Gestores que apostaram em impacto negativo de Lula no BB perderam rali de 76%

Publicado em: 22/02/2024

O Banco do Brasil (BBAS3) deu aos acionistas um retorno de 76% no ano passado, provando que os investidores estavam errados em suas apostas de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderia prejudicar o desempenho do segundo maior banco do país ao usá-lo para estimular a economia.

O BB foi o banco com melhor desempenho no Ibovespa (IBOV) em 2023, com um retorno total cerca de 30 pontos percentuais superior ao do Itaú Unibanco, o maior banco do país em ativos. A disparidade de desempenho deverá continuar neste ano, segundo analistas.

“O mercado penaliza demais o Banco do Brasil, sendo que o banco tem uma boa entrega de resultados e um retorno sobre o capital muito parecido com o de um banco privado de primeira linha”, disse Ricardo Peretti, estrategista de ações da Santander Corretora, em entrevista à Bloomberg News.

Durante sua campanha eleitoral, Lula prometeu combater a pobreza e trazer de volta a prosperidade que a maior economia da América Latina teve quando esteve na presidência do país no início do século.

Isso gerou temores entre os investidores de que o BB, com R$ 2,2 trilhões em ativos, pudesse ser utilizado para financiar muitos programas sociais e oferecer empréstimos subsidiados em excesso.

Até o momento, esses temores não se concretizaram.

Em 2023, o primeiro ano do terceiro mandato de Lula, o valor de mercado do Banco do Brasil aumentou R$ 59 bilhões, em grande parte pelo fato de ser o maior financiador do agronegócio.

“Nós encerramos o ano de 2023 com uma clara demonstração de que o mercado está começando a dar maior atenção ao valor do Banco do Brasil”, disse Geovanne Tobias, vice-presidente de gestão financeira e de relação com investidores do Banco do Brasil, em comunicado.

Tobias negou uma possível interferência política no banco e apontou que o avanço das ações foi resultado da ampla exposição ao setor agrícola e de apoio ao setor público.

O boom agrícola do ano passado ajudou a aumentar os lucros e a diminuir a inadimplência do banco, enquanto as altas taxas de juros de dois dígitos ajudaram a impulsionar a carteira de crédito.

O Banco do Brasil divulgou lucro líquido ajustado e retorno sobre o capital que superaram as estimativas no quarto trimestre. E, em fevereiro, o conselho da estatal aumentou o percentual de lucros a serem distribuídos aos acionistas neste ano, de 40% para 45%.

Mas é pouco provável que o impulso do setor agrícola continue. É esperada uma desaceleração no setor, assim como na economia brasileira como um todo. Isso levantou preocupações dentro do Banco do Brasil de que o preço de suas ações pudesse sofrer algum impacto, segundo pessoas familiarizadas com o assunto que pediram para não serem identificadas.

A carteira de crédito para o agronegócio do Banco do Brasil está distribuída em todos os estados e regiões e não há concentração em culturas específicas, disse o banco em comunicado, acrescentando que os impactos tendem a ser variados, mas sem influenciar significativamente a carteira como um todo.

A perspectiva de um crescimento econômico mais fraco também alimenta receios persistentes de alguma interferência política no banco.

Durante o governo da presidente Dilma Rousseff, o Banco do Brasil forneceu bilhões de reais em créditos adicionais para pessoas físicas e pequenas empresas, o que contribuiu para o aumento da inadimplência e para queda das ações do banco, segundo analistas.

Mesmo assim, alguns analistas consideram que, ao servir como um importante fornecedor de crédito para a agricultura, o banco tem um amortecedor contra o impacto de uma economia mais fraca, devido à taxa de inadimplência baixa do setor.

“O Banco do Brasil tem uma carteira contracíclica”, disse Wesley Okada, chefe de análise de renda variável na gestora Ace Capital. “Quando o mercado está muito ruim, o banco tende a ir bem por causa da sua participação no rural.”

Gestoras, incluindo Legacy Capital e AZ Quest, mantiveram suas posições compradas – que apostam na valorização do ativo – após o rali, dizendo que as ações do banco podem subir em 2024 devido à sua exposição de crédito ao setor agrícola e seu retorno sobre o capital acima dos pares.

Agora que o Banco Central começou a reduzir juros, alguns analistas consideram que o Banco do Brasil – assim como todo o sistema bancário – se beneficiará ainda mais com a baixa inadimplência decorrente das taxas menores.

Com a flexibilização monetária em andamento, “a inadimplência das famílias diminui e a rentabilidade dos pagamentos melhora”, disse Murilo Marchioni, analista da AZ Quest.

Fonte: Bloomberg Línea

BB: desvios leves de comportamento passam a ser tratados pela ética corporativa

Publicado em: 07/07/2023


Em reunião com a Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), representantes da direção do BB apresentaram a nova política para coibir desvios de comportamento leve. Esse tipo de comportamento no trabalho, que antes era conduzido no âmbito disciplinar, da Instrução Normativa (IN) 383, agora passa a ser tratado pela Ética Corporativa (IN 734).

