Bancos acumulam saldo negativo de contratações em 2019, aponta pesquisa do Caged

Publicado em: 27/03/2019

Após criar apenas seis postos de trabalho em janeiro, número risível para o setor mais lucrativo da economia, os bancos brasileiros engataram a marcha ré em fevereiro ao cortarem 415 empregos, acumulando assim saldo negativo de 409 vagas nos dois primeiros meses do ano. Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), compilados pelo Ministério da Economia.

Em 2018, Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Santander lucraram R$ 73,2 bilhões, aumento de 12,8% em relação a 2017. A Caixa, que completa o grupo dos cinco maiores bancos do país, ainda não divulgou seu resultado do ano passado.

“Os bancos, com seus lucros sempre crescentes, pouco importando a situação econômica enfrentada pelo país, insistem em não gerar empregos para reduzir nosso alarmante índice de desemprego. Contribuir para a geração de empregos é uma contrapartida fundamental dos bancos para com a sociedade. Além disso, aumentar o número de contratações atenuaria a imensa sobrecarga de trabalho a qual os bancários estão submetidos e, por consequência, proporcionaria um atendimento melhor à população. Os bancos podem e devem contratar mais”, avalia a diretora de Imprensa e Comunicação do Sindicato, Marta Soares.

Em dezembro de 2017, de acordo com as demonstrações contábeis das próprias instituições, Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e Santander tinham em média 820 clientes por empregado. Um ano depois, essa relação aumentou 3,3%, para 847 clientes por empregado.

Rotatividade

Além de cortar postos de trabalho, os bancos continuam utilizando como forma de cortar custos e maximizar lucros.a rotatividade, que consiste em demitir bancários que ganham mais e contratar funcionários com salários mais baixos. Em fevereiro, o salário médio dos desligados dos bancos equivalia a R$ 6.927, enquanto a remuneração média dos admitidos corresponde a R$ 4.185. Ou seja, novos funcionários foram contratados ganhando 40% menos do que os que deixaram o setor.

“O bancário cumpre metas, se qualifica e cresce na carreira. Ao invés de ter seu esforço e experiência valorizados, o banco o demite para cortar os salários mais altos. É esse tipo de meritocracia tão defendida pelo setor?”, questiona Marta.

Desigualdade de gênero

Os dados do Caged também revelam que a desigualdade salarial entre homens e mulheres ainda persiste no setor financeiro. Em fevereiro, as mulheres foram contratadas ganhando em média R$ 3.602, enquanto os homens admitidos receberam em média R$ 4.662. As demitidas ganhavam em média R$ 5.411, bem menos do que os dispensados (R$ 8.526).

“Apesar de mais escolarizadas que os homens no setor, bancárias ganham salários menores e possuem maior dificuldade para subir na carreira. Infelizmente, o machismo ainda persiste no setor bancário”, diz a diretora do Sindicato.

Na Campanha Nacional Unificada dos Bancários 2018, a categoria conquistou a realização de novo Censo da Diversidade, que deve iniciar este ano e será . O censo é uma ferramenta fundamental no combate às desigualdades de gênero e raça no setor bancário e na promoção de políticas de igualdade de oportunidades para mulheres, PCDs (pessoas com deficiência) e negros.

“O objetivo é que o censo não apenas trace um perfil da categoria, mas seja aplicado como um instrumento de transformação contra a violência e a discriminação que se perpetuam na sociedade e também muitas vezes são constatadas no setor bancário na forma de assédio sexual e moral”, explicou a presidenta do Sindicato, Ivone Silva, que é uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.

A Fenaban também aceitou a proposta da criação do Agente da Diversidade, que será constitúido por um representante em cada local de trabalho responsável por promover os debates sobre diversidade.

Fonte: Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região

Bancos cortaram 2.445 empregos nos sete primeiros meses do ano

Publicado em: 29/08/2018

Apesar do saldo positivo de 401 contratações em julho, no acumulado dos primeiros sete meses do ano os bancos já cortaram 2.445 postos de trabalho bancários. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.

Os bancos múltiplos com carteira comercial – categoria que engloba Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil – foram responsáveis pelo fechamento de 1.523 postos nos sete primeiros meses do ano. A Caixa eliminou 1.021 postos no período, em grande parte devido ao Programa de Desligamento de Empregados, lançado em 22 de fevereiro. Juntos, esses cinco bancos empregam cerca de 90% dos bancários no país.

“Esse saldo negativo de contratações, com 2.445 postos de trabalho cortados somente até julho, contrasta com o lucro dos bancos. Itaú, Santander, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa, que já divulgaram seus balanços, apresentaram resultados no semestre bem acima do que tiveram no mesmo período de 2017, ano em que os cinco maiores bancos do país já tiveram lucros recordes. Não existe qualquer justificativa para tantos cortes. Os bancos, como concessões públicas que são, deveriam ter responsabilidade social e não colaborar com a já elevada taxa de desemprego do país”, diz a diretora do Sindicato, Marta Soares.

Marta lembra ainda que emprego é uma das prioridades dos bancários na Campanha Nacional 2018. “Queremos o fim das demissões e garantias contra a precarização das relações de trabalho das novas modalidades de contratação, permitidas pela reforma trabalhista, como intermitentes, por tempo parcial, autônomos e terceirização irrestrita.”

Salários mais baixos

Os bancos não lucram apenas com o fechamento de postos de trabalho. A alta rotatividade com redução salarial é outra maneira encontrada para maximizar ganhos. De janeiro a julho, os bancários admitidos recebiam, em média, R$ 4.233, enquanto os desligados tinham remuneração média de R$ 6.526. Ou seja, os admitidos entram ganhando 65% do que os que saem.

Discriminação de gênero

Entre janeiro e julho, as bancárias mulheres foram contratadas com média salarial de R$ 3.506, o que equivale a 72% do salário médio dos bancários homens, que no mesmo período foram admitidos com média salarial de R$ 4.902. As bancárias desligadas recebiam, em média, R$ 5.556, equivalente a 74% do salário médio dos homens desligados, que ganhavam R$ 7.483.

“Na propaganda dos bancos tudo é lindo, pregam igualdade, valorizam as mulheres. Mas, na prática, pagam salários menores para mulheres, que ainda encontram maiores dificuldades que os homens para progredirem na carreira”, conclui Marta.

Fonte: Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região