BB compra carteira do Banco Votorantim por R$ 593,8 milhões

Publicado em: 10/01/2019

O Banco do Brasil informou que comprou uma carteira do Banco Votorantim – que é controlado pelo banco estatal em parceria com a família Ermírio de Moraes – por R$ 593,808 milhões. Segundo o banco, trata-se de operação de cessão de direitos creditórios com retenção substancial de riscos e benefícios, ou seja, com coobrigação do cedente.

“A coobrigação assumida pelo cedente prevê o pagamento dos vencimentos independentemente da inadimplência da carteira com mecanismo de ‘first loss'”, afirma o BB. O contrato também possui cláusula de mandato que prevê a cobrança e os recebimentos dos clientes devedores pelo cedente.

Além disso, há uma cláusula de recompra de operações liquidadas antecipadamente pelos devedores, de operações inadimplentes ou que sejam objeto de falhas/vícios de contratação. Existe ainda uma cláusula de depósito relacionada aos dossiês das operações de crédito cedidas para os quais o cedente é constituído como fiel depositário.

Em documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para comunicar sobre a transação com parte relacionada, o BB afirma que realiza negócios com outras instituições financeiras no mercado de cessões de créditos. Os procedimentos normalmente realizados nessas operações são: análise de risco e estabelecimento de limite de crédito para a instituição cedente, negociação das condições, análise do processo de crédito do cedente, estabelecimento de teto operacional para a cessão e avaliação e seleção da carteira pela área de crédito, precificação a preços de mercado pela área de finanças e formalização e liquidação da cessão em Câmara de Cessões de Créditos (C3) autorizada pelo Banco Central.

“Assim como ocorre com as outras instituições, o negócio com a parte relacionada decorre da sinergia estratégica entre as instituições. Os procedimentos e medidas adotadas seguem os padrões do mercado de cessões de créditos, sendo formalizadas por intermédio de contratos de cessões de direitos creditórios e validadas e liquidadas na C3 a preço de mercado”, diz o BB.

Fonte: Valor Econômico

Com BB fora da transação, plano da CCPR para a Vigor fica em xeque

Publicado em: 04/10/2017

A cerca de 20 dias do prazo para a Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais Ltda (CCPR) pagar à Vigor os R$ 600 milhões referentes ao exercício da recompra da fatia de 50% da empresa na Itambé Alimentos, o financiamento da operação pode estar em xeque.

O Banco do Brasil não está mais à frente do pool de bancos que iria financiar ou buscar eventuais investidores para a CCPR – que tem 50% da Itambé – recomprar a participação da Vigor na companhia. De acordo com pessoas familiarizadas com o assunto, a tarefa de “amarrar a operação junto com outros bancos” agora está nas mãos do Banco Mercantil do Brasil, instituição financeira de porte médio com sede em Belo Horizonte (MG).

Segundo as mesmas fontes, a razão para o Banco do Brasil ter saído da transação foi o prazo exíguo para levantar os R$ 600 milhões necessários para financiar a recompra da participação de 50% na Itambé, que foi vendida à Vigor, controlada da J&F, em 2013, por R$ 410 milhões.

No dia 20 de setembro, um mês e meio depois de a Vigor ter sido vendida à mexicana Lala, a CCPR anunciou que iria exercer o direito de preferência e recomprar a participação da Vigor na Itambé. A possibilidade de recompra estava prevista no acordo de acionistas em caso de venda da Vigor. A central tem até 20 de outubro para pagar pela participação adicional e está sujeita a uma multa de R$ 200 milhões se não o fizer, de acordo com fonte a par do negócio.

A opção da CCPR pelo Banco Mercantil do Brasil configura “uma solução caseira”, disse outra fonte, uma vez que ambos são de Minas e a central de cooperativas já é cliente da instituição financeira. Diferentemente do que estava previsto numa eventual operação liderada pelo Banco do Brasil, no caso da transação com o Mercantil, o banco mineiro não entraria com a maior parte dos recursos para o financiamento, acrescentou a fonte. Procurado, o Mercantil do Brasil também não se pronunciou.

Além de obter os recursos para financiar a recompra, a CCPR também precisa do “waiver” de bancos credores, com os quais a Itambé tem R$ 250 milhões em dívidas, uma vez que haverá troca de controle da empresa de lácteos, disse uma outra fonte com conhecimento da operação.

