BB recebe reivindicações dos bancários que atuam em “Agências Estilo Investidor”

Publicado em: 04/07/2025

No início de junho, o movimento sindical se reuniu com a Gepes-SP e a Superintendência Nacional do Banco do Brasil para apresentar as reivindicações dos bancários que atuam em “Agências Estilo Investidor”, segmento voltado para clientes de alta renda. Os principais pontos debatidos foram: atingimento de metas; Prêmio Conexão; home office; remuneração; e a quantidade de assistentes por carteira.

Atingimento de metas

Os bancários estão enfrentando dificuldades para atingir o orçamento (metas), em razão do fato de que muitos clientes não possuem perfil compatível com o segmento e não têm interesse em aumentar o volume de investimento. O pedido de revisão da carteira foi bem recebido pela Superintendência, que informou que a medida está em curso desde criação do segmento, buscando retirar clientes fora do perfil.

Além disso, foi informado que haverá a possibilidade de que gerentes de relacionamento possam incluir novos clientes em suas carteiras por interesse negocial. Contudo, ainda não há data definida para a medida ter início.

Conexão

A ausência de produtos e serviços variados para os trabalhadores do segmento alcançarem as metas do Prêmio Conexão foi relatada pelo movimento sindical. Apesar do pagamento do Conexão ser para todos que atingem as metas, e não apenas para os 30% melhores, como era antes da campanha salarial do ano passado, os bancários das agências Estilo Investidor enfrentam maiores dificuldades.

Isso porque, segundo a regra, haverá o pagamento de dois VRs (Valores de Referência), divididos em 1,2 VR pelo cumprimento de metas gerais, e 0,8 baseado em produtos e serviços específicos. Diante disso, os bancários do segmento reivindicaram que este 0,8 seja adequado aos produtos e serviços oferecidos no modelo Estilo Investidor.

Em resposta, a Superintendência afirmou que a demanda será encaminhada para a direção do banco, de forma que a adequação seja feita ainda neste ano.

Home office

A adoção do home office em parte da semana para os trabalhadores das Agências Estilo Investidor também foi solicitada. Embora o BB tenha firmado acordo em 2024, prevendo o compromisso com a ampliação do home office, o modelo não está sendo colocado em prática em algumas áreas.

Remuneração

Por possuírem uma grande responsabilidade com a administração dos investimentos e precisarem obter certificações específicas, os gerentes do segmento reivindicam, há anos, um salário diferenciado dos demais. Contudo, o banco segue resistente à demanda.

Assistente por carteira

Por fim, foi reivindicado que exista um assistente por carteira, considerando a complexidade do segmento. Atualmente, existe um assistente para duas carteiras, ou seja, um assistente para dois gerentes pessoa física.

A medida impactaria positivamente na sobrecarga de trabalho e possibilitaria mais oportunidades para ascensão de carreira no Banco do Brasil.

Fonte: Sindicato dos Bancários de Bauru e Região

BB se junta a Bradesco e Itaú na oferta de gestor independente

Publicado em: 19/07/2018


O Banco do Brasil (BB), líder no segmento de gestão de recursos no país, com R$ 876 bilhões ao fim de junho, vai passar a oferecer a partir de hoje fundos de terceiros para a segmentação Estilo – com renda a partir de R$ 10 mil. A grade começa com três gestoras independentes conhecidas no universo dos multimercados: Bahia AM Maraú, Gávea e SPX Nimitz. É a primeira vez que o banco federal desce para o varejo um tipo de oferta que até aqui era restrita ao grupo dos mais afortunados do private banking.

O movimento vem na sequência de outros grandes conglomerados financeiros. O Itaú tem mais de três dezenas de fundos de terceiros na prateleira, incluindo multifundos, carteiras espelho e os portfólios da Kinea, gestora de classes alternativas do próprio banco. O Bradesco começou a testar em janeiro a distribuição para o topo da segmentação Prime, com aplicações entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões, com nomes como Pimco, Gávea, SPX, Kapitalo e Adam Capital, mas planeja logo estender a oferta para a alta renda como um todo, apurou o Valor. Paralelamente, a corretora Ágora vem sendo repaginada para ter uma plataforma completa de investimentos, acessando clientes fora do banco.

Chegar mais tarde do que os seus pares diretos na abertura da plataforma é uma resposta a uma mudança de comportamento identificada dentro da base do próprio banco, segundo a gerente geral de captação e investimentos do BB, Paula Mazanék, e se pauta menos pelo movimento dos competidores. Este é, contudo, um passo sem volta, reconhece, especialmente após a Selic cair de 14,25% para 6,5%, com o aplicador se tornando mais inclinado a experimentar ativos além da renda fixa tradicional com que já está familiarizado. “O investidor está mais informado e passou a ser mais assediado pela concorrência”, diz.

