BB procura chefe de agronegócio para comandar carteira de crédito de R$ 310 bi

Publicado em: 17/02/2023

O Banco do Brasil (BBAS3) aumentou em 25% sua carteira de crédito do agronegócio em 2022, que totalizou cerca de R$ 310 bilhões no final de dezembro. Foi a área de maior crescimento com contribuição decisiva para a alta de 51,3% do lucro (R$ 31,8 bilhões) no ano passado. Apesar de sua relevância, o cargo de VP (vice-presidente) de agronegócio está vago.

A função era ocupada por Renato Naegele, que era ligado à gestão anterior do banco e deixou o cargo na segunda-feira (13). O atual vice-presidente de negócios e atacado, Francisco Lassalvia, assumiu o posto temporariamente, acumulando as funções. Não há ainda definição de nome para comandar a área, segundo o executivo.
Além do VP de agronegócio, a nova CEO do BB, Tarciana Medeiros, ainda espera que o seu novo CFO assuma o cargo. Marco Geovanne da Silva já foi indicado, mas aguarda a conclusão de procedimentos internos do governo para ser efetivado.

Sem sua equipe completa, Medeiros apresentou nesta terça-feira (14), pela primeira vez, o resultado trimestral, participando de teleconferência com analistas de bancos nacionais e estrangeiros. O CFO da gestão passada, Ricardo Forni, respondeu à maioria das perguntas e praticamente repetiu as diretrizes que o ex-CEO, Fausto Ribeiro, costumava fornecer ao mercado.

Tarciana Medeiros, nomeada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o cargo, se ateve mais à agenda ESG (meio ambiente, social e governança), insistindo nos temas de seu discurso de posse no último dia 17 de janeiro. Ela falou na ideia de conciliar rentabilidade financeira do banco público, o mais antigo do país, com seu papel social de incentivar a sustentabilidade no campo.

“Vamos buscar fomentar a agricultura familiar. Setenta por cento de tudo que passa na nossa mesa vem da agricultura familiar”, disse Medeiros, durante entrevista coletiva, em São Paulo, fazendo referência ao reforço do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).

Um analista chegou a questionar o comando do BB sobre o risco de interferências políticas na gestão do banco. A CEO lembrou os avanços da política de governança corporativa nos últimos anos e seus compromissos como companhia aberta com boas práticas de gestão.

A área de agronegócio é considerada estratégica para o BB, devido aos seus expressivos desembolsos para financiamento da safra brasileira. No ano passado, a instituição destinou R$ 200 bilhões para safra 2022/23. A definição sobre a próxima safra está prevista para ser anunciada no próximo mês de julho.

Em 2022, a carteira ampliada de agronegócio desembolsou R$ 179,7 bilhões, aumento de 21% em relação ao ano anterior. Segundo o banco, 80% dos clientes da carteira são agricultores familiares, e 48,3% da carteira é de agricultura sustentável.

O BB divulgou nesta terça-feira um guidance (projeção) de crescimento entre 11% e 15% da carteira de crédito do agronegócio, abaixo da meta fixada para o ano passado (18% a 22%) e do concretizado em 2022 (+24,9%). Mesmo menor do que a do último ano, a projeção do BB para o agronegócio é melhor do que os guidances para a carteira de pessoa física (+8% a 12%) e empresas (+7% a 11%). Considerando todos os segmentos, o BB espera elevar sua carteira de crédito entre 8% e 12% neste ano, abaixo do observado no ano passado (+17%).

Já o guidance para o lucro líquido ajustado aponta um resultado positivo entre R$ 33 bilhões e R$ 37 bilhões em 2023, acima dos R$ 31,8 bilhões anunciados na noite de ontem. O resultado do quarto trimestre (R$ 9 bilhões) foi afetado pela despesa de provisão de R$ 788 milhões para o caso Americanas (AMER3), o que representa 50% da exposição. O BB considera a possibilidade de fazer provisão adicional, dependendo da evolução da renegociação de dívida da varejista, que entrou em recuperação judicial no mês passado após revelar um rombo contábil de R$ 20 bilhões.

