Bancos fecharam 6.379 postos de trabalho em 2019, revela Dieese

Publicado em: 28/11/2019

Levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), aponta que os bancos fecharam 6.379 postos de emprego entre janeiro e outubro de 2019. Desde 2013, os bancos já acumulam saldo negativo de 66.985 mil postos.

O resultado de 2019 é decorrente, principalmente, dos programas de desligamentos voluntários abertos pelos bancos. Foram registradas 29.610 admissões e 35.989 desligamentos no período. Os maiores saldos negativos foram registrados no Rio de Janeiro (-1.699 postos), no Rio Grande do Sul (1.072 postos fechados) e no Distrito Federal (-804 postos).

A análise por setor de atividade econômica revela que os bancos múltiplos com carteira comercial, como o Itaú, o Bradesco, o Santander e o Banco do Brasil, foram responsáveis pelo fechamento de 6.684 postos no período.

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Somente na faixa etária entre 18 e 29 anos houve saldo positivo, com criação de 10.765 postos de trabalho. Graças à negociação da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e das federações e sindicatos que fazem parte do Comando Nacional dos Bancários, estes trabalhadores têm a garantia de que seus salários serão mantidos conforme definido na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e não serão limitados a R$ 1.500,00, como determina a Medida Provisória (MP) 905/2019.

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Em todas as faixas etárias acima de 30 anos, o saldo de emprego nos bancos foi negativo, com destaque para a faixa de 50 a 64 anos, na qual houve fechamento de 9.799 postos. Mas, nas faixas entre 30 e 39 anos e entre 40 e 49 anos, também foi grande o saldo negativo (-3.479 e -3.478 postos fechados, respectivamente).

Desigualdade de gênero

Os dados mostram, ainda, que as 13.575 mulheres admitidas nos bancos entre janeiro e outubro de 2019 receberam, em média, R$ 3.926,70. O valor corresponde a 75,9% da remuneração média auferida pelos 16.035 homens contratados no período. Ao se analisar os salários na data de desligamento, constata-se que a desigualdade de gênero se amplia durante a carreira bancária. As 17.572 mulheres desligadas dos bancos recebiam, em média, R$ 5.997,95, o que equivalia a 73,3% da remuneração média dos 18.417 homens desligados dos bancos no período.

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Fonte: Contraf/CUT

Em plena crise econômica, empresas lucraram R$ 103,3 bilhões em 2016

Publicado em: 20/04/2017

O lucro líquido de 294 empresas brasileiras de capital aberto atingiu R$ 103,3 bilhões em 2016. O número revela um crescimento de 11,87% em relação a 2015, quando as mesmas empresas registraram um lucro de R$ 92,3 bilhões. Os dados foram levantados pela consultoria Economatica.

Em contrapartida, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro acumulou 7,4% de queda em dois anos consecutivos após a retração de 3,6% em 2016. Em 2015, a economia já havia recuado 3,8%, depois de um ano de estagnação em 2014.

O economista Thomaz Ferreira Jensen explica que, mesmo com pouca atividade produtiva, a variação positiva do lucro das empresas se justifica pelas taxas de juros elevadas e por reduções de custo. Jensen afirma que a instabilidade político-econômica no período foi causada, em parte, pela falta de investimentos, já que a dinâmica econômica destas companhias não é mais baseada na geração de lucro com a atividade produtiva.

“Todas essas empresas que estão listadas na Bolsa [de Valores] têm uma boa parte do seu lucro decorrente das aplicações que elas fazem no mercado financeiro, especificamente ganhando dinheiro com a alta taxa de juros brasileira”, disse.

No mesmo sentido, o doutor em Ciências Sociais e professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG) Robson Sávio afirma que o Estado garante, com as altas taxas de juros, os privilégios do setor privado. “Os juros no Brasil não são civilizados. É um assalto institucionalizado ao trabalhador brasileiro. Com a alta taxa de juros, o Estado protege o rentismo, que não tem nenhum ônus mesmo em cenários de crise”, avaliou.

Segundo ele, o fortalecimento das empresas em períodos de recessão é uma estrutura do neoliberalismo, “que privilegia o capital em detrimento do trabalho e de políticas de ampliação de direitos”.

“O desemprego, por exemplo, é altamente favorecedor deste tipo de capitalismo porque mais pessoas vão procurá-lo a qualquer custo, abrindo mão de todos os direitos e a qualquer valor. É isso que acontece no Brasil hoje”, analisou o cientista político.

Instituições financeiras

Mesmo com queda nos resultados em relação a 2015, os bancos se mantiveram como o setor que mais lucrou no Brasil em 2016. Ainda segundo os dados da Economatica, as instituições financeiras acumularam aproximadamente R$ 48,6 bilhões no ano passado. Apesar de uma queda de R$ 1,7 bilhão, o Bradesco lidera a lista das empresas mais lucrativas, com R$ 21,6 bilhões.

Entre os 20 maiores lucros do Brasil, ainda aparecem o Banco do Brasil (R$ 8 bilhões), Santander (R$ 5,5 bilhões), BB Seguridade (R$ 4 bilhões) e BTG Pactual (R$ 3,4 bilhões).

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Para o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), na conclusão da 11ª edição do estudo Desempenho dos Bancos, divulgado na semana passada, os bons resultados do setor estão relacionados à queda nas despesas com empréstimos e repasses em função da relativa valorização do real frente ao dólar, o que barateou os recursos captados pelos bancos no exterior.

Jensen destaca ainda a tendência “inexorável” de extrema concentração e centralização de capital no setor. Em 2016, o Bradesco consolidou a aquisição do HSBC Brasil após a negociação de R$ 16 bilhões em 2015.

