Ação impede BB de descontar salários por causa de greve dos funcionários

Publicado em: 18/03/2022

O Departamento Jurídico do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro conseguiu uma vitória na Justiça do Trabalho para garantir o direito de greve dos funcionários do Banco do Brasil, anulando os descontos de salários impostos pela direção da empresa em relação às paralisações do funcionalismo nos dias 29 de janeiro e 10 de fevereiro de 2021.

A decisão da juíza Nelie Oliveira Perbelis, da 30ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, tomada na sexta-feira passada (11), permite a compensação dos dias parados, evitando assim, o prejuízo salarial para os bancários que aderiram ao movimento grevista.

Motivos justos

Razões para o bancário aderir à paralisação não faltaram. A greve foi uma resposta dos bancários e do movimento sindical após o BB anunciar, no dia 11 de janeiro de 2021, a extinção da gratificação de caixa com o fim dos caixas executivos efetivos, passando todos estes funcionários a serem “substitutos”. O efetivo tinha a remuneração paga integralmente todo mês, já o susbtituto, comente nos dias que o banco determinar.

A magistrada relata que a paralisação foi uma resposta dos trabalhadores à decisão unilateral da direção do banco, sem “negociação prévia com o Sindicato”, de “supressão de gratificações”, o que “gerou uma importante redução remuneratória para os funcionários do BB”. A juíza considerou, portanto, legítima as paralisações dos bancários e destacou que a empresa tomou a decisão de descontar os grevistas “com nítida finalidade punitiva”.

Nelie de Oliveira ressaltou ainda que o banco gerou outros prejuízos aos empregados, além do desconto de salários, pois os mesmos implicam “na perda do direito a abonos salariais, licença prêmio demais benefícios contratuais”.

“A juíza lembrou muito bem que na data base da categoria, 1º de setembro, a categoria sempre negocia também os dias de paralisação ocorridos no ano, mas a direção do BB, arbitrariamente, insistiu em impor os descontos, o que não permitimos, buscando os direitos dos bancários na Justiça”, afirma a diretora do Sindicato dos Bancários do Rio e representante da Comissão Empresa dos Funcionários (CEBB), Rita Mota.

Alegação do banco negada

Os advogados do banco alegaram que “o direito de greve não é absoluto” e que “os descontos salariais dos dias de paralisação possuem amparo legal”, o que não foi aceito pela juíza, que citou “o direito de greve enquanto direito social fundamental previsto no artigo 9º da Constituição da República, cuja interpretação deve garantir a máxima efetividade possível” e que a jurisprudência do TST (Tribunal Superior do Trabalho ) “considera suspensos os contratos no curso do movimento e, nesses casos, entende-se que os descontos salariais dos dias de paralisação são indevidos”.

Descontos na pandemia

A decisão arbitrária do banco foi considerada ainda pela Justiça, uma “alteração lesiva dos contratos de trabalho”.

“O abuso do BB teve ainda ao agravante de trazer prejuízos financeiros para os bancários no curso da pandemia da Covid-19 e a decisão judicial reconhece mais este abuso da empresa, em plena crise sanitária”, acrescenta Rita. .

O Judiciário evocou ainda “o princípio da boa fé, entre as partes e o dever com um padrão ético e de lealdade”, o que na verdade, faltou à direção do banco. Caso o banco descumpra a decisão judicial terá de pagar multa diária de R$1.000.

“Essa é uma decisão muito importante, pois o banco puniu os bancários com descontos salariais pelo simples fato deles aderirem à paralisação em defesa de seus direitos. Garantir o direito de greve impõe uma derrota à tentativa do BB de inibir os movimentos grevistas da categoria e fortalece a nossa organização de luta”, completa a sindicalista.

Fonte: Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários e Financiários do Município do Rio de Janeiro

BB deverá devolver valores descontados de trabalhadores que participaram de greve

Publicado em: 02/09/2021

Verificando a ausência de abusos por parte dos funcionários que aderiram à greve, a 2ª Vara do Trabalho de Blumenau (SC) determinou que o Banco do Brasil devolva os valores descontados dos que participaram do movimento e retire dos documentos funcionais a expressão “falta não abonada/não autorizada”, substituindo-a pela expressão utilizada nas demais ausências por greve.

No caso, o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Blumenau e Região ajuizou uma ação civil pública contra o Banco do Brasil. O pedido foi pela restituição dos valores descontados dos empregados pela instituição. Buscava, ainda, a retirada da marcação do ponto e dos demais documentos funcionais dos funcionários a expressão “falta”, substituindo por outra que indique ausência decorrente de greve.

O juiz, Oscar Krost, pontuou que a greve é a forma que os trabalhadores possuem de tornar públicas suas reivindicações e anseios como categoria, não apenas ao empregador, mas à sociedade. No caso concreto, a reivindicação objetivou a preservação dos direitos dos empregados do Banco do Brasil em face de reformas prejudiciais.

Além disso, o magistrado ressaltou que o artigo 7º da Lei nº 7.783/89 deixa claro que as relações obrigacionais durante o período de suspensão do contrato de trabalho (greve), devem ser regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho.

