Brasil é o país em que bancos digitais conquistam mais clientes

Publicado em: 27/06/2023

A fragmentação do setor bancário é generalizada, mostra a mais recente pesquisa da Bain & Company. Em países em desenvolvimento, como Brasil, Índia e China, grandes grupos de consumidores de baixa renda que não tinham relacionamento com os bancos tradicionais passaram a utilizar serviços dos novos bancos digitais – que a Bain chama de “neobancos” – e outras empresas online. As instituições nativas digitais, com sua tecnologia moderna e flexível e produtos mais acessíveis, têm investido para atrair esses consumidores.

A pesquisa, realizada com 29.805 consumidores de 11 países em parceria com a Dynata, indica que, embora o foco inicial dos insurgentes digitais fosse nas famílias de baixa renda, uma grande parcela do público de renda mais alta e com educação superior também está migrando para os novos bancos. Esses grupos apresentam altas perspectivas de rendimento se os bancos conseguirem fidelizar seus clientes atuais, melhorar ofertas e experiências para atrair e expandir negócios com esse segmento.

De forma geral, a migração para bancos digitais muda bastante de acordo com o país. No Brasil, o destaque fica por conta da fatia de consumidores que está migrando para os “neobancos”, muito mais significativa do que em qualquer outro lugar do mundo.

Os bancos tradicionais ainda detêm a maior parte dos relacionamentos primários com os consumidores. No entanto, a maioria dos mercados experimentou um aumento nos insurgentes digitais, que são hoje os principais bancos das gerações mais jovens. Eles também cresceram em uma outra dimensão importante: a fidelidade do cliente.

O levantamento destaca que simplificar os processos melhora a percepção dos consumidores sobre o relacionamento geral com o banco. É notável a diferença de 103 pontos de Net Promoter Score (NPS) – métrica que avalia a satisfação dos consumidores a partir de sua intenção de recomendar (ou não) a marca pesquisada – entre os respondentes que abriram conta digitalmente na primeira tentativa e os que não conseguiram abrir e escolheram outro banco. Um NPS forte contribui para que os clientes permaneçam na instituição, comprem mais, custem menos para a operação e, muito provavelmente, recomendem o banco a amigos e familiares.

Na pesquisa da Bain, quanto mais os entrevistados concordam que seu banco personaliza o relacionamento, maior é o NPS. Eles demonstram confiança para permitir que as instituições utilizem seus dados pessoais para oferecer produtos que atendam as suas necessidades e resolver problemas ativamente.

De forma geral, o estudo indica que a facilidade em trocar os fornecedores de produtos bancários no ambiente digital tem um impulso poderoso. Ainda assim, os bancos contam com opções para aumentar a fidelidade de seus clientes e facilitar a adesão de novos consumidores. A combinação de ferramentas digitais convenientes e fáceis de usar com a personalização inteligente possibilita que os bancos ofereçam soluções sob medida para necessidades e prioridades de cada cliente, incluindo ações ESG, que são importantes para uma parcela crescente de consumidores.

Fonte: Monitor Mercantil

Fintechs perdem fôlego com alta dos juros e grandes bancos ganham mercado

Publicado em: 05/01/2023

Após anos em que sua capacidade de sobreviver frente à concorrência maior e mais ágil foi questionada, os grandes bancos brasileiros chegam a 2023 com a balança pendendo fortemente para seu lado. Em um mundo de dinheiro mais caro, a diversidade e a solidez dos negócios conta pontos a favor dos conglomerados. Entretanto, não é uma vantagem totalmente assegurada: com o peso de legados tecnológicos e culturais, os desafios das instituições não foram completamente ultrapassados.

O aumento dos juros no Brasil e no mundo fechou a janela do mercado para o capital de risco, que na última década garantiu financiamento quase infinito ao crescimento das fintechs. Para as de maior porte, a possibilidade de vender ações em Bolsa evaporou: a oferta do Nubank, em dezembro de 2021, foi a última a sair.

Ao mesmo tempo, o setor financeiro conseguiu repassar ao custo do crédito o rápido aumento da taxa Selic, o que aumentou as margens dos empréstimos. O efeito colateral foi a maior inadimplência, que elevou as despesas com provisões e obrigou todos os concorrentes a colocarem o pé no freio. Aí começa outra vantagem dos bancos tradicionais: a diversificação de receitas.

“Um banco grande, que tem diferentes produtos e fontes de receitas, acaba sendo menos impactado porque tem mais flexibilidade de alocação e de estratégia”, diz Claudio Gallina, diretor sênior de instituições financeiras da agência de classificação de risco Fitch.

O especialista em serviços financeiros e pagamentos Gueitiro Matsuo Genso, que foi CEO do PicPay e tem passagens por BB e Previ, afirma que entre 2014 e 2021, o crescimento era o grande chamariz do mercado para empresas financeiras, o que atraiu capital para as fintechs. Desde o início do ano passado, a alta dos juros equilibrou as condições.

“Para vencer no digital, precisa ter um ecossistema completo, e os grandes bancos já têm. Também é preciso ser uma empresa de tecnologia”, diz ele. “Os incumbentes fizeram o dever de casa ao longo do tempo para trilhar esse caminho da tecnologia.” Um exemplo é a migração dos sistemas dos bancos para a nuvem, que no caso do Itaú, cuja previsão era a de chegar a metade do total na virada do ano.

Além disso, há pressões de curto prazo, como a da qualidade do crédito e a de uma potencial reforma tributária. A pauta, uma das primeiras que o governo Lula promete abraçar, pode reduzir em 15% os lucros do setor até 2024, segundo cálculo do BTG Pactual. “Estimamos que os grandes bancos sejam os mais impactados em ambos os cenários (para uma possível reforma)”, afirmou a casa.

Novas e velhas receitas

A diversificação dos grandes passa por reproduzir estratégias trazidas ao setor pelos bancos digitais. Neste ano, o Itaú criou um shopping virtual próprio, enveredando em seara que, no Brasil, foi inaugurada pelo Inter, e que também é percorrida por nomes como Next e o Banco do Brasil. A receita vem das comissões sobre cada venda, uma atividade não-bancária, mas que ajuda a “prender” o cliente.

Genso diz que essa estratégia deve se tornar mais comum, à medida que os bancos procuram compensar receitas em queda. Mesmo nas tarifas de conta corrente, que sofreram por conta do Pix tirando tarifas de transferências, porém, os maiores bancos do País ainda conseguem arrecadar cerca de R$ 30 bilhões ao ano, estima. “O consumidor médio não se sente seguro em ficar só no digital, afirma. “Ele aceita pagar uma tarifa que a princípio não entrega valor para ter uma conta em um banco de segurança.”

Nas fintechs, o momento é de busca por eficiência. “Em um mercado que pede rentabilidade maior no curto prazo, é importante provar que conseguimos executar o modelo de negócios”, disse ao Broadcast o CEO do Nubank, David Vélez, no início de dezembro. No terceiro trimestre, a fintech chegou ao equilíbrio financeiro pela primeira vez desde o IPO.

Com discurso semelhante, a Creditas, que ainda tem capital fechado, afirmou no balanço mais recente que continua executando um plano rumo à lucratividade, o que inclui aumentar os juros dos empréstimos. “Uma nova era está emergindo, e nosso setor de tecnologia vai rumo a fazer mais com menos e com prioridade nos fundamentos”, disse a fintech, que teve prejuízo de mais de R$ 800 milhões de janeiro a setembro.

Gallina, da Fitch, afirma que a tendência é de consolidação dos novos competidores. “Passamos por um momento muito similar, para as fintechs, ao dos bancos, no passado, com o Plano Real”, diz ele, lembrando que a queda da inflação fez muitas instituições beijarem a lona. Sobraram as que dependiam menos da indexação, e o setor ficou mais concentrado. Algo semelhante pode acontecer com os concorrentes da nova geração.

Fonte: Estadão

 

Bancos e fintechs oferecem salários até 25% maiores na briga por talentos

Publicado em: 05/06/2022

Com salários altos, bônus e chance de crescimento rápido, o mercado financeiro tradicionalmente nunca teve grandes problemas para atrair talentos. Porém, parece que o cenário comum da área de tecnologia, em que sobram vagas e faltam profissionais qualificados, chegou também aos bancos e fintechs.

Segundo dados da consultoria PageGroup, oito em cada dez candidatos da área de bancos e serviços financeiros não querem trocar de emprego. A dificuldade de preencher as vagas também tem elevado o prazo dos processos seletivos, que antes eram concluídos em um mês, para 90 dias ou mais.

Por trás dessa dificuldade está, sobretudo, o boom de bancos digitais e fintechs que surgiram nos últimos anos. De acordo com dados do Banco Central, em fevereiro deste ano, o Brasil tinha mais de 649 instituições financeiras, 15% mais do que em 2019, quando o número voltou a crescer.

“Esse é um universo que está cada vez mais concorrido, com bancos surgindo a todo instante. Fora isso, esse segmento demanda um nível de formação bastante alto, que só 4% da população brasileira se encaixa”, diz Juliana França, gerente sênior da área de bancos e serviços financeiros da Page Personnel e Michael Page.

O momento é especialmente complicado porque, além da saída de profissionais rumo às fintechs, muitas instituições financeiras que estavam segurando contratações por conta da pandemia voltaram a recrutar e desenvolver novos projetos.

“É uma tempestade perfeita para um cenário mais adverso. Como resultado, temos muitas posições abertas e profissionais que não atendem aos requisitos”, completa Juliana.

Salários altos

Um dos primeiros reflexos dessa briga por talentos é, claro, a remuneração paga para os profissionais. Os salários, que já eram altos, agora, em média, ficaram 25% maiores. Fora isso, o setor também assiste a uma juniorização, com profissionais mais jovens ou com menos experiência ocupando cargos mais seniores.

“Outro aspecto é a oferta de benefícios, temos visto muitas empresas oferecerem iniciativas de bem-estar para driblar a alta carga de trabalho, que continua sendo uma característica do setor. E, aquelas que não oferecem vagas híbridas, também sofrem mais para contratar”.

Um complicador, porém, tem sido a elevada taxa de contraproposta oferecida pelas empresas para não perder profissionais para a concorrência. “Estamos falando em 60% de ofertas nesse sentido. E quase que a totalidade dessas propostas é revertida em retenção do candidato”, diz Juliana.

Para quem está interessado em aproveitar o momento aquecido do setor e deseja migrar para a área de finanças, Juliana recomenda investir no inglês, aprender softwares específicos para cada área, por exemplo, Power BI para times de finanças, além de desenvolver habilidades como resiliência e capacidade de lidar com mudanças. “É interessante olhar quais os diferenciais de cada cargo e, além disso, entender por que você quer trocar de área. Se for uma movimentação só motivada pelo alto salário, por exemplo, pode ser que a pessoa se frustre rapidamente após a decisão”, finaliza Juliana.

Fonte: Exame.com

Avanço das fintechs pressiona digitalização de bancos tradicionais

Publicado em: 28/10/2021

O crescimento dos bancos nativos digitais e demais fintechs levou, rapidamente, ao acirramento da concorrência num mercado até então dominado por poucas instituições financeiras tradicionais. Surpreendidos pela velocidade das transformações digitais no setor, os grandes bancos empreendem uma verdadeira ofensiva para retomar fatias de mercado perdidas para os desafiantes. Aceleram a digitalização de suas operações, criam cartões e contas digitais sem taxas e até braços 100% on-line. Além disso, ampliam o portfólio de produtos, serviços e até de mimos como descontos em compras para disputar a atenção dos clientes no mundo digital.

