O Banco do Brasil deve aprimorar sua carteira digital com aplicativo próprio e estrutura para pagamento de contas e recebimento de valores até o fim do segundo semestre deste ano. A ideia é permitir que qualquer usuário tenha acesso ao sistema, mesmo sem ser correntista do banco.
O produto será melhorado a partir da carteira digital já utilizada pela instituição financeira desde o ano passado para repassar os benefícios emergenciais a mais de 3 milhões de usuários durante a pandemia. A promessa foi feita pelo diretor de pagamentos do banco, Edson Costa, durante painel virtual sobre tendências de pagamento, acompanhada pelo portal Telesíntese.
O BB identificou um crescimento de 800% no pagamento com cartões de débito e mais de 200% no crédito nos últimos meses. Clientes pessoa jurídica, especialmente os pequenos empreendedores, teriam sido o segmento que mais impactou nisso, já que precisaram adaptar seus negócios ao modelo digital. Segundo Costa, o lançamento do Pix também ajudou a popularizar as transações online.
Por enquanto, ainda não há mais detalhes sobre como funcionará a carteira e quais serviços serão oferecidos. O que se especula é que ela possa ter os moldes de outras já existentes, como o Claro Pay e o WhatsApp Pay.
Bancos buscam modernização
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu no fim do mês passado a importância de integrar mecanismos de pagamento às mídias sociais. Em uma live, o executivo antecipou que o WhatsApp seria aprovado pela autoridade regulatória e que prevê uma expansão do setor nos próximos anos.
O Banco do Brasil já é reconhecido por ter um sistema avançado de internet banking e de ter sido um dos pioneiros do segmento. Agora, ao que tudo indica, um dos maiores — e mais tradicionais — bancos do país pretende dar passos ainda mais ousados nao ambiente digital. Isso pode ser extremamente positivo, pois deve estimular as outras instituições financeiras a se modernizarem, inclusive com a oferta de mais serviços online e a possibilidade de aquisição de criptoativos.
Expansão do cenário digital
Estudo desenvolvido pela Minisait Payments com mais de 2 mil usuários na Europa e nas Américas revelou que nove em cada 10 executivos acredita que o isolamento foi benéfico para o mercado de meios de pagamento. Para se ter uma ideia: mais de 63% deles disseram que adotaram os meios eletrônicos como principal forma de colocar as contas em dia.
Mesmo com a maior adoção do cartão, o boleto bancário ainda correspondeu por 55% do volume total das transações realizadas no país, em 2020. Para 2021, a Minisait estima queda para algo em torno de 18%. Afinal, com o Pix, o boleto perde um pouco do seu propósito, já que o concorrente é mais rápido e permite controlar melhor a quem será destinado o pagamento.
A chegada da figura do Iniciador de Pagamento, estabelecida em resolução do Banco Central, como facilitador das compras online também poderá ajudar a reduzir o uso do boleto. Na visão de Costa, o Pix também deve tomar o lugar da TED e do DOC aos poucos. “O Pix ampliou o escopo da utilização do meio de pagamento, porém a grande revolução na indústria ainda está para acontecer com o open finance”, explicou.
Já no Mercado Livre, 80% das compras são realizadas por meio de celular ou tablet, sendo que quase a metade dos usuários (45%) continuará a usar sistemas de pagamento via internet. Só no período da pandemia, o site teve um crescimento de 9 milhões de novos usuários na sua base de clientes. Os dados são de Elaine Shimoda, head de inovação em pagamentos e parcerias do Mercado Pago.
Parece que a pandemia veio para obrigar o mundo a adentrar no ambiente digital e esse é um caminho sem volta. As empresas investem em novas funcionalidades e recursos de segurança para resguardar suas transações online.