordo com o perfil do cliente.

A Caixa Econômica Federal declarou que tem proporcionado aos seus clientes a possibilidade de pausa em contratos de crédito e condições facilitadas para renegociação de dívidas. Para as micro e pequenas empresas, por exemplo, o banco ampliou o prazo de carência para início do pagamento do financiamento do Pronampe de 8 para 11 meses.

Fonte: CNN Brasil

Pandemia derruba pelo segundo ano projeções para a economia brasileira

Publicado em: 08/04/2021

O ano começou com expectativas positivas para a economia brasileira, retomada era a palavra de ordem, analistas previam o Ibovespa chegando a 130 mil pontos e o PIB crescendo cerca de 4%. Mas, pelo segundo ano, a pandemia fez cair por terra as previsões. Para acomodar nas projeções de 2021 o pior momento da crise sanitária, juros maiores e deterioração fiscal, bancos revisaram suas projeções para o PIB do Brasil para algo mais próximo a 3%, com os mais pessimistas prevendo crescimento na casa dos 2%.

As revisões de importantes bancos de investimento, como Credit Suisse, Barclays, Morgan Stanley e outros vieram principalmente após a elevação da taxa Selic em 0,75 ponto percentual e a sinalização do Banco Central de que o ciclo de alta de juros será mais intenso e rápido do que o esperado. Além dos juros mais altos, que contribuem para reduzir a atividade, os bancos citam as restrições provocadas pela pandemia como motivo para as reavaliações de cenário.

Os dois fatores – pandemia e juros altos – se conectam e retroalimentam. Juros sobem com aumento da inflação. O avanço dos preços é explicado, em boa parte, pelo dólar alto, fruto do enfraquecimento da economia e aumento do risco do país, e pelas restrições nas ofertas, ambas questões ligadas à pandemia.

Além das instituições privadas, no último dia 25, o Banco Central também reduziu a expectativa para a economia deste ano, de 3,8% para 3,6%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI). Segundo o BC, a decisão foi motivada pela “incerteza acima do usual” sobre a economia e das possíveis respostas de governantes, empresas e população à crise sanitária.

O Boletim Focus do Banco Central, que reúne as projeções dos principais bancos e instituições financeiras do país para a economia, mostra que o mercado começou o ano esperando alta de 3,41% do PIB do Brasil em 2021 (previsão da edição de 08 de janeiro). Diversas quedas depois, o mais recente Focus já mostra que os economistas esperam agora avanço de 3,18%.

Veja a seguir os bancos que revisaram projeções para o PIB e o cenário econômico brasileiro e as justificativas.

Credit Suisse

O banco Credit Suisse reduziu nesta semana as projeções de crescimento do PIB de 3,7% para 3,2% para 2021 e de 2,9% para 2,4% para 2022. As justificativas foram: o ciclo de alta de juros mais forte que o esperado; a aceleração da inflação; e o agravamento da pandemia. Três fatores que devem ter um impacto maior na atividade econômica do que o esperado, segundo o banco suíço.

“A retomada da atividade econômica observada desde o terceiro trimestre de 2020 deve ser temporariamente interrompida em março de 2021 devido à adoção de medidas de distanciamento social e ao aperto das condições financeiras. A recuperação do lado da oferta da economia foi adiada para meados do segundo trimestre”, diz o relatório do Credit.

Com a inflação pressionada, os analistas esperam que a Selic continue sendo elevada em 0,75 ponto percentual nas próximas cinco reuniões seguidas do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), o que deve levar a taxa para 6,5% ao ano no final de 2021, patamar que deve ser mantido ao longo de 2022.

“Em nossa opinião, o Banco Central não conseguirá implementar uma normalização parcial, como consta dos documentos oficiais, e precisará aumentar as taxas para perto do nível neutro [nível de taxa que mantém a inflação estável]. Isso porque a inflação deve seguir pressionada nos próximos trimestres, atingindo 5,1% no final de 2021, acima do centro da meta do Banco Central de 3,75%”, afirma o banco.

Barclays

Em revisão de cenário realizada no meio de março, o Barclays afirmou que a América Latina continua sendo duramente afetada pela pandemia, ressaltando que o Brasil vive a situação mais dramática entre os países da região. O banco britânico diz que o crescimento brasileiro será mais fraco do que o previsto anteriormente e que a recuperação será bastante gradual e dependente do progresso de vacinação.

Ainda que os dados de atividade econômica brasileira tenham ficado acima das expectativas no quarto trimestre de 2020 e em janeiro de 2021, segundo o Barclays, a tendência positiva não deve se manter diante da piora das condições financeiras e da nova rodada de “lockdowns”.

