Mais uma vez, a categoria bancária mostrou sua força e sua capacidade de organização: diante de um cenário de retirada de direitos, com a reforma trabalhista do golpe, e diante de um dos setores mais influentes no país (é importante lembrar que a nova lei trabalhista teve o dedo dos bancos), os bancários conseguiram assegurar todas as conquistas de sua Convenção Coletiva de Trabalho.
E isso em um acordo de dois anos: ou seja, todas as cláusulas da CCT, que preveem conquistas de décadas de luta, estão garantidas para trabalhadores de bancos públicos e privados até 31 de agosto de 2020. Inclusive para os cerca de 90 mil bancários que poderiam ser considerados hipersuficientes (empregados com remuneração a partir de R$ 11.291,60) e não estariam resguardados pela convenção, outra ameaça da lei de Temer.
Após aprovado pelos bancários em assembleias por todo o país, o acordo com a Fenaban (federação dos bancos) foi assinado na sexta-feira 31, assim como os acordos específicos do BB e da Caixa. Além da manutenção da CCT, prevê ainda reajuste de 5% para salários e demais verbas, que compreende a reposição da inflação (INPC) mais aumento real de 1,18%, acima da média dos aumentos conquistados por outras categorias de janeiro a julho deste ano.
Exemplo de luta
A CCT da categoria bancária é um exemplo para toda a classe trabalhadora. Desde 1992, ela é válida em todo o país (a única nacional para trabalhadores de empresas diferentes). Ou seja, bancários de todo o território brasileiro, dos grandes centros urbanos aos menores municípios, têm os mesmos direitos e recebem os mesmos pisos, os mesmos valores de VA, VR, a mesma PLR. A categoria bancária, por sinal, foi a primeira a garantir Participação nos Lucros e Resultados das empresas, em 1995.
Em 2006 foi dado outro passo importante para aumentar a força dos trabalhadores do setor financeiro: foi instituída a mesa única de negociação com bancos privados e públicos, e pela primeira vez BB e Caixa assinaram a CCT. Os trabalhadores de bancos públicos ainda têm direitos específicos previstos em seus acordos (ACTs). E com a Campanha dos Bancários deste ano, BB e Caixa foram as únicas empresas públicas que tiveram aumento real.
A CCT dos bancários também prevê direitos que vão além dos estabelecidos por lei. Entre eles abono assiduidade (um dia de folga); vale transporte com desconto menor do que determina a lei; gratificação de função maior (55% enquanto que a lei determina 30%); salário emergencial para afastados, licença-maternidade de 6 meses (a lei prevê 4 meses); entre muitos outros.
PLR vem até dia 20
O acordo dos bancários também garantiu o pagamento da primeira parcela da PLR até o dia 20 de setembro. O Banco do Brasil anunciou, em comunicado interno, que pagará no dia 6. O Safra, atendendo a pedido do Sindicato, vai pagar no dia 14. Até o fechamento desta edição, os demais bancos não haviam informado se manteriam o prazo ou antecipariam o crédito.
Fonte: Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região