“Essa iniciativa responde demandas nossas, do movimento sindical. Uma punição grave, a abertura de um processo administrativo, que fica ali registrado na carreira, tem um impacto muito ruim para a pessoa, inclusive para ascensão dentro da empresa. Nós entendemos que muitas coisas poderiam ser resolvidas numa conversa, num reposicionamento. Erros ocorrem, mas não dá para considerar que todos os erros são por má-fé. Então, é importante que essa recondução seja feita em forma de diálogo e não de forma punitiva, com um processo administrativo, que fica registrado e passa por uma apuração extensa e tem impactos na carreira”, avalia a coordenadora da CEBB, Fernanda Lopes.

Atualmente, o banco define como comportamento leve “condutas inadequadas, com baixo potencial lesivo, que não apresentam elevado risco de imagem, nem prejuízos, porém não estão de acordo com as premissas do Código de Ética”. A empresa também diz que o objetivo da mudança, para que esse tipo de comportamento seja tratado no âmbito da Ética Corporativa, “é oferecer aos funcionários oportunidades de reposicionamento por meio de orientações ofertadas por líderes”.

A ação inclui estímulo ao diálogo entre todos os funcionários e debate sobre o tema na formação dos gestores, sem, no entanto, gerar impactos na carreira dos funcionários. “A gente considera a iniciativa positiva, mas a mudança tem de ser cultural e formativa dentro da empresa, principalmente dos líderes e gestores que precisam, realmente, começar a dialogar com os funcionários”, completa Fernanda.

“Estaremos acompanhando os casos, pois é um avanço se considerarmos gestores com habilidades no gerenciamento de pessoas. Hoje, essa falta de habilidade é um problema que precisa ser enfrentado”, afirma a representante da Fetrafi-RS na CEBB, Priscila Aguirres.

Pela dinâmica apresentada pelo banco, os passos para solucionar um desvio de comportamento leve passará por três etapas: (1) conversa com o funcionário responsável pela ação negativa, (2) seguido pela NI de Instrução Ética e (3) Termo de Ciência Ético. “A ausência de reposicionamento [ou seja, mudança de comportamento por parte do funcionário] poderá ser tratada por meio da abertura de Ação Disciplinar (IN 383)”, explicou o BB em nota compartilhada com os representantes dos trabalhadores.

Veja quais comportamentos são considerados pelo BB como desvios leves:

Descortesia – Comunicação violenta com clientes, colegas, parceiros, terceirizados, etc.

Descumprimento de jornada de trabalho – Não observância recorrente das regras de jornada de trabalho, mesmo após orientações.

Postura inadequada – Prática de atividades pessoais fora do interesse do serviço; envio de mensagens inadequadas; disseminação de ideologia partidária nas dependências do banco, subterfúgios em processos internos de encarreiramento e formação, etc.

Fonte: Contraf-CUT

Gestores minimizam ruído com Bolsonaro e mantêm aposta em Banco do Brasil

Publicado em: 01/05/2019


Alguns dos principais gestores de fundos no Brasil já aprenderem a não levar os comentários do presidente Jair Bolsonaro ao pé da letra, um ceticismo que, por ora, tem beneficiado o maior banco da América Latina em ativos: Banco do Brasil (BBAS3).

Na segunda-feira, o apelo de Bolsonaro para que o Banco do Brasil reduza as taxas de juros para o setor agrícola elevou a preocupação sobre possível interferência política e trouxe algum nível de desconforto entre investidores. As ações do banco chegaram a reverter os ganhos após as declarações do presidente e encerraram o dia perto da estabilidade, a R$ 49,37.

“Valuation e fundamentos ainda dominam”, disse Leonardo Rufino, gestor de portfólio da Pacifico Gestão de Recursos. “Cada fala dessa é uma oportunidade para o mercado lembrar que empresa estatal é uma aposta mais arriscada, mas a ação ainda está barata,” disse. As ações do Banco do Brasil estão sendo negociadas a 8,4 vezes o lucro estimado, contra 9,5 vezes para as ações ordinárias da Banco Bradesco, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

De acordo com João Braga, da XP Asset Management, o Banco do Brasil deve se beneficiar da recuperação esperada da economia brasileira, assim como a potencial venda de ativos do banco. “A fala de Bolsonaro não soou como imposição e eu a vejo com bem menos preocupação”, disse Braga. “Se a ação caísse muito por causa disso, eu compraria.”

O Banco do Brasil subiu 16% desde a eleição de Jair Bolsonaro em outubro passado, com o papel transformando-se em um “queridinho” dos investidores, diante das expectativas de lucro maior e mais vendas de ativos. O presidente do banco, Rubem Novaes, já disse que ativos que não tenham sinergia com operações do banco serão “desinvestidos”.

Greg Lesko, gestor da Deltec Asset Management, em Nova York, atualmente não tem exposição às ações do Banco do Brasil, já que prefere pagar um prêmio a seus pares privados, especialmente ao Bradesco (BBDC3;BBDC4), para evitar maior risco político. Ainda assim, Lesko monitora qualquer possível deterioração nas ações do banco. “Minha esperança é que isso seja barulho e, se virmos uma fraqueza significativa, posso procurar acrescentar” o papel, disse Lesko.

Fonte: Infomoney