Ausentes as três primeiras opções, cabe ao juízo a decisão sobre as consequências da adesão dos trabalhadores do réu à greve geral quanto aos aspectos obrigacionais das partes, afirmou o juiz.

Não existindo nos autos nenhuma prova sobre eventual abusividade da referida greve, Krost condenou o réu a proceder à devolução dos valores descontados dos substituídos processuais participantes do movimento grevista, inclusive sábados, domingos e FGTS, nos limites do pedido.

Fonte: Consultor Jurídico

Funcionários do BB fazem greve contra demissão de 5 mil em todo o país

Publicado em: 11/02/2021

Funcionários do Banco do Brasil realizaram na quarta-feira, dia 10 de fevereiro, uma paralisação nacional em protesto contra o programa de reestruturação da empresa que propõe o fechamento de 112 agências e o desligamento de 5 mil pessoas. O estado de greve foi aprovado por 87% dos trabalhadores em uma assembleia virtual realizada na sexta-feira (5). A decisão de paralisar as atividades foi reforçada depois de uma nova rodada de negociações intermediada pelo MPT (Ministério Público do Trabalho) terminar sem acordo.

Apesar da paralisação, os bancários afirmam que querem retomar o diálogo. “Mostramos que estamos dispostos a negociar. Acreditamos na via negocial e queremos continuar as tratativas”, disse o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga. Esse não é o primeiro ato contra reestruturação proposta pelo banco. Nos dias 15 e 21 de janeiro foram realizados atos nacionais contra as mudanças. Em 29 de janeiro foi realizada uma paralisação de 24 horas.

A reestruturação anunciada pelo banco pretende desligar 5 mil bancários por meio do PDV (programa de demissão voluntária), fechar 361 unidades – sendo 112 agências, 7 escritórios e 242 postos de atendimento -, descomissionamento de funções e a extinção do cargo de caixa.

Em um comunicado divulgado em janeiro, o Banco do Brasil afirmou que as medidas “buscam adequar a rede de agências ao aumento do comportamento digital de seus clientes e à necessidade de ampliar o atendimento especializado, especialmente o voltado ao agronegócios, que contará com mais 14 agências exclusivas e novos 276 gerentes de atendimento dedicados. As ações também buscam aumentar a eficiência nas atividades da empresa, garantindo a sustentabilidade dos negócios”.

A reorganização compreende ainda “medidas de otimização de estrutura descritas acima, outros movimentos de revisão e redimensionamento nas diretorias, áreas de apoio e rede, privilegiando a especialização do atendimento e a ampliação da oferta de soluções digitais”, fala o comunicado do BB. A economia líquida anual estimada por estes movimentos é de R$ 353 milhões em 2021 e R$ 2,7 bilhões até 2025.

Dentro do plano, o BB também aprovou um Programa de Adequação de Quadros (PAQ) para otimizar a distribuição da força de trabalho, equacionando as situações de vagas e excessos em suas unidades, e um Programa de Desligamento Extraordinário (PDE), disponível a todos os funcionários do BB que atenderem aos pré-requisitos. Até o dia 8, finalizadas as etapas de manifestação voluntária, mais de 5.000 desligamentos foram validados, segundo o banco.

Reorganização melhora experiência do cliente, diz BB

Em nota, o Banco do Brasil diz que a reorganização foi informada ao sindicato e que pode trazer melhoria para a experiência do cliente. Confira a nota completa abaixo.

“O Banco do Brasil reafirma seu entendimento de que as medidas de reorganização preparam a empresa para um ambiente de maior competitividade no setor financeiro. Também estão alinhadas com o aprimoramento da experiência do cliente e com o maior investimento em soluções digitais.

Os sindicatos foram prontamente informados sobre as mudanças e o Banco do Brasil colocou-se à disposição das entidades sindicais para prestar os esclarecimentos que forem necessários. O Banco do Brasil anunciou, no último dia 11, conjunto de ações que buscam adequar a rede de agências ao aumento do comportamento digital de seus clientes e à necessidade de ampliar o atendimento especializado, especialmente o voltado ao agronegócios, que contará com mais 14 agências exclusivas e novos 276 gerentes de atendimento dedicados. As ações também buscam aumentar a eficiência nas atividades da empresa, garantindo a sustentabilidade dos negócios.

O BB possui uma das maiores redes de atendimento no País, com 5,4 mil agências e postos de atendimento, e ampliará sua rede de correspondentes bancários, hoje com mais de 11,1 mil pontos, mantendo sua presença nos 4.883 municípios de atuação.

Os 16,5 mil pontos de atendimento físico do BB se somam ao conjunto de soluções de atendimento digital por mobile e internet banking. Desde 2016, o BB observa significativa redução nas transações em guichês de caixa (-42%), enquanto o uso do mobile praticamente dobrou no mesmo período e já responde por 86% das transações, junto com o internet banking.

Conforme Comunicado enviado ao mercado em 08 de fevereiro, finalizadas as etapas de manifestação voluntária de interesse por desligamento incentivado no âmbito do Programa de Adequação de Quadros (MO e do Programa de Desligamento Extraordinário (PDE), foram validados os desligamentos de 5.533 funcionários.”

Fonte: Portal UOL