R$ 9 mi garantido para cada executivo em 2022. E para os bancários?

Publicado em: 25/08/2022

Mesmo com lucros maiores e sempre crescentes, os bancos propuseram reduzir a PLR, distribuindo uma fatia menor de seus lucros bilionários. Na mesa desta quarta-feira 24 de agosto, a décima quinta rodada da Campanha Nacional dos Bancários 2022, a Fenaban (federação dos bancos) propôs reajuste de 6,73% nos valores fixos da PLR, o que corresponde a apenas 75,7% do INPC, com perda de 1,97% para os trabalhadores (considerando a estimativa da inflação de 8,88% em 31 de agosto).

A Fenaban propôs ainda excluir da CCT a regra de não compensação dos programas próprios na parcela adicional da PLR – ou seja, o que cada banco paga como programa próprio seria reduzido dessa parcela da PLR/CCT.

Mais cedo, os bancos vieram com proposta ainda mais rebaixada: de 6,22% para os valores fixos da PLR (70% do INPC, com perda de 2,44%). Mas depois de uma pausa nas negociações, apresentaram a proposta de 6,73%.

O Comando Nacional dos Bancários rejeitou as duas proposta na mesa.

“Mais um dia inteiro de negociação, com os bancos apresentando propostas rebaixadas, fazendo longas pausas na mesa para depois apresentar índices de reajuste que vão aumentando a conta gotas. Passaram de 6,22% para 6,73%. E já chegamos à décima quinta mesa e eles ainda não apresentaram uma proposta de índice para reajuste dos salários. É um desrespeito com a categoria que constrói seus lucros bilionários”, diz Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.

Ivone destaca que a parcela do lucro distribuída aos trabalhadores já vem sofrendo redução ao longo dos anos. “E hoje eles propuseram reduzir ainda mais, oferecendo reajuste abaixo da inflação nos valores fixos e tetos, e propondo compensar programas próprios na parcela adicional da PLR, o que deixa os trabalhadores ainda mais vulneráveis às cobranças de metas abusivas. Não vamos aceitar.”

Por outro lado, a remuneração per capita anual da diretoria executiva dos maiores bancos tem previsão de atingir R$ 8,9 milhões por diretor (a) em 2022, com crescimento de 11,1% em relação a 2021 e 132 vezes maior do que a remuneração anual da função de escriturário (salário, 13º, férias, tickets, PLR).

PLR é fatia cada vez menor do lucro

Desde 1997, a PLR do cargo de caixa teve aumento real de 126%, enquanto que o crescimento real do lucro dos bancos, no mesmo período, foi de 359%, ou seja, 2,85 vezes mais do que o valor da PLR.

A fatia do lucro distribuída aos trabalhadores foi caindo ao longo dos anos, apesar de novas conquistas como os reajustes nos valores, mudanças nos parâmetros e introdução da parcela adicional.

Em 1995, quando a PLR foi clausulada na CCT dos bancários, os grandes bancos distribuíam cerca de 14% dos seus lucros, mas em 2021, os três maiores bancos privados distribuíram em média apenas 6,67% de seus lucros. Com a proposta desta quinta, a distribuição cairia ainda mais, para 6,49%, sendo que a distribuição da regra básica está inferior a 5% e da parcela adicional próxima de 1,6%, portanto muito abaixo dos 2,2% previstos na CCT.

Na pauta apresentada aos bancos, a categoria reivindica para a parcela adicional da PLR 3 salários-base, reajustados pelo INPC mais aumento real de 5%. A Fenaban está oferecendo apenas 40% do que os trabalhadores reivindicam.

Fonte: Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região