Banco do Brasil: ROE de 20% é “sustentável”, diz CEO Fausto Ribeiro

Publicado em: 26/09/2022

O Banco do Brasil disse hoje que espera que seu nível de rentabilidade atual – que está bem acima da média histórica – se mantenha “sustentável” pelos próximos anos. A declaração, feita pelo CEO Fausto Ribeiro durante o BB Day, é uma tentativa de tranquilizar o mercado sobre uma eventual mudança na estratégia e nas políticas do BB num novo Governo.

Nos últimos trimestres, o Banco do Brasil tem conseguido operar com um ROE de 20%, equivalente ao dos grandes bancos privados e bem acima de seu histórico, que gira em torno de 16%. Isso tem sido possível graças a um trabalho de ganho de eficiência feito pela nova diretoria nos últimos anos, bem como um foco maior num portfólio de crédito com retornos melhores.

Para garantir que não haja uma ruptura nessa estratégia, o BB disse que aprovou uma série de mecanismos de governança que devem protegê-lo de eventuais interferências políticas. Essas medidas incluem um plano estratégico de cinco anos e a eleição de um conselho com mais de 50% de membros independentes (não indicados pelo controlador). O banco também criou uma regra que estipula que todos os cargos – de diretor executivo para baixo – só podem ser preenchidos por funcionários de carreira.

Os analistas do Bradesco BBI se disseram “positivamente impressionados” com a estratégia do Banco do Brasil e suas iniciativas de governança. “Manter esses elementos vai ser crucial para conseguir sustentar um ROE num nível estruturalmente superior à média histórica do banco,” escreveram.

O Citi também elogiou as iniciativas e disse que o evento reforçou sua visão “de que o valuation atual parece estar penalizando demais a performance do banco por conta de preocupações com as eleições.” “Acreditamos que independente do resultado [eleitoral], o impacto para a operação será limitado,” escreveram os analistas.

O Banco do Brasil também disse estar preparado para a transformação digital. O banco ressaltou que seus funcionários precisam passar por um processo seletivo “extremamente” rigoroso, e disse que mais de 20 mil deles já foram treinados em data science. O BB também disse que contratou 480 funcionários de tecnologia num processo seletivo recente.

A ação do Banco do Brasil negocia a 0,8x seu valor patrimonial, em comparação a 1,8x do Itaú Unibanco e 1,4x de Bradesco e Santander. O BTG negocia a 2,8x.

Fonte: Brazil Journal

CEO do BB: mercado precisa remunerar exigências por boas práticas ambientais

Publicado em: 11/08/2022

Fausto Ribeiro, presidente do Banco do Brasil (BBAS3), defende que o Brasil pode ter uma oportunidade diante de um rearranjo mundial para amortecer as consequências da guerra na Ucrânia. Mas, para o executivo, o mercado financeiro exige muito dos agricultores e de bancos sobre boas práticas ambientais, sem remunerar a mais por isso ou conceder financiamentos a juros mais baixos.

“Eu tenho uma carteira de R$ 100 bilhões para o programa de agricultura de baixo carbono. Por que não posso securitizar esse ativo e buscar investidores para financiar a agricultura brasileira com juros mais baixos?”, disse Ribeiro em evento da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) nesta terça-feira (9).

Para ele, só há um jeito de aumentar a produtividade sem desmatar: usando a tecnologia para aumentar a produtividade na mesma área plantada.

O Banco do Brasil, em particular, seria um caso distinto entre os grandes bancos brasileiros porque, embora seja uma empresa com ações em bolsa, com obrigações de performance e distribuição dos dividendos, tem o Tesouro Nacional como acionista controlador. “Temos que equilibrar a função dando rentabilidade mas também promovendo o desenvolvimento econômico do país”, afirmou Ribeiro.

O CEO disse que faz parte do papel do banco desenvolver soluções para que agricultores brasileiros consigam preservar a área prevista como reserva legal. “Estima-se que se gasta ao ano R$ 15 bilhões para preservar essas áreas. Qual o papel do banco? Podemos ajudar fornecendo mecanismos para as áreas preservadas. Mercado de crédito de carbono, alternativas financeiras para que os agricultores possam ter outra fonte de receita e preservar aquela área.”

Próximos passos do BB

“Se existe alguma pandemia no mercado é uma pandemia de ataques cibernéticos. Os bancos precisam estar preparados e as empresas também. Nossos principais ativos são os dados dos nossos clientes”, completou Ribeiro.
Para ele, a grande ameaça para os bancos tradicionais é ficar parado e “perder o bonde”.

“Nós viemos investindo bastante em Open Finance. A partir do momento em que o cliente compartilha dados, conseguimos soluções personalizadas e novos modelos de negócio. Os dados permitem customizar melhor o limite de crédito e nosso marketplace tem 27 redes varejistas para os quais direcionamos nossos clientes com ofertas personalizadas”, afirmou o presidente do Banco do Brasil.

O executivo disse ainda que a atual administração do banco pretende deixar como legado um banco digital, que se inicie e termine no mundo virtual. “Não queremos etapas que levem o cliente a uma agência. Queremos fazer o digital na prática”, disse Ribeiro.

Outro plano do Banco do Brasil é uma especialização da rede de atendimento para determinados perfis de clientes, desde grandes a pequenas e médias empresas.

“Costumamos dizer que somos um banco digital com conveniência física e isso vai acontecer sempre. Em uma empresa tradicional como a nossa, temos clientes que são tradicionais, que querem ir a uma rede física, clientes que só usam terminais de autoatendimento para saque e os clientes digitais. Vamos ter um banco para cada cliente, cada vez mais especializado com conveniência física e digital”.

Segundo Ribeiro, a agência tem custos com vigilância armada, porta giratória, transporte de valores e instalação de cofres. Mas a ideia do Banco do Brasil é cada vez menos ter esses aparatos, o que vai permitir maior capilaridade em agências com menor estrutura.

Fonte: Bloomberg Línea