Por essas razões, o banco revisou a projeção para o PIB deste ano de 3,5% para 3,2%. Se as previsões se concretizarem, o Brasil ficará na lanterna do crescimento econômico em relação aos seus pares. O banco britânico prevê alta de 5% para o PIB do México, 6% para a Colômbia, 6,5% para a Argentina, 7,5% para o Chile e de 8,8% para o Peru.

Bradesco

O Bradesco cortou a projeção do PIB do Brasil de 3,6% para 3,3% nesta quinta-feira (1). O banco também revisou a expectativa para o IPCA deste ano, de 3,9% para 5% e a previsão para a Selic de 4% para 5,25% . O dólar para 2021 também foi elevado, de R$ 5,30 para R$ 5,60.

Segundo o banco, as incertezas fiscais têm elevado os prêmios de risco, piorado as condições financeiras e impedido uma estabilidade da taxa de câmbio, adicionando incerteza ao cenário. Segundo relatório assinado pelo economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato, a retomada esperada no cenário base pode não se materializar.

Por outro lado, o Bradesco afirma que um desfecho positivo para as questões fiscais e para o manejo da pandemia têm potencial para acelerar o crescimento e surpreender as expectativas positivamente, inclusive com efeitos sobre a taxa de câmbio, a inflação e os juros.

Itaú

O Itaú Unibanco reduziu a expectativa para o crescimento do PIB de 4% para 3,8% em 2021 e de 2,5% para 1,8% em 2022. As razões são parecidas com as dos outros bancos: o aumento do risco fiscal e a deterioração das condições financeiras impedem a manutenção dos juros em patamares mais baixos e reduzem a perspectiva de crescimento.

O Itaú também revisou a expectativa para a taxa de desemprego, que subiu de 14,2% para 14,3% no fim de 2021 e de 13,3% para 14,2% no fim de 2022. “O crescimento do PIB esperado para 2022 (1,8%) é próximo ao potencial e, portanto, insuficiente para gerar recuo na taxa de desemprego.”

O banco afirma que a segunda onda de Covid-19 e o aumento de medidas de restrição devem levar a uma queda mais intensa do setor de serviços, mas os impactos sobre a atividade como um todo devem ser mais limitados do que na primeira onda, segundo o relatório divulgado em meados de março. Já o varejo e a indústria devem ser favorecidos pelo auxílio emergencial e pelos estoques baixos.

No documento, o Itaú também destacou que a PEC emergencial aprovada no Congresso viabilizou a nova rodada de auxílio emergencial e que, com o auxílio e compra de vacinas, os gastos não sujeitos ao teto devem somar R$ 65 bilhões em 2021.

A principal contrapartida ao auxílio, segundo o Itaú, foi a regulamentação dos gatilhos do teto de gastos, que garantem “uma melhora permanente do marco institucional fiscal”, e que serão importantes para a manutenção do ajuste fiscal, após o fim da pandemia.

Mauá Capital

Saindo do espectro dos bancos, a gestora Mauá Capital também prevê um período mais turbulento que o esperado para a economia nos próximos meses. Em entrevista concedida há duas semanas ao Radar InfoMoney, programa diário de notícias de economia, transmitido ao vivo no Youtube do InfoMoney, Luiz Fernando Figueiredo, CEO da Mauá e ex-diretor do Banco Central, traçou uma expectativa para a economia brasileira ainda pior do que a dos bancos, com crescimento na casa dos 2%.

O economista afirmou que com os meses de março e abril sendo “dramáticos em relação à pandemia”, o país verá uma queda muito forte de atividade. “O desemprego vai subir, empresas que já estavam tentando se segurar vão ficar mais um bom tempo paradas, vamos ver fechamento de restaurantes, bares. Vai ser um período meio infernal”, projeta. “Estamos caminhando para uma economia que vai crescer neste ano algo em torno de 2,5% ou talvez menos”, diz Figueiredo.

Ele ressalta, porém, que apesar de o governo ter “flertado com a irresponsabilidade fiscal, “a PEC Emergencial saiu bastante razoável”. “Isso garantiu uma certa ancoragem fiscal – numa situação de muita fragilidade, é verdade-, mas isso abre espaço para um ambiente menos tortuoso para o resto do ano.”

Por essa razão, o câmbio e outros ativos tendem a ficar menos pressionados passados os piores meses da pandemia, segundo Figueiredo. “Nós teremos uma trajetória muito difícil, mas os ativos têm implícitos no preço deles quase que uma grande descontinuidade e isso não vai acontecer, já esticaram demais, agora têm que voltar um pouco. Não vai ser uma volta exuberante, mas os ativos estão bem mais descontados do que deveriam”, afirma o CEO da Mauá, que acredita que o Ibovespa pode voltar aos 125 mil pontos este ano.

