BB vai vender cartões de crédito para não correntistas a partir do segundo semestre

Publicado em: 13/04/2018

O Banco do Brasil começará no segundo semestre a oferecer cartões de crédito para não correntistas do banco, como parte dos esforços para ampliar sua presença na área para níveis mais similares aos que a maior instituição financeira do país por ativos tem no mercado de crédito.

“Vamos ter um produto condizente com os oferecidos por plataformas hoje no mercado”, disse à Reuters o vice-presidente de negócios de varejo do BB, Marcelo Labuto. O BB tinha até o final do ano passado 17,6 milhões de cartões de crédito emitidos.

Ao mesmo tempo em que reduz a diferença em relação aos maiores rivais no setor — O Itaú Unibanco, por exemplo, tinha uma base de 29,2 milhões de cartões no fim de 2017 — o BB também tenta reagir ao rápido crescimento de plataformas independentes. O Nubank, por exemplo, já tem uma base superior a 3 milhões de cartões emitidos.

O próprio BB, por meio do CBSS, joint venture com o Bradesco, lançou em 2016 um produto com características parecidas com as do Nubank, como isenção da anuidade. Em novembro, o Itaú Unibanco lançou o Credicard Zero, também sem tarifas e com apelo ao público mais jovem.

Segundo Labuto, o alvo do novo cartão do BB não será exclusivamente esse público, apelidado de millenials, mas para clientes de serviços financeiros que não usam a rede bancária ou que queiram ter outro cartão com benefícios diferentes. O executivo disse ainda não estar decidido se o cartão será isento de tarifa de anuidade.

O movimento acontece no momento em que o mercado de cartões volta a ganhar tração, com o país saindo de uma dura recessão. Segundo a entidade do setor, Abecs, o volume de compras pagas com cartões de crédito em 2017 cresceu 12,4 por cento, a 842,6 bilhões de reais, após dois anos crescendo abaixo de dois dígitos.

Labuto disse ser factível que a base de clientes do cartões do BB dobre nos próximos anos, mas que não há uma meta específica do banco para ganho de participação de mercado.

Em parte como resultado de uma atuação regulatória do Banco Central, todo o mercado de meios eletrônicos de pagamentos, incluindo emissores de cartões, as bandeiras e as chamadas adquirentes, que credenciam os lojistas para receber com cartão, tem enfrentado crescente concorrência.

Além disso, o BC no ano passado impôs o máximo 30 dia para uso do rotativo do cartão de crédito, uma das taxas mais caras do mercado, medida que especialistas viram como fonte de pressão sobre as margens dos bancos.

“As taxas cobradas efetivamente caíram, mas os níveis de inadimplência do setor no banco caíram já ao menor nível da história no fim de 2017”, disse Labuto, acrescentando que isso permite despesas menores com provisões para calotes.

Em outra frente, na adquirência, o BB também deve ser atingido indiretamente pela movimentação do mercado, tanto pelas mudanças na regulação quanto pela entrada de mais concorrentes, uma vez que controla a líder do setor, Cielo, em sociedade com o Bradesco.

Nesta quinta-feira, o JPMorgan cortou a recomendação da Cielo, citando entre outros fatores a expectativa de entrada de cerca de 30 novos concorrentes nesse mercado.

INADIMPLÊNCIA

As operações com pessoas físicas e com pequenas e médias empresas seguiram mostrando melhora de perfil no começo de 2018, disse Labuto, refletindo em parte os resultados de uma política do banco de revisar políticas de concessão de crédito para esses públicos desde o ano passado.

Entre as medidas tomadas neste sentido, o BB reduziu praticamente à metade o prazo médio das operações para empresas pequenas, para cerca de 10 meses, acrescentou o vice-presidente de riscos do BB, Carlos Hamilton.

“O índice de inadimplência das novas safras está num nível muito inferior aos registrados pelas anteriores’, disse Labuto.

Fonte: Jornal Extra

Operação prende suspeitos que usavam correntistas da extinta Nossa Caixa para aplicar golpes

Publicado em: 11/01/2018

Quatro pessoas foram presas na manhã desta quinta-feira (11) durante a Operação Têmis, que investiga advogados de Ribeirão Preto (SP) suspeitos de fraudes judiciais. A Polícia Civil estima que o golpe tenha causado prejuízo de R$ 100 milhões a instituições bancárias.

Ao todo, sete mandados de prisão preventiva e 20 de busca e apreensão estão sendo cumpridos. A operação é realizada pelo Centro de Inteligência da Delegacia Seccional de Ribeirão, em conjunto com o Ministério Público e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

Em nota, a Polícia Civil informou que, após um ano de investigações, identificou uma organização criminosa – composta por advogados – que praticava fraudes processuais, exigindo na Justiça supostas diferenças de expurgos inflacionários decorrentes dos planos Collor, Verão e Bresser.

Os beneficiários seriam correntistas do extinto banco Nossa Caixa, incorporado pelo Banco do Brasil. Entretanto, a investigação identificou que os autores dos processos – todos estão sob sigilo de Justiça – têm nomes comuns, inclusive homônimos.

“Verificou-se que os supostos autores das ações possuem nomes comuns, com diversos homônimos, não guardando vínculo pessoal ou profissional com o domicílio das contas, ou as comarcas onde foram distribuídas as ações e, na verdade, apurou-se que não eram os verdadeiros correntistas”, diz o comunicado.

O esquema

Segundo o Ministério Público, os suspeitos conseguiam ilegalmente o cadastro de clientes de bancos e entravam com ações judiciais sem que as pessoas soubessem que os nomes delas eram usados. A suspeita de que funcionários das instituições financeiras estejam envolvidos na fraude não está descartada.

Com a relação de correntistas em mãos, assim como os números das contas bancárias e os respectivos valores depositados na década de 1990, os investigados saíam à procura de homônimos residentes em Ribeirão e região para usá-los nas fraudes.

As vítimas assinavam procurações em meio a outros documentos, sem nenhum conhecimento. Inadimplente, a maioria dessas pessoas era abordada pelos advogados ou por intermediários deles, com a promessa de conseguirem quitar as dívidas.

O MP informou que os suspeitos também usavam uma associação para atrair inadimplementes, prometendo “limpar os nomes sujos”. A empresa, localizada na Avenida Costábile Romano, ficava a 150 metros de dois escritórios de advocacia que também são alvos da Operação Têmis.

Investigação

Ainda de acordo com a polícia, o caso passou a ser investigado após a identificação de inúmeras ações judiciais cíveis para cumprimento de sentença em diversas comarcas paulistas, sempre com o mesmo teor: pagamento de diferenças de expurgos inflacionários do “Plano Verão”.

“Com isso, a fraude processual baseada em quebra de sigilo bancário e subsequente captação de clientela induziu a erro o poder judiciário e poderia ocasionar um prejuízo estimado aos bancos em torno de cem milhões de reais”, diz a nota.

A operação foi batizada de Têmis, divindade grega que representa a Justiça e é representada com uma balança equilibrada na mão esquerda e uma espada, na direita. Além disso, Têmis carrega as tábuas da lei e tem os olhos vendados, o que significa que é imparcial.

As buscas estão sendo realizadas desde às 6h em nove residências e quatro escritórios, sendo um deles de advocacia. Três advogados já foram presos. Os suspeitos estão sendo conduzidos à Central de Flagrantes da Polícia Civil e depois serão encaminhados ao Centro de Detenção Provisória.

Fonte: G1