Artigo: 2ª fase do Open Banking e os riscos de golpes contra os consumidores

Publicado em: 12/08/2021

Ricardo Motta*

Embora novo e criado com a missão de proporcionar maior vantagem aos consumidores, sobretudo pelo aumento da competitividade entre as instituições financeiras e, ainda, a experiência com o uso de novos produtos e serviços, é certo que a entrada em vigor da 2ª fase do Open Banking poderá trazer muitos dissabores aos consumidores, em especial quando falamos em fraudes bancárias.

Independentemente de todo trabalho desenvolvido pela Febraban e as instituições formadoras do nosso sistema financeiro, mesmo com o reduzido tempo garantido aos agentes financeiros para estruturação desse “novo mecanismo”, o Open Banking, assim como novos serviços financeiros tecnológicos recentemente lançados, pode servir como uma porta de entrada para novos golpes contra os consumidores brasileiros.

É sabido que os bancos deverão pedir consentimento dos clientes para o compartilhamento dos seus dados. Além disso, o banco recebedor dos dados também deverá obter autorização do cliente para uso dos mesmos dados.

De uma forma mais genérica, sem maior aprofundamento quanto aos procedimentos, o cliente deverá autorizar quais dados serão compartilhados, a finalidade de uso e o tempo de duração do compartilhamento dos dados.

E é nesse exato momento, quando das possíveis formas de contato entre banco e consumidor, que reside a possibilidade de risco de o cliente ser vítima de uma fraude bancária.

Contato por SMS? Não haverá! Esta possibilidade já foi vetada pela Febraban, a qual é sempre uma opção utilizada pelos golpistas para envio de links que remetem o consumidor para páginas onde são aplicados os golpes.

Não apenas por meio de SMS, mas todo e qualquer formato de contato onde exista a necessidade de clique em links enviados por outros canais (e-mail, WhatsApp…) devem ser evitados.

As comunicações deverão ser feitas entre bancos e clientes através dos mesmos canais de atendimento já utilizados no relacionamento.

Estamos falando de um novo e importante sistema, que contou com a participação de dezenas de bancos e centenas de profissionais durante todo seu desenvolvimento, organizados em grupos de trabalho, totalmente voltados para o tema. Mas assim como temos visto com as fraudes crescentes e cada vez mais inovadoras utilizando Pix, todo cuidado é pouco por parte do consumidor nesta fase do Open Banking.

Ao consumidor, diante de muito que temos visto, eu recomendaria: “Acredite na ferramenta, mas desconfie do contato!”

*Ricardo Motta é sócio na área do Consumidor em Viseu Advogados

Fonte: Estadão

PF investiga grupo suspeito de fraudes bancárias na internet

Publicado em: 22/03/2018

A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira a Operação Código Reverso, que investiga um grupo acusado de cometer fraudes bancárias pela internet. O prejuízo causado é de 10 milhões de reais em nove meses, de acordo com os agentes.

Segundo a PF, o grupo fazia uso de programas maliciosos, burlando os mecanismos de segurança dos bancos, para acessar remotamente os computadores das vítimas e realizar transações bancárias eletrônicas fraudulentas como pagamentos, transferências e compras pela internet. Os hackers mantinham conexões internacionais, inclusive com cibercriminosos do leste europeu.

Ainda segundo a polícia, os membros da organização têm alto padrão de vida e utilizavam empresas de fachada para movimentar e ocultar os valores obtidos por meio das atividades criminosas. Parte dos desvios foi investido em moedas virtuais como o bitcoin – o que configuraria crime de lavagem de dinheiro.

A operação desta quarta-feira buscava cumprir nesta manhã 43 mandatos judiciais – sete de prisão preventiva, um de prisão temporária, onze de intimação e 24 de busca e apreensão. Ainda foi decretado o bloqueio das contas bancários dos investigados e a indisponibilidade de bens móveis e imóveis. A investigação está sendo realizada nos estados de Tocantins, São Paulo, Goiás e Pernambuco.

Além dos presos, outras pessoas suspeitas de participação nas fraudes foram intimidas a prestar esclarecimentos, inclusive empresários que procuravam os criminosos para obter vantagem competitiva no mercado e prejudicar a livre concorrência, de acordo com a PF. A investigação aponta que essas pessoas recebiam descontos de aproximadamente 50% para quitar os impostos, pagar contas e realizar compras por meio de pagamentos feitos pelos criminosos – causando prejuízo a milhares de contas bancárias de diversas instituições.

Se considerados culpados, os acusados podem receber uma pena de mais de 30 anos de prisão. Eles devem responder pelos crimes de associação criminosa, falsificação de documento público e uso de documento falso, furto qualificado e lavagem de capitais.

Durante a operação, a Polícia Federal trabalhou em conjunto com a equipe de prevenção de fraudes dos bancos Caixa, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander.

Versão das empresas
O Itaú informou que a cooperação com a operação da PF é uma das inúmeras iniciativas para combater cibercrimes, fraudes bancárias pela internet e lavagem de dinheiro. “A instituição informa ainda que apoia o acordo entre Febraban e Polícia Federal, para cooperação ao combate à fraude eletrônica, e que está à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos”.

O Banco do Brasil também afirmou que participa de várias iniciativas para garantir a segurança bancária. “Entre elas o Projeto Tentáculos, acordo firmado entre a Federação Brasileira de Bancos e a Polícia Federal para combate a fraudes e crimes eletrônicos”.

A Caixa Econômica Federal disse que informações sobre eventos criminosos são repassadas às autoridades. “Informa ainda que mantém contato permanente com a Polícia Federal, prestando irrestrita colaboração nas investigações, procedimento que continuará sendo adotado pelo banco”.

O Bradesco informou que não vai comentar sobre a operação.

Fonte: Veja