O indicado à presidência da Previ, José Maurício Coelho, assumirá a fundação livre de um déficit bilionário e terá pela frente negociações importantes como o IPO da Neoenergia e uma possível venda da fatia na Vale. Coelho tem longa carreira no Banco do Brasil, onde ajudou a estruturar a área de mercado de capitais no final dos anos 1990 e, mais recentemente, na criação da BB Seguridade.
Considerado como de confiança do presidente do BB, Paulo Caffarelli, Coelho é visto como um profissional técnico e experiente em negociações complexas. As habilidades são consideradas primordiais diante do plano de desinvestimentos da Previ (fundo de pensão dos funcionários do BB), maior fundação da América Latina, que tem patrimônio de mais de R$ 170 bilhões e 200 mil participantes.
Os 12 maiores ativos da fundação representam pouco mais de R$ 75 bilhões do Plano 1, de benefício definido. Além de Vale – a fatia é avaliada em mais de R$ 30 bilhões – e Neoenergia (R$ 8,4 bilhões), cujo IPO é prioridade, as participações da Previ incluem Banco do Brasil (R$ 8 bilhões) e Petrobras (R$ 7,3 bilhões). O fundo de pensão tem como objetivo sair do bloco de controle de participações relevantes de companhias, além de aumentar a diversificação e liquidez dos investimentos.
Uma potencial venda de participação na Vale envolve negociações com outros fundos de pensão, como Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa Econômica Federal), que junto com a Previ têm suas participações alocadas no empresa de investimentos Litel – parte do antigo acordo de acionistas da mineradora. As fundações trabalham em conjunto para uma definição sobre a venda das ações.
A Previ, dona da maior fatia, já sinalizou que vê potencial de valorização dos papéis e que uma possível venda ainda não está definida. De saída da fundação, o presidente Gueitiro Genso teve papel relevante na migração da Vale para o Novo Mercado e permanece como presidente do conselho da mineradora.
Em carta aos associados da fundação, Genso destacou o reforço da governança em sua gestão. “O maior de todos os ganhos foi para a governança da Previ, que sai ainda mais fortalecida”, disse. O executivo também mencionou que a entidade conseguiu passar pelo período de turbulência na conjuntura político-econômica sem a necessidade de equacionar déficits com contribuições adicionais. Em 2015, ano em que assumiu o cargo, o déficit chegou a R$ 16 bilhões. Ele havia sido reconduzido ao cargo no final de abril.
Coelho, que deixará a presidência da BB Seguridade, concluiu em junho a renegociação da parceria com a Mapfre no setor de seguros. “A revisão permitiu melhorar a alocação de capital da BB Seguridade e aumentar o foco em produtos de maior lucratividade”, disse em relatório o analista do Bank of America, Mário Pierry. O executivo passou por diversas áreas no banco: foi diretor de mercado de capitais e de finanças, cargo que ocupou até 2015. Depois, assumiu a vice-presidência de gestão financeira no lugar de Ivan Monteiro, que foi para a Petrobras. Desde 2017 estava no comando da BB Seguridade.