Crises de SVB e Credit Suisse não afetam solidez de bancos brasileiros

Publicado em: 17/03/2023

Analistas e gestores não veem efeitos diretos nos bancos brasileiros decorrentes do colapso do Silicon Valley Bank nos Estados Unidos ou mesmo da crise experimentada pelo Credit Suisse na Europa, eventos que têm gerado preocupações sobre a resiliência do sistema bancário global.

“Não consigo enxergar qualquer tipo de impacto mais relevante no Brasil”, afirmou Carlos Kawall, sócio-fundador da Oriz Partners e ex-secretário do Tesouro Nacional, referindo-se principalmente ao episódio do SVB, fechado na semana passada. “Não é o mesmo tipo de risco que vimos em 2008.”

Para Kawall, os problemas envolvendo o Credit Suisse causam mais preocupação, pelo porte da instituição. “O impacto é mais forte nos mercados”, afirmou. Mas ele ponderou que ainda é preciso ver como tudo se desenrola.

O SVB foi fechado por reguladores na semana passada, desencadeando uma rápida ação de autoridades, entre elas o Federal Reserve, para conter potencial contágio no sistema bancário. Os mercados ainda se recuperavam do abalo quando nesta quarta-feira o Credit Suisse trouxe de volta o nervosismo.

As ações do segundo maior banco da Suíça chegaram a afundar mais de 30% nesta sessão, após o seu maior investidor, o Saudi National Bank, afirmar que não poderia fornecer mais assistência financeira por questões regulatórias.

O CS está tentando se recuperar de uma série de escândalos que minaram a confiança de investidores e clientes, com fortes saídas de recursos. Apenas no quarto trimestre de 2022, elas somaram o equivalente a mais de 120 bilhões de dólares.

“Não vejo uma contaminação direta, apenas uma maior aversão a risco, aos menores bancos e fintechs”, reforçou Werner Roger, sócio-fundador da Trígono Capital, acrescentando que o funding no Brasil é baseado principalmente em depósitos locais e que não há alternativas para o investidor exceto títulos públicos.

“Há uma certa contaminação nas cotações das ações, mas nada sobre a solidez dos bancos grandes locais”, acrescentou.

A reação relativamente comedida das ações dos maiores bancos brasileiros corrobora a premissa. Desde o começo da semana, Itaú Unibanco PN (ITUB4) e Bradesco PN (BBDC4) perdem cerca de 3% cada um, Banco do Brasil ON (BBAS3) cai 2% e Santander Brasil Unit (SANB11) cede 1,7%.

Para Roger, o único banco que poderia sofrer no país é a própria unidade do CS.

Presente no Brasil desde 1959, o Credit Suisse atua principalmente nas áreas de private banking & wealth management e gestão de recursos, realizando ainda operações de crédito, emissão de ações e títulos, abertura de capital (IPO), fusões e aquisições de empresas (M&A), corretagem e tesouraria.

A sua carteira inclui clientes de alta renda, vários oriundos do Banco Garantia (comprado em 1998) e da renomada Hedging-Griffo (comprada em 2007, concluída em 2012).

Analistas do Itaú BBA liderados por Pedro Leduc também afirmaram que bancos brasileiros não estão diretamente expostos às consequências do SVB. “Os valores das perdas não realizadas nos ‘books’ locais não são relevantes e os índices de capital e liquidez são confortáveis”, afirmaram em relatório nesta semana.

Mas eles abordaram discussões secundárias relevantes decorrentes do episódio, incluindo a chance de o financiamento para fintechs ficar mais difícil, assim como um possível efeito indireto na atividade nos mercados de crédito e capitais, que pesaria nas expectativas dos grandes bancos.

Entre o sábado e a última segunda-feira, instituições financeiras brasileiras com ações listadas no mercado norte-americano, entre elas a Nu Holdings (NUBR33) e o Inter&Co (INBR32), anunciaram não ter exposição ao Silicon Valley Bank, a fim de evitar contágio do colapso do banco em seus papéis.

RISCOS DOMÉSTICOS

De acordo com Ricardo Campos, diretor de investimentos da Reach Capital, o efeito de juros altos, que está sendo relacionado como um dos componentes para os problemas de alguns bancos nos EUA e Europa, já aconteceu no Brasil há algum tempo, conforme a Selic saltou de 2% em março de 2020 para os atuais 13,75%.

Ainda assim, diz, há fatores que mantêm um cenário mais desafiador para o setor, como riscos de redução em tarifas de cartão de crédito e do fim do mecanismo do juros sobre capital próprio, entre outros, além de receios no segmento corporativo após o pedido de recuperação judicial da Americanas.

No final do mês passado, dados do Banco Central mostraram que as concessões de empréstimos apresentaram queda significativa em janeiro e levaram a uma baixa no estoque total de crédito no Brasil, enquanto a inadimplência no segmento de recursos livres aumentou.

Analistas do Bradesco BBI adotaram no começo do mês um “modo pessimista” para o setor, que inclui o corte na recomendação para as ações de Itaú Unibanco e Banco do Brasil , enquanto reduziu o preço-alvo de ambos e de vários outros.

“Nós esperamos que 2023 também seja um ano desafiador em termos de inadimplência (NPL) para os bancos, pois acreditamos que a qualidade dos ativos das empresas tende a se deteriorar devido às altas taxas de juros e à economia mais fraca”, afirmaram Gustavo Schroden equipe em relatório a clientes.