Uma pesquisa sobre tecnologia bancária da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que reúne as instituições tradicionais, apontou um crescimento de 35%, nos últimos cinco anos, do orçamento voltado à inovação no setor bancário. Subiu de R$ 19 bilhões em 2017 para R$ 25,7 bilhões no ano passado, sendo R$ 8,9 bilhões investidos exclusivamente em tecnologia.

Mariana Pereira, analista sênior da Fitch Ratings, diz que é um engano pensar que os grandes bancos estão inertes diante da evolução das fintechs. Capitalizados, eles têm investido muito, por exemplo, em inteligência artificial para melhorar a experiência de atendimento digital. Segundo ela, os bancos estão adaptando suas operações, recalculando processos de rentabilidade e deixando para trás resistências que tinham a alguns tipos de produtos, como fundos de investimentos de terceiros, para estancar a perda de clientes para os concorrentes digitais.

Diferentemente das estruturas menores com atendimento próximo do personalizado das fintechs, o setor bancário tradicional tem gigantes com milhões de clientes. Na pandemia, o uso dos canais na internet se intensificaram, principalmente via celular, chegando a 98% das operações em algumas instituições.

Segundo Renato Mansur, diretor de Canais Digitais do Itaú, a pandemia acelerou o processo de digitalização dos grandes bancos brasileiros em pelo menos cinco anos. Em 18 meses, o Itaú incorporou mais de 100 funcionalidades ao app e, com isso, cerca de cinco milhões de clientes evitaram ir às agências, calcula o banco. O volume de produtos vendidos em meios digitais do Itaú, que há dois anos não passava de 30%, superou 60% em agosto.

“Até o fim do ano, devemos oferecer todos os produtos no mobile, como seguro odonto, cheque especial, seguro de cartão protegido, contratação de consórcio. Financiamento de veículo está entrando nos próximos dias”, diz Mansur.

No Itaú, quase 28 milhões de clientes utilizam os canais digitais do banco, mas a instituição criou também o banco digital iti, que superou 9 milhões de contas em menos de dois anos em operação. E quer chegar a 15 milhões até dezembro. Além de gratuito, com conta e cartão de crédito sem anuidade, o iti promete eliminar a burocracia: diz que um novo cliente se cadastra pela internet em menos de quatro minutos.

O Bradesco, que tem 21,9 milhões de usuários de meios digitais, também criou, em 2017, um braço 100% digital, o Next, que tem gestão separada. O número de contas superou 7,5 milhões este ano e a expectativa é chegar a 10 milhões até o fim de 2021. No iti e no Next, cerca de 85% dos clientes não são correntistas das operações de Bradesco e Itaú.

“A autonomia já estava no plano inicial. É importante para que a plataforma nativa digital tenha uma cultura própria. Não adianta ter jornada digital só para fora”, diz Jeferson Honorato, diretor do Next.

Caio Ramalho, coordenador da Núcleo de Startups, Inovação, Venture Capital e Private Equity (Nest) da FGV, concorda que um dos principais desafios dos grandes bancos é acompanhar a velocidade das fintechs na mudança da experiência dos clientes:

“É preciso quebrar barreiras internas. Inovação é arriscar, e as grandes corporações são avessas ao risco. A cultura organizacional é uma barreira.”

Cerca de 3,5 milhões de produtos e serviços financeiros são contratados por mês na plataforma digital do Santander, que intensificou, por exemplo, o atendimento via WhatsApp. Geraldo Rodrigues Neto, diretor de Negócios Digitais do banco, vê um cliente mais “empoderado”, que demanda atendimento diferenciado. Mas isso não significa tomar café com gerente em agências.

“O desafio é estar muito conectado, escutando e entendendo as dores do consumidor. Se o cliente gasta mais do que ganha tenho de alertá-lo”, diz Rodrigues Neto.

Uma das principais arrancadas digitais dos grandes bancos na pandemia foi a da Caixa Econômica. Ao centralizar o pagamento do auxílio emergencial, o banco estatal pôs no ar o aplicativo Caixa Tem e criou contas digitais vinculadas a ele para cada beneficiário do programa federal. O app também foi utilizado para o saque emergencial do FGTS, do seguro desemprego, Bolsa Família e outros benefícios.

Foram criadas mais de 106 milhões de contas digitais, o que, segundo a Caixa, deu a 35 milhões de brasileiros o primeiro acesso a um banco. Ao dissociar a data do depósito do benefício na conta do dia do saque em espécie, a Caixa inseriu uma nova forma de pagamentos pelo app. Nesta semana, anunciou empréstimos por meio do aplicativo.

A Caixa sofreu muitas críticas no processo de implantação do Caixa Tem, com falhas na segurança contra fraudes. Segundo o banco, “por se tratar de um processo emergencial, definido, desenvolvido e implantado em poucos dias, dada a sensibilidade do momento, era natural um tempo para sua estabilização”. A Caixa diz que priorizou os ajustes, com 22 atualizações do aplicativo.

Apesar dos números, Mariana Pereira, da Fitch, avalia que não há apetite entre os rivais para disputar o público do Caixa Tem, cuja restrição de renda se traduz em risco alto de inadimplência: “Os bancos são conservadores”.

Fonte: Portal IG

 

Conta digital para menores de idade vira “filão” para bancos

Publicado em: 22/10/2021

Em uma disputa acirrada e crescente entre bancos tradicionais e fintechs, os menores de idade já entraram no foco de atenção das instituições financeiras. Com isso, as crianças e jovens ganham cada vez mais opções. Desta vez é o C6 que lança uma conta focada nesse público, batizada de C6 Yellow.

Antes o next, banco digital do Bradesco, já tinha dado um passo semelhante ano passado, ao lançar uma conta focada nos menores de idade por meio de uma parceria com a Disney para utilizar os personagens para customização da interface. Também no ano passado o banco Inter lançou a “conta kids”.

No caso do C6, jovens clientes poderão escolher a cor do cartão entre a cartela que inclui as opções de amarelo, azul, verde, rosa e laranja. Será possível aos pais utilizar a opção mesada e programar uma entrada mensal na conta dos filhos – e todos os gastos serão comunicados por SMS.

Fonte: Estadão

Fintechs deverão ter políticas de relacionamento iguais às dos bancos

Publicado em: 15/10/2021

A partir de 1º de novembro, os consórcios e as instituições de pagamento, categoria que abrange fintechs (startups financeiras) e bancos digitais, deverão ter políticas de relacionamento com clientes iguais às dos bancos tradicionais. O Banco Central (BC) aprovou hoje (14) resolução que institui a exigência.

Com a medida, todas as instituições financeiras reguladas pelo BC deverão oferecer canais como centrais de atendimento e ouvidorias, que recebem reclamações de clientes e usuários e respondem a dúvidas. Em nota, o BC informou que a medida tem como objetivo aumentar a credibilidade do sistema financeiro.

“A política de relacionamento deverá nortear a condução das atividades das instituições em conformidade com os princípios de ética, responsabilidade, transparência e diligência, propiciando a convergência de interesses e a consolidação de imagem institucional de credibilidade, segurança e competência”, destacou o comunicado.

De acordo com o BC, a regulamentação padroniza as normas de relacionamento entre as instituições financeiras e os usuários. “Busca-se com isso, aprimorar essa relação, alinhando os interesses das instituições aos de seus clientes”, acrescentou o texto.

Fonte: Agência Brasil

Ações de bancos digitais, empresas de cartões e fintechs caem até 10%

Publicado em:

A bolsa brasileira bem que tentou se sustentar em alta, mas a queda generalizada das ações de bancos, fintechs e empresas de meios de pagamento e cartões acabou levando o Ibovespa para o campo negativo no pregão desta segunda-feira, 11 de outubro.

As ações do Inter (BIDI4 e BIDI11) lideraram as baixas do principal índice da B3, com uma queda da ordem de 10%.

Os papéis do banco digital já vinham de um período de forte volatilidade. Mas hoje o movimento de queda foi acompanhado por quase todas as ações do setor financeiro, como você confere a seguir:

  • Banco Pan (BPAN4): -8,07%
  • BTG Pactual (BPAC11): -5,67%
  • Cielo (CIEL3): -4,55%
  • B3 (B3SA3): -3,12%

O movimento no setor financeiro também se reflete nas ações de empresas brasileiras listadas em Nova York, como PagSeguro, Stone e XP — todas com queda expressiva. Mas, afinal, quais as razões para a derrocada?
Surpresa na sexta à noite

Uma mudança na regra colocada em consulta pública na sexta-feira à noite pelo Banco Central ajuda a explicar uma parte do mau humor com as ações do setor no dia 11.

O BC propôs o limite máximo de 0,5% para a tarifa de intercâmbio nas transações com cartões pré-pagos, na linha da restrição que já existe para os cartões de débito.

A proposta também proíbe que os emissores de cartões adotem prazos diferentes para que os lojistas recebam os recursos em compras realizadas pelos dois tipos de pagamento.

“A proposta em pauta tem o objetivo de harmonizar regras, custos e procedimentos associados a instrumentos de pagamento que apresentam grande similaridade sob o ponto de vista do funcionamento do serviço de pagamento prestado”, justificou o BC.

Embora seja potencialmente negativa para o setor (mas boa para o comércio), a limitação tem um efeito mais danoso apenas sobre a PagSeguro, segundo um gestor de fundos.

Não por acaso, a ação da empresa (PAGS) despenca mais de 10% na bolsa de Nova York. Já o BDR negociado aqui na B3 despenca 17,24%.

Juro em alta – fintechs em queda

Outra interpretação para o mau humor do mercado com as ações das novas empresas financeiras tem relação com o movimento de alta de juros já em curso no Brasil e da subida das taxas dos Treasuries, os títulos do tesouro norte-americano.

A avaliação é que juros em alta podem reduzir a velocidade do chamado “financial deepening”, ou seja, a migração dos investidores para produtos com foco em maior retorno e risco fora da prateleira dos grandes bancos. Nesse caso, perdem instituições como XP, BTG Pactual, Inter e Banco Pan.

A tendência de desaceleração, caso se confirme, também afeta a B3, dona da bolsa brasileira, que vem se beneficiando do aumento no número de investidores em ações.

A arena de competição entre bancos e fintechs também parece passar por um ponto de inflexão. Um levantamento feito pelo Bank of America aponta que o gás para que as fintechs sigam avançando na disputa pode estar diminuindo.

Em setembro, as empresas de tecnologia financeira registraram a primeira redução no número mensal de usuários ativos desde janeiro de 2015, com queda de 1,08% na comparação com agosto.

Outro profissional do mercado com quem eu conversei destacou que o BC se prepara para harmonizar as regras entre grandes bancos e fintechs, em especial aquelas que cresceram e se tornaram relevantes do ponto de vista sistêmico.

Todos esses argumentos podem ser verdadeiros, mas vale destacar que as ações dos grandes bancos, como Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e Santander Brasil (SANB11) também fecharam em queda nesta segunda-feira, ainda que com uma intensidade menor.

Para quem acredita que as fintechs seguem favoritas na briga para roubar um espaço dos bancões, a queda recente pode ter aberto uma boa oportunidade de compra.