Fonte: Bloomberg Línea

BB anuncia novidades para cliente agro, com destaque para o BB Agro Digital

Publicado em: 06/01/2017

Dentre as medidas, destaque para o BB Agro Digital, aplicativo de celular e internet que pretende liberar recursos para o produtor sem precisar ir ao banco.
Entrevistado do Direto ao Ponto deste domingo, dia 1, o novo vice-presidente de Agronegócio, Tarcísio Hubner, acredita que 2017 será um bom ano para a agricultura e pecuária. Afirma ainda: o maior desafio é melhorar a experiência do produtor rural com a instituição financeira.

Hoje, a carteira de crédito do agronegócio do BB gira em torno de R$ 179 bilhões. Hubner tem 34 anos de banco, trabalhou em capitais agrícolas como Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e foi empossado no fim de 2016.

De acordo com ele, o produtor terá novidades em 2017, sobretudo com o uso da tecnologia a favor da emissão de créditos. “Hoje, o nosso cliente produtor rural consegue visualizar todo o seu relacionamento com o agronegócio através do mobile e da internet, mas está sendo desenvolvido o projeto do BB Agro Digital, com o foco na liberação de recursos, sem perder a segurança”, afirma.

A ideia é simplificar os processos, dentro das possibilidades dadas pelo Manual do Crédito Rural. Segundo Hubner, haverá diversos custeios e será observado o perfil e a fidelidade do produtor, no que tange à burocracia de análise de crédito. Outra novidade, que inclusive já está sendo aplicada nesta safra, é o estabelecimento de um teto para a taxa de juros, fixada em 12,75% para os recursos.

Não há limites para empréstimo e o valor está dentro da Letra de Crédito do Agronegócio (LCA). “O LCA se mostrou um produto de um crescimento expressivo nos últimos anos. O Banco do Brasil tem hoje uma carteira em torno de R$ 130 bilhões, parte disso aplicado no agronegócio.”

Os estados do Centro-Sul são os mais atendidos pelo Banco do Brasil. Em segundo lugar, vem o Centro-Oeste, local onde há um crescimento de demanda. Todavia, de acordo com Hubner, há uma mudança no perfil: no Sul, por exemplo, as pequenas propriedades estão se destacando. Lá, o BB está investindo em parcerias de tecnologia para atender os produtores. Nesta safra, de julho até novembro, já foram feitas 44 mil operações.

Seguro Rural

Questionado sobre as garantias que o produtor precisa deixar no banco na hora da negociação, Hubner afirma que o seguro rural não é obrigatório, mas está disponível, pois é necessário analisar o capital que está em risco. Quando não se faz o seguro, outras modelagens são discutidas, caso a caso. Vale lembrar, segundo Hubner, que o diálogo com o produtor também é um canal para a renegociação de dívidas e atendimento das demandas individuais.

“Nós temos uma situação econômica que é preciso estar atento. Segundo, nós tivemos, pelos dados da Conab, uma queda na produção em função da estiagem. Então é preciso ter a modelagem de risco, porque a capacidade de pagamento de alguns produtores pode estar mais apertada”, reitera.

Na última safra, o Banco do Brasil indenizou cerca de R$ 1 Bilhão em seguro e mais de R$ 260 milhões em Proagro, Programa de Garantia da Atividade Agropecuária. O maior pagamento foi no estado de Goiás e o segundo, em Mato Grosso. “Onde nunca tivemos problema, tivemos o maior número de indenizações”, explica.

Mesmo com os problemas da safra passada, o vice-presidente é enfático em dizer que “analisa-se a conjuntura, mas, de forma alguma, se fecha a carta de custeios.” Para Hubner, é preciso produzir para pagar as dívidas adquiridas.

Fonte: Canal Rural