SÃO PAULO – Os desembolsos de crédito do Banco do Brasil (BB) para pessoa física aumentaram 25% neste ano, até agora, em relação a 2016, afirmou o presidente da instituição, Paulo Caffarelli. No caso das operações com pessoa jurídica, o crescimento foi de 20%, segundo ele.
Caffarelli observou que a recuperação tem sido mais lenta que a observada em outras ocasiões. Ele lembrou que a crise atual já dura 20 trimestres, enquanto as passadas foram superadas não demoraram mais do que cinco trimestres.
“Estamos vivendo o momento oposto. A retomada é bastante consistente, mas levará mais tempo”, afirmou o executivo em painel com banqueiros no Brasil Investment Forum, que acontece hoje e amanhã em São Paulo.
Caffarelli disse que o Brasil é um “país de oportunidades”, principalmente em infraestrutura — área na qual, segundo ele, há R$ 1,4 trilhão em investimentos a ser feitos.
O presidente do BB observou que o modelo anterior concentrava os investimentos em infraestrutura no dinheiro público, mas, agora, quem vai financiar os projetos é o mercado de capitais.
“Na medida em que [os projetos] têm competitividade, podem muito bem se acomodar nas taxas de mercado”, afirmo, acrescentando que em pouco tempo as taxas de curto e longo prazos estarão próximas.
Demanda
Caffarelli afirmou que o agravamento da crise política não teve impacto na demanda por crédito de clientes do varejo ou do atacado.
Segundo o executivo, a instabilidade teve reflexo na tesouraria. Porém, ele não revelou se o impacto foi positivo ou negativo e afirmou que não seria possível quantificá-lo. “Nossa posição em tesouraria é sempre conservadora”, disse Caffarelli.
Ao ser questionado sobre declarações de outros banqueiros sobre o reflexo da crise, Caffarelli disse que o BB tem uma atuação nacional, enquanto os demais estão mais concentrados nos grandes centros.
O presidente do Credit Suisse no Brasil, José Olympio Pereira, disse no evento que varejistas têm apontado forte queda nas vendas desde que vieram à tona notícias implicando o presidente Michel Temer na delação premiada dos controladores da JBS. Para o presidente do J.P. Morgan no país, José Berenguer, a incerteza política deve ter impacto no Produto Interno Bruto (PIB).