A decisão da CCPR de recomprar a fatia da Vigor na Itambé tem sido vista no mercado como uma tentativa da central de voltar a ter força no comando da empresa de lácteos, uma vez que perdeu poder na companhia quando vendeu a participação de 50% para a Vigor. Também seria uma tentativa de fazer a Itambé voltar a ser uma empresa mineira, o que, inclusive, tem tido apoio de políticos do Estado. No entanto, segunda outra pessoa a par do tema, a obtenção dos recursos não está sendo uma tarefa fácil diante do histórico da CCPR, que quase quebrou antes de vender 50% da Itambé à Vigor.

A compra da Vigor pela Lala foi anunciada no começo de agosto, por R$ 5,725 bilhões. O valor do negócio previa também a aquisição de até 100% da Itambé. Na operação, a Itambé estava avaliada em R$ 1,4 bilhão e a Vigor, em R$ 4,3 bilhões. Sem a Itambé, a Lala vai pagar pela aquisição de até 100% das ações da Vigor R$ 4,325 bilhões.

Analistas do segmento de lácteos avaliam que a Lala sai prejudicada sem a Itambé no negócio. Uma das razões é que a operação, cujos múltiplos já estavam acima dos níveis vistos geralmente no mercado, ficou ainda mais cara. O múltiplo do negócio foi de 21,6 vezes o Ebitda (considerando um Ebitda estimado de R$ 200 milhões) ante 17,4 vezes quando a Itambé estava incluída. Além disso, a empresa mexicana não contará com a oferta de leite dos produtores das 31 cooperativas associadas da CCPR que fornecem a matéria-prima para a Itambé.

Em relatório do dia 21 de setembro analistas do Credit Suisse destacaram o múltiplo elevado da transação, avaliaram que as sinergias para a Lala serão menores sem a Itambé e não descartaram que a mexicana refaça uma oferta por 100% ou por uma parte da Itambé por um múltiplo mais alto.

Contexto

A venda da Vigor à Lala faz parte do pacote de desinvestimento lançado pela J&F, controladora da empresa de lácteos, após a delação dos Batista. A delação dos donos da J&F fez secar o crédito à holding, que teve de recorrer à venda de ativos. Além da Vigor, a J&F vendeu a Alpargatas, a Eldorado Celulose e os negócios de bovinos da JBS no Mercosul.

O contrato de compra e venda da Vigor tem como condição a homologação da leniência da J&F pela Justiça Federal em Brasília. O juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, chegou a homologar o acordo em 8 de setembro, mas suspendeu a decisão no dia 11. A suspensão, no entanto, não invalida o acordo de leniência da J&F, que foi homologado em agosto pela 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal. A homologação pela 10ª Vara servia apenas para que outras pessoas ligadas à empresa pudessem aderir ao acordo caso fossem denunciadas.

Fonte: Portal Milk Point

Estudo aponta que Banco do Nordeste pode ser incorporado ao BB

Publicado em: 21/09/2017

Um estudo elaboração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) indica que das 151 empresas estatais controladas pelo Governo Federal pelo menos a metade poderia ser privatizada, cinco incorporadas e três terem as suas funções reduzidas. O Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e o Banco da Amazônia (Basa) surgem como passíveis de serem incorporados ao Banco do Brasil. O alerta é dado pelo Sindicato dos Bancários do Ceará, que teve acesso ao levantamento.

O estudo vem sendo conduzido pelo Observatório das Estatais, montado há um ano pela FGV, sob a coordenação dos economistas Márcio Holland e Valdir Simão, ex-ministro do Planejamento. Holand e Simão avaliam que a privatização está no rumo certo, mas não pode ter como justificativa principal resolver problemas de caixa do Governo.

O Banco do Nordeste do Brasil S.A. (BNB), que no primeiro semestre de 2017 apresentou lucro líquido de R$ 298 milhões, integra a lista das empresas não dependentes de recursos do Tesouro Nacional. O BNB atende também os requisitos exigidos pela Constituição Federal no ato de criação e manutenção das estatais: ter finalidade social e interesse coletivo para atuar em áreas que a iniciativa privada não tem interesse.

“Se o BNB dá lucro, não depende de recursos da União, ao contrário, distribui dividendos todos os anos ao seu acionista majoritário – Governo Federal – e além disso cumpre função de extrema relevância como a de ser o maior agende financiador do microcrédito na América Latina e o maior operador do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf) no Nordeste, é totalmente injustificável a sua incorporação ao Banco do Brasil que não possui a expertise para promover o desenvolvimento da região nordestina”, disse Tomaz de Aquino.

Fonte: Blog Eliomar