Fonte: Infomoney

 

Ex-BB e Petrobras assume como vice-presidente do conselho da Credit Suisse

Publicado em: 14/08/2020

O Credit Suisse anunciou nesta quarta-feira a contratação de Ivan Monteiro como vice-chairman do banco de investimento da instituição no Brasil, com efeito a partir de 17 de agosto. Em comunicado, o Credit Suisse explicou que Monteiro, ex-presidente da Petrobras (PETR4) e ex-vice-presidente no Banco do Brasil, vai trabalhar com as equipes de investment banking e de financiamentos estruturados no desenvolvimento de negócios com os clientes corporativos do Credit Suisse.

Ivan Monteiro se reportará a José Olympio Pereira, presidente do Credit Suisse no Brasil. Ilan Goldfajn, ex-presidente do Banco Central, é hoje o presidente do conselho do Credit Suisse no Brasil.

Fonte: Money Times

Mesmo com fechamento de agências, BB Mapfre prevê crescimento

Publicado em: 20/12/2016

A BB Mapfre deve manter a expansão no volume total de prêmios emitidos em 2017, mesmo após o Banco do Brasil ter anunciado planos para fechar ou reduzir cerca de 800 agências, disse à Reuters um executivo da seguradora, uma vez que a companhia espera aumento de produtividade nas demais agências.

“Isso não nos preocupa, porque a expectativa é que a produtividade nas demais agências cresça”, disse Marcos Ferreira, que está assumindo a Mapfre para a região sul da América Latina.

O BB anunciou em novembro que vai fechar 402 agências e tornar outras 379 em postos de atendimento, em meio aos esforços para reduzir custos e elevar a rentabilidade.

Fruto de uma joint venture criada em 2010 pela BB Seguros com a espanhola Mapfre, a BB Mapfre, uma das maiores seguradoras do país, tem boa parte das vendas de apólices para seguros como de vida e automóveis, distribuídos nas agências do BB.

O restante é vendido por cerca de 21 mil corretores de seguros espalhados pelo país.

Para o espanhol Luis Gutiérrez, que está assumindo como presidente da BB Mapfre para as áreas de Auto, Seguros Gerais e Affinities no Brasil, o grupo não considera passar a vender produtos pela internet sem a intermediação de corretores.

O mercado segurador brasileiro entrou numa polêmica no mês passado quando a Justiça Federal no Rio de Janeiro suspendeu as operações da Youse, plataforma online de venda de seguros da Caixa Seguradora, após a Federação Nacional dos Corretores de Seguros Privados (Fenacor) argumentar que a plataforma operava no mercado de forma independente.

A Justiça depois voltou atrás e entendeu que a Youse vende produtos da Caixa Seguradora.

“Não consideramos usar mudar de modelo, continuaremos trabalhando com os corretores, mas sendo multicanais”, disse Gutiérrez.

Segundo ele, a BB Mapfre vai intensificar o uso de canais digitais, mas as vendas continuarão a ser intermediadas por corretores.

Em relatório, o Credit Suisse considerou que o movimento é negativo para a BB Seguridade , que reúne os negócios do BB em seguros e previdência, justamente pelo potencial de diminuir a distribuição de produtos de seguros, especialmente porque as vendas em canais digitais ainda são pequenas.

A BB Seguridade inclusive teve queda de 4 por cento no lucro do terceiro trimestre sobre um ano antes, refletindo em parte a desaceleração nas vendas de seguros em algumas linhas.

Sinistros
De acordo com Gutiérrez, os efeitos da recessão no país serão distintos para cada seguradora, dependendo da capacidade delas de gerenciar sinistros, os pedidos de indenização dos segurados por perdas ou danos.

“Não necessariamente o aumento dos sinistros no setor automotivo implicará aumento do custo das apólices para todos os clientes”, disse.

“É nesses casos que o rigor técnico de cada seguradora aparece, para apontar para quais clientes o custo deve subir”, disse.

Os comentários surgem num momento em que o mercado de seguros tem perdido força no Brasil após vários anos de expansão acelerada, refletindo a recessão no país.

Segundo dados da Susep, que regula o setor, o volume de prêmios emitidos de janeiro a outubro somou 79,8 bilhões de reais, praticamente estável sobre mesma etapa de 2015.

Enquanto isso, os sinistros do período somaram 37,8 bilhões de reais, alta de 3,6 por cento sobre um ano antes.

Em outra frente, as seguradoras também devem apurar menores receitas com aplicações financeiras em 2017, diante do ciclo de queda da Selic.

Gutiérrez, no entanto, disse estar otimista com a melhora dos resultados operacionais do grupo, que devem ser beneficiados pelo cenário de volta do crescimento da economia, mesmo que modesto.

“E também esperamos continuar apoiando os resultados com redução do ritmo das despesas administrativas”, disse.

A previsão Mapfre vai na mesma linha do discurso dos bancos, que têm procurado ter a variação da inflação como teto para aumento de suas despesas administrativas.

A BB Mapfre não divulgou dados recentes de expansão das despesas administrativas. Mas a BB Seguridade apontou alta de 18 por cento das despesas administrativas do terceiro trimestre sobre um ano antes.

Fonte: http://exame.abril.com.br/economia/bb-mapfre-preve-crescer-em-2017-mesmo-com-fechamento-de-agencias/