O escriturário de uma agência do Banco do Brasil, Thiago Figueiredo conta com a ajuda de uma “funcionária” especial para as funções do dia a dia. Thiago é deficiente visual e, há três meses, é assessorado pela golden retriever Mellie – um cão-guia de 1 ano e 9 meses que tem dupla jornada de trabalho.
Pela simpatia e pelo bom desempenho no trabalho, o animal recebeu uniforme e até crachá, que ela carrega junto à guia. Na identificação, uma foto e o nome estampados. Mellie acompanha o dono em todos os momentos no banco.
De acordo com Thiago, durante o expediente, a companheira leva o trabalho a sério. “Quando está com a guia, ela fica muito compenetrada e sabe que está em ‘serviço’.”
Na agência, a cachorrinha ganhou um espaço só pra ela. “Eu coloquei um colchonete ao lado da minha mesa de trabalho, ela deita e fica lá, tranquilona. Tem até um ossinho”.
Nos intervalos, os dois saem para uma caminhada – e o dono já sabe identificar os sinais de que está na hora da Mellie fazer as necessidades, de duas a quatro vezes por dia. Por ser cão-guia para pessoas cegas, o animal é treinado para respeitar comandos de voz e evitar situações de perigo. “Ela me desvia de todos os obstáculos, buracos, placas e pessoas”, explica.
No caso do Thiago e da Mellie, os comandos são emitidos em inglês porque a golden retriever foi treinada nos Estados Unidos. A escolha de procurar um animal fora do país, segundo o escriturário, foi tomada após aguardar por 10 anos na fila de espera de instituições brasileiras e, mesmo após este tempo, não ter previsão para receber a doação.
De acordo com Thiago, a instituição americana treina em média 160 animais por ano. No Distrito Federal, segundo os dados repassados pela Associação Brasiliense de Ações Humanitárias (ABA), em 11 anos, 49 animais foram entregues a pessoas com deficiência visual.