Fonte: Seu Dinheiro

Bancos criticam ‘tratamento desigual’ para as fintechs e pedem mais concorrência

Publicado em: 24/06/2021

O primeiro dia do Ciab, tradicional evento do setor bancário, foi marcado pelo clamor das instituições financeiras tradicionais por um tratamento mais igualitário em relação às novas empresas participantes do sistema financeiro. Como são considerados como instituições de pagamentos (IP), os “novos entrantes” desfrutam de uma carga tributária mais leve e não precisam cumprir obrigações operacionais exigidas dos bancos, como o recolhimento compulsório de depósitos.

“Existe uma assimetria regulatória a ser cuidada. Há bancos disfarçados de IP ou de startup”, disse o presidente do Banco do Brasil (BB), Fausto Ribeiro. O executivo adotou um tom mais enfático sobre o tema no painel de abertura do evento que reuniu os seis presidentes dos maiores bancos tradicionais. Neste ano, o encontro foi realizado em formato semipresencial por causa da pandemia.

O presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Isaac Sidney, como anfitrião do evento, reforçou o pleito. “Não somos como alguns que estão crescendo bastante, que já alcançaram o tamanho de bancos, parecem bancos, agem como bancos, mas preferem se dizer apenas empresas de tecnologia.”

Segundo Sidney, os bancos investem em torno de R$ 25 bilhões por ano em tecnologia. “A infraestrutura bancária no Brasil é uma das maiores do mundo, capaz de suportar mais 90 bilhões de transações a cada ano.”

Os presidentes dos outros cinco maiores bancos do País, que também participavam do painel de abertura, fizeram coro, sem deixar de valorizar a agenda de aumento da competitividade no setor promovida pelo Banco Central.

“Somos absolutamente a favor da competição. O Itaú é o Itaú por causa de Bradesco, Santander, Caixa, que também são o que são por causa da concorrência”, afirmou o presidente do Itaú, Milton Maluhy. “Mas também somos a favor de isonomia, de condições de igualdade.”

Sergio Rial, presidente do Santander Brasil ressaltou que o Brasil precisa de um marco regulatório que promova a concorrência. “É fundamental para que a economia brasileira tenha bases muito mais homogêneas”, disse. “Essas instituições fizeram investimentos vultosos para chegar nesse patamar e isso tem que ser respeitado”, disse o executivo, em referência aos bancos tradicionais.

Os banqueiros também cobraram o compartilhamento de informações não só por parte dos bancos, mas também de outros setores como, por exemplo, o varejo. “Temos de abrir a base de dados das varejistas. Não só dos bancos”, reforçou Rial, chamando atenção para a importância de um modelo aberto de finanças (chamado de open finance). O conceito vai além do open banking, sistema que vai permitir o compartilhamento dos dados bancários dos clientes.

Já o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, lembrou que, apesar do esforço de digitalização, existem clientes que não têm acesso a smartphones, computadores ou a uma boa rede de internet. Por isso, a Caixa vem abrindo agências, para dar vazão às necessidades de clientes em regiões onde a digitalização não os atende bem, principalmente no Norte e no Nordeste.

ESG

Octavio de Lazari, presidente do Bradesco, disse que a pandemia funcionou também como um catalisador da agenda socioambiental conhecida pela sigla em inglês ESG (que se refere aos critérios ambientais, sociais e de governança). “A pandemia acabou sendo um acelerador, jogou luz de maneira mais contundente. “A sociedade em geral não pode mais virar as costas para isso”, disse.

Contudo, o presidente da Caixa chamou atenção para a necessidade de aprofundar a operação de microcrédito no Brasil. “Pode botar o que for para preservar floresta, sem microcrédito vai adiantar zero”, afirmou Guimarães. “Tem que ter o outro lado social. Se as pessoas não tiverem utilização desse dinheiro e não puderem se sustentar de maneira real, vão para a devastação, não tem jeito.”

Para o presidente do BB, a agenda ESG representa o futuro das empresas. “Não é só o lucro momentâneo”, disse. “Temos de encontrar melhores caminhos e abordagens e precisamos rapidamente formar nossos líderes [sob a ótica ESG]”.

“As empresas podem abraçar essa agenda de maneira burocrática”, disse o presidente do BTG Pactual, Roberto Sallouti. “Mas o que a gente tem percebido é que, quando a incorpora em sua matriz, gera valor financeiro para investidores e para seus clientes.”

Para o executivo, a agenda ESG contribui para a geração de novos produtos rentáveis, uma vez que entra no núcleo da operação. Ele citou como exemplo um produto que está sendo lançado pelo BTG. “Somos um dos maiores gestores de florestas comerciais do mundo. Agora vamos comprar áreas degradadas. Metade será floresta comercial, metade nativa.”

Fonte: Estadão

 

Banco do Brasil foca em experiência do cliente para encarar fintechs

Publicado em: 12/11/2020

O presidente do Banco do Brasil (BBAS3), André Brandão, disse, nesta sexta-feira (6), que o caminho da instituição para fazer frente às fintechs e ao mercado competitivo é focar na experiência dos clientes. A declaração foi dada na teleconferência de resultados com analistas nesta manhã.

“Não é só falar na experiência do cliente de uma forma simples. É o que nós acreditamos aqui no Banco do Brasil. Uma boa forma de competir com a indústria nova que tem chegado, como as fintechs, é melhorar a experiência do cliente”, disse Brandão. Essa foi a primeira teleconferência dele na liderança do banco, após ter substituído Rubem Novaes em setembro.

“Isso passa por uma mudança de atitude, do quadro de funcionários que interagem com os clientes, mas também no aspecto digital. Criando essa melhor experiência dos clientes, isso irá nos ajudar a reter a base de clientes”, salientou. “Para tanto, já temos algumas áreas focadas em experiência do cliente dentro da organização. Eu trouxe a unidade de Ouvidora para reportar diretamente a mim com o intuito muito simples, de dissecar junto à diretoria qualquer problema”.

A fala de Brandão ocorre no âmbito do processo de revisão estratégica iniciada pelo Banco do Brasil há cerca de dois meses. No que se refere ao melhor atendimento aos clientes, o executivo da instituição estatal disse que as equipes responsáveis buscarão as melhores práticas do mercado para implementar nas demais áreas do banco.

Esse processo também se estende para as áreas de produtos e meios de pagamento, com o objetivo de encontrar sinergias entre as operações de atacado e varejo, segundo Brandão.

Agenda ESG também é uma aposta do Banco do Brasil

Dentre as alavancas projetadas para a operação do banco, o executivo também pontuou a agenda ESG, com as premissas voltadas para o meio ambiente, e questões sociais e de governança. Segundo ele, a carteira do banco já é “muito substancial vinculada a isso”, mas acredita que a instituição ainda possui potencial para ampliar a atuação.

Nesse sentido, Brandão disse que o BB possui potenciais externos, “como a redução de emissões de carbono, transferência de energia elétrica para energia solar, temos discussões sobre densidade interna. E, inclusive, podemos continuar com a transferência de nossos clientes de alto carbono para baixo carbono”.

Fonte: Suno Research

 

Bancos têm até 2021 para se adaptar ao modelo de operação das fintechs

Publicado em: 24/09/2020

Os bancos tradicionais brasileiros (classificados como “instituições incumbentes”) têm até novembro de 2021 para dar um salto de transformação digital que vai equiparar suas operações ao nível de abertura, flexibilidade e agilidade da nova leva de “desafiantes”, como as cerca de 800 Fintechs, insurtechs e outros negócios disruptivos na área financeira.

O prazo (considerado apertado) é definido pela Comunicação 33455/19 do Banco Central para início de pleno funcionamento do modelo compartilhado de abordagem ao cliente, o Open Banking.

Na avaliação da Flexdoc, uma empresa especializada em transformação digital e automação de fluxo de documentos bancários e não bancários, esta nova onda de mudanças representa um desafio para este setor, que tradicionalmente se caracteriza por uma infraestrutura pautada pela regulamentação e pelo fechamento dos dados.

Em um recente encontro setorial online (o Congresso CIAB Febraban), ocorrido em junho último, diretores das maiores instituições financeiras do País consideraram ousado o calendário do Bacen, mas admitiram não ter retorno a instauração no país de um modelo operacional voltado para a experiência do cliente.

A caraterística central do Open Banking está em ampliar a liberdade de escolha de serviços e a agilidade no atendimento ao cliente. Para tanto, os bancos precisam oferecer interfaces de programação abertas (APIs) para que programadores externos – sejam eles de fintechs, de empresas de varejo, telcos etc – possam criar aplicativos financeiros compatíveis com a estrutura operacional de qualquer banco.

Desta maneira, os agentes envolvidos podem compartilhar dados (autorizados) de clientes para desenvolver seu marketing analítico na venda de produtos financeiros próprios, híbridos ou de terceiros.

“Através do emprego de APIs, diversas Fintechs e bancos já oferecem produtos como a integração do fluxo de caixa com o sistema de notas fiscais eletrônicas (NF-e) para a antecipação online de recebíveis. Há também interfaces “gamificadas” para a captação de consignados ou para a compra de débitos de longo prazo, bem como calculadoras online para a venda de seguros multibandeiras”, exemplifica Eduardo Borém, diretor comercial da Flexdoc.

Corrida pelo onboarding digital

Com sua plataforma de automação de operações baseada em processamento óptico, a própria Flexdoc vem apoiando os bancos a maximizar a experiência do cliente através da automação de cadastros e registros de transações. Tudo isto realizado via captura de imagens pelo celular, dispensando a digitação de dados, o tráfego de papeis ou o comparecimento às agências.

Na ponta desse processo, a empresa disponibiliza um kit de programação para aplicações (SDK) que permite a qualquer empresa introduzir a captura de dados por câmera ou scanner em seus processos de cadastro ou preenchimento de apólices, e a interagir com tecnologias de reconhecimento inteligente nas camadas de validação, autorização e consolidação do acesso.

Uma parte expressiva dos bancos já digitalizou processos críticos, como o de compensação e custódia de cheques e boletos, abolindo o tráfego de documentos físicos e entregando a gerência para o próprio usuário remoto. Este mesmo contingente também já sincronizou as operações de retaguarda com os múltiplos canais, como agências, ATMs e internet banking.

“Mas a maioria das instituições ainda precisa correr para digitalizar suas plataformas de embarque (onboarding), de modo a eliminar procedimentos de digitação ou conferências manuais que geram atrito na operação e causam a fuga de clientes”, afirma Borém.

A tecnologia da Flexdoc torna instantâneo o onboarding dos clientes através de cadastros por imagem e com a autenticação por fatores múltiplos. Entre estes, a checagem de documentos por padrão, a conferência digital de assinatura e a comparação de registros de foto com a biometria de face obtida a partir de “selfies” tiradas pelo cliente durante o cadastro inicial.

Recentemente, a empresa disponibilizou um aplicativo denominado FlexExtractor, contendo as funcionalidades dessa jornada de registro, para ser baixado gratuitamente na AppleStore e no GooglePlay.

Segundo o Borém, com a tecnologia hoje disponível na maioria dos bancos é possível realizar atualizações rápidas, nos modelos de workflow, que possibilitam criar o ambiente de integração por APIs sem precisar abrir mão do legado, mas compatibilizando esta estrutura com o modo de processamento em nuvem.