Assim como o Morgan, Figueiredo também mencionou a preocupação do mercado sobre uma eventual virada populista de Bolsonaro com a entrada de Lula no páreo. Mas ele avalia que os discursos de Lula têm sinalizado que ele não deve se caminhar para o centro. “Em função disso, minha visão, que é bem contrária à de muitos analistas, é que para fazer frente ao populismo de Lula, Bolsonaro vai caminhar para um caminho mais em ordem, de responsabilidade fiscal”, diz.

Mas ele pondera que o risco de uma guinada populista no governo não está descartado. “Existe esse risco, sim, e aí o país teria uma chance enorme de entrar em recessão, porque nós já estamos com uma fragilidade tão grande que o sistema não aguenta mais muito desaforo. É um país que tem muita dificuldade para crescer e o populismo seria a pá de cal no crescimento, na recuperação de emprego, etc.”

Goldman Sachs

Apesar de não ter revisado as estimativas sobre o crescimento da economia brasileira, em meados de março o banco Goldman Sachs reduziu a exposição em ações brasileiras de overweight (acima da média do mercado) para neutra em seu portfólio da América Latina, enquanto elevou exposição no México para overweight.

“Embora reconheçamos que os ativos estão negociando relativamente a múltiplos baixos e que podem negociar a patamares melhores se o ritmo da vacinação aumentar, não temos uma opinião forte sobre uma recomendação direcional, considerando a alta volatilidade esperada daqui para frente, devido ao início muito prematuro do debate presidencial de 2022 e à piora da inflação e da dinâmica do emprego, com a escalada da pandemia”, afirmam os estrategistas do banco.

Apesar de rebaixar o Brasil para neutro, o banco elevou a exposição ao México por acreditar que os estímulos fiscais dos Estados Unidos devem resultar em maiores remessas ao país (que aumentaram 11% em 2020, chegando a 3,8% do PIB), além de forte um desempenho das exportações e da produção industrial.

“O risco político, que sempre é uma questão que assombra nossa visão do México, está inegavelmente presente em praticamente todos os países da região. Embora o Chile seja considerado para uma possível atualização, achamos que o mercado está em um bom patamar no país”, destacam. Assim, as recomendações para a América Latina são de overweight para o México, neutro em Brasil e Chile e underweight (exposição abaixo da média) para Peru, Colômbia e Argentina.

UBS

O UBS também não revisou especificamente as expectativas para o PIB, mas divulgou um relatório na semana passada destacando a piora no cenário econômico brasileiro. “Um sentimento geral de desânimo e pessimismo está pairando sobre o Brasil. Um ano após a pandemia começar a se espalhar no país, brasileiros estão vivendo a pior fase da crise de saúde”, dizem os analistas.

Na frente econômica, o banco afirma que o aumento da inflação e das expectativas levaram o Banco Central a iniciar um novo ciclo de aperto dos juros.

Na política, eles dizem que a incerteza de curto prazo foi reduzida após a aprovação no Congresso da PEC Emergencial e acreditam que novas reformas, como a Administrativa, estão em pauta e podem passar nos próximos meses. No longo prazo, porém, eles afirmam que o cenário é “turvo” após a decisão do Supremo Tribunal Federal que permitiu ao ex-presidente Lula disputar as eleições de 2022.

“Assim, os mercados podem não ver muitos bons motivos para estar otimistas com o Brasil, mas vale a pena notar que a maioria das más notícias já está embutida nos preços”, diz o relatório do UBS.

O banco afirma ainda que, apesar dos atrasos na vacinação, eles acreditam que o Brasil pode imunizar a maior parte, senão todos, os 160 milhões de adultos da população até o final de 2021 (veja mais).

Fonte: Infomoney

 

 

 

Transferências para grandes bancos encolhem 38% nos últimos três anos

Publicado em: 25/03/2021

Quase todos os pagamentos (99%) até dezembro de 2017 (incluindo pessoas físicas e jurídicas) se concentravam nos cinco maiores bancos brasileiros (Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa), segundo levantamento feito pela plataforma de automação de pagamentos da Transfeera. Ao fim de dezembro de 2020 essa parcela passou a representar 61% das transferências, uma queda de 38,4% em três anos.

A queda de participação dos bancos tradicionais é decorrente do crescimento dos bancos digitais, especialmente do Nubank, que em dezembro do ano passado representou 15% do total de pagamentos realizados por meio da Transfeera.

Levando em consideração apenas as transferências para pessoas físicas, os grandes bancos representavam 55% dos pagamentos no fim de 2020, bem menos que os 80% três anos antes.

Nas transferências entre pessoas físicas, o Banco do Brasil foi o que mais sofreu. Em dezembro de 2017, 33% dos pagamentos realizados pela Transfeera tinham como destino o banco estatal e três anos depois essa parcela caiu para 10%.