De um ano para cá, o BB manteve a primeira posição no ranking de gestão de recursos, mas perdeu alguma participação de mercado, saindo de uma fatia de 25,2% em junho de 2017 para 23,99% no fechamento do primeiro semestre de 2018. Os dados são da Morningstar e não excluem fundos de fundos e carteiras “feeder”, criadas para acolher recursos de uma estratégia principal como um fundo em cotas ou um fundo espelho.

De acordo com a executiva, o banco mapeou com ferramentas analíticas o tipo de cliente que teria maior propensão à tomada de risco e identificou um universo de 100 mil investidores potenciais para alocar de 5% a 10% dos seus recursos em fundos de terceiros. Ainda que seja uma gota no oceano num universo de 22 milhões de clientes, dois anos atrás essa quantia era irrisória, diz. Na segmentação Estilo, que reúne cerca de R$ 65 bilhões em fundos sob gestão do BB, se 5% da base com perfil moderado e arrojado optasse pela diversificação, as estratégias de terceiros poderiam atingir R$ 2,3 bilhões.

Não há, entretanto, nenhuma meta estabelecida para essa grade específica e a oferta não vai contemplar todo esse conjunto, diz Paula. Só no perfil moderado, o Estilo conta com 99 mil clientes, com R$ 38 bilhões investidos, enquanto no grupo dos arrojados estão 24 mil correntistas, que reúnem R$ 8 bilhões.

“São produtos com volatilidade acima dos [fundos] mais tradicionais, o que inspira um pouco mais de cuidado sob a perspectiva do investidor, acompanhando o cenário conjuntural. Mas ao mesmo tempo ele deve tomar a decisão olhando não 2018 nem 2019, mas um horizonte de 24 a 36 meses.” Na rede, os gerentes da segmentação e os assessores especialistas têm metas de incrementar ativos sob gestão, que não é voltada para produtos específicos. No private banking, que oferece fundos de terceiros há dez anos, o patrimônio chega a R$ 2 bilhões.

No topo da pirâmide são 15 gestoras aprovadas, o que significa que a oferta na alta renda ainda pode ser ampliada. Os fundos espelho Gávea Macro, SPX Nimitz e Bahia Maraú chegam com aplicação mínima de R$ 50 mil e taxa de administração de 1,975%, 2,20% e 1,90%, respectivamente.

O Itaú, o primeiro top 5 do setor bancário no país a avançar no chamado modelo de arquitetura aberta do fim de 2016 para cá, acrescentou recentemente novos nomes à lista de fundos de terceiros distribuídos na segmentação Personnalité – com investimentos entre R$ 100 mil e R$ 10 milhões. SPX Nimitz, Neo Multi Estratégia, Adam Macro e Canvas Enduro passaram a compor a oferta. No grupo de portfólios globais, a novidade trazida foi um espelho da gigante internacional BlackRock com o seu “macro opportunities”, que se soma a outro nome de referência em gestão global, a carteira Pimco Income, há um ano na grade e que reúne R$ 993 milhões.

No conjunto do varejo de alta renda, já são mais de R$ 10 bilhões em fundos de terceiros, segundo Bruno Stein, superintendente do Itaú Unibanco. No fim de maio, o varejo de alta renda do banco reunia R$ 114,5 bilhões, segundo dados da Anbima.

De acordo com o executivo, a oferta de produtos de terceiros, que se estende a títulos de renda fixa, teve um papel relevante no ganho de “market share” no segmento de varejo. “Não tenho dúvida nenhuma de que foi um fator decisivo. Eu estou dando poder de escolha para o investidor.”

Apesar de a captação de um fundo próprio trazer mais receita para o banco que um portfólio de terceiro, na rede os gerentes não têm incentivos diferenciados para vender uma carteira ou outra, afirma Stein, apenas metas de captação líquida.

Pelos dados da Morningtar, no conjunto o Itaú fechou o primeiro semestre com R$ 588 bilhões em gestão de recursos, saindo de uma participação de 16,93% em junho de 2017 para 16,09% na fotografia mais atual. Ocupava o segundo lugar, enquanto o Bradesco caiu para a terceira posição, com 15,75% do mercado, ante 17,5% de um ano atrás. A Caixa saiu de 7,66% para 7,94% e o Santander de 6,55% para 6,57%.

Fonte: Valor Econômico

Diretor do BB diz que inadimplência na alta renda é menor

Publicado em: 02/12/2016


As condições gerais de crédito custam a apresentar alguma melhora, mas a fonte não seca para um grupo de mais alta renda que, pelo bom histórico de pagamento, está sempre na mira dos bancos. Enquanto as concessões gerais do crédito direto ao consumidor caíram 8,3% nos 12 meses até setembro, o varejo de alta renda – atendido por meio de bandeiras como Personnalité, Prime, Premier, Estilo, Van Gogh e Select – segue recebendo ofertas de crédito, muitas vezes de maneira bastante insistente, por diferentes canais.