Além de aprofundar a digitalização e a capacidade analítica para ler e cruzar dados por imagem, os bancos precisam absorver mecanismos de governança que acompanhem cada operação segundo preceitos normativos. Este é o caso das disposições da nova lei de privacidade de dados (LGPD) e a regulação KYC (Conheça o seu Cliente), que responsabiliza a instituição pela autenticidade dos cadastros.

Entre os clientes da Flexdoc estão alguns dos maiores bancos instalados no Brasil, além de empresas de seguros, telecomunicações, setor de saúde, varejo e centros de pesquisa.

Fonte: Negócios em Movimento

Hábito de falar “cara a cara” com o gerente é o desafio dos bancos digitais

Publicado em: 06/03/2020

“O Brasil é o país com maior número de fintechs da América Latina. São 380 startups do ramo, seguido pelo México, com 273 unidades, segundo o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Com a maior representatividade das empresas, crescem as operações de bancos digitais no país. No ano passado, as transações realizadas por estas cresceram 60%, em relação a 2017. Nas instituições tradicionais, 24% aponta a Febraban (Federação Brasileira de Bancos). O desafio das fintechs agora é manter esse cenário a longo prazo e atender uma demanda que persiste entre alguns clientes: um atendimento ao vivo e não digital.

Pesquisa realizada pelo Google no Brasil e apresentada no Innovation Pay, evento de pagamentos digitais realizado em São Paulo, na última quarta-feira (23/10), aponta que 32,4% dos usuários conhecem os bancos digitais, mas nunca utilizou ou baixou o aplicativo deles. Cerca de 18% deles, por sua vez, utilizaram as carteiras, mas não utilizam mais. Entre os motivos da desistência estão dependência do celular e, consequentemente, da bateria e da internet (12,2%) e falta de benefício financeiro (11,8%).

“As fintechs precisam oferecer algum outro valor além do aplicativo para tirar o costume das pessoas de usar apenas bancos tradicionais. Também devem ser transparentes para passar segurança aos clientes e oferecer uma alternativa ao celular, uma vez que sem bateria e internet, muitos temem não conseguir realizar transações financeiras. É preciso entender quais modelos híbridos (online e offline) oferecem mais conforto ao consumidor”, disse Marcel Bonzo, diretor de telecom do Google.”

“Com 85% de market share entre os bancos digitais, o Nubank se comunica com os clientes na maioria das vezes (90%) via chat virtual. Com a digitalização do SAC, o atendimento telefônico foi quase eliminado, se não por um motivo: “20% dos clientes têm acima de 50 anos e sentem dificuldades para utilizar o aplicativo”, afirmou David Vélez, fundador da fintech, em entrevista à Gazeta do Povo, no Brazil Summit 2019, em São Paulo.

Segundo o empreendedor colombiano, há diversos clientes que usam apenas o cartão de crédito da empresa e nem sequer têm o aplicativo. E para pagarem a fatura, por exemplo, eles ligam ao atendimento para solicitar o boleto. “Temos casos também de filhos que usam o chat para resolver o problema dos pais que são os verdadeiros usuários da conta”, acrescentou Vélez, no evento organizado pela publicação inglesa The Economist.

Diante do desafio de atender clientes acima da terceira idade com mais assertividade, o empreendedor admite que precisa criar novas soluções para o Nubank. “Chegamos a 70% da população brasileira, mas ainda precisamos evoluir no produto para atender quem precisa de suporte”, conclui o fundador da fintech, considerada o primeiro decacórnio do Brasil (empresa com valor de mercado acima de US$ 10 bilhões).”

“O suporte, citado por Vélez, representa a “experiência” que os millennials buscam nas empresas atualmente, explicou o diretor do Google, em sua palestra. Levantamento da gigante da tecnologia aponta que 30% dos usuários pagariam contas com o celular se conseguissem evitar filas e 15%, se pudessem sair de casa sem a carteira — outros diferenciais bastante atrativos. “Hoje, há mais de 100 milhões de usuários ativos em aplicativos financeiros, como bancos digitais, gestoras de investimentos e seguradoras”, acrescentou, enfatizando o potencial do mercado.”

O Brasil é o país com maior número de fintechs da América Latina. São 380 startups do ramo, seguido pelo México, com 273 unidades, segundo o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Com a maior representatividade das empresas, crescem as operações de bancos digitais no país. No ano passado, as transações realizadas por estas cresceram 60%, em relação a 2017. Nas instituições tradicionais, 24% aponta a Febraban (Federação Brasileira de Bancos). O desafio das fintechs agora é manter esse cenário a longo prazo e atender uma demanda que persiste entre alguns clientes: um atendimento ao vivo e não digital.

Pesquisa realizada pelo Google no Brasil e apresentada no Innovation Pay, evento de pagamentos digitais realizado em São Paulo, na última quarta-feira (23/10), aponta que 32,4% dos usuários conhecem os bancos digitais, mas nunca utilizou ou baixou o aplicativo deles. Cerca de 18% deles, por sua vez, utilizaram as carteiras, mas não utilizam mais. Entre os motivos da desistência estão dependência do celular e, consequentemente, da bateria e da internet (12,2%) e falta de benefício financeiro (11,8%).

“As fintechs precisam oferecer algum outro valor além do aplicativo para tirar o costume das pessoas de usar apenas bancos tradicionais. Também devem ser transparentes para passar segurança aos clientes e oferecer uma alternativa ao celular, uma vez que sem bateria e internet, muitos temem não conseguir realizar transações financeiras. É preciso entender quais modelos híbridos (online e offline) oferecem mais conforto ao consumidor”, disse Marcel Bonzo, diretor de telecom do Google.

Com 85% de market share entre os bancos digitais, o Nubank se comunica com os clientes na maioria das vezes (90%) via chat virtual. Com a digitalização do SAC, o atendimento telefônico foi quase eliminado, se não por um motivo: “20% dos clientes têm acima de 50 anos e sentem dificuldades para utilizar o aplicativo”, afirmou David Vélez, fundador da fintech, em entrevista à Gazeta do Povo, no Brazil Summit 2019, em São Paulo.

Segundo o empreendedor colombiano, há diversos clientes que usam apenas o cartão de crédito da empresa e nem sequer têm o aplicativo. E para pagarem a fatura, por exemplo, eles ligam ao atendimento para solicitar o boleto. “Temos casos também de filhos que usam o chat para resolver o problema dos pais que são os verdadeiros usuários da conta”, acrescentou Vélez, no evento organizado pela publicação inglesa The Economist.

Diante do desafio de atender clientes acima da terceira idade com mais assertividade, o empreendedor admite que precisa criar novas soluções para o Nubank. “Chegamos a 70% da população brasileira, mas ainda precisamos evoluir no produto para atender quem precisa de suporte”, conclui o fundador da fintech, considerada o primeiro decacórnio do Brasil (empresa com valor de mercado acima de US$ 10 bilhões).
Notícias de Economia na Gazeta do Povo

O suporte, citado por Vélez, representa a “experiência” que os millennials buscam nas empresas atualmente, explicou o diretor do Google, em sua palestra. Levantamento da gigante da tecnologia aponta que 30% dos usuários pagariam contas com o celular se conseguissem evitar filas e 15%, se pudessem sair de casa sem a carteira — outros diferenciais bastante atrativos. “Hoje, há mais de 100 milhões de usuários ativos em aplicativos financeiros, como bancos digitais, gestoras de investimentos e seguradoras”, acrescentou, enfatizando o potencial do mercado.
Parceria entre bancos digitais e tradicionais

Para ganhar capilaridade no país embasado na tecnologia sem se separar totalmente do ambiente físico, o Next oferece aos clientes todas as máquinas de autoatendimento do Bradesco — criador e atual dono da marca. Com isso, os usuários podem pagar contas e sacar dinheiro pelos caixas eletrônicos da rede em todo país, além de utilizar o Banco 24h, que já é oferecido pelos principais concorrentes.

O banco digital, contudo, deve deixar de ser uma empresa 100% do Bradesco até o final deste ano, anunciou Maurício Minas, conselheiro do banco e idealizador do Next, em abril. As regras da operação ainda não foram divulgadas.

Também no Brazil Summit 2019, Tiago Santos apresentou a Husky, startup fundada em 2016, que promete facilitar o fluxo de pagamentos internacionais, eliminando a burocracia para as empresas brasileiras que prestam serviços para outros países. Em três anos, a fintech transacionou mais de R$ 100 milhões.

Apesar de atuar na área financeira, Santos ressaltou ao público que não é banqueiro, mas que sua empresa firmou parceria com bancos para ter melhor contato com os clientes e se manter no mercado, uma vez que a startup “é pequena e tem apenas nove funcionários”. “Ainda há muito espaço para as fintechs. Nós somos uma alternativa que faltava no mercado, mas só resolvemos problemas, nos associando aos bancos”, concluiu.”

Fonte: Gazeta do Povo

Banco do Brasil pode ser privatizado para concorrer com fintechs

Publicado em: 19/02/2020


O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, acredita que a instituição financeira deveria ser privatizada para concorrer melhor com as fintechs (startups de finanças) e para se adaptar ao modelo de open banking. A empresa não está na lista de estatais que serão privatizadas, como os Correios e a Telebras.

No open banking, seus dados financeiros de um banco poderiam ser compartilhados com outro banco através de uma API, para serem usados em apps e serviços de terceiros. Isso daria mais liberdade aos clientes e aumentaria a concorrência entre grandes empresas e fintechs. O modelo está em estudos no Banco Central.

“Na medida que se aprofundar esse novo mundo bancário de open banking e competição das fintechs, as desvantagens de ser um banco público vão se acentuar”, disse Novaes à Folha. “E eu acho que a gente já devia começar a se antecipar para pensar em privatização, assim não teria trauma nenhum.”

Para Novaes, o BB teria mais flexibilidade e seria mais eficiente caso fosse privatizado: “tenho convicção de que sem essas amarras, nós passaríamos dos concorrentes privados”, disse o executivo. “Um dia será inevitável privatizar o Banco do Brasil.”

A venda do BB não está prevista no plano de desestatização, mas teria o apoio da equipe econômica e do ministro da Economia, Paulo Guedes. Seria necessário convencer também o Congresso e o presidente Jair Bolsonaro.

Presidente do BB defende privatização há meses

No ano passado, Novaes defendeu a privatização do BB com o mesmo argumento: para ele, “é óbvio que uma instituição pública não vai ter a mesma velocidade” que uma fintech em se adaptar à modernização do sistema bancário.

“Com as amarras que uma empresa pública tem, vai ser muito difícil o ajustamento, no horizonte de 2, 3, 4 anos, a esse novo mundo de open banking e das fintechs”, disse Novaes em outubro de 2019. “Fica muito difícil em uma instituição ligada a governos acompanhar esse ritmo; competimos com uma espécie de bola de ferro na canela.”

Fonte: Tecnoblog

Avanço de fintechs pressiona bancos a melhorar eficiência

Publicado em: 28/08/2019


O impacto da concorrência das fintechs, embora ainda tímido, começa a se tornar visível nos números dos grandes bancos. Do fechamento de agências ao lançamento de plataformas digitais, as maiores instituições financeiras do país deixaram claro, nos últimos dias, que sentem os efeitos dessa nova competição e estão reagindo a ela.

