O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, afirmou que não tinha visto o comercial do banco, que foi retirado do ar, antes de recebê-lo do presidente Jair Bolsonaro (PSL). No comercial, os atores eram quase todos jovens, havia mulheres e homens negros, e uma das personagens era transexual. Muitos aparecem com tatuagens e cabelos coloridos.
— Ele viu o filme e me mandou. Eu assisti e estranhei, não gostei. Não gostei por uma razão muito simples: nosso objetivo é atingir todo o espectro de jovens, que não vi representado — afirmou.
— Não vi o jovem fazendeiro, o rapaz esportista, o nerd. Não vi ali o jovem de classe média baixa que rala um dia inteiro para pagar estudos à noite. Ficou muito concentrado na juventude descolada — criticou.
Ele voltou a negar que tenha havido intervenção do governo no banco e disse que jornalistas perderam senso de humor no caso em que Bolsonaro sugeriu que o BB deveria reduzir juros cobrados do agronegócio.
O Banco do Brasil tem atualmente 15% de seus clientes entre 20 e 30 anos, fatia menor que os quase 18% que têm mais de 65 anos, segundo detalhou o vice-presidente Marcelo Labuto.
O banco tenta se rejuvenescer e se vender como digital enquanto enfrenta a maior concorrência de fintechs (empresas inovadoras do setor financeiro).
Novaes afirma que essas instituições tentam comer margem do banco, especialmente no crédito pessoal e em cartão de crédito.
— A concorrência está forte, a garotada (fintechs) está procurando comer as nossas margens. Ainda não estão impactando, mas vamos ter que lidar com isso — disse Novaes.
O banco expandiu em 85% a carteira de crédito de empréstimo pessoal. Como um todo, a carteira do BB recuou, na contramão da concorrência.