As cooperativas de crédito têm atualmente 9,9 milhões de cooperados, de acordo com dados divulgados no ano passado pelo Banco Central. A participação no Sistema Financeiro Nacional ainda é relativamente pequena, com 2,69%. O presidente da Sicoob, maior sistema financeiro cooperativo do país, Antônio Eustáquio de Oliveira, afirmou, nesta quinta-feira (5/3), que as cooperativas de crédito têm sido uma alternativa para pequenos e médios empresários. Segundo Antônio, elas têm muitas vantagens frente às instituições financeiras tradicionais, como o atendimento individualizado àqueles que pretendem investir em um negócio, com mais qualidade e menor preço. Os bancos, por sua vez, não teriam a mesma flexibilidade para com os clientes.
“Temos muitos municípios brasileiros que não têm uma instituição financeira, um banco, mas têm uma cooperativa de crédito. Isso fortalece a economia local, porque elas têm tem a flexibilidade de atender o cooperado naquilo que ele precisa. Já no sistema financeiro tradicional, nem sempre é assim. Nisso, a cooperativa atende com muita qualidade e eficiência a maioria da população dos municípios”, explicou ele em entrevista ao porgrama CB.Poder, uma parceria do Correio com a TV Brasília.
Eustáquio defendeu que o atendimento individualizado é o grande diferencial das cooperativas. Análises caso a caso fazem parte da rotina da cooperativa. Isso, segundo ele, ajuda o cooperado. “Nós falamos com o cooperado, visitamos sua empresa ou negócio, analisamos o projeto, ajudamos e fazemos orientações sobre que tipo de linha de crédito tomar. O objetivo é esse, o de ajudar”, disse.
Mas o presidente assegurou que há critérios rigorosos a serem seguidos na concessão de crédito. “Se você nos procura, nós vamos entender o seu negócio, seu investimento. Mas não cedemos crédito sem qualquer critério. Porque ao mesmo tempo que isso pode ser bom, pode ser ruim para o empresário. Nós temos o cuidado de avaliar bem o projeto de cada associado que se junta à cooperativa. Há uma cultura de conhecer primeiro e fazer negócio depois”, explica o presidente.
Perguntado sobre o trabalho das cooperativas em educação financeira, Antônio pontuou que a ela é importante para que os empresários tomem decisões corretas e, por isso, já realizaram vários workshops por meio do Instituto Sicoob, criado em 2004. Antônio defendeu que os bancos não têm uma preocupação com as consequências de tomada de crédito equivocada por parte de clientes. “O instituto Sicoob está com esse objetivo de alcançar o máximo de esclarecimento com respeito à tomada de crédito, porque nem sempre a solução é o crédito. Ou talvez seja o tipo errado de crédito, com taxas de juros mais altas. Cada pessoa tem seu tipo de crédito necessário. Agora, o banco não. Ele quer oferecer o que tem taxa melhor para ele.”
Mas ele assegura que o sistema cooperativista não quer tomar o espaço dos bancos. Segundo Antônio, a participação no sistema financeiro só não é maior por falta de informação, e o cooperativismo trabalha com nichos. “Eu vejo que há uma falta de informação. Falta ainda uma cultura do brasileiro de conhecer o cooperativismo. Na Europa e nos Estados Unidos, a economia está na maior parte na mão do corporativismo. No Brasil, nós estamos atingindo a ordem de 56%. O espaço é grande para crescer. Nós não queremos tomar espaço dos bancos. Estamos vivendo de nicho de mercado, onde iremos atender ao cooperado e às pessoas que não têm acesso a qualidade e eficiência do sistema financeiro.”
Em números totais, o Sicoob conta hoje com mais de 4,6 milhões de cooperados e atua em todos os estados do Brasil. Os associados podem participar das decisões e recebem parte dos resultados financeiros. A constituição e funcionamento de cooperativas de crédito foi regulamentada em 2000 pelo Banco Central por meio da Resolução nº 2.771, que determina regras a serem seguidas no funcionamento de cooperativas.