O sinal mais recente veio do Itaú Unibanco. O maior banco do país em ativos fechou 195 agências físicas apenas no segundo trimestre, um ritmo bem mais acelerado do que vinha adotando até então. De março para junho, a instituição reduziu de 99,7 mil para 98,4 mil seu quadro de funcionários, incluindo outros países da América Latina. Essa base vai encolher mais nas próximas semanas, a depender das adesões a um programa de desligamentos voluntários (PDV) anunciado anteontem, elegível para 6,9 mil pessoas. É a primeira iniciativa do tipo adotada pelo banco desde 2009, pouco depois da fusão entre Itaú e Unibanco.

O presidente do Itaú, Candido Bracher, disse que um “incremento na digitalização” tem diminuído o fluxo nas agências físicas – daí a decisão de reduzi-las. O banco tem agora 3,3 mil unidades. “O fechamento de agências tem se dado exclusivamente em razão das necessidades dos clientes”, afirmou.

O Itaú não está sozinho. O Banco do Brasil (BB) anunciou um plano de reorganização interna que resultará no encerramento de 242 agências das 4,7 mil existentes. Esse é o número líquido de um processo de combinará a conversão de agências em postos de atendimento (estrutura mais leve do ponto de vista regulatório), de postos de atendimento em agências e a abertura de unidades voltadas a micro e pequenas empresas. As mudanças levarão a um enxugamento de pouco mais de 2 mil funcionários no quadro do BB, composto por 96,6 mil pessoas.

Os números são pequenos diante da estrutura dessas instituições, mas indicam uma preocupação em aumentar a eficiência num momento em que as fintechs avançam com modelos de negócio bem mais enxutos e atraem investimentos milionários. Somente em julho, três operações relevantes foram fechadas envolvendo novatas do setor. A Creditas, plataforma de crédito com garantia, captou US$ 231 milhões, numa rodada liderada pelo Softbank. O grupo japonês também colocou R$ 1 bilhão numa oferta de R$ 1,25 bilhão em ações do Banco Inter fechada anteontem. O Nubank, por sua vez, levantou US$ 400 milhões numa transação na qual foi avaliado em US$ 10 bilhões.

Diferentemente dos pares, o Bradesco mexeu pouco na sua rede de agências: foram 36 fechamentos desde o início do ano, dos quais 13 entre abril e junho, ficando com pouco menos de 4,6 mil. Porém, o balanço do segundo trimestre deixou evidente o impacto da concorrência em credenciamento de cartões e investimentos, duas das áreas de negócios em que a atuação das fintechs tem sido mais intensa.

O banco aposta em seu gigantismo e na retomada da economia para mitigar o impacto da perda de receita nessas áreas, enquanto avança em sua estratégia de digitalização. “Tudo aqui se resume a ganhar escala, e nós estamos conseguindo ganhar escala”, afirmou o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Jr., em teleconferência com analistas na semana passada. “Podemos voltar a crescer em receita de serviços em 2020 com a economia melhor.”

A rede física impõe aos bancos tradicionais um custo que seus competidores digitais não têm – por isso, o grande desafio das instituições financeiras é dosar a velocidade da transição para os novos canais e buscar um equilíbrio entre os mundos físico e digital. “O ritmo da digitalização depende de uma combinação de nossa capacidade [de oferecer novas tecnologias] e da demanda de clientes. Não é algo que está totalmente fora do nosso controle”, afirmou Bracher.

Dados do próprio Itaú ajudam a entender o dilema. As agências digitais são 2,5 vezes mais eficientes que as físicas. Porém, a maior parte dos clientes do banco ainda chega por meio das unidades de tijolo e cimento.

Se olhados apenas os clientes que abrem conta digital ou chegam espontaneamente às agências físicas, a conta se equipara em 70 mil por mês para cada um, segundo Bracher. Mas a maior parte dos novos clientes nas unidades físicas vêm por meio da oferta de serviços de folha de pagamentos para empresas, um filão importante para as instituições financeiras. Por causa desse efeito, o Itaú abriu 1 milhão de contas “físicas” e 205 mil digitais no segundo trimestre deste ano.

Por isso, o fechamento de agências do Itaú nos últimos meses se concentrou onde havia duas unidades próximas. “Não houve redução de cobertura geográfica. É muito importante manter”, disse Bracher. “As agências nos dão capacidade de atender um público diverso, enquanto os bancos puramente digitais costumam ter um público mais homogêneo.”

Para se adequar aos novos tempos, cada banco tem sua estratégia. O Itaú aposta na digitalização de dentro para fora, substituindo os sistemas legados. O banco também criou a plataforma de pagamentos instantâneos “iti”, entrando na competição pelas carteiras digitais. O Bradesco trabalha em duas frentes: abriu o banco digital Next para atrair um público mais jovem e, em paralelo, tenta modernizar a estrutura já existente.

O Santander, mais novo entre os privados, ainda tem um ritmo diferente: abriu 16 agências no segundo trimestre para se interiorizar e avançar no agronegócio. Mas, em outra frente, o presidente do banco, Sergio Rial, disse que quer estabelecê-lo como uma “grande incubadora” de negócios. Até o fim do ano, a instituição planeja lançar uma plataforma digital de crédito com garantia em bens como veículos e imóveis, uma empresa digital para renegociação de dívidas de pessoas físicas, e uma operação digital de seguros de veículos, parceria com a HDI.

Em entrevista a jornalistas na semana passada, Rial afirmou que a oferta de crédito no Brasil tem aumentado com o impulso de novos competidores, “o que é ótimo”. Porém, segundo ele, é importante que os modelos de crédito sejam testados para saber se são efetivamente rentáveis.

Mesmo com a pressão maior da concorrência, os resultados e a rentabilidade dos grandes bancos ainda são crescentes. Juntos, Itaú, Bradesco e Santander lucraram R$ 17,1 bilhões no segundo trimestre, alta anual de 17,85%. “Um modelo de negócios com vários produtos tem essa vantagem. Em alguns momentos, o crédito vai melhor. Em outros, são os serviços”, disse Bracher a analistas.

Fonte: Portal do Cooperativismo Financeiro

Avanço de fintechs pressiona bancos a melhorar eficiência

Publicado em: 14/08/2019


O impacto da concorrência das fintechs, embora ainda tímido, começa a se tornar visível nos números dos grandes bancos. Do fechamento de agências ao lançamento de plataformas digitais, as maiores instituições financeiras do país deixaram claro, nos últimos dias, que sentem os efeitos dessa nova competição e estão reagindo a ela.

O sinal mais recente veio do Itaú Unibanco. O maior banco do país em ativos fechou 195 agências físicas apenas no segundo trimestre, um ritmo bem mais acelerado do que vinha adotando até então. De março para junho, a instituição reduziu de 99,7 mil para 98,4 mil seu quadro de funcionários, incluindo outros países da América Latina. Essa base vai encolher mais nas próximas semanas, a depender das adesões a um programa de desligamentos voluntários (PDV) anunciado anteontem, elegível para 6,9 mil pessoas. É a primeira iniciativa do tipo adotada pelo banco desde 2009, pouco depois da fusão entre Itaú e Unibanco.

O presidente do Itaú, Candido Bracher, disse que um “incremento na digitalização” tem diminuído o fluxo nas agências físicas – daí a decisão de reduzi-las. O banco tem agora 3,3 mil unidades. “O fechamento de agências tem se dado exclusivamente em razão das necessidades dos clientes”, afirmou.

O Itaú não está sozinho. O Banco do Brasil (BB) anunciou um plano de reorganização interna que resultará no encerramento de 242 agências das 4,7 mil existentes. Esse é o número líquido de um processo de combinará a conversão de agências em postos de atendimento (estrutura mais leve do ponto de vista regulatório), de postos de atendimento em agências e a abertura de unidades voltadas a micro e pequenas empresas. As mudanças levarão a um enxugamento de pouco mais de 2 mil funcionários no quadro do BB, composto por 96,6 mil pessoas.

Os números são pequenos diante da estrutura dessas instituições, mas indicam uma preocupação em aumentar a eficiência num momento em que as fintechs avançam com modelos de negócio bem mais enxutos e atraem investimentos milionários. Somente em julho, três operações relevantes foram fechadas envolvendo novatas do setor.

A Creditas, plataforma de crédito com garantia, captou US$ 231 milhões, numa rodada liderada pelo Softbank. O grupo japonês também colocou R$ 1 bilhão numa oferta de R$ 1,25 bilhão em ações do Banco Inter fechada anteontem. O Nubank, por sua vez, levantou US$ 400 milhões numa transação na qual foi avaliado em US$ 10 bilhões.

Diferentemente dos pares, o Bradesco mexeu pouco na sua rede de agências: foram 36 fechamentos desde o início do ano, dos quais 13 entre abril e junho, ficando com pouco menos de 4,6 mil. Porém, o balanço do segundo trimestre deixou evidente o impacto da concorrência em credenciamento de cartões e investimentos, duas das áreas de negócios em que a atuação das fintechs tem sido mais intensa.

O banco aposta em seu gigantismo e na retomada da economia para mitigar o impacto da perda de receita nessas áreas, enquanto avança em sua estratégia de digitalização. “Tudo aqui se resume a ganhar escala, e nós estamos conseguindo ganhar escala”, afirmou o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Jr., em teleconferência com analistas na semana passada. “Podemos voltar a crescer em receita de serviços em 2020 com a economia melhor.”

A rede física impõe aos bancos tradicionais um custo que seus competidores digitais não têm – por isso, o grande desafio das instituições financeiras é dosar a velocidade da transição para os novos canais e buscar um equilíbrio entre os mundos físico e digital. “O ritmo da digitalização depende de uma combinação de nossa capacidade [de oferecer novas tecnologias] e da demanda de clientes. Não é algo que está totalmente fora do nosso controle”, afirmou Bracher.

Dados do próprio Itaú ajudam a entender o dilema. As agências digitais são 2,5 vezes mais eficientes que as físicas. Porém, a maior parte dos clientes do banco ainda chega por meio das unidades de tijolo e cimento.

Se olhados apenas os clientes que abrem conta digital ou chegam espontaneamente às agências físicas, a conta se equipara em 70 mil por mês para cada um, segundo Bracher. Mas a maior parte dos novos clientes nas unidades físicas vêm por meio da oferta de serviços de folha de pagamentos para empresas, um filão importante para as instituições financeiras. Por causa desse efeito, o Itaú abriu 1 milhão de contas “físicas” e 205 mil digitais no segundo trimestre deste ano.

Por isso, o fechamento de agências do Itaú nos últimos meses se concentrou onde havia duas unidades próximas. “Não houve redução de cobertura geográfica. É muito importante manter”, disse Bracher. “As agências nos dão capacidade de atender um público diverso, enquanto os bancos puramente digitais costumam ter um público mais homogêneo.”

Para se adequar aos novos tempos, cada banco tem sua estratégia. O Itaú aposta na digitalização de dentro para fora, substituindo os sistemas legados. O banco também criou a plataforma de pagamentos instantâneos “iti”, entrando na competição pelas carteiras digitais. O Bradesco trabalha em duas frentes: abriu o banco digital Next para atrair um público mais jovem e, em paralelo, tenta modernizar a estrutura já existente.