O economista pontua ainda a dificuldade de inserção de bancos estrangeiros no mercado brasileiro, que são adquiridos ou ocupam fatias menores de participação. “O que me chama atenção neste setor bancário é que ele é altamente internacionalizado e desnacionalizado na região da América Latina. Mas, no caso brasileiro, é basicamente um duopólio que reforça o poder do Itaú e do Bradesco — que, importante pontuar, são grupos de controle familiar que ditam seus rumos”, disse.

Ajuste fiscal

Segundo a consultoria Economatica, a ampliação dos lucros estaria relacionada também à reestruturação e introdução acelerada de novas tecnologias e a digitalização dos processos, como internet banking e aplicativos de celular, mas, principalmente, pelo encolhimento de suas estruturas físicas e de pessoal.

Já o relatório do Dieese aponta que, além da elevação das receitas com tarifas e serviços, as instituições financeiras também garantiram o resultado positivo com a venda de seguros, previdência e capitalização. E, em 2017, o setor bancário pode ampliar esta variação positiva dos lucros, caso, por exemplo, caso a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287, que altera as regras da aposentadoria, seja aprovada.

Para Jensen, ao minimizar o público da previdência social no Brasil, o governo federal abre espaço para que o setor privado amplie sua participação. “Há na proposta de reforma [da Previdência] uma clara intencionalidade de abrir espaço para os bancos, que basicamente são os controladores das grandes seguradoras privadas, possam ter mais mercado para seus planos privados”, avaliou o economista.

Já Sávio ressalta que a desregulamentação da Previdência, da legislação trabalhista e outros cortes sociais vão garantir que os processos de acumulação de renda permaneçam. Segundo ele, o fator político, que levou o setores da economia a apoiar a entrada do governo golpista de Michel Temer (PMDB), foi o principal desencadeador de desestabilização da economia.

“Todos o ônus sobra para o trabalhador, o aposentado, para aquele que depende de um estado distribuidor de renda e das políticas sociais. Isso é um processo histórico e que nesse momento se agudizou”, finalizou o professor.

 

Fonte: Brasil de Fato

Bancos em 2016: concentração e lucro elevado mesmo com recessão

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São Paulo – O setor financeiro confirmou em 2016 a tendência de concentração e manteve lucros elevados, apesar da crise, constata o Dieese em estudo de sua Rede Bancários, divulgado nesta segunda-feira (17). “Os cinco maiores bancos do país tiveram desempenho muito expressivo, seja em termos de intermediação financeira (as principais contas dos bancos) ou de resultado operacional, a despeito do adverso cenário econômico e da queda observada no resultado líquido em comparação com o ano anterior”, diz o instituto.

“Permanece a necessidade de se ampliar e se aprofundar o debate sobre o papel desempenhado pelo sistema financeiro nacional, especialmente no que se refere aos três maiores bancos privados”, acrescenta o Dieese, em referência a Bradesco, Itaú e Santander. Somados o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, os cinco concentram 87% das operações de crédito.

Em relação ao emprego, o número de trabalhadores tem queda contínua desde 2012, aponta o Dieese, mas houve pequena variação (-0,1%) de 2015 (433.015) para 2016 (432.518), uma perda de 497 vagas. Quatro dos cinco maiores bancos fecharam postos de trabalho, com destaque para o BB, que eliminou 8.569, queda de 7,8%. O banco teve um plano especial de estímulo à aposentadoria, com 9.409 adesões. Fechou o ano com 100.622 empregados.

A Caixa, que fechou 2.480 vagas (-2,5%), também fez um plano de apoio à aposentadoria. E deverá cortar mais postos de trabalho neste ano, já que abriu novo programa de estímulo ao desligamento de mão de obra. No final de 2016, estava com 94.978 funcionários.

Entre os privados, o Santander cortou 2.770 (-5,5%) e o Itaú Unibanco, 2.610 (-3,1%). A exceção foi o Bradesco, com abertura de 15.932 vagas (17,2%). Mas na conta entra a incorporação do HSBC – sem isso, o banco cortou 4.790 postos de trabalho de setembro de 2015 a setembro do ano passado. No final de 2016, o Bradesco estava com 108.793 funcionários, o Itaú tinha 80.871 e o Santander, com 47.254 empregados.

O Itaú fechou 168 agências e o Santander, oito, no ano passado. BB e Caixa têm 11 e oito a mais em relação a 2015, respectivamente, mas o Dieese lembra que os dois bancos planejam fechar centenas de agências neste ano. O saldo de 807 no caso do Bradesco leva em consideração, mais uma vez, a incorporação do HSBC.

O lucro líquido dos cinco maiores bancos brasileiros somou R$ 59,6 bilhões em 2016, queda de 12,1% em relação ao ano anterior. Segundo o Dieese, o resultado pode ser explicado, entre outros motivos, pelo fato de as empresas terem feito “forte provisionamento” e por não usarem créditos tributários. O maior lucro foi registrado pelo Itaú: R$ 22,2 bilhões, redução de 7%, enquanto o Bradesco teve R$ 17,1 bilhões, diminuição de 4,2%.

Já o BB teve queda de 44,2%, para R$ 8 bilhões, mas o Dieese observa que esse dado deve ser relativizado por causa do impacto, em 2015, de acordo do BB com a Cielo, no segmento de pagamento eletrônicos. O lucro da Caixa, de R$ 5 bilhões, caiu 3%, mas o resultado operacional cresceu 271,5%, “devido à melhora no resultado da intermediação financeira, em especial, de resultados com operações de crédito e com títulos e valores mobiliários”. A exceção de 2016 foi o Santander, cujo lucro líquido aumentou 10,8% sobre 2015 e atingiu R$ 7,3 bilhões.

A íntegra do estudo pode ser lida no site do Dieese.

Fonte: Rede Brasil Atual