O Bradesco segue em uma trajetória estável, recebendo cerca de 14% dos pagamentos realizados no fim de 2020 e o Nubank ficou com 18% das transferências entre pessoas físicas.

Para Carlos Augusto de Oliveira, diretor de tecnologia da associação brasileira de bancos (ABBC), a realidade constatada no ambiente de pagamentos da Transfeera “demonstra uma tendência clara de utilização crescente desses ‘neo-bancos’ ao escolherem de forma crescente estas instituições digitais como plataforma para recebimento do seu fluxo financeiro, o que significa uma opção de uso prioritário no seu dia-a-dia”.

Nas transferências para contas de pessoas jurídicas, o banco que mais sofreu com perda de clientes é a Caixa Econômica Federal. Em dezembro de 2017 ela representava 24% dos pagamentos e no mesmo mês do ano passado foi apenas 6%. Do outro lado, o Banco Inter hoje representa 10% das transferências recebidas.

A participação do Nubank é menos expressiva em contas empresariais e representavam 7% do total de pagamentos. Segundo a Transfeera, a parcela pequena é sinal de que as contas de pessoas jurídicas no Nubank têm como foco empreendedores individuais.

“Mecanismos de liquidação digital e instantâneas e ecossistemas de compartilhamento e integração, trazidas pelo Pix e open banking tendem a pressionar ainda mais os bancos tradicionais, obrigando-os a acelerar a agenda de transformação ao mesmo tempo que acirra a competição com fintechs com estruturas mais leves e ágeis por definição”, afirma o diretor da ABBC.

O estudo analisou um montante de 3,2 milhões de transferências bancárias, realizadas entre abril de 2017 e dezembro de 2020 na plataforma de automação de pagamentos da Transfeera. Do total de transferências, 2,3 milhões (73%) tiveram como destino pessoas físicas e 861 mil (27%) pessoas jurídicas.

Fonte: Valor Investe

 

Bancos vão mostrar boa recuperação em 2021; BB e Bradesco são as melhores

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O setor bancário brasileiro deve apresentar uma boa recuperação em 2021, afirmou o Safra. Os analistas defenderam, em relatório divulgado ontem, que o aumento das taxas de juros pode beneficiar os resultados das empresas no médio prazo, uma vez que elas devem reavaliar seus produtos de empréstimo, aumentar a remuneração de sua própria base de capital e melhorar os resultados financeiros de seguros.

“Esperamos uma boa recuperação dos resultados para 2021com base na redução significativa do custo do crédito, considerando que 2020 foi um ano em que os bancos construíram enormes provisões para perdas com empréstimos e o pico de inadimplência pode não ser tão forte quanto inicialmente esperado”, afirmou a instituição.

Com a temporada de resultados do quarto trimestre de 2020 perto do fim, o Safra atualizou os números do setor. Uma das mudanças foi a recomendação do BTG Pactual (BPAC11), que passou de neutra para compra, bem como o preço-alvo por unit, que subiu de R$ 92 para R$ 111.

O novo rating do banco tem como base o cenário favorável projetado para o mercado de capitais no Brasil.

“O mercado de capitais brasileiro parece apresentar forte recuperação apoiada por um ambiente de taxas de juros muito baixas. Acreditamos que o BTG pode capturar esse efeito positivo no mercado de capitais”, explicou o Safra.

Além disso, a empresa possui um portfólio diversificado que vai desde vendas e negociação até gerenciamento de patrimônio, criando possibilidades para explorar oportunidades de venda cruzada.

No caso do Banrisul (BRSR6), a recomendação foi rebaixada de compra para neutra e o novo preço-alvo ficou em R$ 19 (de R$ 22). Para a tese de investimento da companhia, o Safra considerou um custo de capital mais alto e um ROE (retorno sobre o patrimônio) de longo prazo mais baixo.

Apesar de aumentar a confiança no BTG, o Safra manteve Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3) como preferências no setor. Ambas as companhias têm recomendação de compra e preços-alvo de, respectivamente, R$ 36 e R$ 50.

“Em nossa opinião, além de ambos os nomes terem bom potencial de alta, eles ainda estão negociando a múltiplos atraentes (Bradesco está negociando a 9 vezes P/L [preço sobre lucro] projetado para 2021, enquanto Banco do Brasil está a 5 vezes)”, destacou a instituição.

As perspectivas para Itaú Unibanco (ITUB4) e Santander (SANB11) continuam positivas. O Safra também possui recomendação de compra para os dois bancos: o Itaú porque a ação está sendo negociada a múltiplos baixos após a cisão parcial com a XP e o Santander devido à expectativa de ROE mais forte para 2021, além da cisão da Getnet. Os preços-alvo indicados são de R$ 38 e R$ 53, respectivamente.

Fonte: Money Times