O Santander, mais novo entre os privados, ainda tem um ritmo diferente: abriu 16 agências no segundo trimestre para se interiorizar e avançar no agronegócio. Mas, em outra frente, o presidente do banco, Sergio Rial, disse que quer estabelecê-lo como uma “grande incubadora” de negócios. Até o fim do ano, a instituição planeja lançar uma plataforma digital de crédito com garantia em bens como veículos e imóveis, uma empresa digital para renegociação de dívidas de pessoas físicas, e uma operação digital de seguros de veículos, parceria com a HDI.

Em entrevista a jornalistas na semana passada, Rial afirmou que a oferta de crédito no Brasil tem aumentado com o impulso de novos competidores, “o que é ótimo”. Porém, segundo ele, é importante que os modelos de crédito sejam testados para saber se são efetivamente rentáveis.

Mesmo com a pressão maior da concorrência, os resultados e a rentabilidade dos grandes bancos ainda são crescentes. Juntos, Itaú, Bradesco e Santander lucraram R$ 17,1 bilhões no segundo trimestre, alta anual de 17,85%. “Um modelo de negócios com vários produtos tem essa vantagem. Em alguns momentos, o crédito vai melhor. Em outros, são os serviços”, disse Bracher a analistas.

Fonte: Valor Econômico

BB vê pressão de fintechs, mas estima lucro no topo da previsão em 2019

Publicado em: 15/05/2019


O Banco do Brasil previu que a crescente concorrência das fintechs tende a pressionar as margens do mercado de crédito no Brasil nos próximos trimestres, mas o banco deve atingir o topo de suas estimativas de lucro em 2019, apoiado em controle de despesas e aceleração dos empréstimos, disseram executivos da instituição nesta quinta-feira.

“Tem muita gente nova entrando no mercado e isso deve pressionar as margens do crédito no mercado”, disse o presidente-executivo do BB, Rubem Novaes, a jornalistas, durante apresentação sobre os resultados do primeiro trimestre.

Mais cedo, o BB anunciou que teve lucro acima das expectativas de janeiro a março, apoiado na combinação de menores custos de captação e das provisões com calotes, além do controle nas despesas administrativas.

Segundo Novaes, ainda há espaço para o BB seguir melhorando seus níveis de rentabilidade nos próximos trimestres, e o lucro líquido deve ficar no topo da faixa estimada para o ano, de 14,5 bilhões a 17,5 bilhões de reais.

Para o executivo, o banco deve se beneficiar de uma aceleração da atividade econômica a partir do segundo semestre, com um maior otimismo de empresas e pessoas após a esperada aprovação da reforma da Previdência pelo Congresso, no meio do ano.

No fim de março, a carteira de empréstimos do BB havia crescido apenas 0,8 por cento em 12 meses. A faixa de crescimento do BB para essa linha em 2019 é de 3 a 6 por cento.

Interferências

Em meio a polêmicas nas últimas semanas devido ao envolvimento do presidente Jair Bolsonaro em assuntos internos do banco, Novaes procurou minimizar os episódios e assegurou que não há ingerência do governo na gestão.
Em evento no setor agrícola recentemente, Bolsonaro cobrou publicamente Novaes a baixar os juros dos empréstimos para o setor.

“Aquilo foi um brincadeira, o BB é totalmente independente para praticar suas taxas”, disse Novaes.
O executivo admitiu que o veto de Bolsonaro a uma campanha de marketing criou um ruído no banco, mas que ele mesmo não concordava com o tema do material dirigido a jovens.

Novaes disse que o BB contratou assessoria para venda de vários ativos nos quais o banco tem participação, incluindo Neonergia, BB Americas (unidade na Florida), Banco Patagonia, IRB e Banco Votorantim.

O banco também contratou consultoria para identificar opções para a BB DTVM e para a unidade de banco de investimentos do grupo.

“Mas ainda não temos um horizonte para quando essas coisas devem acontecer”, disse o presidente do BB.
O vice-presidente de varejo do banco, Marcelo Labuto, admitiu que a Cielo, negócio de adquirência do qual o banco divide o controle com o Bradesco, demorou a reagir à dinâmica do mercado, o que custou perda de participação de mercado e margens.

“Mas estamos recuperando e no momento não há na mesa planos de fechamento do capital da Cielo”, disse o executivo.

Fonte: Exame

Banco Votorantim dobra aposta em fintechs e cogita virar sócio do Neon, diz presidente executivo

Publicado em: 13/02/2019


O Banco Votorantim vai intensificar parcerias com empresas de tecnologia financeira em 2019 e pode virar sócio da fintech Neon, como parte do esforço de ampliar receitas com nichos de mercado com alto potencial de crescimento.

“Vamos ter um portal bancário digital até o meio do ano e para isso devemos aprofundar nossa parceria com o Neon”, disse o presidente-executivo do Banco Votorantim, Elcio do Santos, em entrevista à Reuters. “Estamos ainda discutindo se isso pode envolver participação societária.”

Desde que assumiu o comando no fim de 2016, Santos vem liderando a entrada do Banco Votorantim numa série de nichos de mercado considerados com alto potencial de crescimento, quase sempre em parceria com plataformas eletrônicas de serviços financeiros, as fintechs, que se multiplicaram rapidamente no país explorando deficiências do setor bancário tradicional.

Assim, entrou em segmentos como financiar a compra de equipamentos para geração de energia solar em residências e em serviços de saúde, entre outros. No ano passado, fez parceria com a Kroton para expandir financiamento estudantil.

Em maio passado, o Votorantim também fechou parceria operacional com a Neon, após o banco homônimo com o qual a fintech operava ter sofrido liquidação extrajudicial pelo Banco Central. O banco provê recursos para empréstimos originados pelo Neon.

“Nosso plano agora é ter todo um leque de produtos nossos num portal para ampliar as possibilidades de relacionamento com clientes”, disse Santos.

Além do Neon, o Votorantim tem parcerias com o Guiabolso (de gestão de finanças pessoais) e Bompracrédito (crédito pessoal). No mês passado, fez parceria com fintech de origem israelense Weel para operar desconto de duplicatas para empresas médias.

Especializado no financiamento para compra de carros usados, o Votorantim veio se recuperando gradualmente desde 2014 da profunda crise que atingiu o mercado automotivo brasileiro e que o fez amargar pelo menos três anos de prejuízos. O banco hoje é o nono maior do Brasil em ativos e tem 4 milhões de clientes.

Mais cedo, o banco Votorantim anunciou que teve lucro de R$ 282 milhões de reais no quarto trimestre, o que o levou a uma rentabilidade sobre o patrimônio (ROE) de 12,5%, o maior nível em vários anos. O banco é controlado pelo Grupo Votorantim e pelo Banco do Brasil. Mesmo com o salto de 5,2 pontos percentuais em 12 meses, o ROE do Votorantim ainda é menor do que o do Banco do Brasil.

O BB, que divulga seu balanço do quarto trimestre na quinta-feira, teve nos três meses imediatamente anteriores ROE de 14,3%, e tem repetido que planeja atingir em dois anos níveis similares aos dos rivais privados, em torno de 20%.

“Ainda não capturamos todos os resultados de investimentos importantes que fizemos”, disse o presidente-executivo do Banco Votorantim. “Temos espaço para elevar mais a rentabilidade neste ano para níveis ligeiramente superiores.”

Fonte: Portal G1

Com avanço das fintechs, bancos investem em tecnologia

Publicado em: 24/10/2018


Com o avanço e consolidação das fintechs no mercado brasileiro, bancos investem para dar mais comodidade e segurança aos clientes. Uso da inteligência virtual, computação cognitiva, sistema de blockchain e atendimento móvel são algumas das áreas mais exploradas pelas instituições financeiras.

O investimento em TI pelos bancos saltou 15% entre 2016 e 2018, representando um aporte de R$ 20 bilhões, segundo um levantamento da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). O emprego em software somou 50% dos investimentos em tecnologia. Já o segmento de hardware consumiu 32%, e telecom, 18%.

O aporte de recursos no setor se equipara ao mesmo do governo, tradicionalmente o segmento do mercado que mais investe em tecnologia, de acordo com Gustavo Fosse, diretor setorial de Tecnologia e Automação Bancária da entidade.

“Os investimentos em TI têm sido uma das prioridades para as instituições financeiras, com o foco sempre na melhoria da experiência para os clientes com as soluções e os produtos bancários”, afirma.

O investimento em soluções tecnológicas é uma maneira de “imitar” o atendimento móvel e descomplicado empregado pelas fintechs, acredita Ricardo Rocha, professor de Finanças do Insper.

Para o especialista, a concentração da população em grandes centros urbanos e o ritmo de vida cada vez mais acelerado forçam as empresas a oferecer métodos e sistemas que se adaptem ao novo cotidiano dos clientes.

“O negócio bancário em si é mais tradicional. Mas o mundo está mudando com uma velocidade muito grande, e as fintechs representam um dos vetores dessa mudança”, diz. “Os bancos acabam observando esse modelo de negócio e aprendem. É um ganho coletivo, tanto para o sistema quanto para os correntistas.”

Comodidade e segurança

Os avanços no sistema não se limitam apenas na comodidade dos usuários. Assim como em outros setores, o emprego da tecnologia reflete na diminuição de custos, mais eficiência e maior segurança às transações.

“Investir em tecnologia não é necessariamente não contratar mais pessoas”, ressalta Rocha. “É possível reordenar o trabalho dessas pessoas em áreas onde elas são mais relevantes para as negociações do que deixá-las em um trabalho que as plataformas digitais podem fazer”, complementa.

Segundo ele, a vanguarda tecnológica é uma das principais características do sistema bancário brasileiro. A atenção do setor em relação a importância da modernização iniciou na década de 1980, com a instalação dos primeiros caixas eletrônicos, e desde então vem crescendo cada vez mais.

“Não é um sistema só para os clientes, mas para os órgãos reguladores também. Todo o sistema financeiro nacional está servido de ferramentas tecnológicas para acompanhar o que os bancos fazem”, explica o professor do Insper.

Melhores experiências

O Bradesco é um dos expoentes nacionais no emprego da tecnologia. No último ano, a instituição investiu R$ 6 bilhões na manutenção e evolução do sistema. Atualmente o banco mantém mais de 250 serviços através das plataformas digitais, como a abertura de contas, pagamento com leitor de código de barras e sistemas para gestão de empresas.

O banco também investe em outras frentes tecnológicas, como o Bradesco Inteligência Artificial (BIA), que se relaciona com o usuário em linguagem natural, respondendo perguntas sobre produtos e serviços. No último semestre, foram mais de 33 milhões de interações.

“O banco investe em soluções que ampliam a experiência positiva, focada na facilidade e comodidade, e que criam condições para que todos os clientes, indistintamente e de forma intuitiva, se conectem ao banco por esses meios”, afirma a instituição por meio de nota.

Os investimentos são comprovados através dos números de usuários. Entre janeiro e setembro deste ano, os canais digitais do banco somaram 96% do total de transações, com um acréscimo de 17% em comparação ao mesmo período do ano passado.

Atendimento mais atraente

A gestão do Banco do Brasil prioriza os investimentos no processamento interno. Segundo Márcio Motta, gerente executivo na diretoria de tecnologia, o aporte torna o sistema mais simples e eficiente, refletindo em benefícios aos clientes e usuários.

“Podemos dizer que hoje TI é o negócio das instituições financeiras, sendo essencial para manter o atendimento atraente, não apenas para as novas gerações”, ressalta.