É um tipo de abordagem comum, dizem especialistas, mas que se acentua em cenário de risco elevado, no qual o bom histórico de pagamento da alta renda fala mais alto e favorece o grupo. O Banco Central não abre as informações sobre inadimplência por faixas, mas um exemplo do que ocorre em algumas linhas de crédito do Banco do Brasil (BB) ilustra bem esse movimento.

No cheque especial, por exemplo, enquanto o índice de inadimplência do banco está ao redor de 7%, entre os clientes com renda acima de R$ 8 mil não chega a 1%, diz Edmar Casalatina, diretor de empréstimos e financiamentos do Banco do Brasil. No consignado, a inadimplência está em 1,3% na linha geral. Para esse público, ela cai para 0,7%.

Para João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho, a inadimplência nas faixas mais baixas de renda está mais elevada, especialmente em razão do desemprego. Como os gerentes de banco continuam sendo extremamente cobrados para engordar a carteira, acabam voltando suas baterias à alta renda. “O banco refuta a base da pirâmide e faz estratégia agressiva na outra ponta”, afirma.

Mesmo tendo vendido suas operações de varejo para o Itaú e aguardando apenas a chancela do regulador ao negócio, o Citibank entrou outubro com ofertas agressivas de crédito pessoal. Para um cliente com renda mensal a partir de R$ 10 mil, os valores chegavam a R$ 50 mil ou R$ 60 mil. Tudo em 48 meses, ou dez meses acima da média registrada pelo crédito pessoal geral, segundo o BC.

O Valor teve acesso a propostas com taxas de juros de 3,9% ao mês, ou taxa efetiva de 63,72% ao ano. O percentual fica muito abaixo da taxa média cobrada em empréstimo pessoal feito com recursos livres que, segundo o BC, subiu quase três pontos percentuais de agosto para setembro, chegando a 135,1% ao ano – de longe, a maior da série histórica iniciada em 2011.

Um pouco antes do Dia das Crianças, o Bradesco oferecia uma linha especial a seus clientes Prime reforçando a ideia de “tornar a data inesquecível”. Um deles, recebeu uma oferta, por mala direta, de um limite de crédito pessoal capaz de marcar o dia de não uma, mas de várias crianças. O folheto oferecia R$ 24,8 mil e indicava que as condições do empréstimo precisavam ser consultadas na agência ou por telefone – algo que o cliente não fez.

Bastante agressivo, o Santander tem buscado convencer os seus clientes de alta renda, especialmente por telefone, a aceitar ofertas que chegam a R$ 100 mil. A insistência do banco tem incomodado parte dos clientes que, na tentativa de se desvencilhar da oferta, não querem nem ouvir as condições do empréstimo. “Sinto que meu banco tenta me pegar pelo braço. Aperto o botão para sacar R$ 100 e tem R$ 30 mil disponíveis para mim”, conta uma fonte.

Os bancos se defendem dizendo que, mesmo em um cenário difícil, não deixam ninguém, nem mesmo os clientes de menor renda, na mão. “Não fizemos nenhuma restrição quanto à renda”, diz Casalatina, do BB. Segundo o executivo, o que existe são taxas de juros diferenciadas para clientes que têm grau de relacionamento maior com o banco, o que é comum no mercado.

Cássio Schmitt, diretor de produtos de créditos e recuperação para pessoa física do Santander, explica que o banco tem mantido e estimulado o crédito independentemente da faixa de renda, após um período de ajustes internos no segmento. A taxa de inadimplência da carteira de pessoa física, diz Schmitt, saiu de 7% em 2012 e hoje está em 4,5%.

Schmitt reconhece que o banco faz aproximações com clientes sem que tenha sido provocado, mas diz que boa parte das ofertas tenta, na verdade, detectar as vontades do público. “Se o cliente faz a cotação de crédito em um dos nossos canais faz mais sentido ofertar para ele”.

Segundo o executivo do Santander, o objetivo é retomar de uma maneira que chama de “consciente” as ações de estímulo ao crédito, em especial os menos voláteis, como o imobiliário ou com garantia de imóvel ou veículo. O balanço do terceiro trimestre banco sinalizou melhora do crédito nessas linhas.

No geral, as condições de crédito pessoal com recursos livres pioraram de uma maneira significativa nos últimos dois anos. Uma olhada mais atenta aos números mostra, porém, que os juros subiram bem mais rápido do que os atrasos. Enquanto a inadimplência subiu pouco mais de dois pontos, de 7,24% em setembro de 2104 para 9,61%, os juros cobrados ao ano saltaram quase 40 pontos, de 96% para 135,1%.

Salles, da Lopes Filho, avalia que a inadimplência só não é maior porque os bancos estão empenhados em renegociar dívidas e repactuar o crédito para outras linhas mais baratas, como o consignado privado. Mas a retomada das operações deve ficar para o segundo trimestre do ano que vem. “Os bancos têm abundância de recursos e querem emprestar, mas a demanda está muito reprimida. Não vemos melhoria no curto prazo”.

Fonte: http://www.valor.com.br/financas/4765029/oferta-de-credito-alta-renda-vira-estrategia