O BB projeta uma escalada nos investimentos no setor. Em 2019, a previsão é de R$ 3,86 bilhões; para 2020, R$ 4,08 bilhões e em 2021 um investimento de R$ 4,33 bilhões.

“Os segmentos que receberão atenção especial nos próximos anos são inteligência artificial e computação cognitiva, atendimento digital, soluções de open banking e de mobilidade”, afirma Motta.

Fonte: IstoÉ Dinheiro

Cade abre inquérito contra seis bancos após denúncia de fintechs

Publicado em: 20/09/2018


O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) abriu inquérito administrativo contra seis bancos para investigar se eles prejudicaram corretoras de criptomoedas. O inquérito foi aberto após denúncia feita pela Associação Brasileira de Criptomoedas e Blockchain (ABCB) de que os bancos estariam prejudicando o acesso das corretoras ao sistema bancário. São investigados Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Santander, Banco Inter e Sicredi.

Na denúncia, a associação alegou que o Banco do Brasil encerrou, sem nenhuma justificativa, a conta corrente da corretora Atlas, que era usada para receber depósitos e transferências de clientes que desejavam comprar bitcoins. Outros bancos estariam adotando práticas semelhantes e muitos se negaram a abrir contas para a compra de moedas virtuais.

Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) abriu inquérito administrativo contra seis bancos para investigar se eles prejudicaram corretoras de criptomoedas. O inquérito foi aberto após denúncia feita pela Associação Brasileira de Criptomoedas e Blockchain (ABCB) de que os bancos estariam prejudicando o acesso das corretoras ao sistema bancário. São investigados Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Santander, Banco Inter e Sicredi.

Na denúncia, a associação alegou que o Banco do Brasil encerrou, sem nenhuma justificativa, a conta corrente da corretora Atlas, que era usada para receber depósitos e transferências de clientes que desejavam comprar bitcoins. Outros bancos estariam adotando práticas semelhantes e muitos se negaram a abrir contas para a compra de moedas virtuais.

Fonte: Época Negócios

Fintechs temem perdas com nova regra do Banco Central

Publicado em: 04/07/2018


Desde o último domingo, os trabalhadores podem transferir seu salário automaticamente para uma conta não bancária, ou conta de pagamento, oferecida por instituições não financeiras, fintechs ou emissores de cartões. Mas o potencial do novo mercado não tira do radar das fintechs a preocupação com a forma como o Banco Central (BC) vem atuando na regulação do setor. O receio é que as alterações nas regras venham a limitar o ambiente de inovação no mundo das fintechs.

Em uma consulta pública encerrada há duas semanas, o BC propôs medidas para regular a chamada “interoperabilidade” – a capacidade de diferentes sistemas de se comunicarem entre si.

A mudança é parte do esforço do BC de reduzir o risco sistêmico em um momento em que cada vez mais pagamentos migram para o mundo on-line, particularmente para aplicativos que atuam como marketplaces, recebendo dinheiro de consumidores de um lado e, do outro, repassando a fornecedores.

A interoperabilidade é importante porque ajuda a aprofundar o processo de desintermediação financeira, estimulando, por exemplo, o desenvolvimento das carteiras digitais (e-wallets) por parte de competidores como Paypal, MercadoPago e PagSeguro e que permitem a transferência de recursos pessoa a pessoa sem passar pelos bancos.

NEGOCIAÇÃO Para facilitar seu controle sobre as transações no mundo digital, o BC propõe colocar as bandeiras de cartão como ‘xerifes’ do mercado. Pela proposta, as startups terão de se submeter às regras das bandeiras por meio de contratos de adesão, sem a possibilidade de livre negociação bilateral.

Para o BC, as medidas vão estimular a competição entre as startups e reduzir o risco sistêmico. Para as empresas de tecnologia, o efeito será menos inovação. Elas reclamam que os contratos padrão das bandeiras impõem limitações operacionais e por isso vão aumentar seus custos. Mais: uma empresa como o MercadoPago terá de revelar informações estratégicas para as bandeiras, em tese empresas com as quais concorre.

Um dos principais temores é a perda de flexibilidade para negociar o prazo de compensação em contratos de recebíveis – o que afetaria uma importante fonte de receita.

O impacto das mudanças é tão abrangente que, no domingo, o CEO do UOL, que controla a PagSeguro, escreveu um artigo na Folha de S. Paulo sobre o que vê como riscos da proposta de regulação.

“O mais grave é obrigar as fintechs a fazer a liquidação de qualquer transação dentro de câmara controlada pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos)”, escreveu Rômulo Dias, que se tornou CEO do grupo em abril, depois de 18 anos no Bradesco, muitos dos quais como CEO da Cielo. “Hoje, os cinco maiores bancos representam ao redor de 90% do mercado financeiro. Essa liquidação em câmara da Febraban vai aumentar o custo da transação para as fintechs e seus clientes, além de impedir o recebimento pelo lojista no mesmo dia, inibindo a competição e expondo a carteira de clientes dos novos entrantes.”

AMEAÇA Para a Associação Brasileira de O2O (Online to Offline), as propostas de mudança são uma ameaça ao modelo de negócios das fintechs.

“Queremos paridade no diálogo”, diz Vitor Magnani, presidente da O2O, que está reunindo fintechs para debater com as grandes empresas do setor. “É importante abrir a competição. Mas a saída não é entrar debaixo das bandeiras.”

Em seu esforço para regular as fintechs de forma branda, o BC tem se mostrado sensível às demandas dos empreendedores. Mas para muitos, é nos detalhes que pode estar o perigo.

“O grande desafio agora vai ser acertar a mão nos detalhes da norma”, diz Giancarllo Melito, professor de direito da Fundação Getulio Vargas, que é a favor da interoperabilidade. “Mas toda vez que o BC apertou demais, deu mais prazo, ajustou. Quando foi instituída a liquidação centralizada, diziam que ia acabar com os marketplaces, mas o BC deu mais prazo para se adequarem e estão todos sobrevivendo.”

“A interoperabilidade pode ser muito boa ou pode destruir a competição, que foi o que aconteceu com a Betamax quando se adotou o padrão VHS. Todos querem usar os cartões de crédito como meio de pagamento, mas não querem seguir as regras deles. Como o dinheiro aparece na e-wallet? Você usa a infraestrutura da bandeira”, pondera o advogado Bruno Balduccini, um sócio do Pinheiro Neto que tem participado ativamente das discussões.

Fonte: O Estado de Minas

Regulação do BC deve precipitar consolidação de fintechs no Brasil

Publicado em: 01/11/2017


A iminente regulamentação do Banco Central para plataformas de serviços financeiros deve precipitar uma consolidação das fintechs, que se multiplicaram no Brasil nos últimos três anos.

Nas últimas semanas, o setor tem tido intensa movimentação, com as fintechs mais estabelecidas procurando se firmar, acertando aportes mais robustos de investidores ou fazendo parcerias com bancos e varejistas para ganhar escala e visilibidade, como forma se destacar num mercado que já conta mais de 300 dessas startups.

O Nubank, que se notabilizou por meio da plataforma digital de cartões de crédito sem anuidade, anunciou na véspera que passará a operar contas de pagamentos. Na semana passada, o aplicativo de finanças GuiaBolso captou 125 milhões de reais em rodada liderada pelo sueco Vostok, a maior de um fundo de capital de risco para América Latina neste ano. Dias antes, o marketplace Bom Pra Crédito fechou parceria com a CBSS, banco dos sócios Bradesco e Banco do Brasil.

Fontes do setor ouvidas pela Reuters citam pelo menos mais dois acordos de cifras similares aos do GuiaBolso que devem ser anunciados nas próximas semanas.

Segundo o chefe no Brasil da área de inovação da Accenture, Guilherme Horn, grandes investidores globais até agora vinham fazendo aportes mais pontuais em fintechs, enquanto aguardavam sinais do BC, fase vencida quando a autoridade monetária pôs a regulação em audiência pública no fim de agosto. A previsão é que as novas normas, em que o BC criará parâmetros mínimos operacionais, sejam editadas até o final do ano.

“Regulamentações costumam dar uma peneirada no mercado”, disse Horn. “Agora, quem ficar abaixo do padrão do BC vai ter que dar um jeito, ou se adapta ou é vendido. Quem está dentro vai crescer, porque vai atrair mais investidores e parceiros.”

O movimento sublinha o encurtamento dos ciclos de negócios no setor alta tecnologia em relação a setores mais tradicionais da economia, nos quais os processos de expansão e consolidação podem levar décadas.

Com um modelo de negócios relativamente barato – várias dessas startups foram criadas com um investimento inicial de poucas dezenas de milhares de reais -, usando modelos matemáticos para medir o risco de clientes potenciais e oferecer crédito e produtos financeiros. O apelo da agilidade e de juros e tarifas menores ou inexistentes rapidamente caiu nas graças do público.

O movimento também prosperou diante de uma postura mais amigável do BC, que preferiu monitorar a atividade do setor, em vez de proibir a operação de empresas não reguladas para oferecer serviços financeiros. Por fim, o modelo de parceria, na maior parte das vezes com bancos médios ou com cooperativas, exime essas startups de regras mais rígidas.

Como resultado, num espaço de três anos, o número de fintechs no Brasil foi multiplicado por seis.

MAIS CARO

Mas, de certa forma, sinais de que o mercado não conseguiria comportar tantas fintechs existem há algum tempo. Em parte porque conseguir se diferenciar num mercado que se multiplica tão rápido ficou mais desafiador, isto é, mais caro.

Como o marketing é quase todo feito pela Internet, o preço para aparecer em primeiro em páginas de busca como o Google tem subido sem parar.

Rodrigo Ubaldo, sócio-fundador da Allgoo, especializada em digitalizar instituições financeiras, calcula que o custo unitário de aquisição de clientes na Internet chega a 700 reais.

“Embora ainda seja menor do que o custo por cliente nos canais físicos, é um preço que está ficando alto demais”, disse Ubaldo.

No que parece ser um paradoxo, algumas dessas fintechs estão procurando fazer divulgação usando canais físicos, seja abordando pessoas diretamente nas ruas ou comprando espaço na mídia tradicional.

“O canal de divulgação exclusivo pela Internet está se exaurindo”, disse Rogério Cardozo, diretor executivo da Enova, dona da plataforma online de crédito Simplic. “Estamos pensando em ter stands em lugares públicos”, disse Marcelo Ciampolini, presidente-executivo da Lendico.

Outro fator que concorre para filtrar as fintechs sobreviventes é o fôlego financeiro. Em outras palavras, por quanto tempo a empresa pode operar no vermelho, investindo só no crescimento da base.

“Poderíamos atingir o break even (lucro) em dois meses se quiséssemos; era só desacelerar”, disse Cristina Junqueira, cofundadora e vice-presidente de desenvolvimento de negócios da Nubank, em agosto à Reuters. “Mas isso não faz sentido hoje.” O Nubank tem um público estimado em 2,5 milhões de portadores de cartões.

Em outra frente, a capacidade de funding da instituição financeira sócia também pode limitar a capacidade de expansão. Só em crédito esse mercado já movimenta mais de 1 bilhão de reais por ano. E é isso que tem incentivado uma aproximação entre fintechs e aqueles antes vistos como rivais, os grandes bancos.

O CBSS, de Bradesco e BB, apostou nisso quando anunciou parceria com o Bom pra Crédito, semanas atrás. “Prevemos em 2018 ter 30 por cento do crédito digital”, disse à Reuters Carlos Giovanne, presidente do CBSS, no início do mês. Em outra frente, o Bradesco até o fim do ano deve deslanchar seu banco eletrônico, o Next.

Fonte: Terra

CBSS inicia acordos com fintechs mirando mercado crescente

Publicado em: 18/10/2017


O CBSS, banco da holding Elopar dos sócios Bradesco e Banco do Brasil, está fazendo parcerias com fintechs, prevendo em 2018 alcançar 30 por cento de um mercado de rápido crescimento e que já empresta mais de 1 bilhão de reais por ano.

Inicialmente, os acordos usarão o modelo mais praticado no mercado, com fintechs captando pedidos de empréstimos e filtrando o perfil de risco dos tomadores, operação conhecida no jargão do mercado como “lead” e pela qual as fintechs são remuneradas, quase sempre por bancos de médio porte e cooperativas de crédito, que de fato concedem os financiamentos.

“Nós temos funding competitivo e em boa quantidade e as fintechs conseguem originar crédito com um custo muito menor do que faríamos por meios físicos”, disse à Reuters o presidente do Banco CBSS, Carlos Giovane.

A primeira parceria é com a Bom Pra Crédito, marketplace no qual cerca de 500 mil interessados em tomar empréstimo pessoal submetem todo mês pedidos que são distribuídos para cerca de 25 bancos oferecerem propostas.

Além desse acordo, já em andamento, negociações estão em curso com outras quatro fintechs especializadas em crédito: Guia Bolso, Lendico, Finanzero e Wecash, previstas para estarem operacionais ainda em 2017.

O movimento marca a primeira aproximação operacional, mesmo que de forma indireta, de grandes bancos com fintechs, que nos últimos dois anos emergiram como potenciais rivais no crédito pessoal, ao oferecerem taxas de juros muito menores do que as praticadas no sistema financeiro.

Segundo o presidente da Bom Pra Crédito, Ricardo Kalichsztein, ser parceiro é melhor.

O CBSS, no caso, oferecerá empréstimos pessoais sem garantia com taxas a partir de 3,9 por cento ao mês. A taxa média do sistema financeiro foi de 7,2 por cento ao mês, segundo dados do Banco Central referentes a agosto.

A iniciativa acontece em meio a uma audiência pública aberta pelo Banco Central para regulamentar a atuação das plataformas digitais de crédito. A proposta do BC é classificar essas fintechs em duas categorias, a que empresta com capital dos próprios acionistas e a que conecta investidores a tomadores de recursos, prática conhecida como peer to peer lending.

Na avaliação de especialistas do setor, dependendo da forma como vier a regulação, o modelo atual de parcerias pode ser esvaziado, uma vez que bancos podem preferir ter plataformas digitais próprias, enquanto algumas fintechs poderiam ter um braço financeiro para operar de ponta a ponta.

“As fintechs começarão a se perguntar se vale a pena virar banco”, disse Rubens Vidigal Neto, sócio do PVG Advogados.

Atento a esse movimento, o CBSS já visualiza aprofundar a aproximação com as fintechs. Num primeiro momento, as conversas envolvem proposta de remuneração mais atrativa, na qual o banco pode repassar às parceiras mais do que apenas um valor pela originação de negócios.

Mas com pelo menos uma delas as conversas já evoluíram para participação societária.

“Estamos em negociações finais para sermos sócios de uma delas (fintech)”, disse Giovane, sem dar mais detalhes.

A entrada do CBSS no crédito digital é motivada, dentre outros fatores, pelo interesse dos sócios em acelerar a rentabilização do negócio, disse o executivo.

Após ter obtido as aprovações do Banco Central no ano passado para atuar como banco, o CBSS vem deslanchando uma série de iniciativas para vender produtos financeiros, incluindo por meio da financeira Ibi, de parcerias com redes varejistas e o lançamento de um plataforma digital própria de cartão de crédito, a Digio.

Essa plataforma começa a operar ainda este mês um marketplace, inclusive com produtos como os da Apple Store. A partir de novembro, a Digio incluirá oferta de crédito pessoal.

Todas essas frentes consumiram investimentos que levam mais tempo para dar retorno. O banco, que tinha patrimônio de 410 milhões de reais em junho, já opera no azul desde o mês passado, mas o plano é começar a ter lucro.

“As parcerias com as fintechs no crédito são um negócio que permite retorno quase imediato”, disse Giovane.

Fonte: Exame

Clientes jovens ajudam BB a inovar em troca de viagem

Publicado em: 09/12/2016


O Banco do Brasil quer a ajuda dos seus clientes mais jovens para desenvolver soluções que melhorem o seu negócio – em troca de uma viagem para o exterior.

O banco está conduzindo o concurso “Pensa Universitário”, no qual convocou os correntistas que têm contas universitárias a sugerirem inovações para três áreas: benefícios, vantagens e produtos; comunicação e ambiente de informação (espaço com conteúdo informativo para o público que está na faculdade).

As ideias podem ser registradas até o dia 27 de janeiro do ano que vem no site bb.com.br/conhecereinovar.

Serão lançados três desafios por tema. Os autores das duas melhores respostas para cada um deles serão premiados com uma viagem para fazer curso de inglês fora do Brasil. O anúncio dos vencedores será feito no dia 31 de janeiro de 2017.

A seleção será feita por executivos do banco e vai levar em conta a aderência à proposta, a originalidade, a relevância para o negócio e possibilidade de implementação.

O BB ficará com o direito de explorar (ou não) as ideias vencedoras em sua forma original ou com ajustes. A iniciativa é derivada do programa Pensa BB, em que a empresa convida seus funcionários a criarem inovações. Neste ano, ela lançou em seu mobile banking um recurso que permite aos clientes identificar as agências onde as filas estão menores, ideia que surgiu no projeto. O banco também já fez um hackaton de tecnologia entre os integrantes da sua equipe.

Mais digital

O Banco do Brasil há algum tempo se esforça para se tornar mais digital, assim como seus concorrentes. Eles sofrem pressão das fintechs, startups que agregam tecnologia ao setor financeiro, que conquistam cada vez mais adeptos.

Recentemente, ele lançou uma conta de pagamentos que pode ser totalmente aberta e movimentada pelo celular. Também está transformando muitas de suas agências em digitais.

A companhia anunciou também que vai fechar 402 pontos de atendimento e demitir 18.000 funcionários, por meio de um plano de incentivo à aposentadoria.

O enxugamento da estrutura deve ocasionar uma economia de 750 milhões de reais por ano.

Fonte: http://exame.abril.com.br/negocios/bb-pede-ajuda-a-clientes-jovens-para-inovar-em-troca-de-viagem/

Análise de crédito via rede social dá os primeiros passos

Publicado em: 02/12/2016


O uso intensivo da tecnologia e a análise da vida digital dos consumidores têm ganhado peso na avaliação das instituições financeiras na hora da liberação de crédito. O fenômeno está mais avançado no exterior, mas começa a ensaiar os primeiros testes no Brasil, sobretudo nas fintechs, empresas que unem tecnologia a serviços financeiros.

Defendido como maneira para agilizar a análise e confirmar a autenticidade dos dados, o método busca indícios, como modelo de aparelho celular utilizado ou estilo de vida retratado nas redes sociais, e também pode ajudar na inclusão financeira.

A discussão ganha importância em um momento de paradeira na concessão de crédito e taxa de juros elevadas. Segundo dados do Banco Central, o estoque de crédito acumula retração de 3,4% no ano. Ao mesmo tempo, apesar da recente redução da taxa Selic, o spread dos bancos – a margem de ganho entre o custo de captação e o juro ofertado ao consumidor – resiste e mantém a escalada, chegando a 41,2 pontos porcentuais no crédito livre aos consumidores.

A empresa de gestão de risco GoOn aposta nessa análise alternativa. De acordo com o diretor da companhia, Eduardo Tambellini, está em gestação um projeto para definir critérios mais subjetivos e favorecer a liberação de crédito para o público de baixa renda no financiamento de gastos em saúde e reforma de habitações populares.

“O desafio é dar um crédito mais seguro com menor inadimplência possível. Estamos nos voltando a bases completamente diferentes às do crédito tradicional”, diz Tambellini.

Na fintech Geru, Facebook e o LinkedIn são alguns dos itens que vão pesar na decisão de dizer se a pessoa merece ou não ter o crédito. “No caso de autônomos, vemos que ele tem uma página, anunciando serviços ou produtos, e que as pessoas interagem. Isso mostra uma disposição para o pagamento”, diz Karin Thies, sócia-fundadora da companhia.

Outros perfis que se beneficiam da varredura são pessoas que não são casadas e não têm como comprovar a união, assim como empresários que estão com problemas nas companhias e veem resistência nos bancos. A pesquisa nas redes, segundo Karin, também evita crimes como estelionato, porque oferece informações mais precisas sobre o tomador.

Rafael Pereira, da fintech Simplic, explica que nada é vasculhado sem a prévia autorização, e que podem ter casos que a rede apresenta um perfil de mau pagador, mas nenhum item é visto isoladamente na hora de negar o crédito. “Utilizamos apenas 30% de informações financeiras, diferente dos bancos, que levam em consideração uma única conta em débito para deixar de dar o crédito”.

A intermediadora financeira Bom Pra Crédito faz o cadastro de consumidores e o distribui para 22 agentes financeiros, aumentando a chance de aprovação do crédito. Segundo Ricardo Kalichsztein, presidente da empresa, apenas 15% das análises de crédito são aprovadas no mercado, enquanto na Bom Pra Crédito o índice vai a 30%.

Nesse processo, é grande o uso de tecnologia. Já no cadastro, o cliente envia uma selfie, que pode ser usada em programas de reconhecimento facial. Além disso, o sistema envia os dados de qual dispositivo o cliente está fazendo a consulta (celular, tablet ou desktop), assim como a sua geolocalização.

“A empresa pode cruzar com os dados de endereço enviados pelo consumidor e saber quais regiões ele frequenta”, explica Kalichsztein. Ele enumera algumas possibilidades abertas na análise das redes sociais. “Com as redes sociais é possível checar quem são as referências passadas pelo cliente. Também é possível traçar um perfil social: que tipo de restaurante ele vai? A renda que ele mostra é compatível com o que declara?”

Tradicionais. Mesmo nos birôs mais tradicionais de crédito, como o SPC Brasil, essas novas ferramentas começam a ser vistas como válidas. “Crédito está ligado a confiança. Por isso existe essa busca para entender quem é a pessoa que está do outro lado, para saber qual é o tamanho do risco”, diz Nival Martins, superintendente do SPC Brasil. Segundo ele, as redes sociais podem ser usadas quando há dúvidas na análise de crédito, mas ainda é necessário um método para utilizar essas informações com menos subjetividade.

Nos bancos, essa aposta ainda é tímida. O Banco do Brasil tem utilizado, desde 2015, dados de redes sociais para complementar a análise comportamental dos clientes. Segundo o vice-presidente de negócios de varejo do banco, Raul Moreira, a ideia é adotar postura mais ativa para prever riscos de inadimplência. Os demais bancos consultados pela reportagem (Bradesco, Caixa, Itaú Unibanco e Santander) não responderam ou informaram não adotar a prática.

Fonte: Estadão